História Somewhere Only We Know - Capítulo 3

Saindo do apartamento dele, tomou cuidado para não ser vista, o que não foi difícil, visto que era madrugada e o local não era tão próximo ao centro da cidade. Decidiu ir andando ao hotel enquanto fumava um cigarro, apenas pegaria suas coisas e partiria na primeira viagem do trem que perpassava a cidade. Desejou ver Alex, desejou tocá-la e sentir seu gosto novamente, mas sabia que aquela noite só ficaria em sua memória, tanto a noite quanto a mulher que causara toda aquela magia em seu corpo.

Quando estava perto do hotel, ouviu alguém lhe chamando pelo nome verdadeiro e paralisou.

Virou-se e deu de cara com Alex, ela estava andando em sua direção e parecia séria.

- Alex?!

- Por que você fugiu?

- Eu não lhe devo explicações.

Alex deu uma risada sarcástica e passou a mão pelos cabelos. Piper quis beijá-la.

- Foi você, não foi?

- Oi?!

- Você que o matou!

Piper olhou para os lados e respondeu: – como... Como você o conhecia?

- Ele foi meu companheiro de trabalho por anos! – Disse alterada – ah, eu também fodi com ele algumas vezes – deu a conhecida risada sarcástica.

Piper apenas levantou uma sobrancelha.

- Eu não sabia que você tinha... Laços afetivos... Com essa pessoa. Só fiz o meu trabalho.

- VOCÊ É UMA ASSASSINA!

Piper olhou para os lados de novo, por sorte não tinha gente perto delas.

- Você é muito previsível, Vause. Eu sugiro que você suba comigo e a gente converse melhor... Sozinhas. Eu preciso falar com você.

- Você acha mesmo que eu vou subir para o quarto de uma pessoa que eu sei que acabou de matar outra? Quem você acha que eu sou?

Piper a segurou pela camisa e a encostou na parede. Alex ficou impressionada com sua força, por um instante. No outro, voltou a sentir raiva.

- Quem eu acho que você é? Alguém que tem uma vida tão fodida quanto a minha. Não me venha com esse discurso de boa moça que eu sei que você não é, se você trabalhava com esse homem, você também é suja, então sem falso moralismo aqui, entendeu? – Ela disse numa distância mínima do rosto de Alex, os corpos estavam colados e a respiração da morena parou por alguns segundos.

- Que porra você tem para falar comigo?

- Eu não quero falar aqui. Por que você veio me procurar? – Piper respondeu a imprensando na parede. 

- Porque eu queria ter certeza – nesse momento uma lágrima desceu do rosto alvo de Alex Vause. O coração de Piper parecia ter sido quebrado em pedacinhos.

- Fui eu... Me desculpa? Sobe comigo, por favor. Você sabe que eu nunca faria nada ruim a você – ela disse enquanto colocava uma mecha do cabelo de Alex atrás da orelha.

Elas ficaram em silêncio naquela posição por um momento, alguns minutos. Alex chorou e Piper secou suas lágrimas. Elas não fizeram contato visual. A morena saiu dos braços da outra e dirigiu-se a recepção do hotel. Piper sorriu e a seguiu, pegando a chave e a instruindo a subir para o quarto.

Lá dentro, Piper disse que precisava tomar um banho e implorou que Alex não fosse embora. Ela aceitou e sentou-se na cama a espera da loira. Mil pensamentos passaram por sua cabeça. Porque ela fazia aquilo? Ela era psicopata? Ela gostava? Ela sentia prazer? E o mais intrigante deles: porque ela, Alex Vause, não sentia medo? Ela sabia muito bem que tinham armas em todos os cantos daquele quarto, sem contar nos outros tipos de armas que deveriam estar escondidas por ali. Por que ela simplesmente não ia embora e esquecia aquela mulher? Por que diabos ela não saia de sua cabeça por um minuto desde a noite passada? E por que ela estava sentada em sua cama a aguardando tomar banho? Ela deveria levantar e ir embora, seguir a vida e nunca mais ver ou ouvir falar na loira. Mas por que ela estava tomando banho?Será que ela achava que isso a limparia do peso de um assassinato? Ela iria enlouquecer com tantas questões.

No banheiro, Piper não pensava em se livrar de peso nenhum, só não queria estar na presença da mulher mais especial que já conhecera sentindo o cheiro do homem que acabara de matar. Ao terminar, ela vestiu as roupas íntimas e um roupão branco que estava no banheiro, terminou de tirar a maquiagem pesada e saiu para o quarto, encontrando Alex sentada na cama com um travesseiro no colo, pensativa, ela parecia estar a milhas e milhas dali. Piper encostou-se ao portal e ficou admirando o olhar pensativo de Alex, ela era a mulher mais linda do mundo, não tinha dúvida nenhuma disso e, naquele momento em particular, desejou poder admirá-la todos os dias ao sair do banho, ao acordar e antes de dormir. Desejou poder secar todas as suas lágrimas e tê-la em seus braços, assim como desejava estar nos dela.

- Alex? – Ela a chamou com uma voz suave.

A morena levou um susto e Piper riu. Alex sentiu raiva por ela ter um sorriso tão lindo.

- O que você tem a dizer?

- Bom, o que eu tenho a dizer? Humm, vamos ver! Eu fui contratada há algumas semanas pelo seu chefe para eliminar um elemento que não estava contribuindo positivamente para a instituição. Ele me ofereceu muito dinheiro e eu aceitei, porque é isso o que eu faço da vida.

- Você mata pessoas.

