História Somos só amigos? (imagine Bakugou e leitora-sn) - Emma VS. Bakugou

Os professores nos encaminharam para o refeitório para o horário de almoço e uma pausa para nós prepararmos para o último desafio: as lutas individuais. 

– Você vai continuar brava? - Mina dizia atrás de mim enquanto segurava sua bandeja na fila para servir-se 

– Vocês me traíram - eu disse de cara fechada - DUAS vezes só hoje! Primeiro deixaram o Bakugou me ameaçar de morte e depois me abandonaram na cavalaria 

– Tudo bem, não podemos negar que te abandonamos com o Bakugou... - Mina continuou e eu a encarei com a sobrancelha arqueada - É só que a gente não queria morrer! Viu, tem uma explicação! 

– Tá me dizendo que tudo bem eu morrer?! - eu desviei meu rosto novamente  

– Qual é, Emma! - Kirishima se intrometeu e eu o encarei de volta - Você se saiu muito bem na cavalaria, te deixamos para trás porque você se sairia bem com qualquer time, você é incrível e é muito - ele travou após se dar conta do que estava falando e eu senti meu rosto corar 

– O-Obrigada... - eu viro de costas para todos novamente  

– Só esquece isso, amiga! - Mina ainda insiste e eu não respondo mais 

Apesar de tudo, eu só estava fazendo um pequeno drama por me sentir esquecida por todos, mas no fundo eu não estava ligando tanto assim, confio no meu potencial. 

Sentamos todos juntos na mesa: Eu, Mina, Kirishima, Sero, Kaminari e Bakugou - que estava calado e exalando raiva desde a hora que entramos no refeitório, ninguém se atreveu a dirigir a palavra para o loiro. 

Durante o almoço, alguns conversavam e outros se preparavam psicologicamente para as lutas. Os professores informaram que após o almoço teria uma série de “joguinhos” para distrair os participantes e espairecer antes do último desafio, não era algo obrigatório, então alguns optaram por não participar. Antes dessa tal gincana, Kaminari e Mineta vieram até as meninas que estavam reunidas  

– Os professores avisaram pras garotas vestirem isso - Kaminari mostrou um uniforme de líder de torcida em suas mãos 

– Isso mesmo! - Mineta confirmou - eles nos pediram para passar o recado 

– É sério? - Momo respondeu com o cenho franzido - eu não fui informada de nada 

– Eles estavam ocupados organizando algumas coisas e pediram para passarmos o recado - Kaminari explicou 

– Não vou vestir essa coisa! - Jirou comentou com uma cara de constrangimento 

– Isso é meio sexista, né? - eu continuei  

– Ah, vamos lá! Vai ser legal! - Hagakure se animou e convenceu as meninas 

Peguei um dos uniformes e fui em direção ao banheiro do lado das salas de descanso. 

Vesti a curta roupa e me encarei no espelho, me virando e desvirando para analisar. Eu nunca havia usado algo tão curto, uma blusinha que parecia um top e uma minissaia.  

– O que você ta fazendo, Emma? - murmurei para mim mesma - tudo bem, tudo bem... tudo pelo entretenimento - fui em direção a porta do banheiro. Quando abri, dei de cara com o Bakugou no corredor. É sério, Deus? De todas as pessoas, por que ele?! Que castigo... Pensei em ignorá-lo, mas aparentemente, ele não pensou o mesmo 

– Que merda tá vestindo? - ele me encarou de baixo para cima 

– Os meninos falaram que os professores falaram que era para gente vestir - eu estava cabisbaixa morrendo de vergonha do loiro 

– Sabe que eles mentiram né? - ele voltou a caminhar e eu o seguia 

– O que?! - eu franzi a sobrancelha  

– Por que isso seria verdade? - ele franziu as sobrancelhas para mim também  

– Entretenimento? - perguntei confusa  

– Só se for entretenimento para homens - ele riu da minha cara - você é tão inocente  

Meu rosto corou com o seu comentário imaginando o que ele deve ter pensado quando me viu vestida assim. Mas é o Bakugou, certo? Acho que seu único entretenimento é tentar matar as pessoas. 

Caminhei até a sala de descanso onde estava minha mochila para pegar mais um energético. 

