1. Spirit Fanfics >
  2. Sorte&Azar — Paralelos >
  3. Disposição.

História Sorte&Azar — Paralelos - Disposição.


Escrita por: teledramatica

Notas do Autor


para quem tinha dúvidas, Bernardo (Luiz Felipe Mello) e Sofia (Giulia Gayoso).

lindezas, muito obrigada pelos comentários e pelo apoio a minha escrita, vocês são mara! 🤍

🎧 música do cap: o que eu também não entendo - jota quest

⚠️ pelo menos na minha visão, sem gatilhos por hoje, quer dizer, só se for de excesso de amor :)

Capítulo 10 - Disposição.


Fanfic / Fanfiction Sorte&Azar — Paralelos - Disposição.

A empresária havia acabado de terminar a ligação com seu marido, quando viu a notificação de uma mensagem da sua filha. Parecia ser importante, pois ela mandou várias em seguidas.



A mulher sabia que a menina adorava lhe perturbar mandando várias mensagens, ao invés de resumir tudo em apenas uma. Então, ela continuou a almoçar tranquilamente e por pirraça, não respondeu logo a filha. 



Após concluir sua refeição e degustar da sobremesa, ela pegou seu celular calmamente e por fim, leu as mensagens.



"Mãeeeee!


Ana Júliaaaa!


Me responde!"


Alice deu uma pequena pausa e logo mandou mais.


"Mãe, é sério. 


Por que você me ignora? Se eu fizer isso com a senhora, você me deserda né?"



Fez drama.



"Tudo bem, dona Ana Júlia, mesmo você me ignorando, vou te contar a boa nova.


Eu e o Heitor chegamos em Portugal em dois dias e depois, vamos para o Brasil.


Nessa missão não existe a resposta não, Fabinho vai casar e nós temos que acompanhar tudo. 


Beijocas, dona Ana Júlia!"



A mais velha pareceu não acreditar no que leu, mas a filha estava falando realmente sério.



WhatsApp on



Júlia B. - Primeiramente, Ana Júlia é seu ******, asterisco, pois sou educada. Meu nome é só Júlia. Segundamente, por que vocês vem por aqui? 



Os filhos moravam em Amsterdã.



Alice B. - Na certidão está Ana Júlia. Nossa, mãe! Por que você odeia a gente?



A empresária riu e tornou a digitar.



Júlia B. - Odeio esse nome por causa daquela maldita música dos Los Hermanos. Enfim, eu amo vocês mas não estou afim de ir para o Brasil agora.


Alice B. - Papai falou que vocês voltaram a conversar, fiquei mega feliz! Não é querendo forçar a barra, mas reatem logo pelo amor de Deus, ninguém aguenta mais.


Júlia B. - Ninguém: você e seu irmão. 


Eu e seu pai estamos indo com calma. Está sendo bom para nós dois esses diálogos, as ligações, as mensagens...


Alice B. - Você não sente falta dele, mãe?


Júlia B. - Obviamente.


Alice B. - Ótimo! Então, você vai dar uma pausa no seu ano sabático e vai para o Brasil com a gente. Te amo, coisa mais linda do mundo. Mais tarde te mando o horário do voo. Pode esperar a gente com plaquinha, viu? 


Júlia B. - Deus! Se existe uma raça mais teimosa que os Bocaiúva, eu desconheço. 


Alice B. - Se cuida! 


WhatsApp off.



A mais velha foi até o sofá e se deitou no mesmo, jogando o celular entre as almofadas. Os meses sozinha estavam sendo ótimos para o seu autoconhecimento, ela sentia saudades do marido, mas não queria voltar para o Brasil e ter que enfrentar os diálogos mal resolvidos.



Mas a verdade é que alguma hora isso iria acontecer. Ela precisava enfrentar sua crise conjugal e vencê-la. Aparentemente, Alfredo estava totalmente aberto a recomeçar, então, agora era só tentar.



No Brasil, algumas horas já haviam se passado. Germano e Lili já estavam prontos e de saída para o hospital onde o patriarca dos Bocaiúva estava internado. Ao chegarem no recinto, eles preencheram a ficha de visitantes, pegaram as pulseiras e seguiram para o quarto onde o homem estava.



— Olá! - a empresária foi a primeira a entrar.



— Boa tarde! - Germano falou logo atrás dela.



— Olha só quem resolveu aparecer. - Ernesto falou ao olhar para os dois. — Até que enfim!



— Quanto drama, pai. - Lili encrencou e sentou ao lado dele na cama. — Foram só alguns dias e nossa! Eu te liguei em todos. 



— Não fez mais que sua obrigação. - fez birra.



— Que drama é esse, sogrão? - Germano zoou ao olhar para o mais velho.



— Você está carente, né? - a loira questionou rindo e encheu o pai de beijos.