- Eu não mato pessoas, eu mato homens.

Alex não aguentou e teve que rir. – Então homens não são pessoas?

- Uma categoria inferior – ela respondeu enquanto se sentava ao lado de Alex na cama.

- Eu ainda não entendo.

- Alex, eu sinto muito, de verdade, se ele significava algo para você. Eu não fazia a mínima ideia de que você estava envolvida nisso e o conhecia, eu só fiz o meu trabalho.

- Você não se sente mal?

- Não, Alex, eu não me sinto mal.

- Então por que você foi correndo tomar banho? Antes mesmo de falar comigo?

Piper olhou profundamente nos olhos de Alex, ela tinha que ser sincera, por algum motivo sentia a obrigação de falar a verdade àquela mulher.

- Porque eu transei com ele e o cheiro ficou impregnado em mim, eu não queria que você sentisse, não porque eu preciso esconder ou te devo alguma satisfação, mas porque eu só quero sentir você.

Alex retirou o travesseiro do colo e começou a se afastar na cama. – O que? Por... Por que você transou com ele?

- O seu chefe me pediu para dar uma morte digna ao seu colega, ele tinha cara de tarado, então eu pensei que ele morreria feliz logo depois de ter transado. E eu também estava com raiva por ter visto uma mulher te agarrando no bar.

- O que? Você está dizendo que transou com o homem que você matou logo depois... Por minha causa?

- Não exatamente, foi só uma contribuição – Piper respondeu pensativa.

- Eu não quero ouvir mais nada. Eu vou embora e se você me seguir quem vai te matar sou eu, com as minhas próprias mãos – Alex respondeu séria, num tom alterado.

- Tão agressiva... – A loira respondeu com um sorrisinho sarcástico.

- VOCÊ É LOUCA – Alex virou-se e seguiu em direção à porta. Piper levantou-se no mesmo instante e a segurou, a jogou contra o guarda-roupa e a beijou. O beijo era quente e cheio de fúria, Piper tirou os óculos de Alex e os jogou longe, aprofundando o contato o quanto podia. Alex segurava nos cabelos molhados de Piper e por vezes o puxava, enquanto Piper segurava em sua cintura aproximando os corpos. As línguas travavam uma batalha por dominação e nenhuma das duas parecia querer ceder, assim como não pareciam querer cessar o beijo que durou alguns bons minutos. Quando Piper começou a colocar a mão por debaixo da blusa de Alex, a morena a empurrou.

- Não toque em mim!

- Hã... Eu não sei se você percebeu, mas nós estávamos nos beijando – Piper rebateu sem entender.

- Eu não vou transar com você.

Piper a olhou com uma carinha triste e tirou o roupão, revelando as roupas de baixo. Alex a analisou de cima a baixo, mas manteve o olhar indiferente.

- Você não tem ideia do quão gostosa fica quando está brava – disse chegando perto da morena, que virou o rosto.

- Eu não vou transar com você.

- Eu não falei sobre sexo. Tudo bem que eu quero tirar a sua roupa e fazer você gritar comigo pelos motivos certos... Mas eu não vou fazer nada que você não queira – ela disse enquanto alisava os cabelos de Alex e olhava seu rosto de perfil.

- Quando você mata essas pessoas... Você não pensa nas outras pessoas que eles vão deixar?

- Alex, eu não mato gente que não se envolve no que é errado. Eu não mato inocentes. Você era apaixonada por esse cara?

- O que? Não! Eu só tenho um pingo de piedade pela vida humana.

- É engraçado ouvir isso de uma pessoa que está envolvida em um dos maiores esquemas de tráfico do país.

- Do que você está falando?

- O seu negócio mata milhares de pessoas ao redor do mundo todos os dias. Mulheres, crianças, pobres, ricos. Eu tenho critérios, eu mato homens filhos da puta, você não, você mata filhos da puta e inocentes, todos os dias. Você é uma puta de uma assassina pior do que eu.

Alex deu um tapa no rosto de Piper. Ela colocou a mão no rosto, tirou os cabelos que foram parar ali pelo impacto e voltou a olhar para ela rindo.

- Você quer me bater? Bate! Bate até você aceitar que você é tão suja e corrompida quanto eu! Nós merecemos uma a outra, Alex, somos uma dupla e tanto – a loira disse rindo em um tom maligno.

Alex lembrou-se da caixa da noite passada e correu até ela, a abriu e pegou uma arma, entregando-a nas mãos de Piper.

- Se eu sou uma puta de uma assassina suja, por que você não me mata, hein? – Direcionou a mão de Piper que segurava a arma para sua cabeça – vai! Aperta! Você não é justiceira? Não vai limpar o mundo de bandidos? Anda, está esperando o que? Aperta!

- Eu não falei que era justiceira e eu nunca levantei a mão para outra mulher – ela gritava enquanto ainda estava com a mão erguida segurando a arma na direção da cabeça de Alex – eu nunca faria isso, muito menos com você. Alex, eu não julgo o que você faz, eu só não quero que você me veja como um monstro pelo que EU faço. E se para isso eu tiver que colocar as verdades na mesa, eu as colocarei.

- Por que? Por que você se importa com o que eu penso?

Piper apenas a encarou com os olhos brilhantes e aquosos, prestes a chorar.

Dessa vez, Alex a beijou. Com a mesma raiva de antes, elas seguiram em direção à cama e Piper soltou a arma no chão. Chegando no limite da cama, Alex começou a tirar a roupa a Piper a ajudou, elas tinham pressa e logo voltaram a se beijar. Piper retirou o sutiã de Alex e massageou seus seios, Alex gemeu e retirou as mãos de Piper dali, deixando a loira com uma expressão confusa.