– Bom, você já está vestida assim, Emma, agora vai para a arena e aja como uma líder de torcida - eu sussurro para mim mesma abrindo a latinha - ninguém mandou você ser uma burra, inocente que não percebe o que os outros falam. “Entretenimento para homem” - eu digo imitando a voz do Bakugou - vou te matar Kaminari seu idiota, eu vou te matar, vou te matar, vou te matar 

– Sabe que eu ainda to aqui, né? - ouço a voz do Bakugou de fundo e levo um susto 

– Céus!! - eu pulei - Eu jurava que você continuou andando para a arena! - eu estava com a mão no peito após o susto - quer um energético? - digo evergonhada e ainda me recuperando enquanto meu coração ainda bate acelerado 

– Passo - ele sentou-se em uma das cadeiras e eu virei todo o líquido praticamente de uma vez 

– Você ainda tá bravo? - eu digo me sentando em sua frente  

– Não te interessa - ele nem me olha  

– Você quase me matou, então me interessa sim

– Não interessa porque vou ganhar essa merda - ele bate na mesa - e o idiota do Deku não vai mais passar na minha frente, nem mesmo você! Nem aquele babaca exibido meio a meio. 

– Eu discordo - sorrio de canto - eu vou ganhar esse festival! - digo confiante mas no fundo tenho medo de enfrentar ele o Todoroki ou até mesmo o Midoriya, eu sei que não tenho chances contra eles 

– Só por cima do meu cadáver! Ninguém mais vai passar por cima de mim - sua raiva extrema está de volta   

– Mas eu passarei por cima do seu cadáver! - eu começo a rir, mas acredito que ele não achou engraçado - Bakugou, eu ficarei feliz se você ganhar isso, espero que independente do resultado, não tenha ressentimentos - eu levanto e apoio minhas mãos na mesa - Boa sorte! Vou torcer por você! - digo e vou em direção a arena me divertir com as outras meninas, apesar da história de líder de torcida ser mentira, todas estavam alegres agindo como uma e eu me juntei. 

Após o tempo de almoço e descanso passar, foi montada a grade das lutas e todos os participantes se reuniram novamente no campo para as batalhas começarem.  

– Serão lutas 1x1 como vocês já conhecem - Midnight nos explicou - um ganha se o outro sair da marcação, desistir ou se ficar impossibilitado de lutar. Se as coisas passarem dia limites, eu e Cimentus interromperemos a luta!   

As lutas ficaram: Midoriya X Shinzo, Todoroki X Shiozaki, Iida X Kaminari, Ashido X Aoyoma, Tokoyami X Sero, Kirishima X Tetsutetsu, Uraraka X Bakugou e eu contra a Momo. 

Minha grade está do lado da de Uraraka e Bakugou... Meu coração disparou e eu comecei a tremer após ver a organização das lutas. Eu retiro o que disse há 20 minutos atrás quando eu disse que torceria pelo meu amigo. Se o Bakugou ganhar eu vou morrer, se eu perder na primeira, vou passar vergonha e não vou conseguir nada... Uraraka estou apostando minha vida na sua vitória, por favor, vença.  

As lutas da primeira fase começaram, minha batalha é a última. Todas as lutas foram empolgantes de assistir, não desgrudei o olhar nenhuma vez do campo de batalha, eu continuei sentindo toda a emoção do festival esportivo. Eu e meus amigos torcíamos loucamente por todos, comemorávamos com as vitórias da nossa classe e vibrávamos com ataques incríveis. 

A luta de Bakugou e Uraraka foi tensa, o garoto explodiu muito a frágil menina, foi até triste de ver, a plateia até vaiou uma hora, mas o que eles não entenderam, é que o loiro não subestimou a garota em nenhum momento, ele lutou no mesmo nível com ela, Uraraka é frágil, mas é forte, e ele reconhece isso. Ele luta com toda sua força porque almeja demais o primeiro lugar, ele não está aqui para brincar.  

Os primeiros vencedores foram: Midoriya, Todoroki, Kaminari, Ashido, Tokoyami, Kirishima e Bakugou. 

Finalmente minha primeira luta começou.  

– Boa sorte! - meus amigos gritaram  

Nos posicionamos na arena e esperamos o Present Mic nos apresentar no microfone. 

