1. Spirit Fanfics >
  2. Sonho ruim . . . pesadelo bom. >
  3. É matar ou controlar

História Sonho ruim . . . pesadelo bom. - É matar ou controlar


Escrita por: Amaya-

Capítulo 8 - É matar ou controlar


Uma luz enorme entrou pela janela de meu quarto e meus olhos doeram pela claridade. Imediatamente, puxei a colcha até a cabeça, para tampar o meu rosto e eu voltar a dormir.. mas alguém tirou.

- Só mais um pouquinho.. – resmunguei, me virando de barriga para baixo na cama e botando o travesseiro na cabeça.

- Anda.. levanta! Tá na hora já! – alguém disse, mas não era o meu pai. Tentei reconhecer a voz, mas estava sonolenta demais para reconhecer qualquer coisa. Até que a pessoa tirou a minha colcha completamente, e puxou o travesseiro que eu segurava na minha cabeça. Minha vontade era de matar quem fez isso.

Mole e quase dormindo acordada, lentamente, me virei para ver quem era. E meu rosto se iluminou surpreso e radiante. Também iluminado com o sol na minha cara. Pulei da cama e dei um abraço fortíssimo na pessoa que estava ao pé de minha cama.

- Vó! – comemorei.

Não via a minha avó desde os meus dez anos, mas lembrava dela perfeitamente. Eu abraçava da cintura, ainda sentada na cama.

- Oi minha netinha querida! E única! – ela se abaixou, me abraçou e deu um beijo no meu rosto.

O meu pai era seu único filho, o qual ela tinha um orgulho imenso. Ele sempre foi muitíssimo inteligente, simpático, meigo, e passou a faculdade de gastronomia fácil, fácil. Mas na parte da inteligência eu não tinha puxado muito ele. Ela era uma senhora de cabelos grisalhos, pele clara, feições bonitas e olhos maravilhosos cor de amoras. Já estava nos seus sessenta e seis anos e mesmo assim, aproveitava a vida do melhor jeito possível. Ela perdeu o meu avô quando tinha trinta e poucos anos e meu pai já era grandinho. Ele dizia que ela era apaixonada por ele e que nunca brigavam. Eu não cheguei a conhecê-lo, mas a minha mãe sim. Ela era melhor amiga do meu pai nessa época, foi assim que o romance deles começou. Droga! Mas uma coisa para fazer eu mudar de idéia sobre amigo, mas.. eu acho que eles se gostavam já e muito quando se tornaram melhores amigos, e não eram tanto quanto eu e o Lee. Não! Isso nunca irá acontecer contra a gente. Apesar de.. aaahhh!! Tentei me distrair com a vovó. Tinha que aproveitar que ela estava lá em casa porque ela morava em São Paulo, diferente da gente que morava no Rio de Janeiro.

- Vai ficar aqui a semana toda? – perguntei, logo assim que ela se desfez do seu abraço.

- Sim, meu bem. E podemos conversar sobre várias coisas. Os gatinhos? Já arranjou algum lá? – ela perguntou, me deixando completamente envergonhada.

- Vó.. – repreendi-a, abaixando a cabeça, sem graça.

- Ah, minha flor. Você já está grandinha! Não arranjou ou está com vergonha de me falar.

- Olha mãe o que você fala para ela. – disse o meu pai, entrado no quarto e envolvendo os seus braços pelos ombros dela.

- Pai? Posso faltar a aula hoje? – perguntei, esperançosa. Eu queria esfriar um pouco o pensamento e ficar um pouco com a minha avó. Mas para a minha tristeza ele não deixou.

- Desculpa filha, eu até deixaria se não estivesse na revisão das provas do primeiro bimestre.

- Ih, é! Poxa, tinha esquecido! Eu também queria me livrar da Educação Física hoje. Mas não vai ter trégua mesmo. Que horas são? – perguntei, desanimada. Olhando para os dois que estavam na minha frente.

- Eu não estava brincando sobre já estar na hora, querida.. – disse a minha avó carinhosa.

- Tabóm né! To indo então! – me levantei da cama, comecei arrumá-la, graças a Deus, meu pai não discutiu. Os dois se retiraram do quarto, provavelmente, para conversar ou preparar o almoço.

Quando acabei, peguei a minha roupa e fui para o banheiro, a fim de tomar um bom banho e me preparar para encarar na Educação física, a pior de todas as pessoas..

...


Eu cheguei na sala meio que atrasada, e todos já estavam indo ao banheiro se arrumar para a aula de Educação Física, já que era as duas primeiras aulas. Fui para a minha carteira, deixei a mochila em cima dela e a abri para pegar a roupa. A Maria Clara estava em pé, encostada na carteira dela, com a roupa na mão e esperando para ir junto comigo. Peguei a roupa apressadamente, e fomos para a porta a fim de ir ao banheiro se trocar. Mas quando virei ela, dei de cara com a Tatiana, que estava com uma calça de ginástica rosa forte de doer os olhos, uma blusa longa sem mangas cor de um roxo fortíssimo, e tênis all star todo enfeitado e horroroso. Ela olhou para mim, sorriu e disse em uma voz zombadora:

- Você vai morrer hoje, Alessandra Lonson. – e entrou na sala, sem olhar para trás.

