História Somos só amigos? (imagine Bakugou e leitora-sn) - Acampamento de verão

O ônibus para o acampamento estava cheio e agitado como sempre. Eu estava com saudades de todos da turma, mas confesso que mais uns dias de paz seria ótimo. A classe é turbulenta e animada, muitos estava de pé, alguns cantavam e colocavam músicas em caixinhas de som, alguns brigavam e o Mineta enchia a paciência de Aizawa dizendo que precisava fazer xixi e pedia para ter uma parada, mas o professor não lhe deu muita atenção, ele já tinha avisado que só iríamos parar depois de 1h de viagem. Sinceramente, eu não sei como o professor Aizawa ainda não se demitiu, tem que ter muita paciência para aguentar todo mundo. 

— “I said, y'all having a good time out there?” — Kaminari andava e pulava pelo corredor do ônibus com uma caixinha de som enquanto cantava e tocava “Don´t Stop The Party – Pitbull". Ele era o grande animador da turma, o cara que provavelmente vai ser morto por Aizawa depois. Acho que se não fosse por Kaminari, todos estariam sentados e quietos, mas ele conseguiu fazer literalmente uma festa no ônibus 

— Que bom que deu certo de virmos, né? — Kirishima se ajoelhou no banco da frente e ficou de frente comigo e com a Mina 

— Sim, e parece que tem alguém bem feliz com isso — eu ri me referindo ao Denki 

Bakugou estava sentado ao lado no ruivo, na nossa frente. Ele era uma das pessoas que provavelmente estavam odiando a situação do ônibus, principalmente as vezes que o Kaminari foi para cima dele tentando anima-lo, e por sorte, ele não levou um soco na fuça. 

A viagem continuou agitada até o momento da parada. O ônibus estacionou em uma espécie de penhasco, onde havia uma floresta na parte debaixo. No mesmo local, havia um carro parado. 

Duas mulheres saíram do carro e se apresentaram, eram a Mandalay e a Pixie-Bob, do grupo Wild, Wild Pussycats. Eu as adorava! As duas contaram que todo o terreno pertencia ao grupo delas, portanto era permitido usar as individualidades dentro desta área. Elas também mostraram onde o acampamento ficava, e nós provavelmente estávamos há uns 10km de distância ainda. 

— Por que paramos aqui se o acampamento está tão longe? — Uraraka perguntou confusa 

— Ah não... — Sero já havia entendido o que aconteceria 

— Por que não voltamos para o ônibus? — Kaminari sugeriu com a voz trêmula e todos começaram a correr de volta ao veículo, mas Pixie-Bob impediu a passagem e usou sua individualidade para nos jogar para a floresta 

— Sâo 9h30, se forem rápido, talvez consigam chegar a tempo para o almoço — ela riu ironicamente — também possuem monstros na floresta, vocês terão que derrotá-los 

No momento em que eu caí, saí rolando por alguns metros enquanto os outros caiam um em cima do outro, foi uma completa bagunça. 

Alguns alunos começaram animados, derrotando os monstros e correndo com toda a energia possível. Eu não vou me gastar deste jeito, possuo a melhor individualidade para atravessar isso tudo rapidamente. 

— Alguém quer uma carona? — corro enquanto acompanho Mina, Kirishima, Bakugou, Sero e Kaminari 

— Até parece, isso aqui vai ser moleza — Kaminari riu convencido 

— Ele tem razão, vamos fazer isso com nossas próprias mãos — Kirishima concordou com o loiro e Sero também foi na onda 

— Como se eu precisasse da sua ajuda — Bakugou disse enquanto corria e explodia alguns monstros — quer apostar que eu chego antes de você? 

— Você ainda nem cumpriu sua última promessa — eu ri e dei uma piscadinha para ele, o que o deixou irritado — e você, Mina?  

— Acho que dessa vez vou ficar com os meninos, não deve ser tão difícil — Mina sorriu e eu compreendi 

Então usei meu teleporte sozinha para chegar antes de todos. O terreno era enorme e nós devíamos estar há quase 10km do acampamento, por isso, perdi um tempo maior no caminho, precisei destruir alguns monstros e descansar para minha individualidade alcançar uma área maior. Mesmo assim, consegui chegar no acampamento perto da 13h. Alcancei rapidamente ao local por conta do meu treinamento na agência do Best Jeanist, com isso, eu consegui me teleportar para lugares muito mais longes e fora do meu campo de visão. Quando cheguei, Aizawa esperava com as Pussycats na frente do acampamento. 

