História Sonserinos Também Amam - Prólogo

— Alunos do primeiro ano comigo — Jimin ouviu alguém gritar assim que desceu do expresso. Tinha seus onze anos e se viu contente ao receber a carta. Sua família inteira tinha ido para Hogwarts e o medo do pequeno membro não ir era enorme, portanto quando a carta foi parar nas mãos do dono da casa o alívio dominou o ambiente e o homem gritou para a família sobre a notícia.

Agora Jimin estava seguindo todos os garotos de sua idade na estação. Estava nervoso, porque além do medo de não entrar na grande escola de Magia e Bruxaria, também temiam que o garoto baixinho e fofo não entrasse para a casa que tem sido a principal na família.

Infelizmente o garoto não tinha conseguido fazer amigos no trem, já que todos pareciam ser metidos, esnobes e chatos enquanto ele só queria rir com os amigos de coisas normais, ao invés de falar mal das outras casas.

Como tradição, os calouros iam de barquinhos até o castelo enquanto os outros iam de carruagem que muitos julgavam ser enfeitiçadas.

Jimin se via maravilhado com a vista da escola no topo da montanha, a lua atrás refletindo a luz na mesma e no mar abaixo de si. Vivia ouvindo inúmeras histórias de seus familiares sobre toda a beleza e percebeu que era muito mais bonito do que as palavras e sua imaginação.

Assim que chegou na margem do rio todos desceram e Jimin com seu jeito gentil e destrambelhado tropeçou na borda do pequeno barco e caiu fazendo todos os colegas rirem. Apenas levantou rindo arrancando uma feição raivosa dos mesmos. Não entendeu aquilo já que tinha achado graça também, mas o que não sabia é que eles queriam o ver perder a linha. Pelo menos os que riram.

Continuaram seguindo o homem que carregava a lanterna até as portas onde deixavam as bagagens. Era enorme o lugar, quatro lances de escadas foram precisos para chegar no corredor principal onde era possível ver a porta que levava ao grande pátio.

— Boa noite caros novos alunos, sou o professor da matéria de levitação, Kim Namjoon, e diretor da casa Corvinal, aguardem aqui até que o salão esteja pronto para vos receber. O procedimento é fácil: vocês irão andar até o altar parando antes dos degraus, chamarei pelo nome de vocês e assim irão se sentar no banquinho. Colocarei o chapéu seletor em vossas cabeças e assim será decidido sua nova casa.

Dito isso, o homem de trajes elegantes entrou pela porta sem deixar um vestígio sequer, ou uma beirinha aberta para os alunos poderem espiar.

Jimin não conseguia se enturmar com tamanho nervosismo que o dominava. Tinha medo com relação a casa que cairia. Queria orgulhar sua família, mas temia o preconceito e brincadeiras que poderiam ser costumeiras consigo.

Sua mão até mesmo suava.

Então a grande porta de madeira fora aberta mostrando o extenso salão, com quatro enormes mesas e cadeiras mostrando a quantidade de alunos. No fundo alguns degraus levavam a grande mesa onde sentavam-se os professores e no centro o diretor que parecia ser novo demais.

O banquinho estava disposto logo a frente da mesa e o Senhor Kim ao seu lado segurando o tão famoso chapéu.

Jimin começou a seguir os alunos enquanto olhava para cada canto daquele lugar que passaria a frequentar. Era tudo muito lindo e apesar da tecnologia, a grande escola mantinha seu estilo medieval. E isso era o que mais atraía o pequeno que deu de cara com um dos colegas já que não tinha visto todos pararem. Pediu desculpas em silêncio e o outro pareceu não se importar dando de ombros.

Suspirou pensando o quanto seria difícil se adaptar com pessoas assim. Torcia para que tivesse pessoas legais.

— Jeon Jungkook — fora o primeiro nome a ser chamado. Era um garoto quieto.

O mesmo subiu e se sentou no banco. O chapéu que mal fora colocado anunciou “Corvinal” alto o suficiente para todos ouvirem.

