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História Sorriso Quebrado - O Casamento


Escrita por: Belyhime

Capítulo 1 - O Casamento


E ele estava ali, parado, remoendo a sua covardia. Sentia-se vazio, oco.

Syaoran olhava com pesar o semblante sorridente de uma bela japonesa sair do pequeno templo de Tomoeda. Seu quimono rosa claro trazia pequeninas flores de cerejeira estampadas e um bordado rico em detalhes, seus cabelos castanhos curtos estavam presos em um coque, e em seu rosto repousava duas mechas de cabelo deixando o penteado ainda mais bonito.  O delineado da maquiagem realçava o verde esmeralda de seus olhos. A boca pequena e perfeita tinha um tom vermelho matte. Sakura estava linda, um anjo de tão bela e intocável.

Então, olhou para o rapaz que vinha de mãos dadas com sua pequena flor. Yukito Tsukishiro, um homem alto de cabelos cinza que ostentava um sorriso bobo para todos os convidados.

Do lado de fora do templo, observou o casal cumprimentar as poucas pessoas que compareceram a cerimônia simples, olhou ao redor e viu muitos de seus amigos desejarem felicidades e prosperidade aos recém-casados, que apenas agradeciam e sorriam para todos.

Observou a aliança grossa no dedo anelar de Sakura e sentiu um aperto nas entranhas, aquela joia era o símbolo físico da união entre duas pessoas. Desejou ser ele a colocar aquele objeto no dedo dela, e não Yukito. Desejou ser ele a receber todas aquelas congratulações.

Tentou sorrir, mas não conseguiu.  Precisou sustentar uma felicidade falsa durante toda a cerimônia, precisou manter um sorriso quebrado enquanto os votos eram ditos, precisou fingir indiferença quando o sacerdote os declarou apenas um. E agora, vê-la partir para longe de si com outro homem era um golpe doloroso, não conseguia manter a farsa que precisou manter por tantos anos.

Olhou novamente para sua querida flor, doeu-lhe o coração ao ver o estado de graça que se encontrava. Seu sorriso ia de orelha a orelha, a felicidade mal cabia em seu corpo pequeno e perfeito.  A cada riso de felicidade que ela emitia, sentia uma estocada silenciosa em seu peito.  

Chegou finalmente a sua vez de cumprimentar os noivos. Sorriu timidamente ao ver a expressão feliz que Sakura ostentava em sua face angelical. Observou-a abrir um belíssimo sorriso, o mais bonito de todos. Ela o olhava com ternura e agradecimento, e ele sabia que ela o via apenas como um bom amigo.

Sentiu os braços da japonesa se fecharem em torno de si, e então entendeu que aquele era o momento de dizer adeus. Apertou-lhe contra o corpo, enterrando sua face no pescoço da amada, inspirou o perfume gostoso que ela usava, enquanto sentia a textura aveludada de sua pele alva.

- Ainda dá tempo de fugir – Proclamou, e como resposta ouviu um riso nervoso da japonesa.

Afastou-se o suficiente para encarar as duas belas esmeraldas. Sakura sorriu para ele.

- Obrigada, Syaoran. 

Encarou-a com um misto de nostalgia e tristeza. Perdeu-a, e perdeu-a para sempre.

- Obrigada por cuidar de mim até aqui.

A moça abriu outro sorriso, se possível, ainda mais belo.  Quando fez menção de se afastar, Syaoran sentiu o frio lhe invadir a alma e puxou-a para um novo abraço.  Esta era a última chance de revelar seus sentimentos, então alcançou o ouvido da amada, de forma que só ela ouvisse o que ele estava prestes a dizer.

- Eu te amo, Sakura – Disse de forma doce. Se ela o correspondesse, a levaria para bem longe dali e faria picadinho do Yukito se tentasse impedir. Afastou-se apenas para encará-la nos olhos e completou – De verdade.

Os olhos ambarinos de Syaoran tornaram-se opacos ao ouvir a risada divertida da moça, fechou imediatamente o sorriso ao sentir ela se desvencilhar de seu abraço, e no momento seguinte a japonesa bagunçou seus cabelos rebeldes de forma divertida e camarada.

