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História Sorriso Quebrado - Constatações


Escrita por: Belyhime

Notas do Autor


1. Desculpem-me pelas três mil palavras, não pude evitar. hehe
2. O +18 não está aí atoa.

Capítulo 2 - Constatações


Fanfic / Fanfiction Sorriso Quebrado - Constatações

08h25pm.

Ele já deveria estar chegando.

Meiling suspirou, imaginando que dali a poucos minutos ouviria batidas na porta, e sabia exatamente quem apareceria do outro lado dela: Li Syaoran.

Ele sempre a procurava nestes momentos.

Mas hoje, com certeza o drama do “amor não correspondido” seria maior e pior, pois a estúpida Kinomoto finalmente se casou com o paspalhão Tsukishiro.

Riu intimamente, Sakura nunca foi muito inteligente, sempre foi tonta. E Yukito... bem... não tinha opinião formada sobre ele, pois conviveu muito pouco com o rapaz. Só se lembrava daquele sorriso de bobo que tinha na cara em toda e qualquer situação. Sakura e Yukito eram perfeitos um para o outro, se mereciam em meio a tanta tontice.

E Syaoran... Estava naquele circo a tempo demais. Não pôde deixar de soltar uma gargalhada gostosa ao imaginar Syaoran em cima do altar assistindo aquele casamento estúpido de perto, já que foi convidado para ser o padrinho da noiva.

E ela que o considerava inteligente na adolescência, perguntava-se como um homem podia ser tão cego e patife.

Ouviu batidas na porta.

Bingo.

Levantou-se preguiçosamente do sofá onde estava deitada e foi em direção à porta. Abriu e o que viu foi um homem de cabeça baixa. Olhou Syaoran de cima a baixo.

A roupa fina que vestia estava completamente desalinhada. A camisa social que deveria estar por dentro da calça parecia um vestido para o chinês. Os sapatos que deveriam estar em seus pés estavam um em cada mão. Supôs que o rapaz passou gel nos cabelos, a fim de domá-los. Claro, sem sucesso algum, continuava rebelde e bagunçado como de costume, porém duro. Mas o que mais lhe chamou atenção foi o semblante que trazia em seu rosto bonito. Sentiu uma leve fisgada no peito ao contemplar os mares ambares transmitirem nada além do vazio que sentiam. Era impressionante como conhecia aquele homem. Chegou a achar que o conhecia melhor que ele mesmo se conhecia.

Então ele a encarou e ela pôde ver que o rapaz lutava internamente para não chorar.

— Ela... Disse sim, Meiling.  

Fechou os olhos e contou até três. Burro. Estúpido. Abriu o sorriso mais cínico que seus músculos faciais permitiram.

— E o que esperava que ela dissesse? Que não poderia se casar com ele porque te ama? Deixa de ser trouxa. Isso não é a Disney.

Observou o rapaz bufar. Ótimo, agora seus olhos transmitiam algo além do vazio: a irritação.

Sentiu ser empurrada para o lado enquanto o rapaz adentrava em seu apartamento. Observou-o pisando duro até a sala, onde se jogou no sofá de forma pesada. Suspirou.

Fechou a porta e encostou a testa na mesma, fechou os olhos e pediu mentalmente ajuda aos Deuses, pois aquela noite seria longa e difícil.

Abriu os olhos e caminhou até a geladeira, passando por um Syaoran esborrachado no sofá.

Voltou-se para o rapaz com uma cerveja em uma das mãos. Observou-o apertar as têmporas. Ele estava cansado. Com certeza foi um dia difícil para ele e... Stop! Chega, Meiling. Ele escolheu isso. Não sinta pena!

Cutucou-o com a cerveja, chamando sua atenção para ela. O rapaz aceitou a bebida sem hesitar. Abriu e deu um longo gole.

A moça observou Syaoran encostar a cabeça no sofá, seus olhos ambares encaravam o teto de forma inexpressiva.  

Sentou-se ao lado dele. Ouviu-o perguntar em uma voz baixa.

— Tem que clientes hoje?

— Para a sua sorte, não.

Na verdade, ela já imaginava que o rapaz a procuraria naquele dia, então como uma boa mulher idiota, não deixou nada marcado com ninguém.