— Para, Lili. - falou agoniado.



— Ai, tá vendo? Já melhorou! 



— Ele estava para ir lá na tua casa de maca e tudo. - Alfredo falou ao sair do banheiro. — É um apego que eu vou te contar, viu.



— Isso é ciúmes da sua irmã, cara? - Germano questionou rindo ao olhar para o cunhado.



— Não. - negou e deu de ombros.



— É óbvio que é! - Lili o olhou. — Mas tem amor para você também, não precisa chorar. - debochou e deu uma piscadela.



— Vai se catar! - deu língua para a irmã.  — Vamos deixar eles dois se curtirem aí, vamos comigo lá na praça de alimentação. - tocou o ombro do cunhado.



— Vamos, né. - assentiu já que não tinha alternativa.



A dupla saiu para o andar de baixo, enquanto Lili e Ernesto continuaram conversando amenidades a sós.



— E aí, cara, me conta como estão as coisas. - Alfredo falou assim que eles adentraram o elevador.



— Tanta coisa aconteceu nesses dias que eu nem sei por onde começar. - suspirou e se olhou no espelho.



— Por que você tirou a barba? - como eles eram amigos, muito antes do moreno se casar com Lili, eles sabiam muito um da vida do outro, assim como havia muita confiança entre eles. 



— Autopunição. - o olhou. — Desde que Lili voltou para casa eu estou dormindo no quarto de hóspedes e eu sei que ela não está bem com isso, mas foi a melhor atitude no momento. Ontem, passei pelo nosso quarto e vi ela chorando com a foto do nosso casamento em mãos. Aquilo me quebrou por inteiro. - confessou.



— Você pretende continuar com o divórcio? 



— Sinceramente, não, mas tudo depende das próximas fases.



— Como assim? - saíram do elevador e foram caminhando lado a lado.



— Se eu ver que ela está realmente focada no tratamento dela e tentando controlar as síndromes aos quais ela foi diagnosticada, eu não sigo com o divórcio, mas se eu tiver que lidar com a Lili que troca tudo por trabalho novamente, eu desisto. 



— Eu acho que o pedido de divórcio mudou muita coisa dentro dela. - comentou e ao chegarem em uma cafeteria que havia no hospital, se sentaram a mesa. — Não tive tempo de conversar com ela, mas é perceptível que ela está... não sei explicar, mas parece estar mais atenta, sabe? Em alerta, eu diria. - passou a olhar o cardápio.



— Ela está tentando. Eu vejo isso. - chamou o garçom. — Se eu fosse pela emoção, nesses dias inicias do tratamento dela eu já teria voltado nosso casamento ao normal, mas preciso agir pela razão. Preciso de certeza. Qualquer um consegue fingir uma mudança por alguns dias, ás vezes, até por meses. - olhou para o cunhado. — Não me entenda errado, não estou dizendo que não confio na Lili, mas preciso me sentir seguro para voltar a nossa relação. Eu não casei com ela só por sexo.



O garçom se aproximou e eles fizeram os pedidos. O jovem logo saiu e os dois voltaram a conversar.



— Eu te entendo, cara. - suspirou. — E como te entendo. Eu sentia isso a cada discussão que eu tinha com a Júlia. Não foi para aquele caos que eu casei com ela. Eu casei para fazê-la feliz, mas eu só a via com raiva, com tristeza e estresse. Algo estava muito errado. No nosso caso, o afastamento foi uma boa para ela, mas para mim, foi péssimo. Todos os dias eu acordava com a sensação de perca, com o medo de que ela não voltasse mais. - confessou. — Foi horrível e para ser sincero, admiro a tua força de continuar em casa, cuidando dela, mesmo depois de tudo. Só o amor faz isso.



— Eu amo muito a sua irmã, só estou cansado de tudo. Me sinto sem forças. - passou a mão no cabelo. — Hoje fui na psicóloga. Parece que eu tinha esquecido o quanto é bom dividir o fardo emocional, a gente consegue até respirar melhor.



— Que massa, cara! - comemorou. — Tem sido muito libertador para mim estar fazendo terapia. A Ryzia é simplesmente foda, ela tem me ajudado a ampliar minha visão de uma forma muito louca.



— Ryzia? - ele sabia que o cunhado estava fazendo acompanhamento, só não sabia com quem. — Você está me zoando, né?



— Quê? Não! - tirou o celular do bolso, abriu o WhatsApp e mostrou a foto da mulher. — Você conhece ela?



— Sim, ela é a minha psicóloga. - constatou. — Ela que me acompanhou na fase de luto pela Laura e foi com ela que eu fui hoje.



— Que coincidência bizarra! - os dois riram. — Agora ela deve estar pensando que somos uma família de malucos, mas e daí, né? Ninguém de perto é normal.



