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História Sorry - Capítulo 03 - Companhia


Escrita por: LBKX04

Capítulo 4 - Capítulo 03 - Companhia


[06h47]

Naquela casa, a noite se deu mais friamente que suas antecessor, tanto pelo próprio tempo chuvoso que, ironicamente, deu continuidade à ira dos residentes, quanto o clima que dominou o ambiente.

Embora Beomgyu estivesse mais calmo, ainda havia um pesar em seu peito, braços, pernas, todo o seu corpo. Diria que estava doente se pudesse mentir, o que não era mentira, já que o estado de sua mente também engloba o conceito de saúde.

Queria e muito mentir e dar uma justificativa para faltar a escola, mas sabia que fazer isso era pior, já que ficaria em casa.

Após um enorme suspiro, encarou as horas no relógio e viu que ainda faltava tempo até o início do dia letivo, então, decidiu caminhar mais lentamente pelas calçadas, sem realmente ver o caminho.

O Choi desistira de tentar rearranjar sua mente para que nenhum pensamento o atrapalhasse, decidira apenas deixar que rolassem livremente. Talvez, deixar de resistir e apenas conviver com eles fosse a melhor opção, já que combatê-los o piorava constantemente.

Por não ter jantado, dormido bem, nem mesmo comido algo antes de sair de casa, estava levemente tonto e uma singela dor perturbava-lhe a cabeça, mas nada que não pudesse suportar.

Em algum ponto de sua caminhada, Beomgyu ergueu a cabeça e olhou em volta, cerrando os olhos para o edifício que estava logo à sua frente: a cafeteria que visitara há alguns dias.

Resultado de sua fome? De seu sono? Ou da tristeza inerente a si? Tantas perguntas sem respostas...

Decidiu entrar sem pensar muito, o que fez estranhar sua própria ação, já que não sabia nem mesmo o que compraria ou se realmente queria o fazer.

Um suspiro fez com que novamente abaixasse a cabeça e seu olhar foi coberto por uma camada de seus fios pretos, não queria encarar ninguém nos olhos hoje. Quem dera essa decisão tivesse durado mais do que esperava.

– Beomgyu? – uma voz que ouvira o bastante para se tornar conhecida interrompeu seu momento de autoavaliação e, por instinto, o fez olhar.

– K-kai?

– Você não 'tá com uma cara muito boa, o que aconteceu? – o colega perguntou nitidamente preocupado, o que fez o Choi se perguntar se deveria responder de firma sincera ou não.

– Só... Umas coisas em casa. Não se preocupe... – desviou o assunto, evidenciando que não queria conversar sobre aquilo.

– Então... – respeitoso, não questionou-lhe sobre isso mais e tentou puxar outro assunto ao encarar a cafeteria. – Quer companhia até ter que ir pra escola?

Por breves segundos, Beomgyu ficou fortemente confuso com seu pedido, mas não lhe viu maldade alguma que fosse assombrá-lo.

– Não te incomoda? – inseguro, perguntou, com perigosos cenários passando em sua mente.

– De forma alguma! Vamos entrar! – após ver a forma tão aberta com que aquele garoto abriu a porta para si e esperou entrar, todas as suas respostas negativas esvaíram-se e deram lugar a um sorriso leve e um aceno positivo.

📘

[16h04]

Ao caminhar lentamente pelos corredores vazios, seguindo a mesma decisão de esperar os outros alunos saírem, sentiu que parte do peso de sua vida miserável estava finalmente sumindo se comparado como quando "acordou", se é que poderia dizer isso.

Falar em voz alta que estava com sorte apenas faria com que se fosse mais rápido, como foi perceptível desde o momento que se mudou, mesmo que encontrar Kai naquela manhã tenha sido exceção.

Não havia entrado em detalhes quanto o que seus pais fizeram consigo no dia anterior, o que fez com que o rapaz percebesse que se tratava de um assunto difícil para o Choi falar, então se preocupou apenas em ouvir cada parte do pouco que ele dissera e depois tentar fazê-lo ficar alegre, o que funcionara.

Beomgyu por bons minutos esqueceu do que sofreu, por mais que aquela amargura não saísse de seu corpo, e aproveitou o tempo com o colega, que serviu o suficiente para respirar fundo e ter forças para ir para a escola e encarar o dia letivo.

Dia estressante, assim como seu trauma de ambientes escolares proporcionava, mas não impossível.

Perdido em seus pensamentos, assustou-se ao ter uma mão pesada em seu ombro e encolheu-se rapidamente, sem realmente perceber de quem se tratava, mas tranquilizou-se ao erguer o olhar para o rosto conhecido.

– Deus! Desculpe, Beomgyu! Se soubesse que te assustaria, teria te chamado antes... – Soobin disse levemente desesperado ao soltá-lo.

– Tudo bem, Soobin-ssi... – o de mechas loiras respondeu envergonhado pela sua reação, que julgou ser exagerada. – E-Eu estava indo para a sala do clube...

– Sério!? Que irado! Assim, posso te apresentar aos outros. – as covinhas do maior deram ar de graça com sua tamanha alegria com a decisão do colega.

– O-outros? – surpreso, o Choi mais novo gaguejou quase inaudível.

– Sim! Bom, parte deles. – seu desconforto foi perceptível, então o maior tratou logo de tranquilizá-lo, ou pelo mesno tentar. – Mas relaxa, eles são tranquilos!

