História Sorte minha - Uma palavra muito forte

Natsu e eu estávamos sentados na mesa, esperando pelo resto do pessoal. Ficamos mais próximos depois de termos admitido estar apaixonados, tanto que ele segurou minha mão pelo caminho todo. Nossos dedos estão entrelaçados até agora em baixo da mesa. Seu nariz roçava devagar no meu pescoço, me causando arrepios e cosquinha, junto com leves beijos. Aquilo já estava sendo bem arriscado, pois a possibilidade de nos pegarem lá era grande, mas eu não agüentei tentação de beijá-lo. Virei meu rosto e juntei nossas bocas de maneira tão carinhosa como ele me fazia carinho agora a pouco. Terminamos com selinho, e deixamos nossas testas e narizes juntos poucos segundos antes de Gray nos interromper tossindo.

-Eu sei que vocês estão juntos e tal, e eu juro que respeito totalmente isso. Você é muito legal Lucy, desculpa pelo que eu disse antes. –Acenei com a cabeça como um “sim” – Mas... Será que vocês não podem deixar a pegação pra casa? A Lisanna é como uma irmã pra mim...

-Por mim tudo bem. –Respondi prontamente.

-Então já volto, vou chamar eles que foram na lojinha ali do lado. –Disse saindo.

-Lucy? –Chamou o rosado. Virei-me pra ele. –Me dá um último beijo?

-Acabamos de nos beijar. –Respondi sorrindo.

-Eu quero de novo. –Ele sorriu maroto enquanto puxava meus lábios novamente. Sorri durante o beijo enquanto ele se movia de maneira lenta e gostosa, me deixando totalmente entregue. –Não, volta aqui... –Resmungou quando eu me separei dele.

-Fazemos isso em casa. Eles vêm vindo. –Expliquei pra ele olhando a entrada, aonde vinham Erza, Gajeel, Lisanna, Gray, e pra minha surpresa e alegria, Juvia e Levy.  Sorri abertamente pra duas, que retribuíram da mesma maneira.

-Boa noite, querida. –Levy me abraçou, seguida de Juvia, Erza e por fim Lisanna. A albina estava relutante em me abraçar, mas acabou retribuindo.

-Que bom que tem mesas! Eu me esqueci de fazer a reserva! –Anunciou Gajeel sentando-se à mesa com a gente.

O jantar ocorreu bem, graças a Levy e a Juvia, que quebraram um pouco do gelo. Gajeel ainda me olhava torto, e Lisanna se pronunciava algumas vezes, ficando dando risada das besteiras que dizíamos. Gray, Erza, eu, Natsu e as azuladas eram os que interagiam na mesa. Inclusive, minha mão e a de Natsu continuavam juntas discretamente em baixo da mesa.

Depois que os nossos pedidos chegaram, eu fui ao banheiro antes de começar a comer. Depois dele, fui beber água, e enquanto estava no bebedouro senti alguém me abraçando por trás e dando um beijo no meu pescoço.

-Eu queria tanto te dar um beijo naquela mesa... –Disse em meios aos selinhos que me dava.

-Ah, Natsu... –Suspirei sorrindo. –Promete que vai estar dengoso assim quando chegarmos em casa?

-Vou te encher de beijos no sofá. –Respondeu me dando um selinho na boca. O rosado seguiu para o banheiro, e eu fui muito burra de ter voltado pra mesa. Estava óbvio que eu tinha me encontrando com ele, pelo sorriso bobo e o rosto ruborizado.

-Que linda sua jaqueta, Lucy. –Começou Lisanna fingindo não ter reparado em mim. –Natsu tem uma igualzinha. –Assenti com um sorriso, fingindo não saber de jaqueta nenhuma, e foi quando Juvia entrou no meio:

-Nunca te vi com essa jaqueta. É nova? Saiba que comprou o tamanho errado, essa ai é masculina. –Ô bichinha linguaruda. Olhei pra ela de olhos arregalados apontando disfarçadamente pra Lisanna, que já tinha percebido que a jaqueta era do Natsu. Juvia arregalou os olhos, e colocou a mão na boca ao se tocar do que havia dito. Gajeel ainda me olhava irritado, e Levy, Gray e Erza parados pelo clima tenso. Lisanna deu um sorriso, e disse devagar:

-Eu vou ao banheiro, só um minuto. –E levantou.

-Tudo por causa dessa jaqueta velha? –Sussurrou Juvia.

-Ela tem ficado magoada com pequenas coisas... –começou a explicar Erza- Ela disse que tem algumas coisas que o Natsu faz com a Lucy que não fazia com ela. Acho que isso mesmo, ela nunca deve ter usado uma roupa dele.

Isso deve ser verdade. Natsu já confirmou não ter feito muitas coisas de casais normais com a Lisanna.

-Faz parte do término... Ainda que Natsu arranjou uma nova namorada recentemente, vai demorar pra ele se acostumar. –Completou Levy.

NARRADORA ON

Enquanto voltava do banheiro, Natsu acaba tombando com Lisanna que passava por ele em passos firmes.

-Lis? Tudo bem? –Pergunta olhando a expressão preocupada da albina. Sem agüentar mais se segurar, a mesma explode e desabafa:

-Não, não está. Eu sei que você está feliz com a Lucy. Eu posso aceitar isso. O que eu não suporto é ver como você a trata de um jeito diferente de mim! Você á olha mais, beija com mais paixão, segura as mãos dela... Quando cheguei pra me desculpar com você, naquele dia, na sua casa, encontrei vocês dois se beijando na cozinha. Eu fiquei desolada, Natsu. Você a beijava ali, no meio da casa, com tanto... tanto... –Repetia procurando a palavra que melhor se encaixasse na frase.

-Carinho?

-Não. Acho que era... Desejo. Você nunca sentiu desejo por mim.

