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História Sorteados em 1971 - Impulsos e desejos


Escrita por: LadyMary1994

Notas do Autor


Neste capítulo, alguns personagens experimentarão sensações novas, que podem ser agradáveis, prazerosas ou mesmo muito ruins, angustiantes. E o modo como eles reagem pode impactar as vidas deles e de seus amigos para sempre.

Capítulo 21 - Impulsos e desejos


Apesar de ter sido duramente castigado por seus pais e ter ficado quase um mês inteiro trancado em seu quarto, Sirius ainda conseguiu ter algumas horas de prazer em suas férias.

Isto não se deu necessariamente por sua visita ao Beco Diagonal, pois ele fora com os pais e o irmão, e estes ficaram em sua cola o tempo inteiro. O melhor aconteceu na volta.

Walburga e Regulus usaram a Rede de Flu para voltarem para casa, todavia, Orion deteve o primogênito.

- O que houve, pai?

- Você já está com catorze anos, não, filho?

- É, pai... Completei em novembro do ano passado...

Orion deu risada.

- É, como eu imaginei... Não sei se você já deu uma olhada na tapeçaria da nossa família, mas muitos de nossos antepassados tiveram filhos com mais ou menos a sua idade.

Sirius nunca tinha parado para prestar atenção. Ele não ligava praquelas coisas, e seus pais sabiam muito bem disso.

- Pois é... Seu avô Pollux, mesmo. Ele teve a sua mãe quando tinha treze. A sua avó Irma era um pouco mais velha, teve dificuldades em gerar um filho homem, mas ao menos cumpriu a sua obrigação antes de morrer – Sirius se lembrou de ter visitado o túmulo de sua avó Irma e de dois detalhes importantes que o pai omitira: Irma era uns quinze anos mais velha do que seu avô Pollux e ela morrera no parto de seu tio Cygnus – E seu tio Cygnus também foi pai da sua prima Bella com a mesma idade, treze anos.

- O que o senhor quer dizer com isso, pai? Não vai me casar agora, não é?

Orion riu novamente, ignorando a expressão preocupada de Sirius.

- Não, não... Também não é para tanto. Eu acho importante que você termine a escola, e também... – Orion jogou seus longos cabelos grisalhos para trás, para poder se aproximar mais do filho e dizer em voz baixa – Cá entre nós, acho que o homem tem direito de curtir bastante antes de se amarrar a uma mulher só, não concorda? – Sirius concordou com a cabeça – Eu não sei se você é desses, mas se tiver saído a mim ou aos outros homens da família, tenho certeza de que nem com o casamento você vai sossegar. Eu mesmo, tenho várias amantes. E não admito que um filho meu seja mole com as garotas.

Sirius nem desconfiava que seu pai traía a sua mãe, mas ficou na dele, afinal, a mãe era tão controladora, repulsiva... Ele, no lugar do pai, seria capaz de pedir o divórcio antes da lua de mel.

- E eu vou te apresentar a algumas delas – Orion conduziu o filho por dentro da Travessa do Tranco. Sirius nunca tinha estado lá antes, e se impressionou com o aspecto sujo e abandonado do lugar, embora o movimento fosse elevado. Lá havia tudo o que se pudesse imaginar no que se refere às Artes das Trevas, e por aquelas ruas, passavam bruxos de todos os tipos: de indivíduos tão estranhos e desprezíveis quanto Severus Snape e seus amigos da gangue sonserina a gente distinta com gestos cavalheirescos, como os Malfoys. Inclusive, Sirius e seu pai esbarraram em Abraxas Malfoy, o pai de Lucius, e os dois senhores trocaram acenos com a cabeça. Quando o Sr. Malfoy se afastou, Orion cochichou ao filho:

- Esse é outro que adora pular a cerca, mas por algum motivo estranho, prefere os mocinhos – o jeito maldoso de Orion em falar de Abraxas fez Sirius rir, muito porque o garoto detestava seu filho Lucius – fique bem longe dele, hein, Sirius?

- Pode deixar, pai.

Eles pararam quase ao final da travessa, em um casarão abandonado com cortinas vermelhas e um letreiro luminoso que dizia “Maison Madame Sophie – restaurante e casa de massagem, desde 1483”.

- Chegamos ao nosso parque de diversões, filho!

Uma mulher alta, corpulenta, de peruca ruiva e maquiagem forte, que só vestia um longo sobretudo vermelho que destacava bem o seu colo e suas pernas recebeu os dois, dando mais atenção a Orion.

- Que bom vê-lo novamente, Sr. Black! Quer que preparem seu quartinho especial?

- Sim, um para mim e outro para o meu garotão, Sirius.

