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História Somos poeira Estelar - .star


Escrita por: Yume-ni e KgFanfics

Notas do Autor


q.

Capítulo 1 - .star


Yixing se lembra da primeira vez que o viu. Estava fazendo exercícios junto com outros aspirantes a missão Marte, e Kim Minseok, era um dos médicos que acompanhava todo o processo minuciosamente. Haviam muitos civis que se voluntariaram a missão por isso todo cuidado era pouco. Minseok andava por entre os voluntários, rabiscando em sua prancheta e os encorajando com seu sorriso de menino. Yixing era apenas mais um tripulante, mas para o doutor Kim, tão importante quanto o alto escalão de astronautas que liderariam a missão.

O médico se aproximou de mansinho e começou a fazer perguntas aparentemente inocente e fazendo piadas. Yixing sentia borboletas se debatendo em seu estômago sempre que o via sorrir e falar seu nome. Minseok então bagunçava seus cabelos e se afastava após terminar seu questionário diário.

Demorou algum tempo até perceber o que significavam todos os sinais que físicos que seu corpo dava quando o médico se aproximava. Sentia o coração disparar, as palmas das mãos suavam e não conseguia desviar o olhar do rosto de Minseok. Sentia aquela necessidade avassaladora de estar perto, de o observar, de o tocar...

Minseok era o tipo de humano que Yixing nunca tinha entrado em contato. Ele realmente parecia se importar com o que sentia ou pensava. De repente se viu próximo dele como nunca havia sido de ninguém em toda a vida.

Minseok trazia chocolates escondido, e durante a madrugada o levava até o terraço. Conversavam por horas, sobre tatos assuntos que eles acabassem. Então ficavam sem silêncio. Um silencio confortável, daqueles que um compreende o outro com um simples olhar e não é preciso dizer mais nada.

Entrelaçavam as mãos e Minseok se aconchegava em seu peito buscando calor em meio ao vento frio da noite. Com seu rapaz adormecido nos braços, Yixing se levantava e levava o médico de volta para o quarto dele. Sempre ficava mais alguns minutos o observando, resistindo bravamente à vontade de tocar-lhe o rosto com as pontas dos dedos. Às vezes apenas saía quando percebia que estava para adormecer ao pé da cama.

Até que finalmente entendeu o que seu coração já sabia a tempos.

O destino era mais cruel do que Yixing imaginava.

Por muito tempo achou que nada na superfície desse planeta seria interessante o suficiente para chamar sua atenção. Passou a vida caminhando pela casca desse globo a procura daquilo que faltava dentro de si. Em uma noite estrelada em meio ao deserto de Gobi, com dezesseis anos de idade Yixing percebeu seu interior tão seco quanto a areia que pisava.

Nada fazia sentido. Não tinha um objetivo, uma meta.

Era apenas mais um fantoche da própria família, sorrindo e acenando cumprindo seu papel perante a alta sociedade da China.

Deitou sobre a areia e contemplou o céu limpo de nuvens. Não haviam luzes da cidade ou poluição que o impedisse de contemplar o manto estrelado celestial. As pequenas luzinhas que salpicavam o escuro céu inquietavam Yixing. Ele se lembra de escutar na escola, que os grandes mestres Chineses eram impressionados pelo conhecimento dos astros. Passavam anos da vida pesquisando sobre as estrelas.

“Elas estão todas mortas” – lembra-se de escutar um amigo dizer – “A única coisa que restou foi a luz delas viajando até nós através do espaço”

Soava incrível e triste ao mesmo tempo.

Passou a ser seu passa tempo favorito. Contemplar o céu, mesmo que na cidade não fosse tão fácil ver as estrelas escondidas entre as nuvens de poluição. Yixing foi alimentando um desejo dentro de si. Queria um dia poder conhecer o mesmo céu onde estas estrelas mortas um dia viveram. Saber qual a sensação de flutuar em meio ao vazio sem se preocupar com mais nada.

Era um desejo inocente e ingênuo de adolescente, mas perseguiu Yixing até mesmo na vida adulta. Quando se deparou com a proposta para ser um dos primeiros colonizadores no planeta vermelho em nenhum momento passou pela sua cabeça o quão insano a ideia poderia parecer. Essa se tornou a sua chance de tirar os pés desse planeta e experimentar algo completamente novo.

E depois anos de preparação, testes, exames ele colocou os olhos sobre o novo médico fisioterapeuta despertou algo dentro de si que Yixing pensou ter morrido a muito tempo. Dentro dele, a cada descompasso, seu coração sussurrava o nome de Minseok.