— Parabéns, Emma — Aizawa sorriu — Cadê seus amigos? 

— Devem estar apanhando — eu ri, sem esconder meu cansaço 

— Você foi incrível! — Mandalay se aproximou de mim e colocou as mãos em meus ombros — era de se esperar um resultado desse com uma individualidade boa como a sua 

— Obrigada! — meus olhos brilharam após escutar seus elogios 

As heroínas me encaminharam para os quartos e disseram que eu poderia tomar banho e almoçar, eu estava morta de fome. Mesmo depois de eu terminar tudo o que tinha que fazer, nenhum outro aluno chegava. 

Perto das 18h, as primeiras pessoas começaram a chegar e aos poucos todos da sala já estavam reunidos. Os alunos estavam todos quebrados, cansados e andavam cambaleando, parece que o percurso realmente foi difícil, até para os mais fortes da turma. 

— Finalmente chegaram! — Mandalay comemorou — eu sinceramente pensei que fossem demorar mais 

— Vocês nem tiveram tanta dificuldade para derrotar as bestas. Vocês são muito bons — Pixie-Bob continuou — principalmente vocês três — ela apontou para os mais fortes da turma: Midoriya, Todoroki e Bakugou — quero só ver vocês daqui quatro anos! — ela se empolgou e ficou em cima dos três, analisando-os 

Gata idiota — eu revirei os olhos e entrei no chalé. 

O jantar foi servido e todos comiam como se passassem fome há uma semana. Me sentei com meu grupinho de sempre e não pude deixar de debochar da situação. 

— Se perderam no caminho? — eu ri na intenção de provocar 

— Cala a boca, Emma! — Mina, Kaminari e Sero responderam juntos, como num coro, o que me fez rir mais ainda 

— Não foi tão difícil assim — tentei provocar as pessoas que ainda não se renderam  

— Diga por você, que pode atravessar tudo sem problemas — Kaminari se irritou 

— E você, Bakugou? Não queria apostar quem chegava antes? — me virei para encará-lo, que estava sentado do meu lado — esperava mais de você, parece que eu ganhei de novo — eu ri convencida e pisquei um olho para ele 

— CALA A BOCA! — eu finalmente havia conseguido irritar quem eu queria — não vou mais deixar você ganhar — ele jurou e continuou comendo ansiosamente 

Eu soltei uma risada convencida e terminei minha janta. 

Aizawa falou que hoje poderíamos aproveitar as termas pois amanhã começaria o treinamento pesado e não teríamos tempo para isso. Ele também deixou os meninos avisados que não era para ter gracinhas nas termas, como por exemplo ficar observando as meninas. Às vezes eu esqueço que temos pessoas como o Mineta na sala e ele com certeza tentaria alguma coisa. 

As meninas estavam todas inseguras diante das águas, todas sabiam que os meninos não eram santos. As garotas não relaxaram e cobriram seus corpos em todo momento por medo de que algo acontecesse. 

— Jirou, tenho uma ideia — me aproximei da mesma — você pode tentar escutar o que eles estão falando, assim estaremos prontas para tudo 

— Ela tem razão! — Uraraka apoiou o meu plano 

— Vou tentar — Jirou esticou seus fones até a parede que separava a terma das meninas da dos meninos — estou conseguindo ouvir — ela sorriu vitoriosa — Mineta está falando sobre misturar o nosso banho por acidente e disse algo sobre... escalar parede! — ela disse assustada e começou a se esconder junto de todas as outras meninas  

— Esse garoto é mesmo um saco— Mina disse escondendo seu corpo também 

— Agora os garotos estão brigando... — Jirou continuou — estou ouvindo a voz do Bakugou — ela franziu o cenho confusa — ele disse que o Mineta é um merda e mandou ele morrer... 

Jirou não precisou contar mais nada, escutamos Mineta gritar desesperado e depois ouvimos uma grande explosão. 

Todas as meninas se assustaram e ficaram curiosas para saber o que estava acontecendo. 

— Por que o Bakugou faria isso? — Tsuyu perguntou confusa 

— Ele realmente não parece o tipo de pessoa que se importa — Momo respondeu confusa da mesma maneira 

Logo eu já senti o olhar pervertido de Mina em cima de mim e a encarei. 