A mulher voltou seus olhos para a direção de Sirius e quase se assustou com o que viu:

- Ah, não acredito! Este é o seu filhinho?

- Sim, e está um rapagão! É o meu mais velho. Catorze anos, mas aparenta ter dezoito!

- Adoro rapagões! – disse a mulher, bagunçando os longos cabelos de Sirius – Vamos, senhores?

Sirius ficou impressionado ao conhecer a Maison Madame Sophie por dentro: havia mulheres de todos os tipos: altas, baixas, gordas, magras, das mais variadas origens étnicas e idades. Ele até mesmo se deparou com algumas elfas e duendes fêmeas transitando por ali, com a mesma naturalidade das humanas. Os homens dali estavam quase todos sentados, assistindo a um show de uma cantora da própria casa, cuja performance gerava gritos e vaias dos clientes. Os que estavam em pé eram os que iam junto com as mulheres na direção de um dos quartos, e não demorou para chegar a vez de Orion e Sirius.

- Você vai com essa aí, filhão, ela vai te guiar até seu quarto – disse Orion, que se afastava junto com três mulheres. As três eram indiscutivelmente mais jovens e mais bonitas do que sua mãe e estavam sorridentes, Sirius não tinha certeza se era porque elas estavam felizes em receber um cliente importante como seu pai ou se era porque estavam embriagadas.

- Mocinho? – disse uma voz quente e suave logo atrás dele. Sirius se virou e notou que a mulher que seu pai arranjara para ele era mais alta, tão maquiada quanto as outras, e não aparentava ser muito mais velha do que ele.

- Pois não?

- Venha comigo – e Sirius teve um dos momentos mais felizes de sua vida.

Ele já tinha se encontrado com garotas, mas nunca havia passado de beijos e abraços. Até aquele dia. O ato em si foi rápido, mas para Sirius, foi inesquecível.

Quando Orion foi buscar Sirius, ficou contente ao ver a expressão de êxtase do filho.

- Gostou, não foi?

- Pai... – murmurou ele – Por que o senhor não é sempre assim?

- Assim como, filho?

- Assim, legal... Me levando pra fazer coisas legais...

- Eu poderia ser assim mais vezes, se você fosse mais obediente, como o seu irmão.

Sirius fechou o semblante. Ele sabia que o pai usaria aquilo para manipulá-lo. Mas não precisaria dele para fazer sucesso com as garotas, ele já era bastante paquerado em Hogwarts.

- Melhor a gente voltar pra casa, não acha? A mãe deve estar preocupada com o senhor...

- Eu disse a ela que ia demorar, que tinha que resolver um assunto importante – e então, Sirius percebeu que em todas as vezes que o pai saiu de casa usando esse mesmo pretexto, era porque ele estava ali, na Maison Madame Sophie, se divertindo com as prostitutas do lugar. Mas novamente ele optou por ficar calado e relembrar os bons momentos que passou com Giselle, sua primeira mulher.

Enquanto isso, em Cokeworth, Lily ficou chateada em ver que Severus não a procurara mais.

- Deixa ele pra lá, estamos muito melhores sem ele! – disse Marlene, sem esconder o alívio.

- É, na escola vocês conversam melhor – atalhou Hestia.

- Eu, sendo você, Lily, nem falaria mais com ele. Aquele Severus foi muito ingrato conosco, só quisemos ajudá-lo e ele ficou afastando a gente – comentou Stefan, deixando Lily mais chateada.

- Ih, mano... Se vai embarcar nessa, é bom se preparar, pois Lily Teimosa Evans não suporta que falem um A de seu querido, amado, precioso Severus Snape...

- Para com isso, Lene! – rosnou a ruiva, quase chorando. Ainda mais envergonhada ao ver que os amigos tinham reparado, Lily enxugou as lágrimas e se afastou, em direção ao banheiro.

- Você também, hein, Lene? – ralhou Hestia – Às vezes é tão cruel!

- Eu só disse a verdade! – os olhares feios de Stefan e Hestia na direção da loira indicavam que ela tinha agido mal, por isso ela mudou a abordagem – Tá, vou falar com ela. Vou me desculpar por dizer o óbvio.

Marlene caminhou na direção do banheiro se recordando de como os últimos dias tinham sido incríveis. Ela e Lily estavam cada vez mais próximas, e a McKinnon dormiu na cama junto com Lily mais vezes do que Hestia, que preferia dormir sozinha no colchão. A primeira noite foi um pouco apertada.

- Vou logo avisando, Lene: essa aí não para quieta nem quando dorme! – brincou Hestia, que em troca recebeu uma travesseirada da anfitriã.

Mas Marlene não se importava com isso. Ao menos, não durante os primeiros 30 minutos de sono, que foram interrompidos após a McKinnon ser derrubada da cama.

