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História Sorry, honey... - "Pizza é uma droga sem você!"


Escrita por: MoonBo-Ra

Notas do Autor


ATENÇÃO! Nesse capítulo vai ter flashback intercalado com algumas cenas atuais. Espero que não esteja confuso! hehe (se estiver, podem avisar nos comentários, que eu ajeito isso)
Boa leitura :D

Capítulo 22 - "Pizza é uma droga sem você!"


Fanfic / Fanfiction Sorry, honey... - "Pizza é uma droga sem você!"

Tudo o que Seul queria desde o começo era silêncio. E lá estava ela olhando fixamente para a geladeira quase vazia, com os fios descabelados, uma roupa amassada e com alguns furos, os pés descalços. Suspirou amarga, estava com preguiça demais para descer e comprar qualquer besteira no mercado que ficava a dois minutos dali. Ela sentia ânsia só de pensar em ter que se arrumar para sair de casa. E o pior é que dali a poucos dias seria aniversário de Seokjin, e ela não havia comprado uma lembrança sequer.

— Aish, que inferno! — Xingou, fechando abruptamente a geladeira e revirando os olhos.

Aquele começo de dezembro já estava insuportável e ela não saía de casa desde o dia em que Taehyung dissera que iria voltar para Daegu. No dia seguinte ele se foi sem derramar uma lágrima, pelo menos não na frente de Seul. E desde então ambos não se comunicaram de forma alguma, assim como Seul não conversara com nenhum de seus amigos ou amigas sobre o que acontecera. As únicas pessoas que sabiam sobre tudo eram ela, Jungkook, Jimin, Taehyung e Yoongi. E o último sequer aparecera desde um dos piores dia da vida da garota.

Sim, Jungkook havia mesmo ido embora e parecia que levara um pedaço da vida de Seul junto.

Seul sentia falta do namorado quase o dia inteiro, pelas coisas mais banais. Fosse por ter Jungkook a cutucando para acordá-la quando já passava das dez da manhã, fosse quando eles guerreavam pelo último pedaço de comida. Fosse quando os dois combinavam de jogar uma partida de videogame por uma hora, mas acabavam passando quase metade do dia fazendo isso, ou fosse quando Seul estava com preguiça demais para sair e lá ia Jungkook, com as roupas que sempre pareciam se repetir, comprar algo para ambos se entupirem até passarem mal.

Ela sabia que era apenas questão de tempo até esquecer aquela sensação ruim que invadia sua cabeça, mas sempre ficava pior quando lembrava que não tinha mais jeito. Aquela situação não era a mesma de quando Jungkook viajou, porque ela sabia que ficariam longe por um tempo mas ele logo voltaria. Não. Daquela vez Seul acreditava que não levaria um mês para Jungkook pegar suas coisas todas e levá-las para longe para sempre, e então todos os seus amigos apareceriam com semblantes de piedade, prontos para consolá-la.

— Aish, que merda!

Afastou Jungkook de sua mente, pegando o celular e procurando o número da pizzaria que ficava mais perto. Ainda era manhã, mas por algum motivo Seul acreditava que a pizzaria estaria milagrosamente aberta e ela poderia pedir seu sabor preferido da massa. Seu e de Jungkook.

— Alô... Seul? — A voz de Jungkook a pegou de surpresa, e ela rapidamente desligou a ligação, com os olhos arregalados de horror. Ela havia ligado para o namorado e pensou se não estava ficando completamente louca de vez.

Afinal, quem poderia acreditar que qualquer pizzaria estaria aberta àquela hora da manhã?

A garota se e jogou no sofá de bruços, começando a gemer, sentindo o rosto corar de vergonha. Ela esperava que Jungkook não ligasse de volta. Mas parte dela desejava que ele ligasse sim. Soltou mais um xingamento, um digno de Min Yoongi, e suspirou mal humorada. Ela tinha que parar com aquilo, Jungkook era só um rapaz como todos os outros e era só uma questão de tempo até toda a dor passar.