Eu não pude nem respondê-la, estava prestes a voltar na sala e falar umas boas para aquela metida. Mas a Mar segurou o meu braço e veio me puxando para nos trocarmos:

- Não dá confiança, Ale. Assim é pior. – ela tentou me acalmar.

- Ela é que vai morrer hoje, eu vou matá-la com mil boladas na cabeça daquela piriguete.

E fomos andando para o banheiro..

...


O professor era um homem alto e robusto, cabelos caramelados e olhos super charmosos cores de um verde-jade. Um cara musculoso, com o rosto quadrado e magro. Era musculoso.. e super lindo! Todas as meninas suspiravam por ele, inclusive eu. Era alegre e divertido. Estávamos na quadra do colégio formando uma roda com todos os alunos, e no meio estava ele, explicando:

- Olha.. hoje iremos jogar queimado, mas prestem atenção! Não quero bolada na cara, e nem discussão no meio do jogo entendido?

Todos afirmaram, uns com a cabeça e outros com um “sim”.

- Bem, então.. vamos começar tirando o time.. – ele olhou ao redor, procurando por dois componentes. Apontou para o Lee a para a Tatiana. – Vocês dois.. venham aqui, e tirem o time. Um de cada vez. – ele mostrou o dedo indicador na frente do rosto mostrando repreensão e se afastou para que eles pudessem escolher.

Eles se aproximaram, um de frente para o outro, e tiraram ímpar, par. O Lee escolheu ímpar e ganhou. Por primeiro, me escolheu, a Tatiana escolheu uma amiga dela lá, e depois o Lee escolheu a Mar. E assim por diante.. no final, eu só soube que.. estavam embaralhados. Os fracos aqui e lá, e os fortes aqui e lá. Os times estavam a mesma coisa. Mas eu nem tava ligada nisso. Eu só queria quebrar a Tatiana inteirinha. Eu era boa em queimado, até demais, mas nem quero me gabar, porque todos ali eram. Então eu só esperava não ter um empate.

Eles escolheram os campos, mas a bola ficou com o nosso time. Cada um foi para os seus lugares, esperando o apito de começo do professor. Eu só encarava a Tatiana, vontade de sair correndo dali e acabar com ela. Mas eu tinha que me controlar se não.. iria acabar na diretoria, e eu nem era barraqueira, só iria conseguir uma identidade falsa se eu fizesse isso. Me lembrei que ela não veio na quarta-feira passada e eu não tive a chance de dar uma bolada na cara dela. Eu tinha que admitir que ela era uma garota bonita. Cabelos longos e loiros, olhos castanhos e um corpo bem desenhado e moreno. As maiorias dos garotos do colégio acabavam na palma da mão dela, menos o Lee que não. Pelo menos eu pensava que não..

O professor apitou e o jogo começou com o Lee jogando a bola com uma força incrível, mas não acertou ninguém, nos afastamos e eles jogaram a bola que alguém de nosso time conseguiu pegar. Jogaram de novo, e ficou naquele vai-e-vem sem acertar ninguém um tempão. Até que na hora que eles jogaram, eu consegui pegar a bola e joguei logo assim que peguei, não deu tempo nem de eles se afastarem e eu queimei um do time adversário. Meu time comemorou, e a Tatiana me fuzilou com os olhos, dei um sorrisinho para ela e virei a minha atenção de volta para o jogo. Eles ficaram um bom tempo fazendo joguinho. Depois de um tempo, conseguimos queimar alguns, e eles também. Mas eu, o Lee e a Mar continuamos no mesmo lugar. A Tatiana não conseguiu ser queimada nem por mim e nem por ninguém, pois ela era boa, mas para mim o jogo estava só começando. Ela tentava acertar a bola em mim, não importava onde e nem a força com que acertaria, mas nunca acertava que eu sempre desviava fácil. Até que, em uma hora que ficamos do outro lado do nosso campo para o time dos que foram queimados jogar a bola, a Tatiana estava exatamente atrás de mim e gritou para eles:

- Mete a bola na cara dessa aqui ó!! Ela tem que morrer!! Essa cachorra!! – eu estava prestes a respondê-la com mil palavrões e xingamentos, mas percebi que jogaram a bola. Eu estava morrendo de raiva e bufando, me sentia vermelha e completamente indignada. Em um levantar de mãos, consegui agarrar a bola fácil e em um movimento rápido, me virei e taquei a bola com todas as minhas forças, no meio da cabeça dela.

Ela explodiu completamente:

- Ta maluca garota?!! – era para ela estar inconsciente, mas pela sua cabeça-dura ia ser difícil isso acontecer.

- Um bem-feito para você sua metida à besta!! – revidei.

- Idiota!! – se enfureceu.

Ela veio para cima de mim e eu para cima dela, mas senti mãos segurando nós duas. Eu estava com tanta raiva daquela.. daquela.. DROGA!! Eu queria matá-la!! Rapidamente, reconheci as mãos que me seguravam: Lee, Mar e alguns outros alunos da sala.

