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História Sons da Escuridão - Nenhum som na escuridão


Escrita por: chaootics

Notas do Autor


[!!!] POR FAVOR, LEIA AQUI ANTES DE COMEÇAR O CAPÍTULO [!!!]

Eu sei que para algumas pessoas pode ser frustrante que eu coloque um spoiler nas notas iniciais, mas eu preciso alertá-los sobre esse capítulo. Ele contém uma cena de tentativa de suicídio e eu sei que esse tipo de conteúdo pode ser difícil para determinados leitores, peço para que todos que se sentem mal lendo esse tipo de coisa, não o façam. Venham falar comigo que eu faço um resumo curto, não quero que esse capítulo sirva de gatilho para ninguém, por favor. Vocês podem ler até a parte da história na qual o Seungyoun vai para casa (vão saber qual é quando lerem), depois disso eu peço que tomem cuidado, tá bom? A saúde mental de vocês sempre vem em primeiro lugar.

Agora aproveito pra agradecer com todo o meu coração a todos que acompanharam essa fanfic comigo, muito obrigada por todos os comentários tanto aqui quanto no Twitter, obrigada por todo o apoio. Se esse lindo projeto está chegando ao seu capítulo 90 é graças a VOCÊS! Eu amo todos vocês, não sei o que seria de mim sem vocês, obrigada por tudo ♡

Leiam as notas finais também [!!!] Vou deixar algumas coisinhas por lá.

E que venha a terceira temporada!!! Não vou fazer pausa dessa vez, então nos vemos lá no domingo, mesmo horário, viu? Me sigam aqui para não perder a notificação da postagem ou no Twitter @yangmeows, até lá ♡

Capítulo 40 - Nenhum som na escuridão


Os dias frios do inverno foram lentamente passando enquanto Seungwoo e Seungyoun mantinham conversas todas as noites, o mais novo contando sobre as notas da faculdade enquanto o mais velho falava sobre trabalho e os filhos. Às vezes ficavam horas nisso, apenas conversando e contando histórias, outras vezes apimentavam a relação com um diálogo mais ousado e supriam suas necessidades como podiam. Não dava para negar a falta que sentiam um do outro, mas quando as primeiras flores da primavera começaram a nascer, sabiam que faltava menos tempo para o reencontro.

Na passagem das estações, Yohan também foi evoluindo. Tinha voltado para o psicólogo e estava se esforçando para ficar longe das drogas, dessa vez queria fazer isso por si, não estava usando Junho ou mais ninguém como escape. Queria que seus pais ficassem orgulhosos, tanto a mãe que estava lá em cima, como o pai que todos os dias ficava ao lado dele. O relacionamento dos dois vinha melhorando também, não se podia dizer que estavam aos abraços nem nada do tipo, brigavam de vez em quando, mas o clima era muito diferente do passado. Agora brigavam por coisas banais tipo a cueca que Yohan deixava no chão do banheiro ou pelo controle da televisão, eram como qualquer pai e filho por aí. O relacionamento do garoto com Junho também estava cada dia melhor, vinham fazendo plano juntos e passavam a maior parte do tempo lado a lado. Yohan tinha desistido da ideia de ir para a universidade, achava que não ia dar certo, que não nasceu para a sala de aula. Ao invés disso, estava cada dia mais interessado na mecânica, tinha aprendido muito quando trabalhou em uma e agora ficava horas vendo vídeos na internet e tentando aprimorar seus conhecimentos. Tinha arrumado o carro do pai e o de mais uns três vizinhos e até mesmo fez uma grana com isso, foi quando sua cabeça começou a fervilhar na ideia de ter sua própria oficina mecânica. Queria fazer algo legal e moderno, portanto precisaria de dinheiro. O pai até se ofereceu para ajudar, mas ele disse que precisava fazer aquilo sozinho, então arrumou um emprego em uma oficina não muito longe de casa, queria aprender mais e se aprimorar, juntar uma grana e futuramente investir em sua própria. Também queria se mudar com Junho para um apartamento deles, agora que o mais novo estava prestes a terminar o Ensino Médio, podiam começar uma vida juntos. Tudo ainda eram planos, é claro, mas o futuro parecia esperançoso para ambos.