Meiling encarou o rapaz ao seu lado. Ele estava tão perdido em seus próprios pensamentos que não se deu conta de que ela o encarava.

You're everything I thought you never were

And nothing like I thought you could've been

But still you live inside of me

So tell me how is that

Abriu um sorriso quase imperceptível. Ninguém no mundo o conhecia melhor que ela. Não era para menos, com tantos anos de convivência.  

Conheceu-o aos seis anos de idade, assim que se mudou para o Japão. Quando seus pais se acomodavam em sua nova casa na pequena cidade de Tomoeda, como de costume, alguns vizinhos foram visita-los para desejarem boas-vindas ao país do sol nascente. Syaoran e sua família foram uma destas visitas e, como também eram chineses, ajudou os recém-chegados a se adaptarem ao novo cenário.

A mudança de ambiente foi difícil para Meiling, pois na China era rodeada de amiguinhos na rua onde morava, mas naquela rua a única criança era Syaoran, e ele não era muito comunicativo.

Lembrava-se como se fosse ontem do momento em que seu passarinho fugiu da gaiola em que ficava e a ela, uma garotinha boba disparou a chorar. Syaoran que observava o movimento da rua na janela de seu quarto, veio em seu auxílio ao escutar o choro dolorido.

You're the only one I wish I could forget

The only one I'd love to not forgive

And though you break my heart

You're the only one

Ele fez a sua alegria naquele dia. Alegria sim, pois o garoto não descansou até achar o passarinho fujão. Lembrava-se de como sorriu feliz quando viu o pequeno trazendo seu bichinho em uma das mãos, e naquele momento, mesmo tão criança, soube que aquele menino faria parte da sua vida. Só não sabia que seria de forma tão nociva.

Viraram amigos, brincava toda à tarde na casa de Meiling. Syaoran não falhava um dia sequer. Em seu coraçãozinho de criança um sentimento morno e aconchegante brotou. Ela passou a sonhar com o dia que se casaria com o amigo.

Os anos se passaram, fizeram o primário em escolas distintas, mas ao chegar ao fundamental, Meiling se mudou para a mesma escola que Syaoran estudava. Ela era chinesa assim como ele e, em um país tão xenofóbico como o Japão, naturalmente sofreu preconceito por parte das outras crianças. Sua sorte foi que ficou na mesma sala que o amigo. Ele foi quem a introduziu na turma aos poucos, fazendo com que as crianças aceitassem sua presença.

Syaoran era doce e gentil e a esta altura, já imaginava os nomes que os filhos deles receberiam quando se casassem.

And though there are times when I hate you

'Cause I can't erase

The times that you hurt me and put tears on my face

And even now when I hate you

It pains me to say

I know I'll be there at the end of the day

Então, seus problemas começaram. Seu único amigo era Syaoran, mas ela não era a única amiga dele. O garoto mantinha amizade com outras duas garotas: Sakura Kinomoto e Tomoyo Daidouji. Descobriu que ele estudava com elas desde o primário. Estranhou, pois ela nunca o viu com nenhuma outra criança e ele nunca comentou sobre as duas garotas. Para ela, ele só mantinha amizade com ela.

Não demorou em perceber que o garoto nutria certo sentimento por Sakura. Não importava o quanto Meiling tentasse demonstrar todo seu amor para Syaoran, não importava o quanto ela tentava afastar a japonesa de seu primeiro amor.  Sakura continuava lá, atrapalhando todo e qualquer plano que fazia para o seu futuro ao lado do amigo.

Meiling não odiava Sakura. Ela era uma boa menina, companheira e dedicada com seus amigos. O que Meiling odiava era o que Sakura representava para o Syaoran. Ela sabia que a japonesa não nutria sentimento algum pelo amigo. Pois certa vez, a menina de olhos verdes contou-lhe um segredo: era apaixonada por Yukito Tsukishiro, um colega de seu irmão que ia a sua casa frequentemente.

Conforme o tempo foi passando, Meiling tentou inutilmente alertar Syaoran de que Sakura não sentia nada por ele. Mas ele nunca a ouviu. Ele nem sequer admitia o óbvio.