A morena logo adiantou-se e retirou as peças da lingerie de Piper, deixando-a nua e voltando a lhe beijar, colocou uma perna entre as dela, fazendo um movimento de fricção que já estava deixando a loira maluca. Piper, na tentativa de aprofundar o contato, tratou de tirar a calcinha de Alex, mas assim que ameaçou descer o tecido, Alex parou o beijo e a olhou, séria.

- Eu falei para você não me tocar!

- ALEX!

- Se você encostar um dedo em mim, eu levanto e saio agora.

- Por que? – Piper perguntou quase chorando.

- Porque eu não quero! – E voltou a lhe beijar. Piper ficou decepcionada e confusa, como a morena estava ali, praticamente nua em sua cama e não queria ser tocada? Ela achou aquilo o fim do mundo, mas pior seria se ela fosse embora, então resolveu obedecer, contrariada, as ordens de Alex.

Alex, por sua vez, retirou a perna do meio das pernas de Piper e substituiu por sua mão, constatando que a loira já se encontrava extremamente molhada. Era tão boa a sensação de saber que ela causava aquilo àquela mulher, sentia-se poderosa e sexy em saber que atraia tanto aquela loira tão poderosa e sexy quanto ela. Estava com raiva, mas ao mesmo tempo não queria machucá-la, jamais a machucaria. E claro que era mentira que não queria ser tocada por ela, era o que mais queria, mas demonstrar fraqueza não era uma opção no momento.

- Você usou camisinha?

- Claro, Alex, você acha que eu sou burra? – Respondeu irritada.

Alex a calou com um beijo e introduziu um dedo devagar em sua entrada, a loira arfou com os olhos fechados e Alex observou sua reação, ela estava totalmente entregue,  a morena riu e aproveitou para colocar outro, quando ela gemeu e começou a beijar o pescoço de Alex, essa passou a estoca-la forte e rápido, enquanto Piper rebolava abaixo de si, concentrando as sensações no toque maravilhoso que só aquela mulher sabia fazer.

- Tá gostoso assim? – a morena sussurrou com a voz rouca

- Sim... Continue...

- Não me dê ordens.

Piper fechou os olhos e continuou os movimentos. Alex introduziu mais um dedo, a loira gemeu alto e abraçou Alex, arranhando suas costas com força enquanto a outra a estocava. Alex ficou muito excitada com isso e resolveu tirar os dedos dali. Piper abriu os olhos, pronta para protestar, quando viu a morena se encaixando entre suas pernas. Ela subiu os olhos para Piper e perguntou: – você ia dizer alguma coisa?

Piper negou com a cabeça e Alex enfiou a sua entre as pernas dela. Passou a língua de cima a baixo no sexo já muito molhado da loira e apoiou as mãos em suas coxas. Piper se contorceu e Alex a segurou firme, lambendo e chupando toda a extensão de seu sexo, e depois se concentrando no clitóris. Ela fazia movimentos concentrados com a língua e a cada nova movimentação arrancava um gemido de Piper, que abriu os olhos e se deleitou com a visão da morena com a cabeça entre as suas pernas usando apenas uma pequena calcinha, a peça moldava seu corpo tatuado perfeitamente, e ela queria apertar e morder seu traseiro, mas foi tirada desse pensamento quando Alex a penetrou novamente com dois dedos.

- Alex... Eu vou...

- Cala a boca.

- Ahhh.

Alex retirou os dedos e penetrou a língua em sua entrada, nesse momento Piper gozou e Alex bebeu todo o seu líquido, satisfeita, depois limpou a boca com o braço e caiu ao lado da loira na cama. Piper foi para cima dela, mas a morena logo tratou de fazer um sinal negativo e a loira recuou, com raiva.

As duas ficaram alguns minutos em silêncio, apenas olhando para cima. O silêncio era cortante, parecia até que elas tinham dormido, mas as duas estavam bem acordadas.

- Quem era a mulher do bar?

Alex demorou, mas enfim respondeu: – minha ex.

- Sua ex? Ela não parecia bem uma ex lambendo o seu pescoço.

Alex ficou em silêncio.

- Ela é linda.

- Ela é a mulher mais especial que eu já conheci. Ela conheceu todos os meus defeitos e qualidades, toda a sujeira que é a minha vida e escolheu ficar comigo, e eu como sempre escolhi o errado. Mas sabe? Por um lado foi bom, eu não poderia prender uma pessoa tão especial a mim, eu iria acabar a machucando, a ferindo, porque é isso que eu faço sempre, eu sempre estrago tudo.

Piper a encarou e percebeu que ela chorava novamente. Apesar de falar que era alguém que machucava os outros, ela quem parecia machucada. A loira queria pega-la no colo e fazer carinho em seus cabelos até que ela dormisse, acabou rindo com o pensamento.

- Eu falo sobre as minhas complexidades enquanto ser humano e você ri, é isso mesmo?

- Não! – Piper virou-se de lado – desculpe-me, minha linda, eu viajei nos meus próprios pensamentos, não estava rindo de você.

Alex só fechou os olhos, o que não adiantou muito, as lágrimas continuaram escorrendo.

- Por que você está chorando tanto? É por minha culpa? Eu não quero que você se sinta assim por causa de mim. Você é tão maravilhosa, o seu sorriso é tão lindo, por favor, não chore... – Piper disse enquanto passava os dedos na bochecha molhada de Alex.