— Sinceramente? Como diz o Fabinho: Foda-se! - a dupla gargalhou novamente. — Só quero resolver meus problemas e poder voltar a beber minha cerveja em paz. - observou o garçom os servir, eles  agradeceram e o jovem saiu.



— Nossa, nem me fala. Podíamos tomar uma depois do tênis, na quinta. O que acha? - sugeriu e comeu um pedaço do sanduíche.



— Como você vai jogar, se o teu pai ainda está internado? - sorveu do café.



— Ele sai na quarta. - contou.



— Graças a Deus! - comemorou. — Saudades de beber com o sogrão também. - lamentou.



— Logo ele volta. O Miguel disse que se o papai continuar firme no tratamento, ele tem noventa por cento de chance de se recuperar. - lembrou-se do que o médico havia falado.



— Maravilha! Não podemos sair da cola dele. Doutor Ernesto tem que ficar zerado.



— É isso! - trocaram um high five. — Os dias bons virão! Eu sinto!



— Amém! 



Os dois continuaram conversando, enquanto lanchavam. Germano e Alfredo se davam muito bem e tinha uma parceira imensa. Eram verdadeiros amigos, no mais profundo significado da palavra. 



Após longos minutos, a dupla retornou para o quarto.



— Demoraram, em! - Lili comentou e o irmão a abraçou. 



— Germano comeu uns cinco pastéis de forno, tive que esperar.



— A sua cara! - o empresário o olhou. — Ele que queria comer a lanchonete inteira.



— Alfredo passou uns dias sem comer direito porque estava sofrendo de amor, mas agora que voltou a conversar com a mulher, quer comer o reboco da parede. - Ernesto comentou.



— Porque ainda não posso comer outra coisa. - respondeu e o pai arregalou os olhos. — A gente vai fazendo o que está ao alcance.



— Você... cara, sério. - Germano riu do cunhado, pois não se aguentou.



— Quando a Júlia voltar, eu tenho até pena. - Lili comentou. — Coitada, tem que se preparar.



— Quando ela voltar vamos entrar em lua de mel. 



— Já monta o estoque de viagra. - o moreno zoou o Bocaiúva.



— Me respeita, aqui é qualidade! 



— Sei. - Ernesto debochou e todos riram.



Eles continuaram ali por mais alguns longos minutos. O horário de visitas encerrou e o casal Monteiro foi embora para casa. 



Ao chegarem na mansão, adentraram o interior da residência pela cozinha e se surpreenderam ao encontrarem Cassandra dividindo um brigadeiro de panela com Sofia e Bernardo.



— Chegaram! - a modelo falou animada e caminhou até os sogros para um abraço coletivo. — Que saudade! 



— Também sentimos sua falta. - Lili falou e deu um beijo na bochecha da jovem. — Fabinho disse que você ia chegar de manhã, achei que viria almoçar conosco.



— Eu vinha, mas quando cheguei em casa, meu pai tinha feito um banquete para mim, não pude resistir. - se explicou. — Mas vim assim que consegui ajeitar minhas coisas em casa. 



— Pelo menos você veio jantar conosco, então eu te perdoo! - Germano falou e a nora sorriu. — Vou tomar um banho, já desço. - foi até os filhos, os abraçou e beijou o topo da cabeça de cada um. — E aí, Bê, está afim de tomar um banho de banheira com o papai?



— Sim! - respondeu ao bater palminhas.



— Então vamos! - o pegou no colo e os dois saíram em direção ao quarto sobre os olhares atentos das três mulheres.



— Esperava tomar banho de banheira com o marido, mas foi substituída pelo filho. - Sofia a zoou e ela revirou os olhos. 



— Sogrinha, vamos reagir! Quê isso? - Cassandra a  sacudiu e ela gargalhou. 



— Mãe, se eu fosse você... - Sofia se aproximou. — Subia e ia tomar banho com eles, depois colocava o Bernardo para correr e o resto você sabe! 



— Isso! 



— Vocês são duas malucas. - Lili atestou movendo a cabeça em negação e rindo. 



— Atitude, sogrinha! Vamos! - Cassandra falou empolgada.



— Não vou forçar a barra com o Germano. - comentou e deixou sua bolsa sobre o balcão. — Está tudo em paz e é melhor deixar como estar.



— Olha só, hoje eu vou aceitar essa desculpinha, mas na próxima... ai da senhora se não tomar uma atitude. - a nora advertiu.



— Isso aí. - Sofia ajudou. — Eu, Fabinho e Cassandra queremos ajudar vocês dois, mas vocês tem que colaborar. - pegou uma colher com brigadeiro. — Acorda, dona Lili! 



— Ok... - levantou as mãos em rendição. — Mas o que vocês estão pretendendo, em?



— Nosso plano ainda está em formatação, mas sairá em breve. - a modelo falou.



