História Sonho ou Destino? - DNA.

Uma semana depois 

 Rio de Janeiro... como é bom estar de volta nesse lindo lugar. Chegamos por aqui ontem à noite, no aeroporto me disseram que tinha muitas pessoas, mas o motorista tinha recebido ordens dos produtores que estão cuidando da minha passagem por aqui, para que saísse pela parte de trás, onde o acesso era restrito, ou seja, não tinha ninguém. Quando cheguei no hotel, imediatamente liguei para Malu, ela estava bem, mas ainda não tinha saído de casa, uma semana toda dentro do quarto. Ela ainda está assustada com o que aconteceu e deixá-la foi difícil, mas eu preciso fazer o meu trabalho. E ela também, hoje pelo o que ela me disse, vai ao programa da Ellen grava o especial de natal, espero que ela se divirta e se sinta mais à vontade. Os seguranças que eu contratei ainda estão por lá e vão acompanhá-la na gravação do programa. Me sinto mais tranquilo assim, pois se aquele louco aparecer novamente, eu nem sei do que sou capaz... No momento estou com os caras na piscina do hotel, o sol está muito forte, mesmo o quarto sendo muito confortável, não tem condições de ficar trancado lá dentro com um dia quente desse.
 

 Almoçamos uma comida maravilhosa, que só aqui tem. O tempero é literalmente o melhor. Tudo aqui no Brasil me encanta, não é atua que amo alguém especial daqui. 

 Depois do almoçamos cada um foi para o seu quarto, tínhamos dois horas de descanso e partiremos para a Apoteose, vamos fazer a passagem de som antes dos portões serem abertos. Depois é só ficar no camarim até a hora do show. Tenho certeza que será incrível. Eu queria dar uma passada na praia, mas me disseram que seria impossível, tinha muita gente e com certeza eu não ficaria muito a vontade. Então fiquei ali da sacada do hotel, observando aquele mar lindo me fazendo lembrar de casa.

                   ~~ Malu ~~

- Ellen, querida, muito obrigada por me receber em seu programa. ~ a abracei.
- Magina flor, aqui é sua casa. Sempre será bem vinda. Você foi incrível.
- Obrigada. ~ sorri.
- Agora preciso ir, minha esposa está a minha espera. ~ tirou seu microfone. ~ Manda um beijo para o Bruno.
- Mando sim. 

 Fui ando pelo corredor em direção ao meu camarim, e muitas pessoas me cumprimentavam, todos diziam que se divertiram com a minha presença no programa de hoje. Haviam outras pessoas como convidadas, Kim Kardashian, Mila Kunis e Laverne Cox, tivemos altos papos sobre a situação das mulheres na nossa sociedade, o quanto estamos expostas a todo os tipos de preconceito e violência. Também descontraímos com brincadeiras junto à plateia e cantamos duas músicas minhas. Foi bem bacana... Entrei no meu camarim só pra pegar as minhas coisas, bebi um pouco de água enquanto ouvi alguém bater na porta.

- Pode entrar.~ respondi.
- Oi, licença Brazilian, você poderia me ajudar a fechar a o meu colar... ~ Mila pediu toda fofa. ~ Minhas mãos estão escorregadias.
- Claro, vira aí. ~ peguei o colar e logo o ajeitei. ~ Prontinho.
- Muito obrigada linda. Eu e minhas filhas adoramos suas músicas. 
- E eu amo seus filmes, você é maravilhosa. 
- Imagina... ~ abaixou a cabeça tímida. ~ Nos vemos por aí?
- Claro. Vou adorar te reencontrar. ~ peguei minha bolsa. ~ Vai para o estacionamento? ~ perguntei.
- Vou sim, vamos juntas. ~ abriu a porta.