– COMECEM! - ele gritou após sua introdução  

Comecei com um golpe que fui para sua traseira e dei uma rasteira na Momo, fazendo-a perder o equilíbrio. Após ela cair no chão, a segurei e teleportei para o limite do campo de batalha e só foi preciso empurrá-la para fora 

– Desculpa, Momo! - eu digo dando um pequeno empurrão em seu ombro, fazendo-a cair para fora da marcação 

– Vitória de Emma! - a professora anunciou 

Incrível! Consegui ganhar a primeira luta em menos de 10 segundos. Eu só não estou pronta para a próxima luta, espero sair viva apenas. 

As próximas lutas foram: Midoriya X Todoroki, uma das lutas mais incríveis que já vi na vida, o estádio foi à loucura, precisou até da interrupção dos professores, não esperava nada além dos mais fortes da sala! O vencedor foi o Todoroki mas os dois lutaram muito bem. Depois Kaminari X Ashido, sou muito amiga dos dois, mas estava torcendo para Mina que infelizmente perdeu. Depois Tokoyami X Kirishima, onde Kirishima ganhou, o Dark Shadow não é páreo para o endurecimento dele, esse cara consegue absorver qualquer impacto. 

E agora meu pesadelo se tornou realidade. Eu contra meu maior medo: Bakugou. 

Descemos para a arena novamente e nos encaramos enquanto o Present Mic falava. Meu coração estava prestes a sair pela boca. Na luta contra a Momo eu estava super relaxada, agora eu tenho certeza que vou morrer, uma morte lenta e dolorosa. Sei que o Bakugou não vai pegar leve, ele nunca pega leve com ninguém, mas eu só espero não sair daqui paraplégica... Fica calma, Emma, ele é seu amigo, ele com certeza não vai exagerar... Eu espero.  

Tentei me acalmar nos últimos segundos antes da luta começar, criei confiança e parti para cima assim que o professor nos deu a deixa para começar. 

Usei o mesmo golpe que na luta da Yaoyorozu, me teleportei para trás do garoto e tentei dar uma rasteira. O único problema é que Bakugou já conhece alguns de meus golpes, e conseguiu desviar do meu primeiro ataque com uma explosão que o fez voar. A parte boa é que eu também conheço alguns de seus ataques, os treinos com ele valeram a pena. 

Minha tática nessa luta será rapidez, se ele não me ver, ele não conseguirá me atacar. Usei uma série de teletransportes em volta dele e tentei acertar um golpe em algum ponto vital que o fizesse desmaiar ou impossibilita-lo de continuar na luta. Em vão. Era extremamente difícil acertá-lo, Bakugou também era muito rápido, quase tão rápido quanto minha individualidade.  

Tentei algo novo, me transportei para cima de sua cabeça, o mesmo não estava esperando, portanto, consegui jogá-lo no chão e bloquear seus movimentos por um segundo, quando tentei acertar um ponto vital, ele depositou uma grande explosão em minha barriga, me fazendo voar bem longe. 

Cai de costas no chão, quase fora da área de batalha, mas por sorte, eu não havia saído nem um centímetro, mas a dor da queda prevaleceu. Mesmo assim, me levantei guardando a dor para depois e voltei com a série de teleportes em sua volta, desse vez, tentando ser ainda mais rápida. Graças à rapidez, consegui a tão esperada rasteira que eu estava tentando desde o começo, o que o fez cair e eu consegui acertar de relance um ponto vital em seu pescoço. Como não acertei completamente, não o causou muita coisa, mas ele com certeza sentiu dor.  

Bakugou não estava muito na agressiva, ele sabe que não vai conseguir me alcançar desse jeito, sua tática é se defender até achar uma deixa, mas eu espero que essa deixa não exista. 

Tentei fazer o mesmo que fiz com a Momo, mas era muito difícil encostar no garoto e muito menos teleporta-lo comigo. Após alguns minutos de luta, conseguimos acertar alguns golpes um no outro, mas nenhum foi suficiente para a luta acabar. Infelizmente, eu comecei a ficar cansada após ultrapassar o número de teleportes que eu posso usar num curto período de tempo, e essa foi a deixa de Bakugou. Quando eu estava bem perto, na intenção de acerta-lo, ele depositou uma enorme explosão no meu corpo pois não consegui usar a individualidade a tempo, estou tão cansada que ela começou a falhar, não conseguirei mais usar a rapidez ao meu favor. O loiro usou minha desvantagem para me atacar inúmeras vezes e eu não conseguir fugir. Ele me explodiu inúmeras vezes, tantas e tantas vezes que eu não consegui mais me levantar do chão no final de tanta dor que estava sentindo no corpo inteiro. 