— Em formatação? - Lili riu. — Tudo bem. - a empresária foi até a geladeira e tirou de lá uma garrafa com suco de melancia. — Vou aguardar o plano infalível de vocês. - serviu um copo. 



— Aguarde! - Sofia falou convicta.



— Mudando de assunto aleatoriamente. - Cassandra se aproximou da sogra e colocou a mão em seu ombro. — Preciso da sua ajuda. O cerimonialista que o Fabinho contratou era péssimo. Estamos perdidos.



— Sem pânico. - a mais velha tentou a acalmar. — Vou entrar em contato com a cerimonialista que cuidou do meu casamento. 



— Sogrinha, temos pouquíssimo tempo. A senhora não está entendendo. - falou agoniada. — O casamento é em dois meses e nós simplesmente cancelamos tudo com o antigo cerimonial, voltamos a estaca zero. Estou tentando manter a calma, mas vou acabar surtando. - confessou.



— Eu vou ajudar você. - a empresária a certificou. — Será do jeito que vocês sonharam. Confia em mim! - a olhou. — Certo?



— Vou confiar! - regulou sua respiração. — Vai dar certo! - cruzou os dedos.



— Estarei aqui mandando energias positivas e ansiosa para os comes e bebes. - Sofia falou causando risada nas mulheres. 



As três continuaram conversando enquanto degustavam do brigadeiro. No andar de cima, Germano brincava na banheira com o caçula. 



Após longos minutos, Fabinho chegou do escritório e a família se juntou na sala de jantar. Eles jantaram em completa harmonia e para finalizar, a sobremesa foi pudim.



Dona Euzébia foi a mais elogiada da noite, pois havia arrasado no filé a parmegiana e no pudim.



Depois do jantar, a família ficou um tempo na sala de TV, até que Bernardo ficou sonolento, Germano se despediu dos demais e subiu com o filho e a esposa. O moreno acomodou o filho na cama e a empresária leu uma historinha para o pequeno que não demorou a dormir.



— Você viu o e-mail da escola avisando sobre o plantão pedagógico? - Lili questionou. 



Eles ainda estavam sentados nos puffs ao lado do cama do caçula.



— Recebi. Você vai querer ir? - perguntou e se recostou a parede.



— Gostaria, se não for incomodo.



— Não é incomodo nenhum, Lili. É importante você estar envolvida nas coisas do Bernardo. - certificou.



— Tudo bem. - soltou um suspiro aliviado. — Acredita que a Cassandra e o Fabinho cancelaram o cerimonial deles?



— Você está zoando, né? - falou incrédulo e a mulher negou. — Por que isso? - eles conversavam em baixo tom para não acordar o filho.



— Parece que o cerimonialista era meio atrapalhado e estava fazendo tudo ao contrário do que eles pediam. Fabinho como um belo Monteiro de pavio curto, despachou o cara.



— Eu senti ironia ai, em! - semicerrou os olhos.



— Foi um elogio. - deu uma piscadela.



— Não se esqueça que você também é uma Monteiro



— Eu sei e me orgulho disso. - constatou e ele riu movendo a cabeça em negação.



— Mas e agora? O casamento é em dois meses.



— Vou entrar em contato com a cerimonialista que fez o nosso casamento. Foi em cima da hora, mas ela arrasou. Acho que ela pode socorrer os meninos, vou ajudar a Cassandra nisso.



— Ela era boa mesmo. Nossa festa ficou linda! - olhou para o teto, estava nostálgico. — Acredito que a dos meninos será mais linda ainda.



— Tomara!  



— Ei. - chamou a atenção dela. — Não esquece de tomar seu remédio antes de dormir. - levantou-se. — Já vou deitar, estou exausto. - se inclinou para beijar o topo da cabeça da esposa, mas ela elevou o rosto e eles acabaram trocando um selinho.



— Boa noite. - ela sorriu.



— Boa! - ele respondeu sem jeito e saiu do quarto do caçula.



— Pensamento positivo, as coisas vão melhorar. - falou consigo mesmo. — Bê, eu sei que você já está dormindo, mas acho que você não vai se importar se eu dormir com você. Estou morrendo de saudade de dormir com o seu pai, que saco! - murmurou. — Quando ele me abraçava a noite, era um verdadeiro calmante natural, eu dormia perfeitamente. Sem contar no cheiro dele, né? Tão bom!  - falava sozinha enquanto acarinhava os cabelos do caçula. — Acabei de constar que estou morrendo de saudade. - colocou a mão no queixo pensativa. — Vou sequestrar seu pai e o preço do resgate será ele me desculpar pela esposa ruim que eu fui e voltar completamente para mim. É um plano bom, né? - se questionou e direcionou o olhar até o espelho que havia ali. — Ou eu poderia simplesmente pedir desculpas, mas acho isso muito simples, mas se bem que, pode ser um começo. - soltou um pigarro. — Ai, Lili, vai dormir! - exclamou, se levantou e deitou ao lado do filho.