 Fomos conversando enquanto andávamos naqueles corredores gigantes, cheio da gente pra lá e pra cá. Pegamos o elevador e paramos no subsolo, nos despedimos e cada uma foi para um lado. Entrei no meu carro, coloquei meu cinto e parti. Ligo o rádio pra dar uma relaxa e avisto pelo retrovisor o carro dos seguranças que o Bruno contratou pra mim. Ah, só de pensar o motivo disso meu corpo se treme todo. Já se passou uma semana e ainda me pego com medo, hoje é a primeira vez que sai de casa depois do ocorrido, as únicas pessoas que eu via era a minha amiga e o Bruno, ele não saia lá de casa, o bichinho estava todo preocupado, ontem quando ele chegou no Brasil logo me ligo, fez mil perguntas e eu respondia para ele que estava tudo bem e que ele curtisse o meu país por mim. 

 Parei o carro no jardim e entrei em casa, Isa estava desmaiada no sofá como sempre.

- Acorda louca. ~ joguei um almofada em seu rosto.
- Qual é seu problema? ~ reclamou rindo. ~ Chegou agora? ~ esfregou os olhos.
- Sim, foi bem legal. ~ me sentei ao seu lado. ~ Foi bom ver gente.
- Espero que você não volte a se trancar no quarto novamente. ~ pegou seu celular. ~ Aí caramba, tô atrasada. ~ correu para as escadas.
- Atrasada para o que? ~ corri atrás dela e entrei no seu quarto.
- Vou sair hoje. ~ tirou a roupa.
- Com quem? ~ a segui para o banho.
- Com o Ne-Yo ~ ligou o chuveiro.
- Como é? Me explica isso mocinha...
- Estamos saindo já tem um tempinho. ~ falou alto. ~ Mas nada demais, relaxa. 
- Sei, achei essa explicação muito vaga, quero mais detalhes quando você puder contar. ~ ouvi sua risada. ~ Vou para o meu quarto.
- Depois vou lá mostrar meu look. ~ gritou.

 Tirei meus agasalhos e fui tomar meu banho também. A água estava um delícia de quente. Não gosto nenhum pouco do inverno, sou totalmente verão, sol, piscina e cerveja gelada, não da pra fazer isso nesse tempo minha gente. Socorro. Ainda bem que vou passar o natal no Brasil e lá nessa época o sol está estralando. Não vejo a hora de ver minha família. O coração até aperta. Desligo o chuveiro com muito custo e vou para o closet, coloco minha calça de moletom e uma camiseta do Bruno. Essa está aqui des do começo do nosso namoro. Não tive coragem de jogar fora ou de devolver quando terminamos. 

Desço para a cozinha e coloco a água pra ferver, vou fazer um chá de hortelã, é a única coisa que pode me salvar desse gelo. Pego meu celular enquanto isso e respondo a mensagem do Anão, disse que já são 21:30 no Brasil e que daqui a pouco vai subir no palco, disse que está muito ansioso para o show e vai dar o seu melhor, pois as hooligans brasileiras merecem, ainda bem que ele sabe disso. Só esqueci de avisa-lo sobre a minha amiga Ray, ela é doida por ele, literalmente. Quero nem imaginar como ela deve estar agora, espero que ela não avance em cima do meu homem.  Ponho o saquinho de chá e coloco na xícara junto com a água quente, adiciono um pouco de açúcar e pronto. Vou para sala e me enrolo nas cobertas,  não me levanto daqui por nada.

- Como estou? ~ minha amiga aparece na sala todo linda. Calça jeans, botas, uma jaqueta incrível é seu cabelo todo ondulado. Sem falar da maquiagem, que ela sempre arrasa.
- Você está maravilhosa. ~ ouço uma buzina.
- Ele chegou. ~ beijou meu rosto. ~ Volto tarde, não me espere. ~ saiu saltitante.
- Divirta-se louca. ~ gritei.

 
 Agora somos só eu e meu Netflix. 

                     ...     ...    ...

 Sabe quem é a rainha das maratonas? Sou eu. Já nem sei quantos capítulos já assisti de Orange Is The New, amo essa série. Estava concentrada no penúltimo capítulo quando ouço a campainha tocar, meu coração da um leve acelerada, fico com medo de ir até lá e abrir, minha cabeça diz que se fosse quem eu estou pensando os seguranças nem teriam deixado ele se aproximar, mas meu coração diz que todo cuidado é pouco.