Apesar de ele ignorar todos os seus avisos, ainda tinha esperanças de que ele finalmente a ouvisse e parasse de olhar para Sakura. Mas ela ainda era muito nova para entender o que de fato Syaoran sentia.

E hoje, depois de quase dez anos, tinha um leve vislumbre do que poderia ser.

I don't wanna be without you, babe

I don't want a broken heart

Don't wanna take a breath without you, babe

I don't wanna play that part

I know that I love you but let me just say

I don't wanna love you in no kind of way, no, no

Todos eles cresceram, e Syaoran por medo de ser rechaçado nunca falou dos seus verdadeiros sentimentos para a japonesa. Mas o tempo não para, a vida não é um jogo de computador que você pode simplesmente apertar o pause e voltar dali a pouco quando já tiver pensado em uma boa estratégia.  

Sakura começou a namorar Yukito.

Mesmo sem saber, ela criou uma lacuna na vida de Syaoran.

Foi a partir daí que começou a criar realmente antipatia pela moça. Não pelo o que ela era, mas pelo efeito que ela tinha em Syaoran. Não sabia dizer como nem porque, mas a partir daquele momento soube que Sakura seria um problema definitivo na vida do rapaz de olhos ambares.

E ela? Como ficou? Bom, não considerava mais um relacionamento entre ela e Syaoran, pois ele não a amava. Precisava manter um pouco de amor próprio.  Mudou-se novamente de escola, apenas para se afastar de tudo que lhe atrapalhava os estudos e sua saúde mental. Mas não conseguiu se afastar de Syaoran, não tinha como. Ele era o mel, e ela a abelha. E dia após dia, ao vê-lo ir embora da sua casa para a dela, Meiling sentia que Sakura se tornava cada vez mais nociva à sanidade mental de Syaoran. Mas o que ela podia fazer? Absolutamente nada. Ela já o havia alertado, e ele escolheu não dar ouvidos ao óbvio. Sim, ela apenas assistiu.

Continuou a amá-lo? Sim. Como uma adolescente idiota e sonhadora que um dia foi. Mas ela fez questão que todo esse amor ficasse bem guardado em seu coração, a sete chaves. A vida inteira Syaoran só teve olhos para a doce e meiga Kinomoto. Nunca teve olhos para ela. Constatou isso tarde demais.

I don't want a broken heart

And I don't wanna play the broken-hearted girl

No, no, no broken-hearted girl

I'm no broken-hearted girl

Terminaram o ensino médio, e na festa de formatura Yukito pediu Sakura em casamento. Foi a primeira vez que Syaoran a procurou em prantos e admitiu que realmente amava Sakura. Foi a primeira vez que Syaoran pediu sua ajuda para esquecer a japonesa. Foi a primeira vez que ela disse que o amava. Foi a primeira vez que transaram.

Por um tempo, achou que seria capaz de fazer com o que o chinês tirasse a japonesa de sua mente, e mais uma vez ela se iludiu e quebrou a cara. Ela nunca foi capaz de fazer Syaoran esquecer Sakura. Ou melhor, Syaoran nunca quis esquecer Sakura.

Eles nunca tiveram um relacionamento de fato. Ele sempre batia a sua porta com a mesma promessa de mudança - de que finalmente esqueceria a Sakura -, sempre batia a sua porta pedindo colo e sexo. E depois de lambuzar-se a noite inteira, partia bem cedo de volta aos seus demônios.

Sentiu a angústia lhe invadir o peito ao constatar que para rapaz de olhos ambares, ela não passava de um analgésico, não passava de um corpo bonito que podia meter de vez em quando. Ele só a procurava para afogar as mágoas e as frustrações com relação não só a Kinomoto, mas a qualquer coisa em sua vida miserável.

Something that I feel I need to say

Up'til now I've always been afraid

That you would never come around

And still I wanna put this out

Mudou-se para Tóquio. Já não tinha que encará-lo todos os dias. Tentou mantê-lo longe para finalmente tentar esquecê-lo, e até teve êxito por um tempo. Inclusive até tivera um namorado, que foi ninguém menos que: Touya Kinomoto. Sim, o irmão de Sakura. Descobriu que eram da mesma família quando já o estava namorando. Conheceram-se na faculdade, ambos faziam Artes Cênicas. Tornaram-se amigos e não demorou para Touya demonstrar interesse pela chinesa. E ela… bem… ela se permitiu tentar.