Germano estava recostado a parede, escutando silenciosamente tudo que a esposa estava falando. Ela parecia sincera em suas palavras, mas ele ainda estava magoado. Talvez, um pedido de desculpas realmente resolvesse, mas ele não iria forçar atitudes dela. Esperar era a melhor opção. 



O empresário foi para o quarto de hóspedes, escovou os dentes e se deitou na cama. Embora estivesse muito pensativo, por conta do cansaço, ele logo dormiu. Já Lili, acabou por não tomar sua medicação, mas nem precisaria. Ela dormiu tranquilamente abraçada ao filho.



Durante a terça-feira, a empresária passou o dia inteiro ajudando a nora a resolver as coisas do casamento. A duas só conseguiram uma pausa a noite, quando chegaram para acompanhar a família no jantar. 



Germano estava adorando ver a esposa disposta e totalmente inserida na rotina da família.



Na quarta, ela fez tomou café da manhã com sua instrutora de yoga, pois acordou mais tarde e os filhos e o marido já haviam saído. O empresário avisou que não viria para o almoço, pois estava resolvendo algumas pendências importantes no escritório junto com Fabinho, mas a tarde, ele iria leva-la na terapia, então a loira almoçou com os filhos e Cassandra, que foi definir mais algumas coisas de seu casamento.



A tarde, Germano foi em casa, tomou uma ducha rápida e logo saiu junto a esposa rumo ao consultório de Lígia.



— Querido, você precisa dar um break, está trabalhando desde de manhã. - a mulher comentou assim que adentrou o carro do marido. — Pedi para dona Euzébia fazer um lanche para você. - entregou a vasilha para ele e o mesmo agradeceu.



— Um cliente de alto porte da firma simplesmente perdeu um grande aporte de investimentos e como nós somos os advogados financeiros representantes dele, ele está nos enlouquecendo. - comentou.



— Nossa! - lamentou e observou ele colocar a pequena vasilha no banco de trás, provavelmente comeria depois de deixa-la no consultório. — Ele tem seguro?



— Sim, graças a Deus. - respondeu ao dar partida no veículo. — Se não tivesse, ele estaria ferrado para caramba.



— O que ele quer que vocês façam?



— Que a gente recupere o dinheiro perdido, mas não dá e ele foi conscientizado disso quando decidiu investir em renda variável. - explicou. — Eu mesmo, de vez em quando perco aportes, mas como meu dinheiro está bem dividido, não tenho grandes percas. - suspirou estressado. — Zé Pedro está com ele desde de manhã. Almoçamos no escritório. Eu quis almoçar em casa, mas ele exigiu que o presidente da empresa estivesse na reunião, acredita?



— Acredito. - tomou a liberdade de acarinhar a nuca dele. O homem se surpreendeu com o carinho, mas não falou nada. — Mas tenta não se estressar muito, essas coisas acontecem. Se você ficar muito irritado, não vai conseguir raciocinar direito. - aconselhou.



— Você está certa. - respirou profundamente. — Obrigado! - agradeceu ainda mantendo sua atenção  ao trânsito e em um gesto de retribuição ao carinho que ela fazia na nuca dele, ele desceu a mão até a coxa dela e descansou ali. 



Os dois seguiram caminho em um silêncio confortável, enquanto escutavam o samba envolvente de Jorge Aragão. Após longos minutos, eles finalmente chegaram ao consultório. Germano desceu do carro, abriu a porta para a esposa e a acompanhou.



Assim que chegaram no ambiente, o casal pediu a secretária que avisasse a médica que a paciente já havia chegado e assim, a jovem fez. Não demorou muito e Lígia apareceu no corredor.



— Olá! - foi cortês. — Estava ansiosa pelo nosso encontro, Lili. - brincou de forma simpática.



— Hoje é dia de carão! - a empresária falou os fazendo rir.



— Não é para tanto, senhora dramática.



— Vou deixa-las sem a minha doce companhia. - Germano falou. — Quando terminar, me manda mensagem, vou voltar para o escritório. - avisou e a loira assentiu. — Bom te ver, doutora.



— Bom ver você também! - acenou e ele saiu. — Vamos? - apontou para a porta de sua sala e a duas seguiram para o cômodo. — Por favor, senta! - apontou a poltrona a sua frente. — E então, como você está? - sentou próximo a ela.



— Comparado a última vez que você me viu, estou ótima. - respondeu com bom humor. 



— Fico muito feliz que você esteja reagindo, Lili. Isso é muito importante, inclusive, parabéns pela garra, sei que não é nada fácil, mas só por você está tentando, isso já vale muito. - a encorajou e pode ver os olhos da empresária brilharem. 



Palavras afirmativas a fortaleciam muito.