– A luta acabou! - Midnight interferiu - Bakugou, pare de atacar, a vitória é sua!  

Minha visão foi se apagando aos poucos. Eu sentia gosto de sangue na boca e, ou estava sentindo muita dor em algum lugar do corpo, ou simplesmente não estava sentindo meu corpo. Depois dos médicos me tirarem da arena, eu não lembro de mais nada.  

¸.*♡*.¸ 

Acordo numa sala com paredes brancas e uma luz clara na minha cara, me recordando dessa sensação. Eu estava na enfermaria novamente. Meus olhos abriram levemente, se acostumando com a claridade, dando pequenas piscadas. Eu estava enxergando um borrão que parecia ser alguém parado ao meu lado. Após esfregar os olhos com muita dificuldade, vejo que era a Recovery Girl. 

– Ah, você finalmente acordou! - ela disse com sua carinhosa voz - você levou uma baita surra, hein? 

Eu não conseguia responder. 

– Bom, vamos lá, eu já realizei sua cirurgia e já te curei com minha individualidade, logo você estará boa 

– Ci-rurgia?... - eu disse com dificuldade 

– Sim, mas, fique tranquila, você está bem - ela continuou - você teve uma grave fratura no tornozelo e no pé esquerdo, esse foi o motivo da cirurgia, com isso, eu aconselho que não pise no chão até amanhã enquanto minha habilidade ainda está fazendo efeito. - Eu observei o meu pé engessado - Fora isso, você acabou quebrando umas 3 costelas e desmaiou porque bateu a cabeça, o resto do corpo está tudo bem. Ainda dá tempo de você ver a final do festival, assim que se recuperar melhor, pegue as muletas - ela apontou para os objetos ao lado da maca - e vá ver a luta!  

Ela abriu a porta do quarto e nisso entrou Mina e Kirishima, que correram até mim 

– Eu estava tão preocupada! - Mina quase pulou em mim  

– Por que você sempre acaba assim, hein? - Kirishima riu em graça coçando a nuca 

– Pergunta pro amiguinho de vocês - eu disse baixo, com dificuldade, tentando ficar sentada na cama  

– Foi algo muito sério? - a rosada perguntou preocupada 

– Eu quebrei algumas costelas e tive uma fratura no tornozelo até o pé, tá tudo bem, mas não posso andar até amanhã pelo menos. Não estou mais sentindo tanta dor porque fui medicada, mas estou com um pouco de moleza - disse conseguindo falar um pouco melhor 

– Que bom que não foi pior... - Kirishima diz baixo me entregando uma caixinha de suco de uva que ele provavelmente pegou em alguma máquina - toma isso 

– Obrigada - eu pego a caixinha e enfio o canudinho no lugar indicado - como foram as outras lutas? Já estamos na final? 

– Todoroki e Kaminari lutaram, o resultado nem é um segredo, óbvio que o Todoroki ganhou facilmente dele. Depois eu lutei com o Bakugou... - Kirishima riu sem graça - o resultado também não é um segredo, esse cara não tá brincando. Por sorte eu tenho meu endurecimento, só não me machuquei tanto por causa disso, mas foi impossível fazer qualquer coisa contra ele, mesmo depois de todos nossos treinos - ele parecia triste 

– Ta tudo bem, temos mais festivais pela frente - eu digo dando um sorriso sincero e tomando mais um pouco de suco  

– O que importa é que apesar de tudo, nos saímos bem! - Mina passa o braço por cima do ombro do ruivo - agora a final é entre o Bakugou e o Todoroki, vamos assistir, Emma! To muito curiosa para saber quem vai ganhar! 

– Podem ir na frente, vou descansar mais alguns minutos e depois alcanço vocês - avisei e os dois concordaram indo antes de mim 

– Um garoto veio te ver antes de você acordar – a Recovery voltou a conversar comigo – um garoto loiro de cabelo espetado... acho que é esse que chegou na final 

– O Bakugou? - eu digo realmente muito surpresa - você deve ter se enganado... 