Ela só não via a hora de isso acontecer.

Ela não via a hora de eles terminarem oficialmente, ainda que não tivesse coragem de fazer isso ela mesma.

Tentou mudar o foco de seu pensamento mais uma vez e lembrou-se que bem perto dali havia um café onde ela poderia se empanturrar de comidas gostosas a manhã inteira. Era o mesmo café onde Taehyung trabalhara até dias atrás. Um estabelecimento pequeno e charmoso, que Seul não recordava o nome. Mas foi logo ao pensar que teria que tomar um banho, enxugar-se, ventir-se decentemente e ter que caminhar por alguns metros que ela logo desistiu. Se Taehyung ainda estivesse ali, ela até poderia engolir a moleza e se deixar contagiar com a animação do ex hóspede.

O problema é que ali só havia ela e tudo parecia silencioso demais.


 

— Como é o nome desse cara mesmo? — Indagou Yoongi coçando a cabeça. Ele estava deitado de bruços sobre a cama do novo apartamento da melhor amiga.

Fazia dois meses que ela se mudara para lá e tudo graças à ajuda de Min, o qual conseguira convencer o dono do apartamento a alugá-lo para uma estudante dependente financeiramente dos pais mesmo que houvesse outras opções mais viáveis. Tudo isso porque Seul não aguentava a convivência estressante com o pai, e como ela acabava sempre pagando pelas confusões de sua irmã mais velha.

— Jungkook… Jeon Jungkook. — Por algum motivo, Seul gostava de como aquele nome soava.

— Jeon Jungkook? “JonJongguk”? — Repetiu o magro, soltando depois uma risada de deboche. — Que tipo de nome é esse? — Sentou-se na cama, enquanto Seul se limitava a revirar os olhos e soltar um riso abafado com tom de arrogância. — Quando vocês se encontram, chama ele de JonJon?

— Eu não sabia que era comediante. — Soltou Seul, sorrindo depois com o costumeiro ar de sarcasmo. Então acomodou-se na cama ao lado do amigo, lembrando-se do passado. Se nada tivesse dado errado, ela poderia estar saindo com Yoongi naquela noite amena de primavera. Na verdade, caso tudo tivesse acontecido como ambos esperavam, eles talvez sequer precisassem sair da casa que seria dos dois.

— Esse é um encontro ou algo do tipo?

— Não, eu e Jeon somos apenas colegas. — Respondeu a garota, sem ter certeza do quão próximo ela e o mais novo eram, se já podia chamá-lo de amigo. — Estamos fazendo uma cadeira juntos...

— Aish, eu não perguntei se faziam aulas juntos. Perguntei se estão saindo juntos… Como um casal. — Resmungou Yoongi tentando conter sua impaciência.

— Qual o seu interesse nisso? Aliás, você não tinha um encontro às escuras hoje? — Perguntou Seul tentando disfarçar sua curiosidade. Enquanto isso, prendia o cabelo e depois o soltava, sem ter certeza de como o usaria naquela noite. Ela não queria sair enfeitada demais e parecer ridícula e se sentir desconfortável. No entanto, apesar de não ter interesse em seu novo colega, ela tinha total consciência da beleza do rapaz e, por vezes, jurava que sentia certo nervosismo perto dele. No fundo, Seul gostaria que Jungkook a achasse bonita, mas não queria parecer alguém que não era apenas para agradá-lo.

— Argh! Esse maldito encontro! — Resmungou o garoto. — Malditos sejam Hoseok e Sunhee.

— Fiquei sabendo que é uma garota de Seul. — Soltou a garota, desistindo de prender o cabelo, e tentando manter os longos fios o mais comportados possível.

— Sim, uma caloura da mesma universidade da Haneul que é amiga de Sunhee, ela faz dança ou algo assim. — Respondeu Yoongi a contragosto. Ele não fazia a menor questão de sair naquela noite para onde quer que fosse, ainda mais para conhecer uma garota aleatória que ele sequer sabia o nome. — Quer saber, eu não vou para esse troço.