— Estou dando meu máximo. - contou. — Tenho passado bastante tempo com meus filhos. Meu caçula é cheio de energia, se pudesse, brincaria vinte e quatro horas do dia. Já a Sofia, minha filha do meio, está em fase de vestibular, só quer descansar e comer muito. - riu. — O mais velho, Fabinho, vai casar em dois meses e está naquela correria da organização da festa e eu estou tentando ajuda-lo. Tem sido um período muito bom estar tão inserida na rotina deles, não lembrava do quanto isso era confortante. - confessou.



— Como seus filhos estão reagindo com a sua presença contínua em casa?



— No início, Sofia estava bem arisca para o meu lado e eu confesso que entendo o lado dela. Estive muito ausente quando ela mais precisou, mas aos poucos tenho conseguido resgatar minha relação com ela. Já o Bê, está muito feliz. Ele sempre foi muito carinhoso e amável. - se emocionou ao falar dos filhos. — Fabinho sempre foi muito cuidadoso comigo, então depois que eu fiquei mais em casa, isso só aumentou. Antes de ir trabalhar, ele sempre passa no meu quarto, quando ele chega, na maioria dos dias, trás alguma coisa para mim. Nesse quesito, ele é bem parecido com o pai.



— Maravilha saber que a relação com os seus filhos está melhorando, Lili. Fico feliz! - comemorou. — E seu marido? Como está a relação de vocês? 



— Esse tópico ai é sensível. - respondeu com bom humor e as duas acabaram rindo.



— Então, é sobre ele que vamos falar. - acentuou. — O que está acontecendo?



— Germano tem sido super parceiro, como sempre. Tem cuidado de mim e se importado com cada detalhe do tratamento, mas está arredio a mim. Ele tem dormido no quarto de hóspedes. Eu quero me achegar, mas tenho medo da reação dele.



— Medo ou ego inflado? - a encarou.



— Por que você gosta de me bater? - fez drama.



— Não toquei um dedo em você. - Lígia respondeu de forma engraçada e a empresária sorriu reflexiva. — Lili, você está mesmo com medo da reação do seu marido ou o seu ego não te permite se achegar?



— Sempre foi ele a tomar iniciativa de tudo. É estranho que eu faça isso agora.



— Estranho por que?



— Porque... - suspirou. — Eu não tenho uma resposta para isso.



— Sabe por que você não tem uma resposta? - a empresária negou. — Porque a partir da visão da presunção, a sua relação está bem assim.



— Mas está. - respondeu de supetão. — Sinto que Germano está fazendo doce.



— E se você se esforçar para ver a condição do relacionamento de vocês pela perspectiva do seu marido ao invés da sua? Talvez, depois disso, você perceba que ele não está fazendo "doce"... - gesticulou aspas. — Mas está verdadeiramente magoado com tudo.



— Esses dias eu escutei ele falando para a nossa governanta que não sentia que era uma prioridade na minha vida, que eu não me importava tanto assim com ele, mas eu me importo. Eu o amo tanto! - falou.



— E você demostra isso? 



Novamente os questionamentos da psicóloga a atingiram em cheio. 



A loira ficou em silêncio, refletindo sobre as próprias atitudes e chegou a conclusões desagradáveis.



— Para ser mais sincera, eu nunca precisei fazer muito pela nossa relação, Germano sempre foi muito disposto e sempre me deu muito mais do que eu merecia. Acho que me acomodei a isso. - suspirou pesarosamente ao constatar. 



— Lili, você me disse no nosso último encontro, lá no hospital, que casou com outro homem antes do seu atual marido, correto? - a mulher assentiu. — Me conte, por gentileza, como era a sua relação com seu ex marido?



— Era horrível. - confessou. — Eu sempre tinha que fazer coisas para chamar sua atenção, porque ele não estava nem aí para mim. Sempre tinha que fazer esforços que nem cabiam a mim, para ter migalhas dele. Uma relação completamente tóxica.



— Percebeu que você está fazendo com o Germano o que o seu ex marido fazia com você? - Lili se emudeceu, reflexiva. — Como seu ex marido não lhe tratava da forma correta, você se acostumou com o pouco, então quando conheceu o Germano e viu que ele lhe tratava da maneira que um homem deve tratar sua esposa, você não soube lidar com isso e inconscientemente o rejeitou com suas atitudes. 



— Acho que é exatamente isso. - falou enquanto mantinha seu olhar fixado no vaso em cima da mesinha. — Estou me tornando o que eu mais critiquei nos últimos anos, meu ex marido.



— Você pode mudar isso, Lili. - afirmou. — Mas precisa ter iniciativa e se esforçar para enxergar além da sua perspectiva, precisa enxergar também pela visão das pessoas que te cercam. A empatia vai quebrar a arrogância disfarçada de medo em você, querida. - a olhou. — Seu ego não vai fazer nada por você, além de tirar tudo o que você tem. 