- Você vai se ver comigo!! – ela berrou, com a voz rouca de tanto gritar.

- Não você é que vai, sua louca!!

- Não me chama assim!!

Estávamos com tanta raiva uma da outra, que os alunos tinham que dar o máximo de si para nos segurar, de tanta força que fazíamos para nos desvencilharmos. O professor que foi dentro do colégio resolver uma coisa, quando voltou se espantou com o que viu e assoprando o apito desesperadamente, entrou no meio de nós duas fazendo com que parássemos de tentar nos bater:

- O que está acontecendo aqui? – ele perguntou em um tom de voz aborrecido e alto. Eu me decepcionei com mim mesma, queria matá-la mas não chegar àquele ponto.

A Tatiana, fazendo mimo tentou se explicar:

- Professor, a Alessandra tacou a bola na minha cabeça de propósito e ainda tentou me bater.

Fiquei boquiaberta, que falsa! Eu tentei falar, mas o professor me interrompeu:

- Chega! Eu quero saber a verdade sobre o motivo dessa briga!

De que adiantaria? Mesmo depois de todas as explicações, iríamos parar na diretoria. Eu tentei imaginar a cara do meu pai de vergonha e isso logo aconteceu quando a minha avó veio de São Paulo. Na hora, eu queria sumir dali. O Lee viu o um estado e tentou dar a explicação, porque diante de tudo, ninguém estava disposto e o silêncio percorria a roda que formávamos:

- É o seguinte professor, a verdade toda é que.. quando estávamos jogando aqui e fomos para a beira do nosso campo para afastar da bola que o time dele, dos queimados iria jogar. A Tatiana fez um xingamento que ela não gostou, e tacou a bola nela.. hã.. com força, mas sem querer, na cabeça.. e a Tatiana xingou ela mais ainda e partiu para cima dela.

O professor ouvia com atenção e depois perguntou, com uma cara séria e aborrecida:

- E do que a Tatiana chamou a Alessandra?

- Cachorra. – respondi, imediatamente.. senti os olhares se desviarem para mim, e me fitarem. Mas eu estava emburrada e com os braços cruzados. Perto de mim, estava a Mar. Que sussurrou tentando me acalmar:

- Calma amiga, vai ficar tudo bem.

Afirmei lentamente com a cabeça e ouvi o professor suspirar de aborrecimento e decepção:

- Não vou levá-las para a diretoria, porque isso acabaria em nada. Já que.. está completamente dividido os problemas, descontarei o conceito de vocês. Sinto muito meninas, e ficarão de castigo por duas semanas, sem jogarem.

A Tatiana quase morreu quando ele disse isso, mas eu nem liguei. Virei as costas e fui trocar de roupa. Não estava com a mínima vontade de ficar ali olhando o jogo e resolvi ir para a biblioteca, até a hora do sinal tocar para aula de outro professor...

...


Quando cheguei à sala, senti olhos se desviando para mim.. mas eu os ignorei e fui para o meu lugar. Não via a hora de ir embora. Sentei na minha carteira e a Mar veio falar comigo.

- Amiga, eu sinto muito por você.

- Não se preocupe, eu estou bem.

- Não liga para ela, é só uma nojenta inútil.

- Eu sei..

- Vamos sair agora. – me virei para ela surpresa. Tinha tanto tempo que não saíamos cedo. Ela sorriu e completou: - Estamos só esperando a inspetora vir aqui e nos liberar, já que todos os professores faltaram.

- Não entendo. – começou a falar o Lee, parecendo confuso.

Nos viramos para ele e perguntei:

- O que?
- Você.

Sua palavra veio como um soco em mim.

- C-Como? – eu gaguejei de tão desentendida.

- Você vive dizendo que nunca daria confiança à Tatiana, mas não mostrou isso hoje.

- Não estou entendendo Lee. – na verdade eu estava entendendo, só queria saber o que ele queria dizer com aquilo e aonde ele queria chegar.

- Eu estou dizendo, que.. você nunca correspondeu às provocações dela e hoje, fez isso. Você ficou diferente. Eu não te reconheci.. – ele falava com um tom rude e grosseiro.

- Lee, ela me chamou de cachorra! – disse alto, e não importava quem estivesse olhado, pois eu estava indignada com suas palavras.

Ele se levantou e eu também, ficamos um de frente para o outro.

- E daí? Era só ignorar, e outra, nem se sabe se você é.. droga! – essas palavras me percorreram o corpo inteiro, ele abaixou a cabeça como se achasse que tinha falado demais ou ter se arrependido do que falou, mas agora já era tarde demais.

A inspetora entrou na sala exatamente essa hora..

- Vamos, podem sair devagar. – ela mandou e saiu da porta imediatamente para não ser levada pela avalanche de alunos.

A muvuca se juntou e saíram para a porta, eu peguei a minha mochila em um movimento brusco e fui me juntar a ela, só que antes de sair, parei de costas para o Lee e murmurei com a voz trêmula:

- Obrigada pelo elogio, desculpe pela decepção.

E saí, porta afora, deixando o meu melhor amigo completamente atordoado...


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...