— Vai mesmo fazer essa desfeita? Mas afinal... o que uma garota da capital viria fazer aqui, ainda mais para sair com alguém como você? — Riu Seul, fazendo Yoongi soltar uma risada sarcástica, isso bem antes de o celular da garota vibrar avisando que havia uma mensagem:

“Olá, Kim Seul! Aqui é Jeon Jungkook, eu estou te esperando aqui embaixo… Do seu condomínio”.

Então Seul sentiu o estômago embolar estranhamente e caminhou até a janela, vendo o belo Jungkook esperá-la ali embaixo com uma roupa casual, as mãos dentro dos bolsos, os olhos atentos ao tudo que o cercava. Em algum momento, o rapaz olhou para cima e enxergou Seul, acenando timidamente em seguida.

Foi bem naquele momento que Seul sentiu um medo enorme tomar conta de si. Ela sabia que nunca teria chance com um garoto tão requisitado com Jeon Jungkook, e, portanto, deveria ter cuidado com os próprios sentimentos.


 

— Você prefere uma pizza de três sabores, sendo um doce; ou uma de dois sabores e outra completamente doce? — Jungkook e Seul, amigos inseparáveis a mais de um ano, estavam tentando decidir qual sabor de pizza comprariam. Aquela era uma tarefa prazerosa, porém árdua, já que uma combinação ruim de sabores poderia render arrependimento e, talvez, uma bela indigestão.

Ambos estavam sentados de frente para o outro na mesa de sempre da pizzaria de sempre. Aquela era mais uma das reuniões que sempre faziam depois da aula do período da tarde. Mesmo fazendo cadeiras diferentes, um dos dois ficava à espreita, pelos corredores da universidade, à espera do outro. E assim que se encontravam, começavam a conversar sobre qualquer coisa e caminhavam juntos quase que no mesmo ritmo sem precisar pensar para onde estavam indo.

— Porque não pedir uma pizza com dois sabores salgados e uma com dois doces? Parece mais lógico para mim. — Sugeriu a mais velha.

— Mas… Hmmm, não seria interessante provar algo diferente? — Jungkook soltou seu sorriso travesso, fazendo Seul revirar os olhos. Jungkook era ótimo em várias coisas, mas quando se tratava de combinar sabores de pizza, às vezes ele passava dos limites. — Como metade quatro queijos e metade abacaxi, ou… Metade bacon e metade chocolate branco.

— Jeon Jungkook! — Seul retirou o cardápio das mãos do inconsequente rapaz mais novo. — Hoje eu escolho os sabores. Mas afinal, se somos só nós dois, porque vamos pedir duas pizzas?

— Meu amigo de Daegu disse que viria hoje com alguém. — Respondeu lembrando-se de checar a entrada da pizzaria, para ver se o amigo, um pouco lerdo e desastrado, já havia chegado.

— Ele vem com uma garota? — Perguntou Seul sentindo uma pontada de nervosismo com aquela possibilidade. Por um momento ela pensou se aquele não poderia ser um encontro duplo, e o que aquilo significava. Ela já sentia algo por Jungkook, ainda que conseguisse esconder isso muito bem, e já havia pensado inúmeras vezes em chamá-lo para sair, mas sempre quando criava coragem e o fazia, Jungkook interpretava como uma saída casual entre amigos, o que fazia a garota perder cada vez mais as esperanças de poder conquistar alguém como ele.

— Não, vem com um amigo.

— Um namorado…? — Perguntou Seul meio à sério, meio em tom de brincadeira, fazendo o amigo apenas rir, movendo a cabeça de forma indecifrável.