- Ora, eu também Syaoran – O rapaz observou Yukito se aproximar e enlaçar à cintura de sua querida flor. A moça apenas encostou a cabeça no ombro do rapaz e riu feliz - A gente se vê assim que eu voltar de viagem. Cuide-se.

E então ela se afastou ainda rindo, e o frio novamente invadiu sua alma. E pior: sem que ele pudesse fazer absolutamente nada.

Observou o casal se afastar com um peso no coração. Ela não entendeu o real significado daquelas palavras, ela nunca entendeu o que ele realmente quis dizer durante anos. Melhor assim.

Sua querida flor de cerejeira adentrou em um carro junto com seu marido, logo Syaoran ouviu aquelas estúpidas latinhas arrastarem no chão com o carro em movimento.  A algazarra dos seus amigos era grande, todos desejavam felicidades ao casal e soltavam piadinhas sobre a lua de mel. O automóvel que transportava sua flor para longe de si se afastou até virar em uma esquina e deixar de ser visível.

Syaoran sentiu vontade de correr atrás do carro, de obrigar o motorista a parar o veículo, de falar de uma vez para Sakura os sentimentos que guardou durante anos a fio. Sentiu vontade de tirar a moça de dentro do automóvel, de levá-la para longe de Yukito, sentiu vontade de lhe prometer que faria com que ela o amasse, sentiu vontade de lhe prometer o mundo em troca de uma única chance de tê-la ao seu lado.

Mas era tarde. Tarde demais para tentar recuperar alguém que nunca foi dele, tarde demais para tentar convencê-la a viver ao seu lado, tarde demais para tentar conquistá-la. Ele foi covarde desde o momento que chegou ao Japão e colocou os olhos nela, pois desde aquele momento, soube que ela seria especial em sua vida. Foi covarde durante toda a sua adolescência, covarde e tolo, pois esperava que um dia ela percebesse que também o amava.

Aos dezesseis anos, quando Sakura começou a namorar Yukito, ele ainda esperava que ela se desse conta de que aquela não era a escolha certa. Que a escolha correta era ficar com ele, e não com aquele idiota de sorriso bobo. Mas isso não aconteceu, o relacionamento deles prosperou e evoluiu, enquanto que ele permaneceu como o seu melhor amigo, o ombro para contar nos dias de chuva.

E ele aceitou esse papel, pois acreditou que um relacionamento amoroso entre eles já não era possível, e se ele se declarasse para ela, com certeza seria rechaçado. Perder sua amizade não era uma opção, nunca foi, por este motivo se sacrificou convencendo a si próprio que seria feliz em apensas observar a felicidade dela. Em suma, ele seria feliz se ela fosse feliz. E mais uma vez, falhou em pensar dessa forma. Ele nunca seria feliz em apenas vê-la feliz, a suposta felicidade que ele demonstrava sentir era maquiada e falsa. Admitiu isso no momento em que a ouviu dizer “sim” naquele altar.

Ficou ali parado, observando a esquina vazia por onde o carro passou levando o que mais amou na vida. Sentia-se fraco e impotente. Se ele tivesse tido coragem de falar tudo que sentia para Sakura, talvez fosse ele a partir para a lua de mel com ela, talvez fosse ele a tocar e explorar seu corpo naquela noite, talvez fosse  ele a sentir o gosto dos lábios de mel pelo resto da vida. Talvez fosse ele o seu marido. Talvez.

Aquele carro não levou apenas duas pessoas recém-casadas, levou a esperança de um dia se acertar com a japonesa.

Seus pensamentos foram interrompidos com um leve toque em seu braço. Virou-se para trás e observou um par de olhos violetas fitando-o de forma enigmática. Tomoyo Daidouji, prima e melhor amiga de Sakura.

Ela estava naturalmente bonita naquele fim de tarde. Seus cabelos negros estavam parcialmente presos, o vestido azul marinho contrastava com a pele branquinha da amiga, seus olhos eram de uma tonalidade rara, podia até compará-los a pedras iolitas. Seu rostinho de boneca trazia uma maquiagem leve, quase imperceptível. Então, ouviu-a proclamar em uma voz melodiosa. 