Dongpyo e Emma continuavam juntos, tinham celebrado um ano de namoro e também faziam planos para o futuro, queriam ir para a mesma universidade para que pudessem se encontrar todos os dias. As notas do representante de classe estavam tão boas que seu pai tinha certeza absoluta de que ele conseguiria uma vaga em uma universidade de prestígio e realizaria aquele sonho.

As coisas também iam bem para Hangyul e Hyeongjun, ambos estavam terminando o segundo ano na universidade e o ex-ceifador andava muito ocupado com sua pequena fábrica caseira de bolos, doces e cupcakes. Tinha feito um curso e estava se aprimorando, cada dia ficava melhor e ganhava mais clientes. Em especial, as pessoas gostavam dos desenhos que ele fazia com fondant, seu dom artístico dava ao trabalho uma perfeição que se destacava dos demais, não era atoa que às vezes virava a madrugada trabalhando e Eunsang se via sozinho no apartamento, de vez em quando o ajudava com alguma coisa, mas na maioria das vezes Hyeongjun precisava fazer sozinho já que nenhum dos outros era bom com fondant como ele.

Isso foi deixando Eunsang mais isolado do que já estava, passava horas no quarto em silêncio, não tinha vontade de sair, não tinha vontade de comer. Hyeongjun percebia e perguntava se ele estava bem, mas o garoto não queria falar sobre aquilo e então tinha se tornado um bom mentiroso. Fingia um sorriso e jurava que o outro não precisava se preocupar, mandava-o se focar no trabalho que ele estava bem. Mas não estava, é claro, e conforme as flores iam florescendo e a temperatura esquentava, foi ficando cada vez pior.

Desde que terminaram, Eunsang não respondia mais nenhuma das mensagens de Junho e sempre desaparecia quando ele estava no apartamento. O mais novo tinha tentado manter a amizade deles o máximo que conseguiu, mas precisou respeitar sua vontade e deixa-lo em paz já que não queria falar com ele. O isolamento social foi deixando o garoto cada dia mais introspectivo, passava horas perdido em seus pensamentos e lembranças ruins do passado, às vezes só queria que tudo aquilo acabasse.

 

O verão não trouxe apenas o calor como também o final da escola para Dongpyo, Dohyon, Junho e Emma, que logo iriam para a universidade. Além disso, trouxe um certo avião com um certo garoto que estava mais do que agoniado para voltar para casa. Seungyoun terminou o semestre em Londres com notas altas assim como tinha prometido a Seungwoo e voltou correndo a tempo de estar presente na formatura dos mais novos, como tinha prometido a Dohyon.

Na tarde mais do que esperada, Seungwoo comprou um buquê enorme de rosas vermelhas e foi ao aeroporto junto com todo o resto, pareciam uma caravana indo receber Seungyoun, o que era divertido. Dongpyo, Emma e Dohyon tinham feito um cartaz com lantejoulas que dizia “Seja bem-vindo de volta” e Hangyul não parava de rir do quão extra aquilo era. Yohan também estava lá, não era como se o garoto fosse sua pessoa favorita do mundo, mas tinha feito isso pelo pai – e por Junho, que foi quem quase o arrastou.