— Deve ser ele! — Falou o mais novo animadamente assim que seu celular começou a tocar. — Alô, Taehyung? — Enquanto o rapaz falava ao telefone, Seul prestava atenção na franja negra que caía sobre parte da testa do garoto, aos movimentos de sua boca enquanto ele falava, seus suspiros decepcionados. A jovem sequer estava prestando atenção ao que Jungkook falava, só despertando de seu transe apaixonado quando o menino desligou o telefone com um semblante desanimado. — Ele disse que não pode vir hoje. Aish! Eu queria muito que meus dois melhores amigos se conhecessem!

— Bem, veja pelo lado bom… — Começou Seul, fazendo o sorriso irresistível de Jungkook se abrir aos poucos. — Vamos pedir apenas uma pizza e você vai poder fazer a mistura insana de sabores que quiser fazer.


 

Aquela era a terceira vez que Seul caminhava preguiçosamente até a geladeira apenas para abrí-la e ver que continuava quase vazia. Não é que não tivesse nada ali para comer, o problema é que tudo o que tinha embrulhava o estômago da garota e ela só pensava em comer uma pizza enorme de calabresa com muito queijo e batata doce.

Suspirou decepcionada. Ela precisava fazer alguma coisa para distrair sua cabeça, mas ao mesmo tempo não tinha ânimo para fazer nada. Ela gostaria de sair e perambular pelos cantos movimentados da cidade ao invés de afundar no sofá vendo mais um episódio de Coffee Prince. E tudo por culpa de Kim Taehyung, que inventara de assistir aquele maldito dorama antes de ir embora. Aquela deveria ser a quinta vez que revia o programa, mas não conseguia se cansar ou enjoar de assistir.

“Maldito seja Kim Taehyung!” Pensou Seul, voltando a pular no sofá. Para Seul, ele sequer tivera a decência de continuar ali para perturbar sua paciência. Porque se ao mesmo o hóspede barulhento estivesse ali, ela não teria que pensar em todas as vezes na qual Jungkook chegou bem perto, tocou uma mecha do seu cabelo e a beijou, soltando quase sempre uma risada sem graça no final. Jungkook era engraçado porque conseguia ser a pessoa mais implicante do mundo e, ao mesmo tempo, a mais doce, e mesmo que pudesse soar arrogante para aqueles que não o conheciam, Jungkook era apenas um garoto tímido que não conseguia transmitir toda a força que tinha em seu interior.

Seul sabia de tudo isso e sentia um aperto no coração ao pensar que tudo estava perdido. Porque se Jungkook havia beijado outra pessoa, isso significava que tudo estava acabado. Todos os sentimentos e todos os momentos que eles poderiam viver no futuro passaram a não existir mais. Porque ela sabia que se Jungkook havia beijado alguém, era por gostar.

E se esse alguém fora Jimin, era porque o moreno estava apaixonado pelo outro rapaz.

Seul se perguntava, por vezes, se não fora enganada o tempo inteiro. Ela não conseguia acreditar nisso, mas uma pequena parte dela pensava… Ela não parava de pensar. E sentia tristeza e raiva, apatia e dúvida. Saudade.

Seul perdera, de uma vez só, um pedaço do dedo, o namorado, um novo amigo e estava prestes a perder o apartamento.

Ela queria Jungkook de volta, mesmo sabendo que tudo estava prestes a ter fim.

Ela queria ficar só, mas se perguntava onde estavam os seus amigos.

Ela só queria comer uma pizza de calabreza com queijo derretido.

Ela só queria socar alguma coisa.

Ela já estava cansada daquele silêncio.


 

— Bom… Talvez eu devesse ligar para ela e cancelar…

— Não!! — Gritou Jin arregalando os olhos castanhos e fazendo Namjoon, que estava sentado bem ao seu lado, tapar o ouvido direito com o dedo enquanto fazia uma careta. — Depois de meses de desespero e nervosismo, pensando se chamava ou não a Seul para sair, você não vai dar uma de covarde logo agora! Eu te proíbo!