Gostava de Touya, gostava realmente dele. Ele a tratava muito bem, era amoroso e prestativo com ela. Mas conforme começou a frequentar a casa do rapaz, voltou a encontrar Syaoran, pois nas reuniões de família ele sempre era convidado por ser um amigo próximo de Sakura.

Definitivamente, Syaoran era a sua cruz.

Então, Touya a pediu em casamento. Aceitou o pedido. Loucura? Sim, com certeza. Ela quase foi da família Kinomoto, ela quase foi a cunhada de Sakura.   

Mas em uma certa noite, Syaoran foi procurá-la com outras mil promessas que nunca cumpriu. Ela abriu a porta e as pernas para ele, acreditando que daquela vez poderia ser diferente. Na manhã seguinte, como um banho de água fria, constatou que aquelas palavras foram mais uma vez vazias.

Desistiu de tentar se enganar, Syaoran era o homem da sua vida e não tinha como mudar isso. Há coisas na vida que não são mutáveis, elas simplesmente são da forma como tem que ser. Mesmo que lascivo e quase tóxico, o sentimento que nutria por Syaoran não era mutável.

Por fim, terminou com o noivado, pois não era justo trair uma pessoa que queria tão bem a ela, sendo que ela queria tão bem a outro homem.

You say you got the most respect for me

But sometimes I feel you not deserve me

And still you in my heart

But you're the only one

A partir daí, sua vida realmente desandou. Seus pais morreram em um acidente de avião quando estavam voltando ao Japão, e ela ficou sozinha, desamparada financeiramente e abalada emocionalmente. Trancou a faculdade para poder trabalhar, e como a vida não é feita de flores e borboletas, logo as dividas que seus pais deixaram a obrigaram a entrar em um submundo que só as putas e os boêmios conheciam. Sim, a prostituição.

Por sua beleza indiscutível, o dinheiro vinha fácil. Rapidamente quitou todas as dívidas. Na época, ainda lhe restava um pouco do senso de honra, tentou sair do ramo e ao finalmente aceitar que Syaoran nunca seria dela, voltou a procurar o ex noivo decidida a enterrar o que sentia por Syaoran, decidida a fazer feliz aquele que tanto quis bem a ela. Mas ao achá-lo, descobriu que este estava em tempos de se casar com Tomoyo Daidouji, prima e melhor amiga de Sakura e sua amiguinha de infância. Era incrível como perdia todos os homens por qual lutou para aquela família maldita.

Trabalhou em alguns lugares, mas o que ganhava não dava para se manter em um país com o custo de vida tão alto quanto o Japão. Pobre e fodida, não demorou em voltar à prostituição.

O tempo passou, e ela começou a estudar Jornalismo, e concluiu o curso. Não era burra, a beleza acabaria algum dia. Trabalhou em um pequeno jornal, se destacou logo de início e subiu de cargo, já não precisava do dinheiro que vinha da prostituição. Deixou esta vida? Não, não por inteiro. Ela ainda mantinha alguns clientes. Não era mais uma prostituta de beira de bar. Ela podia ter limitações e condições. Já não dava para aquele que oferecesse o cachê mais alto, dava para quem a agradasse.

And yes, there are times when I hate you

But I don't complain

'Cause I've been afraid that you would walk away

Oh, but now I don't hate you

I'm happy to say

That I will be there at the end of the day

Syaoran? Bem… ele nunca de fato sumiu da sua vida. Era inútil medir forças. Voltou a recebê-lo em sua casa, voltou a ser um analgésico para ele. Aceitou de uma vez por todas que ela era a puta dele, quando ele quisesse que fosse. Nunca mais o recusou, nunca mais tentou se afastar dele, pois com ou sem ele, decidiu que ele não a abalaria mais, e que tinha qe seguir a vida com ou sem ele. E foi isso que ela fez, ela seguiu com a vida.

Percebeu então que a tola, sempre foi ela. Não Syaoran.          

Fitou novamente o semblante do homem ao seu lado, parecia que um trator havia passado em cima dele devido a derrota claramente expressa em seus traços bonitos. Suspirou.