Seungyoun desembarcou com o coração acelerado no peito, não acreditava que aquele momento finalmente tinha chegado, estava em casa e logo nos braços do homem que mais amava nesse mundo e de seus melhores amigos. Pegou sua bagagem na esteira e caminhou apressado por entre as pessoas, para pôr fim sair pelo portão e se deparar com um enorme cartaz de lantejoulas coloridas e logo em seguida seu grupo de amigos gritando e fazendo a maior bagunça no aeroporto. Mas foi Seungwoo quem correu primeiro na direção dele e o apertou com força nos braços, não acreditava que aquele momento finalmente estava acontecendo, que estavam reunidos de novo depois de tanto tempo. O garoto lhe apertou com força e os dois se curtiram por alguns segundos, até que o resto viesse lhe abraçar também e ele quase fosse esmagado por tantas pessoas ao mesmo tempo. Estava feliz, tão feliz que podia chorar, tinha morrido de saudades de cada um deles e mal podia esperar pelos tantos dias que teriam juntos no futuro.

 

A formatura dos mais novos ocorreu dois dias depois da chegada de Seungyoun, em um grande salão de festas da escola. Dohyon, em especial, não acreditava que aquele dia já tinha chegado, lembrava como se fosse ontem do dia, há dois anos, em que foi na formatura de Hangyul e Seungyoun e foi zoado por ter ainda dois anos de escola pela frente. Agora muita coisa tinha acontecido: Hyeongjun tinha voltado para o céu e depois voltado para a Terra vivo, Seungyoun tinha começado a namorar Seungwoo, passou um ano em Londres e estava de volta. Não eram mais as mesmas pessoas de dois anos atrás, cada um deles tinha amadurecido de seu próprio jeito.

A cerimônia foi incrível, com direito a muita música, aplausos e lágrimas. Estavam todos bonitinhos vestindo ternos, até parecia que estavam indo para uma reunião importante de trabalho – exceto que o terno de Dongpyo estava decorado com lantejoulas cor-de-rosa, que Seungwoo ficou pregando com ele até tarde da noite enquanto Seungyoun e Yohan jogavam videogame no sofá da sala e brigavam cada vez que perdiam. Emma tinha sido obrigada pelos pais a usar um vestido rodado azul pastel, odiava vestidos e estava super desconfortável, o que ela e Dongpyo mais queriam era poder trocar de roupa um com o outro no banheiro, e aquilo fazia deles o casal único que eram.

Quando Dohyon subiu ao palco para buscar seu diploma, ouviu os gritos na plateia e virou para ver Hyeongjun, Hangyul e Seungyoun aos berros, seus lábios se curvaram em um sorriso e ele os agradeceu. Não importava quanto tempo passasse, sempre seriam o melhor quarteto de todos e sempre estariam juntos.

 

Dongpyo correu para os braços do pai com o diploma em mãos quando a formatura acabou e foi recebido por ele com um buquê de flores em mãos. Emma também tido ido até seus pais receber as felicitações e Dohyon correu até Hyeongjun primeiro, antes até de sua mãe, que ficou olhando perplexa para os dois, enquanto o filho pulava nos braços do melhor amigo.

- Parabéns – o ex-ceifador disse enquanto o apertava – Estou muito orgulhoso de você.

- Obrigado – Dohyon agradeceu sorridente.

- Só não vou dizer que estou com ciúmes porque também gosto do Hyeongjun – a mãe do garoto disse e ele correu para abraça-la logo em seguida, assim como o pai e a irmã mais nova.

Hangyul e Seungyoun foram os próximos da lista e em pouco tempo ele estava com tantos buquês de flores nas mãos que mal conseguia segurá-los. Junho também estava na mesma situação, tinha corrido para os braços de Yohan e recebido um buquê dele, outro do pai dele, e mais outro do irmão e dos amigos. Estava feliz por estar ali, não podia negar que era uma conquista enorme, tinha se dedicado muito aos estudos e fez valer todo o esforço de seu irmão para ajudá-lo a se formar na escola. Mas nada o deixou mais chocado naquele dia do que o momento em que viu sua mãe se aproximar com um buquê, tinha avisado a ela sobre a formatura, mas não achava que viria, estavam cada vez mais afastados. A mulher se aproximou dele e ele não pensou duas vezes antes de correr para os seus braços e lhe abraçar, a desestabilizando completamente. Gostava tanto dos pais, mesmo depois de tudo, queria tanto poder viver ao lado deles. Enquanto se abraçavam, a mulher olhou na direção de Yohan e ele retribuiu, havia um tanto de rancor ali, que não precisava de palavra alguma.