— Ah, eu sei muito bem porquê ele faria isso — ela sorriu com malícia e balançou suas sobrancelhas para cima e para baixo, vindo em minha direção, deixando as meninas mais confusas ainda 

— Ta dizendo que ele se importa com alguém daqui? — eu ouvi a voz da Hagakure em algum lugar dentro da água, era impossível saber exatamente onde ela estava 

— Até parece que esse cara se importa com alguém... — eu respondi fingindo e tentando esconder meu embaraço  

— Emma, todo mundo já reparou que o Bakugou te trata melhor que todo mundo — eu ouvi a voz de Hagakure se aproximar com malícia e meu rosto corou 

— É, ela tem razão — Jirou concordou e as outras meninas pareciam pensar o mesmo — ele gosta de você 

— C-como assim? — eu forcei um sorriso e tentei disfarçar — nós somos apenas amigos 

Eu pude ver Mina revirando os olhos e se irritando com a mesma resposta que eu sempre dou. 

Elas não sabem o que aconteceu entre nós dois na I-Island. Se acham que ele gosta de mim apenas por reparar em suas atitudes, imagina se descobrissem tudo que ele fez e me falou. Nem Mina sabe de tudo, eu não contei para ela sobre a conversa que tivemos no quarto do hotel aquele dia. Ultimamente eu realmente estou cogitando o fato dele gostar de mim, o problema é que essa era a última coisa que eu queria que acontecesse, eu não posso retribuir seus sentimentos. 

— Mas e o Midoriya e a Uraraka, hein? — eu tentei mudar e foco do assunto e observei a morena corando intensamente 

— N-n-nós somos só amigos t-também — ela balançou as mãos rapidamente e gaguejou como eu nunca vi antes 

— Também tem o Kaminari e a Jirou, ele ta sempre encarando ela com cara de bobo — Tsuyu continuou a citar possíveis casais e Jirou foi a próxima a se envergonhar 

— Até parece — ela murmurou tímida — ele me olha com cara de bobo porque é a única cara que aquele idiota tem 

— Eu não pensaria dessa forma — Mina riu insinuando o contrário 

Ufa, pelo menos pararam de falar de mim. 

Depois de um bom tempo nas águas termais, todos foram diretamente para a cama pois estávamos mortos por conta do “treinamento” de hoje. O quarto das meninas não era muito grande, mas o tamanho era ótimo para 7 pessoas. Dormimos em futons espalhados pelo chão, uma pertinho da outra, parecia até uma festa do pijama, uma noite das garotas. Durante todo esse meio de ano, eu ainda não tinha sido capaz de criar grandes vínculos com as meninas, apesar de gostar muito de todas. Eu espero que eu fique mais próxima delas durante essa semana. 

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Fomos acordados às 05h00 para começar o maldito treinamento. Eu com certeza não dormi o suficiente para isso, eu estava parecendo um zumbi andando por aí. As meninas ficaram conversando por muito tempo antes de dormir pois estávamos empolgadas por ser a primeira vez que passamos a noite juntas.  

O café da manhã foi demorado, parece que ninguém dormiu muito. Todos ainda vestiam seus pijamas, era legal passar um tempo assim com a classe toda, o acampamento com certeza será algo que nos deixará mais próximos. 

Nos preparamos até 05h30, vestimos nossos uniformes e escovamos os dentes. Aizawa nos levou para fora do chalé e explicou como seria os procedimentos. Os alunos estavam morrendo de sono e não paravam de bocejar e coçar os olhos. 

— Durante essa semana, vocês irão desenvolver as individualidades e trainar a força, para assim conseguirem suas licenças provisórias — ele começou e alguns ficaram confusos com o que ele queria dizer — Bakugou, arremesse isso, seu recorde na escola foi 705,2 metros, vamos ver o quanto você melhorou — ele entregou a mesma bola dos primeiros testes que fizemos quando entramos na UA 

Bakugou se aproximou e lançou a bola gritando um “vai pro inferno” e mandando uma enorme explosão.  

Aizawa revelou que a distância foi de 709,6 metros e todos se surpreenderam, principalmente ele. Esperávamos bem mais, como, 1 quilômetro mais ou menos. 

