História Somos só amigos? (imagine Bakugou e leitora-sn) - Sentimentos confusos

Minha mãe permaneceu estática nos encarando com uma expressão um pouco... enfurecida. 

Suspirei e levei minha mão até meu olho, dando um pequeno tapa e deslizando até meu queixo, por que ela teve que chegar justo agora? 

– Mãe, ele só me trouxe em casa - eu disse num tom cansativo, não to afim de ouvir suas loucuras agora 

– Ele quase te matou! - ela ficava indignada. 

Olhei de relance para Bakugou, ele só estava parado, encarando-a, não expressava medo ou qualquer coisa do tipo, aparentemente só estava esperando-a falar para poder ir embora 

– Era o Festival de Esportes, o que você queria que ele fizesse? - meu tom de voz também aumentou – que bom que ele não pegou leve comigo, teria sido mais humilhante ainda! 

Ela voltou seu olhar para o loiro, com as sobrancelhas arqueadas, como quem estivesse pensando no que eu disse. Depois de uns segundos, Bakugou quebrou o silêncio  

– Desculpa, senhora Tanaka, eu sempre fiz de tudo para chegar no topo. Sua filha não é fraca, por isso fui com tudo para cima dela. - Ele disse calmo com suas mãos dentro dos bolsos como sempre 

Eu nunca tinha visto ele ser tão educado assim, na verdade sempre pensei que esse lado não existisse e que ele era um troglodita com qualquer um. 

– Viu, mãe? Tá tudo bem, Bakugou é um cara legal, somos amigos - eu sorri para ele - além disso, Recovery Girl já fez seu trabalho, amanhã estarei totalmente bem 

Minha mãe continuou nos encarando com as sobrancelhas franzidas, confusa e analisando tudo. 

– Bom, se vocês dizem... - ela suspirou e foi em direção ao garoto - mas se tentar matar minha filha de novo, eu vou atrás de você e te torturo! - ela disse séria, puxando a gravata vermelha do loiro para perto dela, mas ao mesmo tempo foi irônica... eu acho. 

– Não tenho culpa dela ser forte - ele deu de ombros. Isso fez minha mãe sorrir 

– Entendo... Bakugou né? - ela colocou a mão no ombro dele - você quer jantar aqui? 

Ela mudou de opinião muito rápido.  

– Obrigado, mas preciso ir para casa - ele continua com o semblante sério  

– Posso te dar uma carona, assim é mais rápido - ela diz mais calma 

– Tá tudo bem, posso ir andando 

– Não precisa ter vergonha! - ela ri - você trouxe a Emma até aqui, o mínimo que posso fazer é te levar em casa 

– Na próxima quem sabe - ele caminhou para porta, negando novamente a ajuda da minha mãe - tchau, Emma - ele virou-se e foi em direção a entrada de casa, ouvi o barulho da porta bater então tive a certeza que ele foi embora 

– MÃE! EU NÃO SOU MAIS CRIANÇA! - perdi a paciência e bati minhas mãos na cama 

– Foi tão difícil ver meu bebê levando uma surra em rede nacional - ela sentou-se ao meu lado e me abraçou fingindo um choro 

– Falando assim parece humilhante mesmo... - eu digo exausta - mas me saí muito bem, isso que importa. 

Continuamos conversando sobre tudo que aconteceu hoje enquanto minha mãe contou todas suas reações de enquanto me assistia pela televisão da agência que ela trabalha, disse que todos os funcionários não tiravam o olho da tv. Mesmo eu tendo quase morrido, ela amou me ver lutar. 

K A T S U K I 

B A K U G O U 

Assim que virei a esquina, senti meu mau humor voltar com tudo, um calor raivoso percorreu meu corpo todo, eu tive vontade de explodir a primeira coisa que eu visse pela frente. Minha única reação a isso foi chutar uma lata de lixo com toda a força do mundo, o que provocou os moradores dessa rua. 

– EI GAROTO!! - um velho gritou – O QUE PENSA QUE TA FAZENDO?!! - eu me virei para encara-lo – E-ei.., você é a criança que ganhou o festival de esportes hoje, né? - ele se encolheu e afastou 

– QUE DIFERENÇA FEZ? ALIÁS, EU NÃO GANHEI AQUELA MERDA! - comecei a me aproximar do velho que me irritou mais ainda 

– D-desculpa – ele ficou cabisbaixo, como se estivesse se protegendo de uma aberração 

Fui capaz de ignorá-lo e continuar meu caminho. Eu chutava todas as pedras que eu via pela frente. Que dia horrível... ainda teve aquela garota irritante  – meus punhos cerraram quando pensei nela – o que ela pensa que ta fazendo? Se aproximando como se fôssemos melhores amigos. Ela me irrita demais. Me irrita o jeito que ela age comigo, o jeito que ela invade minha privacidade, o jeito que ela encosta em mim sem medo de morrer, também odeio o fato dela sempre vir atrás de mim mesmo quando eu a esculacho, parece até o inútil do Deku. 