Naquele dia, o que ninguém ficou sabendo foi que Eunsang estava lá. Tinha se disfarçado e entrado escondido, ficou no fundo do salão assistindo de longe. Aplaudiu Junho e os demais, assistiu quando o ex-namorado pulou nos braços de Yohan e foi rodopiado por ele, tirando até os pés do chão. Sentiu uma pontada ruim no peito, não sentia mais que pertencia àquele lugar, mesmo que Hyeongjun tivesse o convidado diversas vezes para ir à formatura, achava que não fazia mais parte daquilo, deles. Os observava de longe e se sentia tão diferente de tudo e todos à sua volta que o que mais queria era chorar. Quando o grupo se encaminhou junto para uma festa pós-formatura, ele pegou o caminho oposto e voltou para casa, não havia mais nada para ele ali ou em lugar algum.

 

A festa foi organizada na casa de Seungwoo, tinha preparado várias comidas gostosas junto com Hyeongjun nos dias anteriores e Seungyoun até tinha se candidatado para ser o DJ. A noite prometia ser longa e divertida, estavam finalmente juntos como uma grande família e todos só conseguiam pensar no futuro maravilhoso que os aguardava.

Seungyoun estava colocando uma música para começar a animar o pessoal quando seu celular tocou no bolso e ele viu que era de casa, o que era estranho já que seus pais nunca ligavam. Saiu para atender do lado de fora, o sol estava lentamente começando a se pôr agora, pintando o céu de um bonito tom de laranja que ele até quis admirar, mas o grito de sua mãe do outro lado da linha quebrou o clima.

- Venha para casa, tem uma mulher aqui precisando falar com você – ela disse um tanto ríspida.

- Que mulher? – o garoto perguntou, mas no segundo seguinte, percebeu que ela tinha desligado o telefone.

“Nossa senhora” pensou e resmungou, queria ignorar aquilo e não ir, mas seu sexto sentido estava lhe dizendo o contrário. Avisou Seungwoo que voltaria logo e deixou Hangyul no controle das músicas, pegando o carro para dirigir o mais rápido possível até lá e voltar logo para a festa.

Estacionou na frente de casa um tempo depois e desceu do carro apressado, atravessando o jardim e entrando pela porta da frente. Encontrou a mãe sentada na sala ao lado de uma mulher de cabelos crespos na altura dos ombros, óculos de grau no rosto e uma expressão bastante séria.

- Cho Seungyoun? – ela perguntou.

- Sim, sou eu – o garoto respondeu e então ela o cumprimentou com um aperto de mão.

- Meu nome é Park Jiwon, eu sou uma assistente social – falou – Eu preciso que você compareça nesse endereço amanhã pela manhã – continuou e colocou um cartão nas mãos dele.

- O quê? Por quê? – ele perguntou confuso.

- Senhor Cho, o assunto é um pouco complicado... – a mulher parecia não saber ao certo como dizer – Vamos precisar que você faça um teste de DNA...

- DNA? – ele estava cada vez mais confuso.

- Acreditamos que uma das crianças do nosso orfanato seja sua filha, senhor Cho – ela explicou.

Seungyoun arregalou os olhos e por alguns segundos não consegui nem sequer respirar, quanto mais pensar sobre o que tinha acabado de ouvir. Não tinha uma filha, obviamente não tinha uma, como podia ser que tivesse?

O que diabos estava acontecendo ali?