— Não deveria ter ido a esse casamento. Parece que gosta de sofrer.

Syaoran gargalhou fracamente enquanto inclinava seu corpo para frente, apoiando os cotovelos na coxa enquanto bagunçava os cabelos de forma nervosa.

— Você não entende.

I don't wanna be without you, baby

I don't want a broken heart

Don't wanna take a breath without you, babe

I don't wanna play that part

I know that I love you but let me just say

I don't wanna love you in no kind of way, no, no

Meiling novamente suspirou, e fez então o que sempre fazia.

Sentou-se entre as pernas de Syaoran e puxou-lhe para um beijo. Ele não contribuiu de início, mas conforme ela forçava a língua para dentro de sua boca, aos poucos sentiu o rapaz reagir em suas coxas. Não demorou para sentí-lo lhe apertar a cintura em uma doce agonia.

Meiling desceu os lábios em um caminho de beijos até a base do pescoço de Syaoran, enquanto abria os botões de sua camisa fina. Arrancou a peça rapidamente, sentindo finalmente a textura de sua pele na ponta dos dedos.

Tomou novamente os lábios de Syaoran em um beijo ardente. Meiling sentiu os dedos do rapaz entrarem por de baixo da camisola fina que vestia e ir de encontro aos seus mamilos já entumescidos. Não abriu os olhos, apenas deixou-se levar pelas sensações que Syaoran lhe proporcionava.  

Gemeu.

Syaoran parou subitamente suas carícias. Meiling estranhou a reação do rapaz. Abriu os olhos, e o que encontrou foi um par de olhos opacos.

Syaoran a afastou de seu corpo.

— Hoje não.

O ambiente estava escuro, mas ainda era possível visualizar um brilho anormal naqueles olhos. Bufou e se levantou ao entender o que realmente era aquele brilho.

— Sério, Syaoran? Vai mesmo ficar se torturando pensando no que diabos a Sakura faz ou deixa de fazer da vida dela? Deuses! Até quando?

Observou Syaoran inclinar-se para frente, mas desta vez ele puxou sua cintura e apoiou a testa na altura de seu ventre.

I don't want a broken heart

And I don't wanna play the broken-hearted girl

No, no, no broken-hearted girl

Sim, aquele brilho antes observado era o brilho de lágrimas. Syaoran lutava internamente para não chorar. Sentiu-o apertar sua pele alva, em uma tentativa de deixá-la mais próxima a ele.  Levantou uma das mãos para acarinhar os cabelos do rapaz, mas reteve-se. Mordeu o lábio e logo se recriminou por novamente sentir pena dele. Ela não podia sentir pena, Syaoran escolheu viver dessa forma, escolheu alimentar uma esperança que já não podia existir.   

Meiling ouviu alguns ruídos escaparem dos lábios de Syaoran, o rapaz tentava respirar todo o ar do mundo, sem sucesso, pois o choro reprimido lhe custava um certo trabalho para segurar. Meiling fechou os olhos e mais uma vez suspirou, a angústia de Syaoran não lhe cortava tanto a alma comparado ao sentimento de impotência.

— Pode chorar, eu sei que você tem se segurado desde que chegou.

Não precisou insistir, logo o rapaz soluçava contra sua cintura, molhando sua pele seminua enquanto a apertava cada vez mais forte contra o rosto, em uma tentativa inútil de não se sentir sozinho. Nada fez, nada falou. Apenas observava por sua pequena janela a majestosa Torre de Tóquio ao longe. Sentiu seus próprios olhos marejarem.

— Você realmente não devia ter ido a esse casamento estúpido.

Não foi sua intenção soar tão ríspida, mas já estava cansada de ser sempre o ombro amigo. Syaoran não percebia, mas se viesse para os seus braços seria amado como nenhuma mulher no mundo o amaria. Abriu um sorriso quebrado ao aceitar que ela era para ele o que ele era para Sakura. Apenas uma amiga. Seus pensamentos foram interrompidos ao ouvir a voz fraca de Syaoran.

— Nã-não me censure... não hoje.

Silenciou-se e voltou a encarar o relógio que já badalava 09h10pm. Como sempre, ela fez o seu papel, ou pelo menos tentou. Já não podia lhe ajudar mais.