— Vocês já passaram por muita coisa no colégio nos últimos 3 meses, obviamente melhoram, porém essa melhora foi em nível técnico e mental — Aizawa explicava seriamente — suas individualidades não evoluíram tanto, por isso o treinamento focará nisso. O processo será difícil e vocês terão vontade de morrer — ele sorriu como um vilão e nos encarou — mas tentem não morrer 

Droga, nem começou e eu já senti vontade de morrer. 

Todos treinavam especificamente algo sem parar, como por exemplo, Bakugou colocava suas mãos em água fervendo para dilatar suas glândulas sudoríparas e conseguir produzir explosões maiores. Ele fazia isso o dia inteiro sem parar. Meu trabalho era usar o teleporte sem parar e por longas distâncias para aumentar o alcance cada vez mais e criar resistência, podendo teleportar mais vezes e mais rápido ainda. 

O dia foi bem cansativo, usei meu teleporte na floresta tendo consciência de que eu estava conseguindo ir bem longe. O sol começou a se pôr e eu sabia que era hora de retornar ao acampamento, o único problema é que eu não sabia mais onde eu estava. Tentei voltar pelo caminho que eu acreditava que era o certo, mas nunca chegava e eu parecia andar em círculos. Eu estava cansada o bastante para não conseguir usar a individualidade então minha única saída foi andar seu rumo até conseguir voltar. Minhas pernas e pés doíam intensamente e pareciam que iam cair a qualquer momento. O céu começou a escurecer mais e eu comecei a ficar assustada com a floresta escura.  

Por sorte eu caminhei por uns 20 minutos e logo Ragdoll e Aizawa apareceram no local onde eu estava. A individualidade da Ragdoll é Search, ela pode localizar os alunos e descobrir suas fraquezas, ela provavelmente me achou assim. 

— Foi bem difícil chegar até você — ela riu aliviada — você não parava de se teleportar para longe e toda hora mudava o caminho que deveríamos ir 

— Você ta bem, Emma? — Aizawa perguntou me acompanhando  

— Só estou bem cansada — digo com a voz fraca — que vergonha... — dou um pequeno tapa no meu olho imaginando o trabalho que eu dei para os dois, sem contar que a turma toda já deve estar reunida enquanto a idiota da Emma se perdeu na floresta 

— Tudo bem, você não tem culpa de ter uma individualidade incrível — Aizawa disse sorrindo como quem quisesse me animar e me tranquilizar. Ele era realmente um pai para nossa turma, apesar de ser um pouco assustador as vezes, mas sabemos que ele só quer nosso bem e tem muito orgulho de todos. 

Assim que chego no acampamento, vejo que todos estão trabalhando para fazer o jantar. Me aproximo no grupo conturbado que estava gritando como sempre. 

— O que estão fazendo? — eu pergunto me referindo à gritaria e posso ver algumas coisas explodidas 

— O Bakugou foi acender o fogão a lenha e destruiu tudo! — Kaminari gritava desesperado 

— Tudo isso porque ele não deixou o Todoroki fazer isso por nós! — Sero explicou na mesma intensidade de desespero e irritação 

— Onde você estava? — Bakugou se levantou do chão e se aproximou de mim, ignorando toda a situação  

— Eu me perdi na floresta — eu ri envergonhada, desviando o olhar e coçando a nuca — mas ta tudo bem, Ragdoll me localizou usando a individualidade dela 

O loiro compreendeu e acenou para mim com a cabeça, ele parecia aliviado. 

—Emma, vai tomar banho e depois vem ajudar seus colegas — Aizawa me recomendou e eu obedeci 

Depois de terminar minhas necessidades, me aproximei novamente do grupo. Eles estavam preparando Curry, o que era péssimo, eu sou horrível fazendo comida. O ambiente perto de Mina, Sero, Kaminari e Kirishima estava caótico, eles brigavam e gritavam por tudo. Me aproximei de Bakugou que estava cortando algumas cebolas na força do ódio e sem derrubar uma lágrima. 