- Eu me sinto assim por causa de você, sim. De alguma forma fodida, quando eu estou nesse cubículo com você, parece que eu sempre estou nua, e não é só fisicamente, parece que você me despe de todas as minhas máscaras, minhas armaduras, meus sorrisos falsos, até os pensamentos falsos. E o que você falou hoje é a verdade. Eu sou uma assassina. Eu faço isso há anos e nunca assumi a culpa porque eu sou covarde, porque eu me escondi atrás de drogas e sexo com homens e mulheres, porque eu achava foda ganhar rios de dinheiro de forma fácil e ter uma vida confortável. Mas você está certa, eu sou uma puta de uma assassina.

- Uau, primeiramente, essa foi a declaração de amor mais bonita que eu já recebi. Depois, eu não queria que você interpretasse assim, eu não te julgo pelo que você faz, você não é SÓ uma traficante, assim como eu não sou SÓ uma assassina, não existe só uma faceta de ninguém nesse mundo, e é isso que eu quero que você entenda.

- Por que você faz isso comigo? – Alex perguntou olhando diretamente nos olhos de Piper.

- Porque você faz bem pior comigo, você não sai da minha cabeça desde ontem, acho que você fez um feitiço para mim.

Alex riu. – Como você me faz sorrir em um momento desses?

- Por mim você estaria o tempo todo rindo.

- O que te levou a fazer isso?

- Você quer uma história triste? Então lá vai. Eu vi os meus pais serem assassinados quando tinha treze anos de idade. Um dia eu resolvi fazer, ver como era a sensação, me sai muito bem e, desde então, não parei. E você?

- Eu nasci nessa cidade. Minha mãe era uma garçonete fodida e eu não tenho ideia de quem foi meu pai. Se não tivesse me envolvido no tráfico, provavelmente eu seria uma garota de programa.

- Você seria bem sucedida nessa área.

- Eu sou uma boa profissional – ela não pôde evitar soltar a risada rouca enquanto secava o rosto das lágrimas que teimavam em sair.

Elas ficaram em silêncio novamente. Piper olhou para Alex, que estava com os olhos fechados, mas sabia que ela não estava dormindo, e percorreu o olhar por seu corpo coberto só pela calcinha. Ela era tão linda que doía e Piper precisava toca-la, nem que fosse pela última vez – esse pensamento de última vez a perturbava – então a puxou pela cintura e começou a distribuir beijos em seu ombro, subindo em direção ao pescoço.

- Não, Piper. – Alex tentou se afastar.

- Por que não?

- Eu não quero ficar ainda mais marcada por você do que eu já estou.

- E você pode me marcar?

- Você não me impediu.

- Alex... – dessa vez era Piper quem carregava a voz de choro – Eu preciso sair desse lugar urgentemente, na verdade, já deveria ter ido há muito tempo, mas eu estou aqui, trancada com você, experimentando os sentimentos mais insanos da minha vida. Eu preciso de você, eu preciso disso para seguir em frente, eu vou sair naquela porta e não te ver nunca mais! – Nesse momento o choro se intensificou – Isso está me matando! Eu queria te levar daqui, eu queria que você visse que existe muito mais no mundo do que a sujeira que te cercou a vida inteira e que você é muito mais do que um objeto para ser usado por pessoas que só querem lucro!

- Por que você me fala isso? Você teve uma vida tão fodida quanto a minha!

- Mas eu aprendi a ver beleza dentro e fora de mim, e eu queria que você também visse!

As duas ficaram ajoelhadas na cama, elas se olhavam com profundidade e as lágrimas corriam descontroladamente. Parecia que todos os sentimentos do mundo estavam naquele quarto. Dor, medo, arrependimento, frustração, amor, desejo, saudade... Todos misturados e passando de uma para a outra simultaneamente.

Piper se aproximou de Alex e a abraçou, a morena apoiou a cabeça em seu ombro e ficou ali sem pensar em nada, apenas se sentiu mais confortável do que nunca havia se sentido na vida. Passaram um bom tempo assim, Piper alisou os cabelos de Alex e deslizou os dedos em suas costas, sentindo a maciez de sua pele.

- Você estava falando sério quando disse que queria me levar daqui?

- Sim.

Alex riu. – Você é louca.

- Você não viria comigo?

- Eu não te conheço, você pode ser uma assassina – Alex disse divertida.

- Eu só te mataria de prazer, todos os dias.

- Disso eu não duvido.

- Eu quero você, Alex – a olhou nos olhos. – Eu quero você toda, inteira, só para mim.

- Eu não pertenço a ninguém, Piper.

- Ok, talvez eu tenha me expressado mal. Eu quero que você se pertença, seja dona de si mesma, mas eu gostaria de acompanhar isso de perto. E gostaria de ter um pouco de você também. Eu também te daria um pouco de mim, se você quisesse – a loira abriu o sorriso mais sincero do mundo após terminar de falar.

- Você sempre me deixaria assim, sem palavras?

- Eu sou boa nisso.

- Pipes, você tem noção do que você está me pedindo? Você quer que eu abandone tudo que eu tenho aqui, um chefe que me procuraria até no fim do mundo para me matar, para fugir com você, uma mulher que eu conheci ontem e matou meu amigo?

- Parece uma aventura bem interessante. E ele não encostaria um dedo em você, isso eu te garanto.

- Eu não posso.

- Por que?

-Porque é muito arriscado – Alex respondeu enquanto deslizava os dedos nos cabelos de Piper.

- Você é careta, Alex, eu nunca imaginei isso.