— Ok, cara, sem gritarias para começo de conversa! — Namjoon chamou a atenção do colega de apartamento, gritando na mesma intensidade, ao que Jin respondeu com um xingamento baixo. — Jeon Jungkook, cara, todos nós estamos cansados de você morrendo toda vez que vai finalmente convidar a Seul para um encontro. Nós estamos cansados dos seus surtos de nervosismo e das suas enrolações… — O mais alto dali falava em um tom calmo e maduro, quase como se fosse um pai a aconselhar o próprio filho. — Então se você cancelar esse encontro que demorou uma eternidade para acontecer, pode certeza que não vamos mais te ajudar mais em nada! — Exaltou-se o rapaz, fazendo até mesmo o histérico Jin sobressaltar-se.

— Aish, por acaso você quer nos deixar surdos? — Resmungou Jin alto, fazendo Jungkook afundar no sofá dos colegas Kim.

— Parem de brigar como um casal de idosos! — Pronunciou Jungkook finalmente, cortando a discussão dos amigos sobre qual deles era mais escandaloso. — Eu já me decidi… — Os mais velhos estavam com os olhos fixos nele, à espera de uma resposta. — Eu não vou cancelar. Vou sair com Seul hoje… — Tentou conter um sorriso, inutilmente. — Ah… espero que tudo dê certo.

Aquele seria o primeiro encontro oficialmente romântico dos amigos Jeon Jungkook e Kim Seul. Eles marcaram de assistir um filme e depois jantar em algum lugar. Como nenhum deles era muito bom naquilo de “primeiro encontro”, pediram ajuda aos amigos e foram os amigos também os responsáveis por escolher o filme e o local onde iriam jantar. E enquanto o mais novo surtava de ansiedade enquanto suportava as pequenas briguinhas e dicas não tão úteis de Seokjin e Namjoon, Seul tinha problemas com a roupa que vestiria enquanto Sunhee e Hoseok tentava auxiliá-la.

— Em que restaurante vocês marcaram nosso jantar mesmo? — Perguntou a garota enorme, achando-se completamente ridícula com um vestido que Sunhee emprestara. A peça era floral e deveria bater nos pés de Seul, por ser um vestido longo, mas ficava na metade da perna da mais alta, além de ter umas mangas bufantes bastante peculiares.

— Aaah, eu fiz uma reserva em um romântico restaurante no centro, com temática francesa e com preços relativamente… baratos. — Respondeu alegremente Sunhee, ao que Seul fez uma careta.

— Relativamente baratos? Francês?

— Ou era isso ou o restaurante tailandês que Hoseok encontrou com uma fachada bem duvidosa.

— Aish, aquele restaurante é maravilhoso! E os preços são bem melhores do que desse tal restaurante francês aí! — Resmungou a rapaz com a voz estridente e concluindo a frase com um sorriso cavalar que, para Sunhee, era a coisa mais linda do mundo.

— A comida lá não parece tão ruim, mas sempre me faz lembrar Old Boy, e convenhamos que ter um encontro em um lugar com tal atmosfera não é uma coisa muito romântica, não é mesmo Seul? — Riu Sunhee maliciosamente, fazendo Seul revirar os olhos, agora pela roupa que usava. — O quê? Não gostou do vestido que eu trouxe? É muito formal?

Hoseok não conseguiu segurar a risada, e Seul despencou na cama bufando. Ela sabia desde o princípio que as roupas que a amiga extrovertida levaria seriam péssimas opções. Ela tinha um estilo próprio bem característico e peculiar que nada tinha a ver com Seul. E para piorar a situação, Boram, irmã um ano mais velha da garota, não havia chegado ainda com seus trapos, que ao menos serviriam para alguém tão alta como Kim.

“Ding-dong!”

— Finalmente! — Seul saltou e correu até a porta, abrindo-a para uma Boram alta, extremamente magra, com os mesmos olhos incrivelmente puxados e cabelos negros como breu.