 

Eunsang estava sentado no chão do quarto desde que tinha anoitecido, o rosto apoiado nos joelhos enquanto em sua mente ainda revia a cena de Junho nos braços de Yohan, sabia que fazia seis meses que tinham terminado, mas aquilo ainda lhe doía. Lembrava do passado, das tantas e tantas vezes que foi substituído, seja porque era um filho estranho que falava com fantasmas, ou então aquele garoto esquisito da escola que ninguém queria ser amigo. Sempre era trocado, esquecido, ignorado. Até mesmo seu tataravô andava sumido, tinha dito que tinha muito trabalho e estava sem tempo, então a única pessoa que ainda se preocupava com ele era Hyeongjun, mas achava que o garoto ficaria bem sem ele.

“Eunsang, você está bem?”, o ex-ceifador mandou uma mensagem por volta das sete da noite.

“Está tudo bem”, ele respondeu e mandou até um emoji sorridente ao lado, embora seu rosto estivesse mais triste do que em qualquer outro dia de sua vida.

Atirou o celular em cima da cama e saiu andando até a sala escura, Mimi e Momo estavam dormindo juntos dentro de uma mesma caminha, ele até queria sorrir ao ver aquilo, sua gatinha tinha achado um amor que ele nunca teria. Não queria deixa-la, mas ela tinha Momo agora ao seu lado, tinha também Hyeongjun para tomar conta, ficaria bem. Sabia que estava sendo egoísta, mas não aguentava mais viver daquele jeito. Tinha tentado de tudo nos últimos seis meses, se ocupou com as coisas mais inúteis que encontrou só para não pensar na própria vida, ficou madrugadas inteiras tentando desvendar os códigos que tinha na parede, mas nada fazia sentido, nada preenchia o vazio dentro dele. Não queria mais aquilo, já tinha aguentado demais, já tinha suportado mais do que podia suportar todos esses anos.

Foi até o banheiro e pegou no armário um frasco com comprimidos, encheu o copo que estava ali com água e derrubou vários na mão. Ficou olhando para eles e depois para seu reflexo no espelho em sua frente, estava mais pálido que o normal, tinha emagrecido um pouco, não gostava de si mesmo agora, nunca tinha, mas nos últimos tempos não suportava se ver no espelho. Levou a mão até a boca, mas parou no meio do caminho, o coração acelerando de nervoso, não sabia se tinha coragem de tal coisa. Lembrou então de novo de Junho, as memórias do passado, todas as vezes em que esteve sozinho, não tinha ninguém. Para que continuar? Por que motivo seguir a diante?

Respirou fundo, as lágrimas agora escorrendo por suas bochechas enquanto tomava coragem de fazer aquilo. Colocou os comprimidos na boca e pegou o copo d’água para engoli-los o mais rápido possível. Sentiu cada um deles descendo pela garganta, e daquele ponto em diante, não se sentiu mais nervoso.

Sentou no chão do banheiro e ficou esperando o que ia acontecer, de repente lembrou de Wooseok e de todas as vezes que tinha ficado ao seu lado no passado, por que tinha desaparecido? Por que até ele tinha desistido dele? Não merecia nem mesmo que um ceifador gostasse dele, essa era a verdade.

Chorou ali, chorou alto gritando o nome de Wooseok, por que ele não vinha para salvá-lo de novo como naquela vez em que caiu e machucou a perna? Ou quando se perdeu na floresta perto de casa? Ele sempre estava lá, sempre esteve ao seu lado, mas agora estava sozinho ali chorando no banheiro.

Começou a se sentir cansado e foi perdendo as forças no corpo, sabia o que era aquilo, sabia que estava deixando de existir. Foi arrebatado rapidamente pelo efeito dos medicamentos e tombou para o lado, batendo a cabeça contra a banheira e caindo no chão. Foi ali que sua mente ficou completamente vazia, não existia mais nada, não existia mais dor alguma... Nenhum som na escuridão.