Jimin ouviu todos aplaudiram, principalmente os daquela casa. Queria que fosse assim na sua vez.

E assim seguiu todos os alunos. Aqueles que riram de si e o que acabou esbarrando caíram na Sonserina, fazendo o menor estremecer só de pensar em ter aula com os mesmos.

Estava tão distraído olhando a mesa tentando adivinhar quem era o diretor da casa na qual queria cair, que acabou não ouvindo seu nome ser chamado.

— Ei, acorda. É sua vez — ouviu um garoto de cabelos castanhos lhe chamar e logo sentiu um leve encostar em suas costas e isso acarretou com que tropeçasse em seu próprio pé que fazendo o mesmo cair.

Ouviu as risadas e os burburinhos e corou com vergonha. Logo se recompôs e se direcionou até o altar. Sentou-se e assim que o chapéu fora colocado ouvi a voz dizer “Sonserina”.

Mas diferente do sonho, poucas palmas recebeu e alguns uivos baixinhos pôde escutar. Saiu de cabeça abaixada e nem mesmo olhou o garoto que tinha lhe acordado de seu transe.

Sentou a mesa e daquele jeito ficou, nem mesmo encostou na comida. Naquele momento queria apenas estar em uma casa acolhedora mesmo que trouxesse desgosto para a família.

(...)

Os garotos mais velhos já estavam no salão principal da Sonserina aguardando a chegada de seus novos companheiros. Conforme os anos passavam eles iam percebendo que aquele preconceito dentro da própria casa era ridículo por isso adoravam receber os “calouros” com uma recepção afetiva e alguns até mesmo selecionavam seus aprendizes para que os mesmos se enturmassem com mais facilidade.

Então, Yoongi que tinha sido recebido do mesmo modo no ano anterior quis fazer o mesmo, e ele tinha se interessado pelo garoto de fios loiros, atrapalhado e quieto. Parecia uma flor em meio aos cravos já que era bem mais calmo que os outros alunos novos.

E assim que ele viu o pequeno entrar ali junto do monitor segurou o riso ao vê-lo todo encolhido olhando para cada canto assustado. De fato tinha visto as risadas e os cochichos sobre o mesmo e apesar de ser diferente do menor uma vez que ignoraria aquilo tudo, entendia bem o porquê daquele constrangimento todo.

E um passo fora suficiente para Jimin tropeçar dessa vez no tapete e dar de cara com o chão. Sem demora Yoongi correu para acudi-lo enquanto os pequenos riam, até mesmo os mais velhos, porém os motivos das risadas eram diferentes. Enquanto uns achavam graça, os menores achavam ridículo.

— Tudo bem? Se machucou? — fora o que o mais velho perguntou revendo um negar mínimo do outro. Suspirou aliviado com a resposta — Venha, vou lhe mostrar seu dormitório.

E apesar do medo que o mais novo tinha, o seguiu sem reclamar, apenas assentindo e sorrindo minimamente com medo de mais piadas. Tinha decidido manter-se calado para assim não passar por mais vergonha e não incomodar os outros.

O quarto tinha mais de seis camas e ao achar a sua acabou vendo tudo ali do jeito que queria. As cores verde e preto dominava tudo, as cortinas de cada cama sendo listadas com aquelas cores deixava o ambiente digno. Ele sorriu admirado esquecendo do outro por alguns segundos, mas logo se recompôs.

— Obrigado — agradeceu fazendo uma reverência que Yoongi achou graça. O mesmo fez um leve cafuné nos cabelos loiros e saiu dali murmurando um ”de nada”.

Jimin obviamente se assustou com a ação repentina, porém sorriu por ter recebido um carinho em meio às ignorâncias que recebeu.

E o mais velho tinha decidido que jamais deixaria o outro se sentir mal enquanto estivesse perto. E quando não estivesse apenas deixaria alguém de olho. Para ele o pequeno parecia ingênuo demais para aquele mundo de sonserinos e com certeza o ajudaria a passar pelos anos turbulentos. Ele seria o seu protegido.