- Acabou, Syaoran – A moça sorriu para ele.

Syaoran sabia que aquelas palavras significavam mais do que pareciam significar. Tomoyo sempre falava coisas ambíguas. Analisou o semblante inexpressivo da amiga. A japonesa de longos cabelos negros estudou com ele e Sakura, tornaram-se amigos devido à proximidade que ambos tinham com a moça de olhos esmeraldas. Passou tempo suficiente com  Tomoyo para saber que era muito observadora.

 Nunca revelou a ninguém seus verdadeiros sentimentos com relação à Sakura, sempre conseguiu fingir relativamente bem o que sentia, mas algo dentro de si dizia que Tomoyo sabia de seu amor não correspondido. Desviou os olhos da morena, fitando novamente a esquina onde o carro sumiu de sua vista. Respondeu em um tom baixo e casual.

- Não te entendo.

Ouviu a moça suspirar. Tomoyo se pôs a sua frente, obrigando-o a olhá-la. Sentiu as mãos delicadas da amiga sob seus ombros, como se o estivesse acalentando. Seus olhos violetas demonstravam compaixão por ele. Ouviu-a em um tom baixo e repreendedor.

- Precisa esquecê-la.

Syaoran semicerrou os olhos, constatando que Tomoyo realmente sabia o que ele sentia. Não era para menos, Tomoyo sabia de coisas entre o céu e a terra que nem ele mesmo ousava imaginar, aquele sorriso enigmático sempre tinha uma razão para estar lá. Mas não se deixou vencer, pegou as mãos da moça e as afastou delicadamente, ainda a encarando.

- Não sei do que está falando.

Virou-se, se afastando finalmente da morena, mas antes que cruzasse uma distância razoável, pôde ouvir as últimas palavras da amiga.

- Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira, Syaoran.

Um sorriso quebrado desenhou-se nos lábios do jovem chinês. Virou-se parcialmente para a dona daquele sorriso ambíguo e observou o brilho intenso dos olhos violetas, seu semblante era simplesmente indecifrável.

- Boa noite, Tomoyo.

Virou-se novamente, dando por encerrada aquela conversa. Despediu-se de alguns amigos que conversavam em frente ao templo e rapidamente dirigiu-se para o seu carro.

Rumou em direção a Tóquio, onde encontraria uma velha amiga.


Notas Finais


Oi gente! Tudo bom com vocês?!

Estou postando essa fanfic ao som de Lay Me Down do Sam Smith, vocês já ouviram? Ele é incrível, e a música é linda (Prefiro acústica!) hahaha

Pessoal, eu queria dar um recadinho bem rapidinho:
Eu criei uma page no Facebook com o nome de Belyhime Fanfics, lá vocês poderão estar mais pertinho de mim, e postarei novidades sobre novos projetos de fics e também das atuais que estão em andamento. Enfim, fica a critério de vocês.

Bom, vamos ao que interessa?!

Está aí, uma nova long-fic para vocês desfrutarem.
Eu sei que deveria estar focando em Alguém Como Você, e sei que tem bastante gente esperando o desfecho daquela história, mas peço paciência, eu já tenho o desfecho em mente, só preciso sofrer um pouco de pressão na faculdade para voltar a escrever a todo vapor! hahaha (Sim, eu sofro de ansiedade, e a escrita é o meu refúgio).

Bom, com relação a esta nova fanfic, eu estive escrevendo-a e revisando durante as férias, não só esta, mas outros três trabalhos que pretendo postar conforme o ano for passando. A notícia boa é que eu já tenho todos os capítulos prontos, e a ruim é que vou postá-los de cada duas semanas. Assim eu tenho tempo de revisar um quilhão de vezes, já que não tenho beta reader. Não é muito tempo, né?!

Pessoal, o que vocês acharam desse primeiro capítulo? Gostaram? Não? Acham que eu devo melhor em algum aspecto? Por favor, comentem! Elogios são muito bem-vindos, e as críticas também.

Beijo enorme,
Bely.


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