 Ouço tocar mais uma vez, e decidi me levantar, ando de vagar e antes de abrir a porta afasto a cortina para ver quem era, e a surpresa não podia ser maior. Jessica Caban estava parada na porta da minha residência. Oi? Fechei a cortina rapidamente e pensei o que ela queria aqui, respirei fundo e abri a porta...

- Jessica? O que faz aqui? ~ reparei duas grandes malas com ela.
- Podemos conversar? ~ olha, esqueceu à arrogância?
- Tudo bem, entra...~ a dei passagem. 

 A observei olhar para todos os cantos, parecia admirar cada pedaço.

- Sua casa é muito bonita.~ se virou para mim.
- Obrigada. Senta-se. ~ assim ela fez. ~ Sobre o que quer conversar? ~ me sentei a sua frente.
- Preciso que você entregue isso para o Bruno. ~ me deu um grande envelope branco. ~ É um teste de DNA, comprovando que ele não é o pai da criança que eu estou esperando. 
- Como é? ~ ela me olhava parecendo envergonhada.
- É uma longa história, eu tentei diversas vezes falar com ele sobre isso, mas não tinha coragem, e quando eu tinha ele simplesmente não podia me ouvir ou não queria. ~ seus olhos se encheram. ~ Eu tive que mentir para me proteger...
- Proteger de quem? O que aconteceu? 
- Quando o Bruno terminou comigo, tive que voltar para casa dos meus pais em NY, durante o tempo que eu estive lá acabei me envolvendo com um ex meu, ele era jogador de futebol, inclusive, terminei com ele por causa do Bruno. Me lembro que quando começamos a namorar, ele ficou me ameaçando e dizendo que eu seria sempre dele, eu tive que andar com segurança ao meu lado. Na época as pessoas acharam que eu estava me protegendo das Hooligans que não gostavam de mim, mas a verdade era outra... 
- E sabendo que ele era perigoso, você se envolveu mesmo assim? 
- Eu tinha acabado de perder quem eu amava, estava com muita raiva, confusa e sem noção. Aí acabei ficando com ele, nessa eu engravidei, eu me senti um lixo, pois passei tanto tempo com o Bruno e não consegui fazer isso acontecer. Mas o pior, é que ele está muito pior do que antes, virou um traficante lá do Brooklin, não sei como chegou a esse ponto. Só sei que suas ameaças começaram a aparecer novamente, nós ficamos, mas eu não quis mais, e ele começou a rondar a casa dos meus pais e até ameaça-los. Eu tive que fugir. Não tive escolha. Tive que inventar essa mentira. ~ ela chorava enquanto se confessava para mim. ~ Eu me sinto muito arrependida de ter usado o Bruno para isso, mas era o único jeito. Eu sei que ele não recebeu bem a notícia de ser pai, mas hoje ele está tão animado. Eu tive que bancar a mãe desnatura que não queria um chá de bebê pra ele não se envolver tanto. ~ ela soluçava.
- Vou pegar uma água pra você. 

 Fui até a cozinha, peguei um copo e depositei a água pensamos nessa loucura de história. O Bruno vai ficar puto, ou muito mais do que isso. Magoado.

- Toma. ~ entreguei o copo.
- Obrigada. 
- Mas me diz, você está indo embora? 
- Sim, ele foi preso e minha mãe disse que não são tão sedo da prisão. Não faz mais sentido continuar aqui, eu preciso viver minha vida e deixar o Bruno fazer o mesmo. ~ me olhou. ~ Ele te ama muito e eu tive que aceitar isso. Ele nunca me deixou usar essa. ~ encarou minha camiseta. ~ Me desculpe por tudo. 
- Honestamente, não acho que seja pra mim as suas desculpas e sim para o Bruno. Viram tanto tempo juntos, merecem ter uma conversa franca.
- Eu não consigo encara-lo e tenho certeza que ela vai surtar e nem me deixar terminar de falar. ~ me entregou seu copo. ~ Por favor, quando ele voltar, não deixe de contar o que eu te falei. ~ se levantou devagar por conta da sua barriga. ~ E diz que eu sinto muito. Obrigada por me ouvir.
- Você veio sozinha? De táxi?
- Sim, agora vou para o aeroporto. 
- Eu te lavo.~ ajudei a pegar suas malas. 
- Não precisa Malu, obrigada.
- Precisa sim. Vamos. ~ peguei a chave do carro que estava na mesinha de centro e saímos.