O Choi mais novo o seguiu mais atrás, tremendo levemente enquanto lutava para ficar calmo com o pensamento de estar prestes a conhecer mais pessoas.

Mais pessoas que poderiam o humilhar.

Mais pessoas que fariam seu passado voltar à tona.

Fechou fortemente os olhos sentindo surgir o aperto no peito, mas esforçou-se para continuar com uma aparência aceitável.

Em frente à sala, pode ver mais um rapaz e uma garota sentados numa mesa, dedilhando cordas da guitarra que tocara no dia anterior, aparentemente animados, já que conversavam animadamente.

– Pessoal, quero que conheçam Choi Beomgyu, nosso mais novo membro. – Soobin, sem hesitação nenhuma, apresenta barulhento o rapaz, o que acanha o menor já que foi quase instantâneo os olhares se voltarem ao moreno.

– Uaaau, amei seu cabelo! Meu nome é Shuhua! – a garota fala e, em um agradecimento inseguro, Beomgyu se curvoa educadamente.

– Não precisa ficar assim. – um garoto, mais alto que ela, mas menor que Soobin, toma a frente. – Meu nome é Sim Jake e prometo não te morder, tá bom? – ele ri levemente após a própria piada, provavelmente esperando que o Choi também, mas ele apenas engoliu em seco e abraçou os próprios cotovelos.

– Ei, ei, ei, piadas depois de garantir que ele vai estar bem aqui, ok? – o presidente do clube diz atrás do rapaz, que esforçou para cumprimentá-los.

– P-Prazer em conhecê-los... – gaguejou, parando de falar instantaneamente e desviando o olhar para que não vissem todos os traços pesados em seu rosto.

Se vissem aqueles pontos de tensão drástica e cansaço evidente em seu corpo, seria ainda pior do que já estava sendo por ter que conhecê-los da forma que estava. Pequenos detalhes que não passaram despercebidos por uma pessoa.

Shuhua notou seu desconforto e sorriu, aproximando-se apenas um pouco antes de começar a falar calma.

– Você chegou há pouco tempo aqui, não foi? – a menor perguntou retoricamente. – Se quiser ajuda para anotações dos bimestres anteriores, pode me pedir, Beomgyu. Ok?

– A-Ah... S-Seria ótimo. Tenho que estudar... – o Choi disse timidamente. – Obrigado.

– É, você teve a sorte de chegar perto do período de provas, precisa mesmo estudar. – Jake disse com seu costumeiro tom debochado, novamente calando o moreno.

Por causa do que ele disse, Beomgyu engoliu em seco e, para Shuhua, pareceu que o esforço que tinha feito para tornar o ambiente mais confortável para o novato, havia retrocedido.

– Obrigado pela parte que nos toca, Jake. – ela disse incomodada com a falta de senso do amigo, mas logo tornou à sua feição meiga. – Então, Beomgyu, Soobin nos contou que você ficou nervoso quando se inscreveu. Faz tempo que não temos novos membros, então nos perdoe se qualquer coisa te deixar desconfortável.

– Tudo bem... – o rapaz, com as primeiras informações, corou violentamente, mas, diferente de antes, deixou-se ficar mais tranquilo, agradecido pela hospitalidade da garota.

Percebendo que haviam progredido para socializar com o mesmo, Soobin sorriu alegre e teve uma ideia que poderia fazer com que aproveitassem o pouco de tempo que tinham antes de irem.

– Ei, quer ver um vídeo de uma das nossas apresentações na abertura do ano letivo?

Por reflexo, Beomgyu pensou em negar, mas refletiu breves segundos sob o olhar dos outros e, ao pensar novamente no que seu professor disse, assentiu levemente, arrancando sorrisos dos membros do clube.

Já estava ali, o que custava dar uma chance a eles?

🎸

[16h38]

Após longos minutos, que, estranhamente, foram proveitosos, o moreno de mechas loiras se despediu dos outros e se pôs a caminhar para fora da escola, sentindo-se mais leve.

A escola era silenciosa depois do horário, já que eram poucas as vezes que os clubes decidiam se reunir quando não havia um evento em questão no bimestre.

Depois de se despedir dos novos colegas, seus passos ecoaram leves por ali, até o caminho da saída.

Envolto pela música em seus fones, não deu importância ao mundo ao seu redor e caminhou direto para sua casa. Estava inseguro, é claro, seu lar era o pior lar a voltar depois do dia anterior, mas não evitaria.

Não poderia voltar a cafeteria, já tomara muito tempo de Kai naquele mesmo dia. Desconhecia como o garoto reagiria caso voltasse, então, decidiu falar com ele em outro momento.

Algo fez Beomgyu sentir que alguma pequena porcentagem do mundo estava o favorecendo, principalmente ao dar o primeiro passo para dentro de casa. Seus pais fingiram não o ouvir ou ver, e isso o aliviou.

Cansado, jogou-se no cantinho de seu sofá no sotão, que já virara o ambiente mais próximo de chamar de seu e sorriu levemente ao repassar o dia em cenas que marcavam a dicotomia de seu humor turbulento.

O Choi fechou os olhos e, pôs-se a cochilar, se rendendo ao cansaço da noite mal dormida e do dia qual não descansou, mas que não se arrependeu de aproveitar acordado.

Continua...



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