- Ai, Lene, desculpa!

- Não tem problema... – murmurou ela, enquanto tentava se levantar do chão.

- Eu sinceramente não sei o que me dá! Acho que é porque eu sempre dormi sozinha, não tenho o costume...

- Tá tudo bem – disse a loira, se esforçando ao máximo para não acordar Hestia, pra evitar que a morena visse aquela cena e curtisse com a cara das duas – Eu acho que posso dar um jeito nisso.

Ao voltar para a cama, Marlene colocou sua ideia maluca em prática: ela abraçou Lily, segurando seus braços com força.

- Nossa... Precisava ser tão drástica, Lene?

- Ou isso ou vou acabar no jardim antes do amanhecer – as duas deram risada.

Lily e Marlene ficaram alguns minutos em silêncio. A loira não tinha segundas intenções ao sugerir o abraço, mas o contato físico foi ficando cada vez mais longo e o constrangimento foi tomando conta dela.

- Se estiver incomodando...

- Não, Lene, sabe que eu até gostei? – Marlene corou ao ouvir aquilo de Lily – É, até que é gostoso dormir assim, abraçadinha.

E assim aconteceu em praticamente todas as noites em que Marlene esteve na residência dos Evans. Teria sido tudo perfeito para a loira, se não fosse por Severus.

Agora, ela estava diante da porta do quarto da ruiva, que estava muito bem trancada. De lá se podia ouvir uma das músicas dos Beatles em volume alto o suficiente para abafar os sons de choro da menina.

- Vamos, Lily, abre a porta!

Lily não abriu. Em vez dela, quem falou com a McKinnon foi Petunia, sua irmã.

- Quando é que vocês vão embora, hein?

Marlene se esforçou para conter a sua raiva e ignorar a provocação de Petunia, que não fizera questão alguma de ser gentil nem com ela, nem com seu irmão Stefan ou Hestia durante todos os dias em que eles estiveram em sua casa.

Ela resolveu se voltar para a porta do quarto de Lily, e apelou para a magia, em mais uma tentativa de entrar nos aposentos da anfitriã. Petunia ainda estava por ali, e não resistiu ao fazer mais uma gracinha:

- Não está funcionando, não é? O seu grande poder...

A piada em si não incomodou tanto Marlene, o que a fez perder as estribeiras foi o olhar maldoso que Petunia lhe dirigira. Aquele olhar lhe fizera lembrar de pessoas como Avery, Mulciber e Severus Snape, de pessoas que eram cruéis com os outros por puro prazer.

- Levicorpus!

O guincho de horror de Petunia fez com que Lily resolvesse abrir a porta.

- Lene...

- Ela me provocou! Sua irmã é má!

Lily revirou os olhos. Ela sabia disso melhor do que ninguém, mas achava que não valia a pena brigar com sua irmã mais velha por isso.

- Desmanche – respondeu a caçula dos Evans, com rispidez.

Marlene deu um longo suspiro e lentamente, sacou a varinha e desmanchou a azaração, sem se importar se Petunia se machucaria ao despencar rapidamente até o solo.

Lily olhou feio para a amiga, mas esta não estava muito disposta a dar trégua à Petunia.

- Você sabe que ela mereceu...

Ela até ia responder, mas as ameaças de Petunia desviaram o foco:

- Isso não vai ficar assim! Vou contar tudo aos nossos pais, Lily! Você vai ver se eles vão deixar seus amigos esquisitos voltarem aqui outra vez!

- Não se preocupe, ela não vai conseguir – disse Lily, se voltando para a amiga.

Marlene entrou no quarto e reparou que o disco já havia terminado. A cama estava desarrumada e o travesseiro tinha algumas manchas, e a McKinnon deduziu que Lily tinha se deitado ali e chorado por uns vinte minutos.

A ruiva se voltou para a sua vitrola e virou o lado do disco, posicionando a agulha pra que ele voltasse a tocar as canções dos Beatles que ela tanto gostava.

- Som diferente o dessa banda trouxa, não é? – indagou Marlene, tentando puxar assunto.

- É, o rock ‘n’ roll... Eu gosto bastante. Me contagia, me diverte... É mágico!

Marlene foi em direção à vitrola, para ver o nome da banda que Lily gostava tanto, mas ficou um tanto confusa.

- O que exatamente é um Beatle?

Lily deu risada.

- Ninguém sabe. Pra mim é uma palavra inventada, pra mostrar que é uma banda única que faz um som que ninguém consegue copiar.

- Esses rapazes da banda são tão parecidos entre si... – comentou Marlene, que agora olhava com bastante atenção para os membros que apareciam na capa do álbum – Parecem até uma mesma pessoa.