- Não é só isso, meu anjinho do mal, eu tenho muitas pessoas ligadas a mim, trabalho em algo muito grandioso... Eu adoraria olhar para essa sua carinha pidona todos os dias, mas eu não posso ir com você. É perigoso para mim, para você, eu sei que você é barra pesada, mas meu chefe não trabalha sozinho, nós iríamos passar a vida inteira como fugitivas.

- Seria excitante – Piper a puxou pela cintura a sentou de frente em seu colo.

- Como nós viveríamos, hein? – Alex a questionou rindo.

- Você poderia investir naquela área que seria a sua segunda opção e eu iria te agenciar.

- PIPER! – Alex deu um tapa em seu braço.

- Estou brincando, linda – ela respondeu gargalhando – mas você iria querer que eu parasse de fazer o que eu faço, certo? – Alex fez um sinal positivo com a cabeça – Eu pararia. Já ganhei muito dinheiro com isso, tenho o bastante para ter uma vida tranquila até ficar bem velhinha.

- Então por que você nunca parou?

- Porque eu nunca tive uma morena sexy de quase 1,80m no meu colo me pedindo isso.    

Alex sorriu sem graça. – Eu ainda acho que você está brincando comigo.

- Não estou. Juro pela memória dos meus pais.

Alex ficou séria e a abraçou.

- Você não está mais brava comigo? – Piper perguntou.

- Não. Você é louca, eu também sou, nós somos uma combinação explosiva.

- A minha vida inteira foi uma sequência de explosões, você só seria a mais quente de todas elas.

- Eu não posso negar que seria divertido – Alex disse rindo.

- Nós poderíamos morar na praia, levar um estilo de vida naturista... Nós também poderíamos transar chapadas quase todos os dias. Não todos, porque nós não somos viciadas.

Alex gargalhou e jogou a cabeça para trás, Piper aproveitou e deu um beijo no vão dos seus seios.

- Eu não faço muito o estilo praia, olhe para mim, eu sou branca pra caralho.

- Não tem problema, eu passaria filtro solar no seu corpo tooodo, todos os dias, duas vezes ao dia – disse dando um beijo no ombro da morena.

- É? E eu também poderia passar em você? – Alex disse sussurrando no ouvido de Piper.

- Sim, mas só uma vez, eu gosto de ficar bronzeada – Alex sorriu para ela.

- Seus argumentos estão se tornando cada vez mais convincentes. Mas, se com dois meses convivendo comigo, você descobrisse que me odeia?

- Nós iremos resolver as diferenças na cama.

- Que maduro, Chapman.

- Eu não sei! Falando sério, eu nunca tive nada assim com ninguém, minha vida nunca permitiu que eu trouxesse ninguém para dentro de toda essa bagunça, eu não poderia fazer isso. Com você só parece... Certo. Você é tão errada quanto eu, e por isso é certo, entende? Além disso, eu olho para você e não quero parar de te olhar, acho que deve existir um nome para isso.

- Eu também não quero parar de te olhar.

Piper sorriu e a olhou, depois a beijou rápido e continuou: – eu não posso te prometer o paraíso, mas eu te prometo me esforçar todos os dias para te fazer a mulher mais feliz do mundo.

- Você não precisaria fazer todo esse esforço, sweetie.

- Alex... Eu preciso te sentir – a loira disse suspirando, fechando os olhos por alguns segundos.

Alex se levantou do colo de Piper, ficando em pé na cama e retirou a última peça que cobria seu corpo. A loira ficou sentada a olhando, hipnotizada. Após terminar de tirar a calcinha, Alex deitou-se no centro da cama e sorriu para Piper, que continuou a admirando. A morena dobrou um joelho e mexeu nos cabelos, ainda olhando para Piper.

- E então, vai ficar só olhando? De novo?

- Espera. Eu quero te memorizar assim, eu não sei se terei essa visão novamente, me deixa te fotografar... Na minha mente.

Alex colocou o dedo indicador entre os dentes e fez sinal de que estava chamando Piper com a outra mão. – Tô bonita na foto?

- Agora você ficou muito gostosa para a visão que eu tinha criado, mas deu tempo de fazer a minha fotografia, agora eu quero as memórias visuais, táteis, gustativas... – a loira disse enquanto engatinhava acima de Alex, ficando de joelhos acima dela.

As duas se envolveram em um beijo sensual, sincrônico e molhado. Aquele beijo era a melhor sensação que elas já haviam experimentado, elas poderiam morar dentro dele. Piper percorria as mãos pelo corpo desnudo da parceira, sentindo aquela pele macia, acolhedora. Alex segurou uma das mãos na nuca de Piper e percorreu a outra entre as costas dela, se concentrando nos toques da loira que levavam seu corpo a um lugar desconhecido. Piper foi descendo os beijos para o pescoço da morena, que ficou arrepiada, ela riu ao perceber a agitação da pele de Alex e foi distribuindo selinhos por toda a extensão de seu pescoço. O cheiro da morena a embriagava, com certeza aquela mulher havia feito um feitiço para ela. Ela resolveu aprofundar os beijos na região, passando a língua, e Alex gemeu. O som mais parecia música para os seus ouvidos, e ela também quis guarda-lo em um local especial na memória.

Ao perceber a excitação da morena, decidiu descer os beijos para seus seios. Ela se sentou na cintura de Alex, lhe deu um beijo rápido nos lábios e fez uma trilha até chegar ao ponto que desejava. Eles eram lindos, fartos e já estavam mostrando claros sinais do estado geral da morena. Piper os segurou com as duas mãos e olhou para Alex, ela olhava atenta seus movimentos e lhe deu um sorriso singelo, depois pousou suas mãos nas pernas de Piper e disse:

- Vá em frente, garota.