– Tenho certeza que foi ele... Me perguntou se você havia se machucado muito – ele continuou – eu respondi que ele poderia ficar tranquilo que estava tudo bem. Ele ficou aqui por alguns minutos e depois saiu 

Eu não conseguia conter minha expressão surpresa e confusa. Será que ele se sentiu mal por quase me matar? Impossível, ele não tem coração. Se bem que eu fiquei mais machucada que a Uraraka, talvez sua consciência tenha pesado por machucar tantas garotas num mesmo dia. O Bakugou ficaria sentido se machucasse várias garotas? Provavelmente não, acho que para ele não existe diferença entre mulher e homem, todos são seus inimigos. Preciso parar de pensar nisso senão minha cabeça vai sair fumaça já já. Ele deve ter vindo porque somos amigos. Sim, com certeza foi isso. 

Terminei de tomar meu suco de caixinha e fui a caminho da arquibancada com o resto da turma. A caminhada foi difícil, eu não sabia direito como andar com muletas, nunca quebrei o pé ou a perna. Fora isso, meu tórax doía levemente por conta das costelas quebradas. Depois de um longo caminho que parecia nunca acabar, eu alcancei meus colegas. 

A última batalha havia acabado de começar. Os dois mais fortes da turma estavam se enfrentando, concorrendo pelo primeiro lugar. Apesar de ele quase ter me matado, é para ele que vai minha torcida, somos amigos. Quero dizer, eu sou amiga dele, vai saber se ele me considera como uma também. 

Todos esperavam uma batalha demorada e sofrida, com múltiplos ataques perigosos, mas a luta foi bem rápida. Bakugou acabou com o Todoroki em menos de 5 minutos, ele usou sua força máxima contra o meio a meio. A plateia estava desacreditada, acho que até o loiro estava desacreditado pois, Todoroki estava desacordado e fora do campo de batalha, mas mesmo assim Bakugou foi atrás, segurou na gola do outro, puxando-o do chão e começou a gritar 

– PARA DE BRINCADEIRA, SEU IDIOTA, AINDA NÃO ACABAMOS! LEVANTA DAÍ E LUTA COMIGO COM TODA SUA FORÇA! - ele chacoalhava o garoto – EU NÃO VOU ACEITAR A VITÓRIA SE VOCÊ NÃO USAR TODO SEU PODER CONTRA - 

Bakugou foi impedido de continuar falando após Midnight usar sua individualidade nele. Com isso, ele apagou também e foi levado para a enfermaria junto de Todoroki. 

– O que... foi isso? - Kirishima perguntou confuso 

– O Todoroki não usou fogo contra ele, mas usou contra o Midoriya. Ele com certeza ta puto – eu entendi toda a situação - mas quem liga? Ele ganhou, deveria estar feliz. 

Alguns minutos se passaram até os finalistas serem trazidos novamente para a arena para recebrem suas medalhas. Bakugou estava acorrentado, algemado e usando focinheira. No fundo tive uma grande vontade de cair no riso, a situação era até que engraçada, como se estivesse prendendo uma fera para impedi-la de assassinar todos. Infelizmente isso foi necessário, lide com isso, Bakugou. Ninguém mandou ser um estressadinho. 

As medalhas foram entregues aos 3 vencedores por All Might. Bakugou ficou reclamando que não reconhece sua vitória e não quer a medalha, mas obviamente ele recebeu do mesmo jeito. 

Finalmente o grande Festival de Esportes chegou ao fim. Foi um dia muito incrível e emocionante, uma experiência que ficará guardada na memória para sempre. Eu estou muito feliz, mesmo tendo quase morrido. 

Assim que soltaram o loiro de todas aquelas correntes, eu fui até ele o mais rápido possível, foi difícil por conta das muletas, mas eu consegui 

– Bakugou! - ele ainda estava na arena e eu estava quase correndo até ele – eu estou tão feliz por você! Eu disse que torceria para você! - eu larguei as muletas no chão e praticamente pulei em seu pescoço, dando um abraço apertado e caloroso no loiro - parabéns! Eu sabia que conseguiria! 

– O que... ta fazendo? - ele não correspondeu o abraço, mas também não me afastou 

– Te parabenizando, o que mais eu faria? - eu me afastei dele e pude ver seu semblante levemente envergonhado 

– Eu não ganhei isso – ele virou-se e continuou andando em direção às salas onde estavam nossas coisas 

– É óbvio que ganhou! - eu peguei as muletas do chão e o acompanhei – idai que o Todoroki não usou fogo, você teria ganhado do mesmo jeito. Sabe, se isso te alegra, ouvi dizer que ele passou vergonha na frente do pai – eu minto, não faço ideia se ele passou vergonha, eu apenas supus  

– Seria melhor se passasse vergonha usando todo seu poder – ele voltou a ficar emburrado 

– Ele passou vergonha de qualquer jeito, ainda mais porque perdeu em menos de cinco minutos – eu continuo tentando alegra-lo - você conseguiria de qualquer jeito, porque você é incrível! - eu deixo escapar sem pensar – q-quero dizer... você é o mais forte da sala, né? Agora oficialmente. 