— Você tem razão. - baixou o olhar.



— Ouça-me, eu sei que você tem síndrome de Hubris e que muitas vezes, não terá controle sobre as suas ações, mas enfrenta-la de frente te fará vence-la aos poucos e cada pequena conquista, merece ser celebrada. No fim, tudo irá ter valido a pena.



— Tomara que sim. Só quero ficar bem e ter minha família unida de volta. - falou e Lígia sorriu em concordância. 



As duas continuaram dialogando por mais longos minutos, chegaram até a degustar de um bom cappuccino. Ao fim da consulta, Lili mandou mensagem para o marido, o avisando que ele poderia ir busca-la. 



O empresário demorou algum tempo, mas logo chegou.



— Desculpa a demora, tive que pegar essa encomenda no caminho. - brincou se referindo a Sofia e elas riram.



— Essa é minha filha, doutora. - Lili apresentou a adolescente, depois de lhe dar um abraço.



— Olá. - a médica estendeu a mão para um cumprimento. — Prazer, Lígia.



— O prazer é meu. - Sofia respondeu educadamente e a cumprimentou de volta. 



— Nos vemos na próxima quarta, Lili! 



— Até! 



— Boa tarde, queridos. - a médica falou de forma cortês e retornou para sua sala.



— Vamos? - Lili apontou para a saída e os dois assentiram a acompanhando até o carro.



Germano abriu a porta para as mulheres e logo foi para o banco do motorista, dando partida em seguida. 



— Que milagre você saiu mais cedo do cursinho? - a empresária questionou e olhou para a filha que estava no banco de trás.



— Graças a Deus o professor de química faltou. - respondeu fazendo os pais rirem. — Parece que ele teve intoxicação alimentar, tadinho né? Tem que descansar bastante.



— Que horror, filha! - a loira moveu a cabeça em negação ainda rindo. 



— Estou preocupada com ele. Prezo pela sua recuperação, tem que haver repouso. - falou de modo irônico e os mais velho continuavam a rir. 



— Ainda bem que você já fica de férias na semana que vem. - Germano comentou. — Você precisa de  uma pausa, Sosô. 



— Ainda acho que não estou estudando o suficiente. - confessou. — Estava pensando em fazer o cursinho de férias.



— Nem pensar. - os pais responderam ao mesmo tempo.



— Você vai descansar, Sofia. Ainda tem mais um semestre a frente. Você precisa de uma pausa. - Lili fomentou.



— Sua turma não vai viajar? - o homem questionou enquanto mantinha a atenção no trânsito e a menina assentiu. — Você me pediu para ir, eu até assinei o contrato com a empresa de turismo e tudo. - nesse momento, a empresária apenas observou a interação dos dois, já que nem lembrava da viagem da filha;.



— Eu cancelei a viagem.



— Como assim, Sofia? - o advogado a olhou assim que parou o carro no semáforo. — Eu lembro muito bem de liberar o pagamento dos seus gastos lá com a dona Mirtes, ela que ficou de resolver todo o restante.



— Eu pedi para ela não fazer. - a menina falou. 



— Mas por que minha filha? - por fim, Lili questionou.



— Eu tinha deixado para resolver as questões da viagem com a dona Mirtes quando chegasse de Angra, mas a senhora  passou mal na segunda e foi todo aquele tumulto, daí achei melhor ficar em casa, caso precisassem de mim. - explicou.



— Sosô...



— Relaxa, mãe. - a interrompeu. — A viagem oficial da turma é só em dezembro, essa de agora, foi fora parte que os meninos organizaram com uma empresa de turismo. Tá tudo bem. - acarinhou o ombro da loira. 



— Não está não. - a mulher rebateu e a olhou. — Eu sei que você adora viajar com seus amigos, é o que mais faz quando está em período de férias, então, a senhorita vai. - observou o marido que se mantinha atento ao trânsito.



— Vou falar com a dona Mirtes para ela entrar em contato com a agência responsável e ajeitar as coisas para você. - Germano falou.



— Tio...



— Nem tente. 



— Eu prometi ao Bê que ficaria com ele durante essas férias de julho



— Você pode ficar quando chegar, mas precisa descansar e criar memórias, filha. Logo você vai para Portugal e a realidade será outra. - o advogado continuou falando.



— Seu tio tem razão. - a empresária fomentou.



— Ok, gente. Já vi que não tenho escolha. - respondeu rindo e soltou um suspiro. — A viagem é para Floripa e vai durar duas semanas, mas eu só vou passar uma semana com eles. Quero ficar o restante das férias com vocês, tudo bem? - os mais velhos continuaram em silêncio. — Qual é gente? Equilíbrio é tudo. - riu novamente. — Tenho poucos meses com vocês, quero aproveitar. É só isso. 