Passou os últimos meses remoendo dentro de si mesmo aquele sentimento. Escreveu dezenas de poemas, compôs diversas melodias e todas elas eram para aquele que roubou seu coração de maneira tão silenciosa quanto uma brisa. E agora, prestes a se afastar para sempre daquele que se tornou o existente mais importante para si, Yixing achou que estava na hora de olhar nos olhos de dele e derramar para fora todos os sentimentos que afogavam sua mente.

No dia seguinte foram feitos os últimos testes. Minseok estava com sua prancheta ao lado de toda a equipe médica que os havia acompanhado até ali. Eles os parabenizavam e falavam sobre todos os seus avanços para o fortalecimento dos tripulantes. Acreditavam que a viajem de três anos seria cansativa, mas sem complicações físicas para todos.

Yixing estava com os olhos presos em Minseok. Ele parecia distante e frio demais. Não parecia com o rapaz alegre e brilhante de todos os outros dias. Isso deixou Yixing nervoso e preocupado. Afinal em algumas semanas estaria fora do planeta e não suportaria ir embora sem saber com todas as certezas do mundo que Minseok estava bem. Que o que os dois tinham estava bem.

Afinal o único laço que permaneceria o atando a terra seria ele.

 

 

 

 

Minseok se lembra da primeira vez que o viu. Estava se esforçando para se aproximar de todos os civis que participariam da Missão marte, para que nenhum deles se sentisse defasado com relação aos astronautas líderes da missão. Mas não foi em nenhuma série de exercícios que o encontrou a primeira vez.

Yixing era um dos tripulantes mais jovens da missão marte e também um dos mais observados. Suas aspirações a abandonar a terra para sempre não foram suficientemente esclarecidas para a alta estirpe na NASA. Minseok apenas via um jovem procurando a si mesmo nas estrelas.

Ele via o jovem Chinês como um maravilhoso enigma, confortavelmente viciante e apaixonante. Até mais do que imaginava. Já que em pouco tempo de convivência percebeu seu coração descompassar e seu rosto corar somente na presença dele. E junto com esse doce sentimento cresceu sua própria tristeza por saber que Zhang Yixing nunca o amaria de volta.

Ele era um pássaro engaiolado entre as paredes da NASA, logo alcançaria voo, longe do seu alcance para todo sempre. A cada novo avanço físico, a cada mês de aprendizado, ele observava Yixing evoluindo perante seus instrutores. Era inegável sua resistência e inteligência.

Minseok se viu de repente desejando que ele falhasse, que ficasse na terra e não escorresse pelos seus dedos. Foi duro aceitar que Zhang Yixing nunca seria seu e provavelmente nunca desistiria da missão que treinou por anos apenas para ficar do seu lado. Que nunca teria seu sentimento retribuído.

Agora com a iminência da viagem para Marte, Minseok não conseguia nem olhar para ele. Yixing parecia destoar um pouco de todos os outros tripulantes, preocupado e cabisbaixo. O médico teve que mascarar seu próprio desconforto sabendo que estavam sendo observados por seus superiores o tempo todo.

Depois de toda a reunião enfadonha, os astronautas de alta patente deixaram os tripulantes em paz e Minseok seguiu seus superiores para suas funções. Por um segundo olhou para trás vendo os olhos de Yixing gravados em si, cheio de perguntas se derramando pelo piso.

 

 

 

 

Seria a última noite deles no terraço. Minseok dessa vez estava mais silencioso do que o normal e Yixing havia se deitado ao lado dele meio rígido meio distante. Eles mastigaram o chocolate em silencio, sem se tocarem, de repente o silencio entre eles não era mais tão confortável como antes.

— Você vai me esquecer algum dia Min?

Yixing finalmente teve coragem externar um de seus medos ao som da risadinha fofa e enigmática de Minseok.

— Eu vou lembrar de você pelo resto da vida.

Zhang sentiu a respiração ficar mais calma e fechou os olhos sentindo um pouco mais de paz. Minseok riu baixinho e tomou coragem para entrelaçar seus dedos com o do chinês que tentou esconder o rosto corado.

— Eu também vou lembrar. – Yixing murmurou – Todos os dias.

Os dois se olharam e seguraram as mãos com mais força até se entregarem em um abraço cheio de lágrimas e declarações silenciosas. Minseok soluçou se agarrando a camiseta de Yixing com força sem saber exatamente como externar todos os seus sentimentos. O tripulante não sabia o que fazer, apenas puxou o corpo de Minseok e o apertou contra si ainda mais.

— É uma promessa ok?