 

Hyeongjun entrou no apartamento quinze minutos mais tarde, desde que recebeu a resposta do outro tinha ficado com a pulga atrás da orelha então fez Hangyul leva-lo em casa para checar. Desde cedo estava preocupado com Eunsang, o garoto tinha acordado mais esquisito do que o normal e até pensou em ficar e lhe fazer companhia, mas o próprio garantiu que ele devia ir, estava bem, ficaria vendo televisão e comendo chocolate. Assim que o ceifador viu que todas as luzes do apartamento estavam apagadas, sentiu um frio na espinha e correu até o quarto dele, mas ele não estava lá. Tinha certeza de que estava em casa, seus sapatos estavam na porta, então correu até o banheiro e escancarou a porta, dando um grito assim que viu o corpo desfalecido do outro no chão, uma poça de sangue provindo da batida no canto da banheira. Se ajoelhou para ver se ele ainda respirava, mas a pulsação estava muito fraca, como se seu coração estivesse a ponto de parar. Chamou por Hangyul aos prantos e desesperado e foi o outro que conseguiu chamar uma ambulância, enquanto o ex-ceifador levava as mãos à cabeça e chorava, não acreditava no que estava acontecendo. Viu o frasco de comprimidos vazio dentro da pia e quis gritar, por que Eunsang tinha feito aquilo? Por que tinha mentido todo aquele tempo e lhe afastado quando quis ajudar, quando quis conversar sobre? Hyeongjun sabia como era aquilo mais do que ninguém, ele mesmo já esteve no chão um dia, destruído e acabado. Se ajoelhou e pegou na mão do outro, se a ambulância chegasse a tempo talvez pudessem salvá-lo, precisava ser salvo, não podia deixa-lo morrer.

- Hyeongjun... – Hangyul se aproximou e colocou um pedaço de papel na mão dele – Encontrei em cima da cama do quarto dele.

O ex-ceifador olhou para o papel e com a vista embaçada pelas lágrimas e reconheceu a caligrafia do outro. Assim que leu o “Para Hyeongjun” no topo da página, caiu aos prantos, sendo segurado por Hangyul, que o amparou com toda a força que tinha.

A ambulância chegou em dois minutos e os enfermeiros carregaram Eunsang o mais rápido possível até o hospital, sendo acompanhados por Hyeongjun e Hangyul. No caminho até lá, Eunsang precisou ser ressuscitado duas vezes e naquele momento todos já estavam se preparando para o pior.

 

 

“Para Hyeongjun

 

Não sei por que estou escrevendo isso aqui sozinho no quarto escuro, talvez eu seja muito melancólico, talvez eu esteja me sentindo culpado por ter fingido todo esse tempo, talvez eu só queira te dizer adeus.

Eu sei que você está pensando isso, mas não é sua culpa, Hyeongjun. Nunca foi. Dentre todas as pessoas que eu já conheci nesse mundo, você foi a melhor de todas, obrigado por ter se preocupado comigo mesmo quando você estava ocupado, mesmo quando não podia... Você foi o melhor primo falso que eu já tive.

Eu vou ficar melhor agora, eu prometo isso a você. Não vai mais existir dor, nunca mais vou ter que ficar sozinho aqui, não vou mais precisar ser o garoto diferente que todo mundo tem medo, que as pessoas não gostam, que não é o suficiente. Nunca fui o suficiente para ninguém e essa culpa é apenas minha. Eu devia ter tentado ser melhor, quem sabe assim não teria sido abandonado por todo mundo. Se existir uma segunda chance para mim, em outra vida, prometo que vou fazer diferente. Mas se eu acabar no inferno, tenho certeza que não será tão ruim quanto a vida que eu vivi.  

Obrigado por tudo, você foi um bom amigo. Espero que possa conquistar o mundo e todos os seus sonhos, sempre vou estar torcendo por você.

Por favor, cuida da Mimi para mim, sei que nem preciso te pedir isso, mas ela vai precisar de amor e carinho, então se você puder eu ficaria muito agradecido.

Adeus Hyeongjun,

Daquele que sempre vai ser seu primo falso, Eunsang”.

 

 

 

 

 

 

 

Wooseok estava diante do computador quando recebeu uma nova notificação no sistema, estava piscando em amarelo, então não entendeu.