 Jessica agradeceu enquanto eu colocava as malas no carro, a ajudei a se sentar e pedi para que colocasse o sinto. Dei a volta e fiz o mesmo. No caminho ela não disse nada, apenas ficou olhando pela janela alisando sua barriga, que pelo o que eu entendi não são de sete meses e sim oito. Parei o carro no estacionamento, peguei as malas, e fui andando junto com ela até a sala de embarque. Seu voô é daqui uma hora, fiquei sentada olhando suas coisas e ela foi fazer o check in. 

 Permaneci quieta ao seu lado, ela pareci ansiosa pra entrar naquele avião, e eu aqui pensando como vou jogar essa bomba no Bruno. Eu não faço ideia de como ele vai reagir a isso. 

 Seu voô foi anunciado, nos levantamos e ela me agradeceu novamente, eu apensas sorri e a observei caminhar até o portão de embarque. Sai de lá e fui para o meu carro, não demorei muito para chegar em casa. Levei minhas mãos e eu meu rosto, fui para cozinha preparar algo. Ouço de longe meu celular tocar, corri até ele e vi que era uma chamada de vídeo do Bruno.

- Malu, o show foi incrível. ~ Phil apareceu. Aposto que ele está ajudando o Bruno a mexer no Skype. ~ Seu povo é maravilhoso. ~ falo sorridente.
- Tá bom cara, deixa eu falar com a minha garota. ~ ouvi a voz do Bruno e logo ele apareceu na tela, todo lindo e suado. Tira esse boné. ~ Oi Anjo.
- Oi senhor suado, como foi o show? ~ ele riu mostrando as covinhas.
- Foi incrível Malu, essa energia só tem aqui. Literalmente amo o povo brasileiro, não é atoa que estou com você. ~ piscou.
- Bobinho. Somos incríveis mesmo. ~ sorri. 
- Tinha uma moça na grade, muito engraça, ele chamou a minha atenção e a atenção da banda o show todo, jogou calcinha, cenoura de pelúcia, você tinha que ver. Muito engraçado. ~ riu.
- Já sei até quem era.
- Você está bem meu Anjo, aconteceu algo? ~ perguntou fazendo aquela carinha linda.
- Não meu amor, está tudo bem. Só estou com muito frio.
- Que pena, aqui está um calor que só por Deus. Oh país quente. ~ agitou a gola da sua camisa. ~ Vou ter que desligar agora Anjo, vamos para o hotel, quando eu chegar lá te aviso. ~ mandou um beijo.
- Tudo bem querido, beijos. ~ encerrei.

 Meu bb está tão feliz, o coração até dói. 

 Termino o meu miojo e volto para a minha maratona. Faltam apenas 5 capítulos de Narcos.

 
                      ~~ Bruno ~~

" Quando você volta? " Malu.

" Dia 03 meu Anjo. Vai passar rápido. "

" Assim espero... Estou com saudades. " Malu.

" Também estou. Que horas são aí? "

" São oito da noite, aí meia-noite né? " Malu 

" Exatamente. Estou morrendo de sono. Mas quero ficar falando com você. "

" Não, vai dormir, pois amanhã tem mais. Nos falamos. Beijos, descansa. " Malu.

" Tá bom mãe, até amanhã. Te amo"

" Te amo também. " Malu.

 Depois de falar com a Malu, tento ligar pra Jessica, mas só cai na caixa postal. Que diabos aquela mulher está fazendo que não pode me atender? Quer saber? Amanhã tanto novamente, já estou morrendo de sono e preciso estar inteiro amanhã.

Boa noite Rio de Janeiro.