Yixing murmurou um sim e assistiu mais uma vez Minseok adormecer em seus braços como em tantas outras noites, mas dessa vez sem estrelas no céu.

 

 

 

 

Por muito tempo ele pensou que durante a missão de ocupação em Marte seu maior esforço seria esquecer a Terra e tudo que a ela se relacionava. Pensou que seu passado era algo digno de ser apagado e que ninguém que passou por sua história merecia ser lembrado. Mas nunca sairia de sua mente Minseok quebrando o protocolo e o abraçando diante de todos os astronautas.

Se lembra de ver seus pais e meio a multidão de familiares que acenavam de longe. Mesmo que ambos estivessem com as feições endurecidas pelo tempo, ele podia ver a saudade nos olhos dos dois. Se sentiu culpado por não poder lhes dar um último abraço.

Viu a equipe médica, de psicólogos e até mesmo a alta patente com os olhos derramando saldades por onde os astronautas pisavam. É claro que aquela missão era cheia de implicações políticas, sociais, econômicas e Yixing poderia discursar por horas sobre isso. No entanto, naquele momento, todos os seus sentimentos e atenções estavam fragmentados e sendo compartilhados com todos os tripulantes que choravam e sorriam sabendo que nunca mais poderiam retornar.

Dentro de seu traje estava as últimas palavras escritas por Minseok para si, enquanto ele amassava entre os dedos suas últimas palavras desenhadas por uma esferográfica azul simples.

Pela primeira vez dentro do foguete, Yixing se isolou em sua capsula e desamassou lendo os caracteres chineses escritos a duras penas e levemente embaçados. O jovem tripulante sentiu que os três anos nessa grande viagem seriam ainda mais torturantes, tendo apenas essas poucas palavras dele como lembrança.

Saber apenas ali o fazia ter certeza que poderia ter vivido muito mais na terra se tivesse se dado chance. Mas, também sabia que jamais teria conhecido Minseok e se apaixonado por ele se não tivesse se tornado um voluntário colonizador de marte.

Apesar dos pesares, suas decisões o levaram a experimentar coisas que nunca havia imaginado e toda a sua curta que vida que experimentaria. Nunca pensou que amaria Minseok da maneira que amou. O amor deles não era aquele amor avassalador de dar ataques cardíacos e epifanias. Era aquele tipo de amor silencioso, doce e sincero.

Yixing se sentiu feliz por ter sido capaz de amar assim.

Teria que lutar consigo mesmo para não definhar de saudade, já que havia prometido a ele que se cuidaria e seguiria todas as recomendações para se manter saudável. E se manteria seguro na promessa falada e na promessa escrita.

“Quando eu olhar para as estrelas, vou me sentir feliz, pois vou saber que estais lá. Então para mim cada uma delas será como a tua risada ao pé do ouvido. E quando estiveres nadando entre as estrelas, pensando estar sozinho e se sentir triste, lembra que as estrelas são para mim como teu riso, mas se chorares todas elas serão para mim lágrimas.

E não adiantas dizer que não vai ter como eu saber, pois eu saberei, assim como eu sei que tu ais de saber sobre mim. ”

Yixing sorriu bebendo das referências que Minseok tomou para parafrasear sua sentença e tratou de sorrir para que Minseok tivesse a certeza que todas as estrelas eram risos e não lágrimas.

Depois de três aos, já no fim da viagem ele podia ver pela pequena janela do complexo reservado a tripulantes, o planeta vermelho. Seco como o deserto de Gobi, mas para Yixing não parecia morto. Foi um dos primeiros civis a ter permissão para caminhar ao lado dos astronautas pela superfície arenosa do planeta. Deus pequenos passos até finalmente erguer a cabeça para olhar o céu noturno marciano.

Parecia tão diferente e ao mesmo tempo o mesmo.

Conseguia se imaginar deitado ali com Minseok enquanto contemplam as estrelas em silencio. Com aquela sensação de pequenez em meio a grandiosidade dos cosmos e da imensa variedade de estrelas e sistemas e universos. Eram apenas poeira, nada mais que isso, mas eram vivos e amavam e lutavam.

Poeira de estrelas que brilham em meio a escuridão.

— Sinto sua falta.

 

 


Notas Finais


u.
Muito obrigada @Indelikaido por doar esse tema lindooo espero que esteja do seu agrado. :3

Jornal da terceira fase:https://spiritfanfics.com/jornais/3-fase--doacao-de-temas-9929755
Não deixem de doar seu tema e escolher o próximo membro do exo a ter um Kingdom Fanfics!


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