– Garota idiota... - murmuro um pensamento alto 

– Ei, precisa de carona? - ouço uma voz vindo de um carro parando ao meu lado - já estou indo para casa – o homem era meu pai 

Eu aceito a carona, mesmo já estando perto da minha casa. Já estou cansado de caminhar quilômetros com alguém nas costas depois de um dia cansativo. 

– Fiquei muito feliz com sua vitória hoje – ele diz com um sorriso sincero e uma expressão calma como sempre que me irrita muito

– Cala boca, velho – digo encarando a janela da minha porta - não ganhei merda nenhuma 

Ele ficou em silêncio após minha resposta. 

Chego em casa, ignoro minha mãe que estava na sala que disse alguma coisa que nem me dei ao trabalho de prestar atenção e vou direto para meu quarto. Jogo minhas coisas na cama e escuto passos na minha direção enquanto desabotoo a blusa do uniforme 

– Você é idiota? - minha mãe invade meu quarto – eu falei com você! 

– O que você quer?! – respondo curto enquanto continuo tirando as roupas 

– Não posso nem te parabenizar pelo festival? - ela se aproximava com os braços abertos como quem quisesse me prender num abraço apertado 

– Nem vem, velha! - eu esquivei de seus braços - JÁ DISSE QUE NÃO GANHEI PORRA NENHUMA! ME DEIXEM EM PAZ! 

– PARA DE GRITAR, GAROTO! - sua expressão mudou para furiosa – de qualquer maneira, você foi muito bem, mesmo você não reconhecendo a vitória, tenho certeza que todos ficaram impressionados com seu poder... - ela voltou a ficar calma – meu bebê cresceu tão rápido, tenho tanto orgulho de você! - dessa vez ela conseguiu me prender em seus braços e acariciar meu cabelo 

– SAI DO MEU QUARTO, MÃE! - eu a expulsei junto do meu pai que estava tentando falar comigo também e provavelmente tentando me prender nesses abraços insuportáveis. 

Tranquei a porta do quarto para ninguém mais encher o meu saco hoje. Tiro o celular do bolso e vejo mais de 100 notificações daquele grupo idiota que os caras criaram, o tal “SQU4D”, eles provavelmente estavam falando tudo sobre o festival. Ignorei as mensagens e continuei tirando a roupa para entrar no banho.

Entrei no chuveiro e a água estava levemente quente, isso me ajudou a relaxar. Joguei a cabeça para trás deixando aquela água morna cair no meu rosto e passei as mãos no meu cabelo. Eu não consigo parar de pensar nisso. Pela primeira vez acho que me importo com alguém e sinto culpa por machucar uma pessoa. A água continua caindo enquanto eu só encaro o chão.  

Você é mesmo um idiota, Katsuki... 

Saio daquele banheiro abafado e visto apenas uma calça de moletom. Ligo minha caixa de som, coloco a mesma playlist de todos os dias (link no início) e me deito na cama encarando o teto por alguns minutos. O barulho das notificações do celular me tira dos meus pensamentos avoados. O grupo dos idiotas não parou até agora, já passava de 300 mensagens. O que tanto eles têm para falar? Clico na opção de “silenciar para sempre” o grupo, nunca tive paciência para essas coisas. Além desse grupo, muitas pessoas mandavam mensagem me parabenizando por ser o campeão do festival de esportes. Que merda, não aguento mais lembrar dessa porra, sempre que alguém comenta sobre isso eu fico muito puto lembrando do que o bosta do meio a meio fez comigo hoje, isso me tira do sério e eu tenho vontade de explodir tudo em volta. Se no mínimo ele tivesse usado todo o poder, aí sim eu poderia estar me exibindo por ser o campeão, mas aquele merda não chegou nem perto do seu máximo, como se eu não fosse aguentar toda sua força, saí como o fraco da história. 