— Não reclama que eu tive que deixar de ir para uma festa só para ajudar minha little sister. — A mais velha piscou e entrou no apartamento sem nenhuma cerimônia, sem sequer tirar as botas que usava. Apesar do estilo diferente do de Seul, mais ousado e obscuro, a Kim mais nova tinha que admitir que sua irmã, aspirante a modelo, até que tinha estilo.

E naquela ocasião ela era sua última salvação.

Depois de quase uma hora de arrumação, Seul finalmente saiu de casa usando um par de saltos pretos que pareciam esmagar seus pés, uma saia também preta colada demais para os padrões mais despojados da garota e uma camisa preta meio transparente. Aquela era a roupa que fazia Seul se sentir menos ridícula dentre todas as outras opções, e ela teria que aguentar aquilo por pelo menos uma noite. Noite essa que deveria em tese ser perfeita, mas que fora um grande desastre.

Quando o futuro casal se encontrou, nenhum conseguia formular uma frase com mais de três palavras. Seul não aguentava os saltos e Jungkook não sabia se o desodorante que havia passado era suficiente já que ele estava suando ao ponto de sentir um círculo de suor se formar em sua camisa social branca. O filme que Jin escolhera para os dois foi um romance com final triste e todos saíram da sala de cinema aos prantos, exceto por Seul e Jungkook.

Depois daquilo foram ao restaurante e ambos tiveram que passar minutos trancados no banheiro: Seul para massagear os pés e certificar que a maquiagem não estava derretendo em seu rosto e Jungkook para tentar minimizar os círculos abaixo das axilas. Quando voltaram a se reunir na mesa, não sabiam bem o que conversar e sequer o que pedir. Ambos só queriam comer uma pizza enorme e gordurosa, vestidos com roupas confortáveis em um ambiente menos formal.

E a noite pareceu levar um século para ter fim. E no fim, o encontro acabou com uma despedida sem graça, sem sequer um abraço, rendendo ainda alguns calos nos pés da mais velha.

Depois do primeiro encontro desastroso e sem graça, ambos realmente acreditaram que aquilo entre eles nunca daria certo. E passou-se pelo menos duas semanas até os dois voltarem a se falar como se nada daquilo tivesse acontecido. Na cabeça de Seul, Jungkook havia finalmente percebido o quão ridícula ela era. Na cabeça de Jungkook, Seul só havia aceitado sair com ele por pena e medo de magoá-lo. Ambos resolveram deixar tudo como estava e passaram a ser os mesmos Seul e Jungkook de sempre. Pelo menos até Jungkook, em um lapso de coragem, beijar a mais velha no apartamento dela, enquanto o Exorcista passava na TV.


 

Seul tentou dormir no sofá logo após pedir comida chinesa para o almoço e terminar de assistir ao O Exorcista, porque assistir Coffee Prince já estava deprimindo-a. Tudo isso porque ela realmente tinha muita preguiça de sair de casa naquele estado e mais ainda de preparar qualquer comida que ela sabia que ficaria péssima no fim das contas. Se Jungkook estivesse ali… Mas ele não estava mais. Mesmo no hora das refeições o moreno fazia falta. E foi por isso que tentar adormecer fora uma tentativa completamente inútil.

Seul não parava de pensar nas panquecas deliciosas que o namorado preparava. Ou na sua risada meio aguda, ou no sorriso de coelho. Ela sentia falta até da mania horrível que ele tinha de ficar mordendo os lábios sem parar. Ele sempre fazia isso quando ficava ansioso ou nervoso, sempre que se sentia desconfortável.

Ele sempre fazia isso quando estava com Seul, antes de finalmente chamá-la para sair.

E ele passou a sempre fazer isso quando os dois estavam perto de Park Jimin.