- Tinha algum ceifador para buscar alguém agora? – perguntou – Achei que o próximo só vinha daqui há uma hora.

- Não – o ceifador chefe que o estava treinando para o novo cargo respondeu – O que apareceu ai?

- Está em amarelo, deixa eu ver... – tentou clicar para obter mais informações.

- Amarelo? Ah, então é alguém em coma, não veio com um ceifador – o outro explicou.

Wooseok clicou no botão amarelo e leu o nome na tela, seus olhos se arregalando no mesmo instante. “Lee Eunsang” era o que dizia ali, mas não podia ser AQUELE Lee Eunsang que ele conhecia né? Claro que não.

Seu estômago foi parar nas canelas e começou a sentir uma aflição imensa, até que decidiu levantar e ir lá checar, não conseguiria ficar sentado naquela diretoria, por mais que pudesse colocar sua vaga em risco por correr do trabalho no meio do expediente.

Ignorou os avisos do ceifador chefe e saiu em disparada, atravessando a divisão o mais rápido possível, até atropelou alguns ceifadores pelo caminho. Sabia o que acontecia quando uma alma entrava em coma, ela subia até onde eles ficavam, mas Wooseok nunca tinha ido lá, era sempre Dongwook que cuidava dos em coma no departamento deles.

Correu por uns dez minutos e estava sem fôlego quando alcançou o local que esperava, se deparando com uma enorme porta branca diante de si e um local para colocar o cartão para poder abrir a porta. Pegou o cartão de identificação que tinha no pescoço – e que agora já dizia “ceifador chefe”, embora estivesse ainda em treinamento – e passou na máquina, que logo liberou sua entrada. Assim que se viu lá dentro levou um susto, não imaginava que fosse assim. De repente, estava em um local que imitava um bonito campo, a grama verde debaixo de si, o sol batendo em sua cabeça, o som dos pássaros... Podia jurar que estava na Terra, o que era bem bizarro. Caminhou apressado olhando para o rosto das pessoas que estavam ali, mas nenhum deles era conhecido. Estava quase ficando aliviado quando viu um garoto sentado na grama, a cabeça baixa e os cabelos pretos bagunçados pela testa. Freou no mesmo instante e sentiu o coração sair pela boca.

Não podia ser ele, não podia...

Eunsang ergueu o rosto assim que ouviu o barulho dos passos dele freando e o encarou. Assim que seus olhares se cruzaram, ele pareceu tão surpreso quanto o outro.

- Ah, não... – foi só o que Wooseok conseguiu dizer.

Ah, não.  


Notas Finais


Gente eu sei que tá barra, eu sei, me perdoem. Mas eu prometo que tudo vai dar certo, tá? Confiem em mim e acreditem que eu tenho muitas coisas pra mostrar pra vocês na terceira, a primeira delas é o crescimento enorme do Eunsang e a realização de que o suicídio NÃO É a única saída. Agora ele vai ficar com o Wooseok, ele vai ficar melhor, vocês sabem que o Wooseok o ama e que vai fazer de tudo pra ele ficar bem, então confiem tanto nele quanto em mim ♡

Outras cositas que vocês podem esperar na terceira:
- Seungyoun sendo papai ♡♡♡ Tô louca pra que vocês conheçam a B (não vou contar o nome dela ainda :x), ela vai ser uma peça chave pra unir ainda mais a família Han Cho na terceira! (Se preparem pro Yohan todo irmão mais velho, vai ser lindo ♡)
- Hyeongjun vai ter uma grande surpresa :x
- Dohyon, Dongpyo e Emma vão ter desenvolvimentos legais
- Vou tratar a questão Junho x os pais dele que ainda tá pendente
- A Yerin vai voltar e vocês vão descobrir a história dela

Acho que é isso, só uns spoilerzinhos pra deixar vocês curiosos até domingo hehehehe Nos vemos lá, me sigam no Twitter quem ainda não segue porque eu posto alguns spoilers lá ♡♡♡


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