– Obrigado – ele apenas responde 

Não havia mais ninguém na sala de descanso, acredito que todos já partiram para suas casas depois desse dia cansativo. Eu e Bakugou estávamos arrumando nossas coisas para fazermos o mesmo. Fui até o banheiro para colocar meu uniforme escolar novamente e tirar o uniforme de educação física que fomos obrigados a usar. Foi um pouco difícil trocar de roupa com o tornozelo quebrado e a dor no tórax, mas depois de uns minutos na luta, eu finalmente consegui. 

Voltei para sala que agora estava vazia. Guardei o uniforme na bolsa e organizei o resto das coisas que estavam jogadas. Encarei minhas muletas por alguns segundos 

– Como vou voltar para casa a pé com essas coisas? - eu comecei a falar sozinha sem me dar conta – eu ainda não me acostumei com isso... Tudo bem, Emma, você já lutou com vilões, ganhou batalhas do festival e o mais difícil de tudo: lutou com o Bakugou, andar alguns quilômetros com muleta não deve ser nada... eu posso usar minha individualidade, né? Não... não posso correr o risco de ser pega usando a habilidade fora da escola. Que droga – murmurei desanimada  

– Ei – escutei uma voz na porta que me fez assustar e me dar conta de que estava discutindo sozinha de novo 

– Que susto! - me viro para ver quem estava ali. Era o Bakugou – para de me assustar, eu imploro... - eu disse brincando 

– Vamos para casa – sua voz parecia mais calma agora, não parecia ser o mesmo garoto de 30 minutos atrás que estava acorrentado para não matar ninguém 

– Sim, já estou indo, fique tranquilo – eu digo fechando minha mochila – boa ida para casa – eu ri - até segunda! 

– Eu te levo  

– O que? - me surpreendeu – ta tudo bem! Eu consigo 

– Eu quebrei seu pé, o mínimo que posso fazer é te levar 

Eu resolvi não questionar o porquê de ele estar fazendo isso. Não é o tipo dele. Na verdade, eu nunca esperaria que ele dissesse algo assim. Talvez ele só tenha percebido que somos amigos. 

– Bom, tudo bem – eu coloco a mochila nas costas e pego as muletas 

– Deixa as muletas aí - ele disse sem me encarar 

– Não posso pisar no chão 

– Eu sei. 

Eu obedeci sem questionar e fui pulando como um “saci” até ele. 

– Se ficar pulando assim vai se machucar mais – ele virou de costas para mim e agachou um pouco o corpo, colocando suas mãos para trás – sobe 

Meu rosto esquentou e por algum motivo eu acho que esse é o momento mais vergonhoso da minha vida. Ele ta mesmo pensando em me levar de cavalinho até minha casa? 

– Bakugou... acho que você vai ficar cansado se fomos embora assim – eu hesitei 

– Não te perguntei nada, nem pedi. Sobe logo, to mandando – ele continuou na posição 

– Que eu saiba, você não manda em mim – provoquei – mas vou obedecer só dessa vez, já que você insiste tanto em me levar para casa no colo – eu ri 

– Sobe logo antes que eu te mate – ele voltou a se estressar e eu o fiz como pediu.  

[música recomendada para essa parte: Remember When – Wallows] 

Ele me ajudou a subir por eu estar com o tornozelo quebrado. Eu não conseguiria dar o pequeno impulso para subir em suas costas, então ele agarrou primeiro minha perna machucada e com a outra eu dei um pequeno pulo para me ajeitar no “cavalinho”. Ele me segurou com cuidado e pediu para avisar se algo me machucasse, enquanto eu estava praticamente abraçada em seu ombro e pescoço. 

Caminhamos em silêncio até alguns metros após sair da U.A. Por mais que eu tenha provocado-o, eu estou muito constrangida por estar indo embora nas costas do Bakugou. Sem contar que isso foi tudo muito estranho. O garoto me odiava até pouco tempo atrás, agora está me carregando embora. É, acho que realmente Deus existe e faz milagres. 