Piper sorriu de volta e desceu a cabeça, apenas arrastando os lábios primeiro em um, depois no outro, e depois os rodeando com beijos. Alex olhava a cena excitada, a loira era realmente um anjo do mal, alguém que lhe causava aquelas sensações só poderia ter vindo do inferno.

Ela passou a mão nos cabelos de Piper de leve, sentindo a maciez. A loira subiu os olhos para ela enquanto continuou seu trabalho, e dessa vez começou a lamber a aureola do seio da outra, que fechou os olhos e deu uma puxada de leve em seus cabelos, a incentivando a continuar. A loira continuou. Lambeu, chupou, mordeu fraco, mordeu um pouco mais forte... Alex já estava no extremo, mais um pouco e ela gozaria sem precisar de um toque íntimo.

- Pipes...

-Hum? – Ela respondeu ainda concentrada no que fazia.

- Eu preciso... – Ela respondeu em um sussurro ofegante.

- Você precisa? –  A loira falou baixinho.

Ela pegou uma mão de Piper e levou para o meio de suas pernas. – Eu preciso de você aqui.

Ela estava molhada, muito molhada. Piper respirou fundo e a olhou novamente, depois se deitou ao lado dela na cama.

- Piper? Que porra, eu to quase... – Piper a interrompeu.

- Shhh, senta em mim.

- O que? Piper, eu – Alex respondeu irritada e Piper a interrompeu novamente.

- Alex, você é burra? Anda logo, senta na minha cara.

Alex a encarou e riu. – Desculpa, mas às vezes eu demoro a acompanhar seu pensamento, você me deixa nervosa!

- Eu estou esperando.

Alex se sentou na altura dos seios de Piper e a olhou, elas ficaram sérias, mas logo depois romperam numa gargalhada.

- Você não vai conseguir fazer nada se ficar rindo desse jeito – Alex disse ainda sorrindo.

- Eu estou rindo de você, você é incontrolável, mulher – Piper respondeu no mesmo tom.

Alex começou a fazer uns movimentos ali mesmo, perto dos seios de Piper, a loira percorreu o olhar por seu corpo e apoiou as mãos em suas pernas, contornando uma tatuagem que ela tinha na coxa com o dedo. Logo depois levou o dedo ao centro molhado da morena, o passou levemente por ali e o levou a boca.

- Vem aqui – Piper sussurrou.

Alex chegou mais perto e Piper lhe puxou pernas, a acomodando sentada em seu rosto. Alex soltou um gemido longo quando sentiu a boca da loira em seu sexo. Piper espalmou a mão e arranhou sua perna, a incentivando a rebolar. A morena logo obedeceu e começou com os movimentos, ela rebolava levemente enquanto a língua de Piper explorava toda a região, experimentando o gosto. Logo depois, a loira começou a chupar o clitóris de Alex, que passou a rebolar com mais intensidade, ela gemia com veemência e se apoiava na cabeceira da cama para aprofundar os movimentos, enquanto Piper alternava lambidas e chupadas em seu clitóris. A loira abriu os olhos e se deliciou com a visão acima de si, Alex estava completamente entregue, então ela aproveitou e subiu uma mão para o seio dela e o apertou, a morena soltou um gemido alto e também abriu os olhos, direcionando-se para baixo e encontrando o olhar de Piper, que sorria sacana enquanto a chupava. Alex fechou os olhos novamente e Piper deu um tapa em sua perna, a ordenando a mantê-los abertos. Vause encarou Piper e desceu as mãos para seus cabelos, forçando levemente o rosto da loira de encontro ao seu sexo, com isso, a loira resolveu descer a língua para sua entrada, Alex afrouxou as mãos nos cabelos de Piper e gemeu olhando para ela, a imagem era enlouquecedora para as duas, Alex estava próxima do ápice e Piper sentia que poderia gozar só com aquela visão. Então ela fez movimentos de entra e sai com a língua na entrada de Alex, que acompanhou-os com o quadril e apoiou as mãos na cabeceira da cama novamente.

- Pipes... – Alex disse num gemido manhoso.

Piper só apertou as mãos na cintura dela e a incentivou a continuar. Alex gemia descontroladamente, anunciando que estava muito próxima do orgasmo, com isso, passou a diminuir a velocidade dos movimentos na boca de Piper, procurando apenas intensifica-los. A loira continuou concentrada na entrada da parceira, que gozou demoradamente. Piper segurou as pernas de Alex e limpou todo o seu líquido, depois deu um beijo em seu sexo, outro em sua coxa esquerda e a soltou.

Alex caiu na cama de bruços, na direção contrária de Piper, exausta. Aquele havia sido o melhor orgasmo de toda a sua vida. Piper continuou na mesma posição por alguns segundos, olhando para cima, ela também havia gozado, aquela sensação era totalmente nova.

Após de recuperar o ritmo de sua respiração, ela olhou para Alex, que ainda encontrava-se na mesma posição, e começou a beijá-la. Ficou de quatro por cima dela e iniciou os beijos pelo tornozelo, depois foi subindo para as coxas, alternando entre uma perna e outra. Alex apenas riu, não tinha forças para se mover. A loira continuou subindo os beijos, beijou o bumbum da morena e deu uma mordida na nádega direita, Alex gemeu na hora, e Piper continuou subindo, beijou-lhe toda a extensão das costas branquinhas, até chegar na nuca, afastar os cabelos que se encontravam por ali e distribuir mais beijos. A morena estava suada, mas ela não ligava muito, aquilo a deixava ainda mais linda. Chegando ao rosto, deu um beijo estalado na bochecha de Alex e logo lhe deu um selinho. A morena riu e, logo após, chorou, totalmente encantada com o gesto, com o momento, com aquela pessoa.