Acabei jogando um travesseiro com força na parede quando lembrei de tudo isso. Odeio esse idiota meio quente meio frio... Odeio mais ainda ele ter usado todo o poder contra o merda do Deku e ter pegado leve comigo como se eu fosse fraco.

Instantaneamente e sem me dar conta, soquei a cama com raiva, esses caras me tiram do sério. 

Um novo barulho de notificação me fez voltar a vida real novamente. Dessa vez não era de algum grupo, na verdade era um número desconhecido. 

Oie Bakugou! 19:15 

Quem é? 19:16 

Como assim vc nem salvou meu número? 19:16 

Pensei que já fôssemos melhores amigos! L 19:16 

É a Emma!! 19:16 

Se bem que n ter salvado meu número nem me espanta tanto... vc nem sequer sabia meu nome há algumas horas atrás 19:16  

Não me enche “Emma” 19:17 

Só queria saber como o campeão está 19:17 

Já disse que n sou campeão de nd 19:17 

Poxa... Podia ter dado sua vaga para mim então, eu ia adorar ganhar mesmo se o adversário n usasse todo o poder 19:17 

Já pensou q maneiro?? Todo mundo falando meu nome, eu seria conhecida no país todo, ainda mais se vencesse do “famoso filho do Endeavor” 19:17 

Sério, se quiser me dar sua medalha eu com ctz vou aceitar 19:17 

Pode ficar, isso n vale nd p mim 19:17 

 aff vc smp foi tão rabugento assim?? 19:18 

A medalha é sua, sinta orgulho disso 19:18 

Não enche 19:18 

 Depois disso ela apenas mandou uma figurinha idiota sem sentido e a conversa acabou. 

Pelo menos foi o que eu pensei. 

Dois minutos depois ela voltou a me mandar mensagem. Ela não cansa de ser chata. 

Aliás, queria te agradecer por me trazer em casa 19:20 

N sei oq faria sem vc <3 19:20 

Rlx 19:20 

A conversa novamente acabou e eu joguei o celular no gaveteiro ao lado da minha cama e continuei encarando o teto enquanto escutava música. Eu realmente não consigo parar de pensar nisso. 

Pego meu celular novamente sem pensar duas vezes. Clico no número desconhecido que eu ainda não havia salvado o contato e envio a mensagem que meu subconsciente não conseguia parar de pensar 

Como tá o pé? 19:22 

Seu idiota - penso no mesmo instante - não era isso que eu gostaria de dizer, muito menos desse jeito. Penso em apagar a mensagem, mas ela foi mais rápida e me respondeu no mesmo segundo. 

Melhor agora! 19:22 

Eu tô de repouso e já tomei remédio, quase nem dói mais 19:22 

Meu tórax tá doendo um pouco ainda 19:22 

Mas tá tudo bem 19:22 

Que bom 19:23 

Reflito novamente se deveria falar o que eu tanto penso, o que está martelando na minha mente desde que nossa luta acabou. 

Quer saber? Foda-se. 

Fora isso, vc ta bem? 19:24 

Eu não conseguia parar de remoer em minha mente o fato de eu tê-la machucado, não consigo parar de pensar se ela está bem ou se está com dor. Que merda. O que ta acontecendo comigo? Tenho esse sentimento estranho no peito desde a primeira vez que ela falou comigo, quando eu estava chorando e me humilhando e ela tentou me ajudar. De início fiquei com muita raiva, mas depois se tornou um sentimento diferente.

Olha, acho q mandei mensagem pra pessoa errada 19:24 

Bakugou, é mesmo vc? 19:24 

Kkkkkkkk 19:24 

N esperava q vc se preocuparia 19:24 

Cala a boca 19:24 

Só é estranho machucar uma garota 19:25 

Quem eu quero enganar? To pouco me fodendo se ela é mulher ou não. Quase matei a Uraraka e não dou a mínima pra ela. 

Digitei uma mensagem de desculpa duas vezes e apaguei no mesmo momento, não tenho coragem de dizer uma coisa assim, é uma fraqueza impensável, ainda mais se ela contar para alguém que eu disse isso. 

Espero q vc melhore logo para lutarmos dnv 19:27 

Foi a única coisa que eu consegui dizer. 

Não vejo a hora de ganhar de vc! 19:27 

Um sorriso involuntário se formou em meus lábios. 

Eu to muito fodido. 

Ela aparentemente não quis finalizar a conversa ali e ficou dizendo várias coisas aleatórias. Eu até podia fingir que não estava interessado em nada que ela estava falando, mas muito pelo contrário, algo dentro de mim queria muito conversar com ela.  