-Claro que eu já...

-Não tanto quanto você sente por ela agora. –Interrompeu o rosado. – Por quê? O que te atraí mais nela do que em mim? Temos o mesmo corpo praticamente.

-Não acho que isso está relacionado ao corpo. Eu me encanto pela Lucy por ela ser tão cheia de vida, alegre, esperta e com atitude. Se não fosse por ela, eu estaria passando as férias na Grécia com você e meu pai.

-E isso não é bom? Eu sou cheia de vida de também Natsu! Sou alegre, esperta... Se não sou, posso tentar ser!

-Não, não quero que você tente ser alguém que não é. Eu quero a Lucy. Exclusivamente ela.

-Você a ama? –Perguntou num sussurro.

-Não sei... É uma palavra muito forte.

-E como sabe que não ama mais a mim?

-Como? Isso eu não sei. Mas eu sei que não te amo mais. Não é culpa da Lucy, ela só me ajudou a abrir os olhos. E também não é como se você não fosse o suficiente pra mim, eu simplesmente deixei te amar.

-Eu não acredito. Não importa o quanto você diga, eu ainda sinto que você me ama... –Disse se aproximando do rosado devagar.

-Lisanna... –Advertiu ele dando passos pra trás até tombar com a parede.

-Só um beijo Natsu. Um beijo, e se você disser que não sentiu nada, eu vou te deixar em paz.

-Não posso. A Lucy está ali perto...

-Ela não vai nos ver daqui... –Lisanna já estava bem próxima do rosado, que suava frio preocupado. A albina se permitiu aproximar mais, e colocar seus lábios nos dele devagar.

Um selinho, um leve encostar de lábios, onde ela levou suas mãos timidamente ao rosto dele e ele não se moveu, nem ao menos fechou os olhos.

-Eu sabia que vocês iam se acertar. –Interrompeu Gajeel. Natsu se afastou de Lisanna assustado, mas viu que era tarde demais ao ver a grande quantidade de gente que os encarava na entrada do corredor.

Gajeel sorria, assim como Gray e Erza. Já Levy o encarava irritada enquanto Juvia apoiava as mãos no ombro da amiga, a qual o encarava surpresa.

Lucy não sabia o que pensar daquilo. Ela não estava entendo mais nada. Ele disse que estava apaixonado, e agora estava lá beijando outra... E não era a primeira vez que Natsu a magoava com a Lisanna.

Assustada, a loira foi guiada pela amiga até a saída do restaurante, e Natsu seguiu-as.

-Lucy... Me deixa explicar...

-Agora não, Natsu. Talvez amanhã, acho melhor ela ir dormir hoje. –Explicou Juvia pacientemente para ele. Lucy fazia caras e bocas amargurada, e não recusou a ideia da azulada.

-Podem ir com o carro, eu posso chamar um táxi. –Respondeu ele, entendendo completamente a atitude da namorada.

Levy, Juvia e Lucy entraram no carro e deram partida sem hesitar, com a menor no volante.

-Quer ficar no hotel com a gente? –Perguntou a albina inocentemente, como se tudo estivesse as mil maravilhas.

Atrás dela, Erza já não sorria mais ao perceber o que tinha acontecido, assim como Gray. Mas o cabeça oca do Gajeel ainda mantinha a ideia de que Lisanna e Natsu ainda continuariam juntos.

-Eu prefiro ir pra casa mesmo... –Disse sinalizando para um táxi que parou em sua frente. –Tchau, gente... –Disse num tom de ressentimento entrando no carro. Erza acenou com a cabeça, e depois que Natsu saiu perguntou:

-Porque vocês se beijaram?

-Porque nos amamos. Ou eu amo ele. Mas eu acho que ele ainda sente algo pro mim... Ele não me empurrou quando eu avancei.  –Respondeu Lisanna sorrindo boba.

-Tome cuidado, talvez ele não sinta mais nada além de amizade... Ele gosta bastante da Lucy.

-Sim, Gray, mas ele a conheceu agora, e eu ele namora desde os quinze anos. Acha que não tem nenhuma possibilidade dele voltar pra mim? –Respondeu ela. O moreno deu de ombros, confirmando que Natsu poderia ainda a amar. Convencida, a albina sorriu novamente, e apenas Erza permanecia com o semblante preocupado. Diferente de todos ali, ela não sabia apenas dos sentimentos de Natsu, mas também os de Lucy, e sabia que ela gostava muito dele. Nunca que fosse admitir na frente da albina, mas pra ela, Natsu e Lucy é quem deveriam ficar juntos.

LUCY ON

Deitada na minha cama, encarava o teto entediada. Fazia uma hora que eu tinha chegado do jantar, e avisei as meninas que eu queria ficar sozinha. Não sabia se Natsu estava em casa, mas caso estivesse, estava respeitando totalmente o meu espaço e não tinha vindo até aqui. Sinceramente, eu não acreditava que ele tinha me traído. Isso me deixava surpresa. Porque eu não pensava isso? Ele poderia ser muito bem um babaca rico que só queria brincar com a minha cara, e nós nos conhecíamos há dois meses. Não parecia o tempo certo pra ter tanta confiança nele. De qualquer jeito, eu tinha que ser madura, e resolvi que ele merecia uma chance para se explicar.

Sai da minha cama, coberta por uma blusa do rosado que ele amava, mas ficava muito confortável em mim. Dirigi-me ao quarto dele, e entrei. Natsu me encarou na mesma hora. Ele estava sentado na cama, passando as mãos no cabelo.

-Quer conversar? –Ele pulou pro lado em resposta e pediu pra eu sentar ao seu lado, e foi o que eu fiz. -Essa conversa vai ser bem longa, ok?

-Tenho todo tempo do mundo pra você.