— Você... é bom com a faca, né? — eu ri assustada me sentando ao seu lado 

— Qualquer um que não saiba usar uma faca é idiota — ele respondeu concentrado 

— Então você deve me achar uma idiota — suspirei  

— Sim, mas isso eu sempre achei — ele riu e eu revirei os olhos — corta aí — ele me passou a tábua com o alimento e a faca 

Eu segurei a cebola calmamente e tentei cortar o mais certo possível. Fiz isso 1, 2, 3 vezes até que Bakugou surtou 

— Como é possível alguém cortar uma cebola com tanta lerdeza, além disso, ficou tudo torto — ele colocou suas mãos na tábua e na faca e pegou de volta. Nesse momento, percebi que suas mãos estavam vermelhas e machucadas  

— O que aconteceu? — eu perguntei preocupada passando meus dedos lentamente em suas mãos  

— Ah, isso? — ele se referiu aos machucados — me queimei no treino. Isso acontece quando uso muito a individualidade, ainda mais colocando as mãos em água fervente igual hoje 

— Você não está com dor? — eu acariciei lentamente o dorso de sua mão 

— Tudo bem, já acostumei com a dor, isso sempre acontece  

Suas palavras atingiram meu coração em cheio. Deve ser horrível ter uma individualidade que machuca seu corpo dessa maneira, assim como Midoriya. Eu não teria a capacidade de aguentar a dor desta maneira. 

Me levanto do banco e puxo Bakugou pelo braço para ele vir comigo. 

— O que tá fazendo, idiota?! — ele gritou enquanto tentava resistir, mas eu o ignorei  

Levei-o para a mini enfermaria que havia dentro do chalé. Procurei bandagens e pomadas para queimadura. Bakugou entendeu o que eu estava prestes a fazer e tentou me impedir. 

— Já disse que tá tudo bem, não precisa de tudo isso — ele bufou indo em direção a porta, mas eu o alcancei antes 

— Por favor — segurei em seu braço — me deixa te ajudar — eu o olhei com uma expressão de pena tentando chantageá-lo 

Ele me encarou surpreso e desviou seu olhar um pouco envergonhado. 

— Tanto faz — ele murmurou cedendo no fim  

Lavei sua mão com água por alguns minutos para limpa-la e aliviar a dor, depois passei remédios específicos para queimadura e sentei ao seu lado para passar a bandagem. 

Peguei sua mão com calma e comecei a enrolar a faixa. Quanto mais eu reparava, mais machucados era possível enxergar, principalmente cicatrizes antigas. Ele deve sofrer muito com isso, fico triste de pensar pelas coisas que ele deve ter passado. 

— Pronto — digo após terminar de enfaixar suas duas mãos  

— Não precisava disso, mas valeu — ele bagunçou meu cabelo como agradecimento e depois me encarou por alguns segundos — você também se machucou — ele passou os dedos no meu rosto em cima de alguns cortes  

— Isso não é nada demais, foi apenas uns cortes de galhos e folhas que eu fiz na floresta — eu ri sem graça  

Ele se levantou e procurou alguns algodões no armário e os molhou com álcool. Ele se aproximou e passou o algodão lentamente no meu rosto, o que me fez me afastar automaticamente de dor. 

— Calma, vai doer no começo e depois melhora — ele se aproximou novamente, passando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha, o que fez meu coração errar as batidas. Ele continuou a passar o algodão nos cortes e meu olhar se prendeu em seu rosto que estava bem próximo do meu. Seus olhos vermelhos estavam concentrados e seu toque era gentil e suave. 

O barulho da porta se abrindo nos assustou e me fez voltar para a realidade, desviando rapidamente meu olhar para a pessoa que havia entrado. 

 — Jantar — Aizawa disse desanimado e com os olhos cansados — e deixem a porta aberta da próxima vez 

Meu rosto corou e Bakugou riu sem graça, mas compreendemos o professor e depois fomos até a área em que as mesas estavam. 

Assim que voltamos da enfermaria, eu pude ver as meninas rindo baixo, provavelmente pensando alguma besteira. Tenho certeza que toda essa malícia na mente delas foi obra da Mina. Revirei os olhos e sentei perto delas desta vez. 

— Nem comecem — digo sentando ao lado de Jirou e Uraraka — a gente só tava tratando os ferimentos 

— A gente imagina — Hagakure soltou uma risada provocante e eu revirei os olhos rindo 

Após o jantar, caminhei para os quartos ansiosa para dormir pois estava morta do treinamento. Para minha surpresa, Aizawa chamou os alunos que repetiram nas provas práticas do colégio e disse que teríamos aulas de reforço agora. Nós 5 nos encaramos surpresos e decepcionados, estávamos cansados demais para isso, sem contar que já são 22h da noite. 

Que merda, eu realmente quero morrer.