- É, mas é só por causa do penteado – explicou Lily – Isso foi mais no começo deles, agora eles estão bem diferentes, olhe – Lily tirou da gaveta uma revista mais recente, que tinha uma matéria contando sobre o fim dos Beatles, e Marlene se impressionou ao ver o quão cabeludos e barbudos eles estavam. Lily também contou mais sobre algumas histórias da banda, dando ênfase na separação conturbada do grupo e na paixão arrebatadora que John Lennon, seu favorito, desenvolveu por Yoko Ono.

- Por um lado foi chato, porque eu não queria que os Beatles acabassem. Mas por outro... Eles parecem se amar de verdade, e não seria justo que o John não pudesse viver seu grande amor.

- É, eu também acho... – Marlene agora olhava a foto de John Lennon no disco com mais atenção. Ele lhe lembrava algum conhecido, mas a garota não conseguia dizer quem era.

- Você também teria coragem, Lene?

- De quê?

- De largar tudo por um grande amor?

Marlene titubeou na resposta. Ela queria ser uma auror lendária, como seus pais, tios e avós. E estava disposta a arcar com o preço de tudo isso: constantes mudanças de residência, por conta de perseguições de bruxos das trevas, ameaças, desconfianças e até mesmo uma morte precoce e extremamente violenta. Foi o que acontecera com a maior parte dos McKinnons, ao longo dos séculos, e isto reduzira a família ao grupo que compreende os pais, Marlene e seus irmãos, um tio chamado Achilles e uma tia-avó chamada Fulvia.

No entanto, se Lily pedisse... Marlene achava que era impossível, que a Evans só a via como amiga e que seu coração pertencia a Severus Snape, mas se houvesse uma possibilidade de Lily gostar dela, quem sabe...

- Talvez. Dependendo de quem seria esse amor...

A resposta surpreendeu Lily, que levou na brincadeira.

- Hum... E a senhorita já tem um amor em vista?

Marlene não conseguiu controlar a vermelhidão crescente em seu rosto.

- Uh, Marlene McKinnon! Você tá gostando de alguém?

A loira se sentiu completamente acuada. Ela não sabia o que responder, sua boca só sabia dizer o nome de Lily e a entrada repentina de Stefan e Hestia só complicou ainda mais a sua situação.

- Eu ouvi direito? – indagou Stefan, sem conter o riso – Minha irmãzinha tá apaixonada?

- É o que tá parecendo! – respondeu Lily, rindo também – Mas ela não quer me dizer o nome de seu grande amor...

- Ai, Lene, conta! Não vamos rir de você, somos suas amigas! – implorou Hestia.

- Quer que eu saia, mana? – Stefan fez menção de sair do quarto, e Lily o incentivou:

- Acho melhor, Stef, você é um garoto e deve estar deixando a Lene tímida...

- CHEGA!!! – gritou Marlene, assustando os outros.

Para o alívio de Marlene, Dorothy, a mãe de Lily apareceu, tentando saber o que tinha acontecido entre os amigos da filha caçula e Petunia. Lily explicou que Petunia provocara Marlene anteriormente, a McKinnon se desculpou e a Sra. Evans foi dar uma bronca na sua filha mais velha.

- Tunia tem que aprender a respeitar as pessoas... PETUNIA!!!

Assim que Dorothy deixou o quarto de Lily, Stefan decidiu fazer o mesmo.

- Preciso ir ao banheiro... – antes de sair, ele piscou o olho na direção das garotas.

Então, Lily e Hestia aproveitaram para retomar o assunto que as deixava tão curiosas.

- Pronto, Lene! Seu irmão já foi. Agora conta pra gente: quem é o garoto de quem você tá gostando?

Marlene não sabia o que responder. No fundo, ela torcia para que Stefan retornasse ou acontecesse alguma outra coisa que desviasse o foco novamente, e assim ela não precisasse falar mais no assunto. Mas aquele não era o seu dia de sorte. A loira não sabia o que responder, a sua mente estava tomada pelos gritos dos Beatles e ela só conseguia enxergar John Lennon por toda a parte. Sem saber exatamente como ou porquê, Marlene deixou escapar um nome que as outras conheciam muito bem:

- James Potter!


Notas Finais


Quantas coisas nesse capítulo, não?
Sirius teve a sua primeira vez... Como será que Remus vai reagir? E James?
E Marlene? O que foi aquilo que rolou no final desse capítulo?
De onde ela tirou o nome de James? Até porque, todos os que acompanham essa história estão cansados de saber que quem ela ama mesmo é Lily, não ele.
Falando nela... Logo agora que a nossa Evans favorita e Marlene estavam se entendendo, a McKinnon dá uma dessas?
Vocês acham que Lily vai ficar chateada ou muito chateada?
Até a próxima!


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