“Não, não pode ser!” Pensou Seul, levantando-se em sobressalto. Ela tentou recordar todas as cenas nas quais estavam ele, Jungkook e Jimin, para conseguir encontrar qualquer detalhe que desmascarasse tudo. Porque o beijo não poderia ter acontecido do nada, e fora o próprio caçula quem beijara o vizinho, não o contrário, como Jungkook sempre fizera questão de deixar claro. Ele se importava tanto com Jimin, que sequer queria que a namorada culpasse o loiro por tudo.

Tentou puxar na memória todos os pequenos pedaços. Mas tudo o que podia lembrar era de um sorridente Jimin e seus olhinhos apertados. “Droga!” Seul sentia raiva até de si mesma por conseguir compreender os sentimentos de Jungkook. Jimin era tão irresistível e até ela o achara extremamente atraente, mesmo sendo apaixonada por Jeon.

Levantou-se, passando a caminhar pela casa como se procurasse algo. Realmente tudo o que lembrava era das simpáticas palavras de Jimin e do quão Jungkook parecia mal humorado perto do outro rapaz. Aquele era o sinal? Jungkook sentia raiva de si mesmo pelo que sentia ou tentava negar seus sentimentos enquanto fingia para si mesmo ser apaixonada pela garota? Um turbilhão de pensamentos passava pela mente de Seul e ela se sentia tão ansiosa que não conseguia mais ficar parada.

Ela precisava entender o motivo daquilo tudo ou de onde aquilo havia surgido, se sempre estivera na frente do seu nariz ou se explodira espontaneamente, de uma hora para outra. Para ela as coisas não funcionavam assim, pessoas não se apaixonavam perdidamente umas pelas outras apenas em um breve olhar. Para Seul isso era algo que só acontecia em filmes e…

Então lembrou-se de todos os dias nas quais Jungkook e Jimin sairam juntos “como amigos”. E quase como uma epifania, ela lembrou da câmera filmadora que dera para Jungkook de aniversário de namoro.

Achou que era improvável que, dentre todas as coisas que o mais novo poderia esquecer ali, uma delas seria a tão preciosa filmadora nova. Mas não custava nada procurar no quarto, porque talvez ali, quem sabe, houvesse alguma coisa, alguma prova, alguma resposta.

Correu até o quarto e procurou no guarda-roupa, onde havia ainda resquícios do namorado. Mas nada da câmera. Depois tateou por dentro de todas as gavetas do criado-mudo. Na última gaveta sentiu algo frio e tirou de lá a tão amada filmadora de Jeon Jungkook.

Ligou o objeto e começou a assistir as gravações. O rapaz sequer se dera ao trabalho de tirar o cartão de memória do dispositivo.

As primeiras gravações eram do terraço vazio ali do prédio ou de trechos da rua pouco movimentada. Havia algumas filmagens em um parque e várias outras do céu, principalmente no fim da tarde. Não havia nada de Seul ali. Nada de Taehyung. Nada de Yoongi, de Hoseok, Namjoon ou Seokjin. Sequer Jungkook aparecia em qualquer uma das cenas. Pelo menos não seu rosto ou qualquer parte do seu corpo.

Todas as imagens que se seguiram era de Park Jimin.

Jimin rindo. Sorrindo timidamente. Comendo. Dançando. Ficando sem graça. Brincando. Caminhando. Caminhando, olhando para trás e percebendo Jungkook o filmando e rindo baixinho. Depois sorrindo e escondendo a face com suas mãos fofas.

Aquela era a resposta que Seul precisava. Aquela câmera, que era quase como os segundo par de olhos de Jungkook, só conseguia enxergar Park Jimin.

 


Notas Finais


Sim, eu atrasei mais uma vez. A minha rotina de escrita tá bem desorganizada, então pode ser que eu não poste certinho toda semana (mas é certeza eu postar, não terá hiato por um bom tempo). Então pode ser que eu poste toda semana, pode ser que eu poste duas vezes por semana (se um milagre acontecer) ou pode ser que eu poste semana sim, semana não. E não vou mais definir um dia para postar, pq eu nunca sigo seguir isso KKKKKK.

Enfim, até o próximo.
^^


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