Trocamos mensagens o resto da noite até de madrugada, de vez em quando eu fingia estar irritado e agia como um rabugento, mas mesmo assim eu continuei acordado conversando até ela dormir. 

X 

E M M A  

T A N A K A 

O final de semana se passou e estávamos na sala de aula no momento mais esperado para todos que desejam ser heróis: escolher os nomes de super heróis! 

Todos já haviam escolhido, menos o Bakugou, todos seus nomes foram negados por parecerem agressivos demais. 

Meu nome escolhido foi Teleporty! Eu não tive muita criatividade para escolher algo que combinasse com minha individualidade, mas acredito que esse tenha ficado simples e significativo. 

O professor Aizawa também revelou todas as ofertas de estágio que tivemos depois do festival. Bakugou e Todoroki obviamente estavam na liderança, cada uma tinha mais de 100 ofertas. Eu não tive nenhuma. 

O sinal tocou indicando o início do almoço. 

–  Que bom que os alunos que não tiveram ofertas vão poder estagiar mesmo assim, né? - Kaminari diz enfiando um pedaço de coxa de frango na boca enquanto todos já estavam na mesa de sempre para almoçar 

–  É... - Eu o observo com uma expressão de nojo vendo-o comendo – a escola foi gentil de arrumar heróis para todos os que “ficaram de fora” 

–  É porque os exibidos do Bakugou e do Todoroki ficaram com todos os holofotes para si mesmos – Mina diz mostrando a língua 

–  Falando nisso, quem você vai escolher, Bakugou? - Kirishima pergunta curioso 

–  Provavelmente o Best Jeanist, ele é o o que tem o ranking mais alto – ele diz desinteressado  enquanto saboreia seu almoço

–  Que incrível!! - eu quase pulo em cima da mesa de tanta empolgação - o herói que está em terceiro no ranking, só perde pro All Might e pro Endeavor! Eu daria tudo para estagiar com ele, seria um sonho! - eu me sento na cadeira de novo com a mão peito, sonhando com tal coisa

Todos na mesa concordam comigo e Bakugou fica em silêncio. 

As aulas de tarde finalmente acabam e eu me atraso na sala de aula enquanto arrumo todas as minhas coisas e peço informações para o Aizawa de como vou conseguir meu estágio, ele me indica para a secretária do colégio onde eles vão me ajudar melhor e passar heróis que se disponibilizaram para receber alunos nos estágios. Antes que eu pudesse chegar ao local indicado, escuto uma voz masculina me chamando pelos corredores. 

–  Oi? - me viro para reconhecer quem estava me chamando e era o Bakugou 

–  Eu acabei de entrar em contato com o Best Jeanist, ele disse que quer mais de um aluno e perguntou se eu tinha alguma indicação - ele diz com as mãos no bolso 

Pude sentir meu coração acelerar de alegria e meus olhos praticamente brilharem supondo o que ele estava prestes a falar 

–  Você ta afim de estagiar com ele? - Bakugou terminou a frase e no mesmo minuto eu corri até ele pulando em seu pescoço e o abraçando até sair do chão, forçando-o a me segurar 

–   OBRIGADA, OBRIGADA, OBRIGADA! - eu não conseguia parar de repetir enquanto ainda estava quase em seu colo 

–  Ok, já pode me soltar antes que eu mude de ideia! - ele tentou me desgrudar dele 

–  Você não tem ideia de como eu estou feliz!! - eu ainda o apertava em meus braços 

–  Sai de cima de mim! - ele finalmente consegue me afastar – isso é só um pedido de desculpas por eu ter quase te matado 

–  Ah, então você vai convidar a Uraraka também? - pergunto franzindo o cenho e ele me olha um pouco confuso 

–  Só tem uma vaga, se você quiser eu convido ela – ele dá de ombros 

–  Não! Eu vou! - peço desesperada – eu preciso ficar mais forte para te vencer! 

–  Tudo bem – ele solta uma pequena risada 

O Bakugou estava muito diferente do que quando eu o conheci. Era bom ver ele agindo como um ser humano normal. 

–  Ele pediu para nos encontrarmos amanhã às oito da manhã em frente a agência - ele diz enquanto caminhávamos em direção as nossas casas 

–  Certo! Estarei lá! - digo animada – obrigada de novo, você nem imagina o quanto isso significa para mim! 

–  Ta de boa – ele sorri de canto 

Não vejo a hora de amanhã chegar.