– Viu, Kacchan – eu resolvo quebrar o silêncio imitando o jeito que o Midoriya o chama – somos melhores amigos agora! Você ta até me dando uma carona especial! - eu inclinei meu corpo para mais perto dele e apertei levemente seu pescoço como num abraço 

– SE FIZER ISSO DE NOVO EU QUEBRO SEU OUTRO PÉ, GAROTA! - e aí está o Bakugou que eu conheço 

– “garota” - eu digo imitando-o – desde que te conheço, você nunca me chamou pelo nome, sabia? Você por acaso não sabe como eu chamo? 

Ele não respondeu. 

– VOCÊ NÃO SABE! - eu gritei indignada 

– É óbvio que sei, foi anunciado hoje no festival 

– Então qual é? 

Ele não respondeu de novo. 

– Não acredito! - eu começo a me balançar em suas costas – Meu nome é Emma!! EMMA! 

– ENTÃO FICA QUIETA, EMMA! - sim, essa foi a primeira vez que eu o ouvi dizer meu nome. Incrível como em mais de um mês que convivemos juntos, ele nunca me chamou pelo nome. Foi uma sensação legal. É legal não ser chamada de “garota”, “irritante”, “idiota” ou coisas do tipo 

– Ainda não acredito que você não sabia meu nome! Que péssimo amigo! - eu digo ainda me mexendo muito 

– NÃO SOMOS AMIGOS! PARA QUIETA, VOCÊ VAI CAIR! - ele disse dando um pequeno pulo na intenção de me ajeitar novamente. Suas mãos estavam embaixo do meu joelho enquanto eu escorregava das suas costas, no momento que ele me jogou de leve para cima, ele ajeitou as mãos para cima, mas acidentalmente pegou um pouco acima da minha coxa, me fazendo calar a boca e corar no mesmo instante. Isso me fez esconder o rosto em seu pescoço, foi embaraçoso - isso foi culpa sua – ele murmurou, provavelmente envergonhado também - eu te mandei ficar quieta... 

– Tudo bem... - disse baixo, ainda com a cara escondida em seu ombro e pude sentir seu rosto e corpo esquentar também 

– Desculpa, Emma – eu o ouvi sussurrar e meu coração se esquentou instantaneamente. O que foi isso? 

O silêncio permaneceu por mais alguns minutos 

– Por que você foi com o merda do Deku na cavalaria? - ele murmurou 

– Não tive muita escolha, vocês me abandonaram... - digo com uma pitada de drama e ele bufou 

Ficamos quietos o resto do caminho até minha casa. A vergonha foi demais para voltarmos a conversar. O silêncio só foi quebrado quando chegamos em minha casa 

– Obrigada mesmo, Bakugou, você me ajudou muito – eu agradeci – é pedir muito pra você me levar até meu quarto? Você fez eu deixar as muletas na escola, lembra? - eu ri sem graça e ele reclamou, mas concordou 

– Sua casa me dá nostalgia do seu aniversário - ele disse entrando na sala comigo ainda em suas costas – foi divertido 

– Foi, é? - eu ri – eu chorei no final, isso foi divertido? 

– Sendo sincero, foi sim – ele riu também. Bakugou riu verdadeiramente de algo. Sério, já pode me acordar desse sonho. Mas por outro lado, ele riu da minha desgraça, né? 

– Enfim, não sei como você não ta cansado de carregar um peso de quase 60kg por sei lá quantos quilômetros 

– Você não é tão pesada – ele diz entrando no meu quarto 

– Bom, obrigada novamente, não sei o que eu faria sem você - eu digo sentando na minha cama 

– De boa, isso foi minha culpa – ele coça a nuca enquanto observa todo o meu quarto 

– Mas eu descobri que você foi na enfermaria enquanto eu estava desacordada – eu olhei para o chão balançando meus pés envergonhada 

Ele desviou o olhar e fingiu que não escutou. Ele ta se sentindo culpado? 

Uns segundos depois escuto a porta de entrada se abrindo, minha mãe havia chegado. Ela entrou em casa e foi direto para meu quarto 

– Emma! Você já está em ca – ela trava quando percebe o Bakugou no meu quarto - você não é o garoto que quase matou minha filha hoje? - ela fecha a cara 

Ah não.