- Por que você está chorando?

Alex virou-se e Piper ficou por cima dela.

- Estou emocionada, esse foi o melhor orgasmo da minha vida.

Piper riu e a beijou no pescoço. – Tem muito mais de onde veio esse.

Alex a olhou, retirou alguns fios de cabelo de seu rosto e Piper secou suas lágrimas com beijos.

- Vem comigo – a loira disse baixinho.

- Para onde você vai me levar?

- Je ferai un domaine où l’amour sera roi où l’amour sera loi où tu seras reine.* (Criarei um reino onde o amor será rei, o amor será lei e você será a rainha) – pronunciou calmamente as palavras.

- Deus! Francês? Quase gozei de novo.

Piper riu e a beijou.

- Um reino com duas rainhas? Tão pós-moderno – Alex continuou enquanto passava o dorso da mão nas costas de Piper. A loira a olhou surpresa.

- O que? Achou que eu não soubesse falar francês? Eu sou uma mulher de negócios, loirinha.

- Então eu posso te falar sacanagem em outras línguas? – Piper perguntou com o rosto enfiado no pescoço de Alex.

- Qualquer uma que você quiser – Alex respondeu de olhos fechados.

- Nós poderíamos ir para a África.

- O que? – Alex perguntou rindo.

- É, viver em algum lugar exótico, fazer caridade às vezes, tentar reverter um pouquinho nossos erros do passado. Ninguém iria nos procurar na África.

Alex a encarou. – Você é a pessoa mais encantadora que eu já conheci. Eu não sei porque você faz o que faz, não sei se quero entender porquê  mas, nesse momento, você é o ser humano mais maravilhoso do mundo, para mim.

- Eu não tenho absolutamente ninguém e eu quero você comigo, Alex – uma lágrima escorreu naturalmente de seus olhos. Alex a secou com toda a delicadeza. Ela também não tinha ninguém, a ideia de ter e pertencer a outro alguém era algo totalmente novo.

- Piper, eu não sou mais uma menina, a minha vida não pode mais ser baseada em aventuras.

Piper se sentou na cama. – Eu não quero só aventura! Eu quero contar com você, eu quero apoiar você, quero estar com você. Porra, Alex, eu não estou brincando! Eu sei que você não irá comigo, mas enquanto você estiver aqui, nesse quarto, nesse lugar que só nós conhecemos, comigo, eu não irei parar de te implorar por um instante. Eu não tenho vergonha. Eu nunca fiz isso antes, mas eu estou desesperada por você. Foda-se se eu te conheci ontem, eu devo te conhecer de outras vidas, isso aqui – ela fez um sinal circular com o dedo – não é algo normal, eu sei e você sabe, eu sei que você sente o mesmo que eu.

- Eu queria muito ir com você – Alex apoiou as mãos e depois o queixo na perna de Piper – mas eu sou medrosa. Se eu tivesse metade da sua coragem, eu iria.

- Não vale me falar que o problema é o seu chefe. Qual é, é dinheiro? – Piper perguntou fazendo cafuné nos cabelos pretos.

Alex riu. – Quem me dera, Pipes, isso eu tenho o suficiente.

- Eu também. Então acabou o problema. Vamos buscar as suas coisas e vamos embora.

- O problema é aquele homem que você matou, Piper. Hoje foi ele, amanhã serei eu, caso eu fuja.

- Eu já falei que ninguém vai encostar um dedo em você. A não ser eu, claro.

Alex estava com os olhos fechados, recebendo o carinho nos cabelos.

- Eu aceito a ideia da praia.

- Eu sabia que você iria aceitar. Nós podemos colocar coroas de flores, sermos aquelas lésbicas descoladas.

Alex riu e puxou as mãos de Piper, dando um beijo em cada uma. – Deite-se.

- O que?

- Deite-se na cama, linda.

- Por que? Eu estou confortável assim.

- Eu quero fazer amor com você.

Piper suspirou e puxou a morena para um beijo. A cada hora ela sentia o fim se aproximando, aquilo estraçalhava seu coração. Alex, por sua vez, não queria pensar em nada, queria se entregar ao momento. O futuro era uma incógnita.

Piper se deitou na cama e Alex ficou por cima dela, de joelhos, na direção contrária, encaixou novamente seu sexo na boca da loira e desceu o corpo, acomodando-se entre as pernas dela. Elas formaram um perfeito meia nove e comeram-se com vontade, fome, volúpia. Alex adorava estar entre as pernas da loira. Piper sentia que poderia passar o resto da vida chupando a morena, nunca cansaria. A sensação de dar e receber prazer ao mesmo tempo era indescritível, elas queriam guardar aquele momento para sempre. As línguas corriam uma na outra algumas vezes descontroladas, algumas vezes concentradas no que faziam. Alex resolveu introduzir um dedo na entrada da loira, que gemeu com a sensação e mordeu o clitóris de Alex, a morena sentiu uma dor e um prazer inenarráveis e passou a rebolar na boca de Piper, enquanto trabalhava com os dedos na parceira. Piper estava muito perto do ápice e seu sexo apertou os dedos de Alex, a morena sentindo o que viria, retirou os dedos e voltou com a língua e os lábios para o local. Piper segurava o traseiro de Alex, a trazendo para mais perto de sua boca, enquanto introduziu dois dedos em sua entrada também, queria que elas chegassem lá juntas. 