Now I'm at a place I thought I'd never be

I'm living in a world that all about you and me

Ain't gotta be afraid, my broken heart is free

To spread my wings and fly away, away with you

Meiling sabia que Syaoran sofria, e sofria muito. Sabia que o rapaz clamava por Sakura em sua alma, sabia que a poucos minutos atrás quando apertou seus seios seus pensamentos estavam em Sakura e Yukito se amando. Sorriu triste ao constatar mais uma vez que o homem que chorava em seu colo, nunca seria capaz de tirar a japonesa de seu coração. Sentiu pena dele, pois mesmo amando-o ela conseguiu seguir com a vida, já Syaoran estagnou a dele.

Tentou se afastar, mas sentiu Syaoran lhe apertar ainda mais contra o seu rosto. O rapaz a prendeu fortemente entre os braços, se não fizesse força, não se livraria dele.

Meiling olhou para frente. Enxugou os olhos. Ela não chorava mais por ele. Já estava cansada de tudo aquilo, de tudo que ela não representava para Syaoran. Em hipótese alguma demonstraria seus sentimentos, de forma alguma demonstraria que estava completamente desgostosa com tudo aquilo durante anos. Ele não merecia suas lágrimas. Proclamou em uma voz baixa e firme.

— A única coisa que você faz, é mentir para si mesmo – A moça sentiu o rapaz prender a respiração, não precisava encará-lo para saber que ele a ouvia atentamente – Ela nunca te amou, e nunca te amará. Lide com a realidade.

Afastou-se finalmente dos braços de ferro que prendiam sua cintura. Sem encará-lo foi em direção à porta de seu quarto, mas antes de trancá-la completou.

— Feche a porta quando sair.

I don't wanna be without my baby

I don't want a broken heart

Don't wanna take a breath without my babe

I don't wanna play that part

I know that I love you but let me just say

I don't wanna love you in no kind of way, no, no

I don't want a broken heart

I don't wanna play the broken-hearted girl

No, no, no broken-hearted girl

Broken-hearted girl, no, no

No broken-hearted girl

No broken-hearted girl

 

Syaoran ouvia as palavras como um looping em sua mente.

“ A única coisa que você faz, é mentir para si mesmo...”

Lembrou-se do que Tomoyo lhe disse a poucas horas atrás.

“Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira...”

E então, lembrou-se da última frase que a chinesa proclamou.

“Ela nunca te amou, e nunca te amará. Lide com a realidade.“

Encarou o pequeno lustre da sala simples. Sim, ele sempre mentiu para si mesmo.


Notas Finais


Oi gente!

Sei que prometi atualizações a cada duas semanas, e peço desculpas, estive e estou super enolada com a faculdade. Não irei mais estipular datas, só lhes prometo uma coisa: eu concluirei esta fanfic, custe o que custar! haha

Bom, queria agradecer a minha amiga Lalye, que revisou o capítulo e me deu uns toques super bacanas. Obrigada Lalye, sua linda. (SIM, agora eu tenho beta reader! ~apanha).

Também quero agradecer a todas as pessoas que estão me estimulando a escrever tanto Sorriso Quebrado quanto Alguém Como Você, obrigada mesmo gente! De vagar, a gente chega lá! hahaha

A música presente no capítulo se chama Broken-hearted Girl, da Beyoncé. Aconselho dar uma olhada na tradução, pois combina perfeitamente com o contexto do enredo.

Bom, tenho um convite a fazer para os fãs de CCS: eu e mais alguns escritores estamos tentando reunir o fandom em um grupo no facebook. Grandes ficwriters juntaram-se a nós, como a Kath Klein, escritora de Feiticeiros; Mihara, escritora de Um Sopro de Felicidade e vários outros escritores que fizeram história no universo de CCS. Neste grupo compartilhamos informações sobre o anime/ mangá, divulgamos fanfics e transbordamos amor por CCS! O nome do grupo é Seita Clandestina de CardCaptors, estejam convidados!

Mas vamos ao que interessa: O que acharam deste capítulo? E da estória como um todo? Falem-me, por favor!

Acho que é isso, até a próxima!

Bely.


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