Alex parou por um instante. – Pipes, eu vou... – Piper arranhou suas costas com força, como sinal para que ela voltasse a fazer seu trabalho.

Ela voltou e as duas gozaram juntas. A sensação fora inebriante. Elas se limparam, Alex saiu de cima de Piper e a beijou no mesmo instante, misturando os gostos uma da outra.

- Você é deliciosa – Alex disse sorrindo.

- Você é muito mais, eu não sei o que eu vou fazer da vida se não puder te chupar de novo – Piper respondeu ainda ofegante.

Alex gargalhou. Viver com Piper seria divertido, isso ela não poderia negar.

- Eu tenho que ir embora.

Piper fez um sinal positivo com a cabeça.

- Você não vai me odiar?

- Nunca, nunca, nunca.

- Você não vai chorar? – Piper se sentou com as costas na cabeceira e Alex ficou em seu colo, com uma perna de cada lado de seu corpo.

- Eu sou a pessoa mais feliz do mundo por ter te conhecido.

Alex segurou em seu rosto e a beijou. – Você disse que me queria para você, e eu quero que você saiba que eu sou sua – ela disse com a voz embargada.

- Eu sei disso – Piper respondeu com um sorriso no rosto, enquanto passava as mãos nas coxas da morena. – Você é toda minha, morena tatuada.

Alex a abraçou, enfiando o rosto em seu pescoço, chorando como um bebê. – Me desculpa, me desculpa, me desculpa...

- Shhh – Piper passava a mãos nos cabelos dela – não chore, linda. Eu não quero você chorando, tudo bem?

- Você promete que não vai levar nenhuma outra rainha para o seu reino? – Ela perguntou ainda chorando.

- Só irá existir reino se você estiver lá.

Ela ainda ficou um tempo no colo da loira, chorando. Piper não conseguia chorar, a vida já havia lhe ensinado muitas lições, lhe tirado muitos bens preciosos, ela sempre soube que aquela mulher seria só mais uma lembrança bonita.

Depois de alguns minutos, Alex levantou-se e decidiu ir embora de uma vez, não poderia mais ficar ali. Vestiu-se e olhou para Piper, que havia colocado o roupão branco.

- Você é tão especial  – disse Alex.

- Você é linda, de todas as formas.

Piper a puxou pela cintura e lhe deu um beijo rápido.

- Não fique triste, quem sabe um dia eu volte aqui pra te ver, hein? Se você estiver agarrada com um homem de novo, eu quebro a cara dele.

Alex riu e a abraçou.

- Eu estou deixando o meu número com você – Piper disse enquanto enfiava a mão no bolso da calça de Alex – a qualquer momento que você mudar de ideia, precisar de mim, estiver em perigo, qualquer coisa, você pode me ligar. Pouquíssimas pessoas tem esse número e eu nem sempre atendo, mas eu lhe retornarei. Se você mudar de ideia amanhã, ou daqui a cinco anos, me ligue.

Alex a olhou e riu.

- Promete que não vai me esquecer? – Disse enquanto abraçava a loira.

- Eu não vou me lembrar de mais nada**  – a loira respondeu absorvendo o cheiro da mulher.

Elas se soltaram, se olharam e Alex deixou o quarto.

Piper deitou-se na cama, colocou o travesseiro no rosto e gritou, chorou, esperneou. Poucos golpes em sua vida haviam sido tão fatais quanto aquele.

No caminho para casa, Alex quase errava o caminho, pois as lágrimas atrapalhavam sua visão. Ela sentia que sua vida estava arruinada, jamais esqueceria o que viveu com aquela mulher, nada se compararia àquilo. Depois de levar o dobro de tempo, finalmente chegou em casa.  Ao entrar, quebrou tudo o que viu pela frente, nada ali fazia sentido. Ela vivia uma vida vazia, sem significado, e só agora  entendia isso. Quis beber, quis se drogar, mas nada adiantaria, nada a faria esquecer a sensação de estar nos braços daquela mulher, nada, ninguém jamais a faria se sentir daquele jeito novamente. Sentada no sofá, ela acabou dormindo, cansada de tanto chorar.

***

Piper acabou pegando no sono também. Logo pela manhã, arrumou suas coisas e partiu em direção ao trem que a levaria embora da cidade. Ao comprar o bilhete, viu que ainda faltavam 30 minutos para o próximo trem, então sentou-se na área do embarque e ficou esperando. Recebeu uma mensagem de Kubra, confirmando o êxito do serviço. Aparentemente tudo havia dado certo. Ficou feliz por aquilo, mas nada aplacaria o vazio que sentia desde a partida de Alex, a dor era excruciante, ela levaria um tempo para se recuperar daquilo.

Seu trem finalmente chegou, era a hora da partida, de finalmente deixar aquela cidade. Ela se levantou, pegou a mala, colocou os óculos escuros e partiu rumo à fila entrada do trem. Na sua vez de entrar, resolveu olhar para fora, daquele ponto dava para ver um pedacinho da cidade. Nesse momento, a viu. Ela piscou os olhos com força e olhou de novo.

Ela estava lá. A sua morena tatuada, com seus quase 1,80m, em toda a sua glória, e com uma mala ao lado.

- Alex?!

Ela sorriu.