— Tudo bem, Sosô. - Lili falou.



— Meus argumentos se esgotaram. - Germano disse em um tom divertido e a duas riram.



— Gente eu estou com muita fome. - a jovem falou.



— Sua filha aí. - a empresária zoou o marido. 



— Deixa minha princesinha, ela está em fase de crescimento. 



— Sinto que vou casar e o titio ainda irá me chamar assim. - revirou os olhos e eles riram.



— Não tenha dúvidas. - o moreno afirmou. — Aonde você quer comer?



— Quero lanche do burguer king, preciso me envenenar com várias copadas de refrigerante e depois podemos tomar um sorvetinho no mc donalds ou milk shake do bobs. - sugeriu.



— Você pode comprar tudo isso em um único lugar. - o advogado falou como se dissesse o óbvio.



— Mas não tem graça. 



— Ela é teimosa igual você. - Lili falou rindo.



— Disse a obediente, né. - o marido retrucou o deboche e todos riram. — Resumindo, você quer ir ao shopping.



— Exato. - a menina assentiu.



— Maravilha! - Lili comemorou. — Preciso comprar umas roupas novas de ginástica e um novo kit de tênis



— Mas você nem joga mais, mãe.



— Vou voltar. - surpreendeu o marido e a filha ao informa-los a novidade. — A Lígia me disse que seria bom fazer algum esporte, então, vou voltar para o único que eu sei. 



— Que bom, Lili. Você faz falta no clube. - Germano confessou ainda mantendo a atenção ao trânsito.



— Verdade, mãe. Vou ver você jogar, em! - se animou. — Acompanho a carreira dessa lenda do tênis desde que eu era pequena, sou a maior fã! - brincou e a empresária gargalhou.



— Quem é Serena Williams perto da Lili? - o advogado continuou a brincadeira referindo-se a uma das melhores tenistas do mundo e todos riram.



A família continuou conversando amenidades até chegarem ao shopping. O empresário abriu a porta do veículo para as mulheres e lado a lado eles caminharam para dentro do enorme prédio. O casal acompanhou a filha no lanche e acabaram comendo também. Depois eles foram até o mc donalds, compraram sorvete e foram passear no recinto.



— Ás vezes eu acho que vocês me confundem com cabide. - Germano falou ao segurar mais uma sacola que a filha lhe entregou.



— Faz parte, querido. - Lili falou rindo.



— Eu vou deixar esse zilhão de sacolas no carro e já volto. - avisou.



— Dramático. - Sofia o zoou.



— Da próxima vez, vou trazer o Guilherme para me ajudar. - falou e saiu rumo ao estacionamento.



— Por falar no Guilherme, ele vai na viagem? - a empresária questionou após o marido sair.



— Vai sim. Ele estava até chateado comigo porque eu tinha cancelado. - elas tornaram a andar.



— Já contou para ele que você vai?



— Ainda não. Vou falar amanhã, na escola.



— E as borboletinhas no estômago, em? - fez cócegas nela.



— Estão voando desenfreadamente. - respondeu rindo.



— Acompanhei o crescimento do Gui, ele sempre foi amoroso e cuidadoso com você. Fico feliz por vocês estarem nesse lance.



— Lance? - gargalhou. — Dona Lili toda atualizadinha. - zoou.



— Eu tento, na minha época o nome disso era paquera, agora é lance, fica e essa coisa toda. Me sinto velha, porque nem sempre eu consigo acompanhar essas novas palavras.



— Relaxa, mãe. Qualquer coisa, você pergunta pra mim. - deu uma piscadela.



— Sim senhora. - olhou para a filha. — Já que compramos suas roupas de praia e as minhas de ginástica, vamos comprar umas roupinhas para você usar lá e arrasar o coração do Guilherme com a sua beleza.



— Só você, mãe. - riu. — Vamos lá! 



As duas adentraram uma loja que havia ali por perto e minutos depois, Germano se juntou a elas. O advogado chegou até a ajudar na escolha dos looks da filha, que pedia sua opinião toda hora. Ele adorava ser pai de menina, mesmo que não fosse de sangue. 



Após longos minutos, os três foram até uma loja de brinquedos e compraram alguns para Bernardo e antes de irem embora, eles passaram em uma doceria e compraram uma torta de limão para Fabinho, era o sabor preferido dele.



Por volta das oito da noite eles chegaram em casa e foram recebidos pelo caçula.



— Aonde vocês estavam? - questionou emburrado.



— Boa noite, filhão! Cadê meu abraço? - Germano questionou após largar as sacolas no chão. Lili e Sofia também carregavam algumas.



— Estou bravo.



— Esse garoto é um mini Germano Monteiro, dramático para caramba. - Sofia zoou o pequeno.



— Não enche, Sosô. - respondeu irritado. — Vocês foram passear e nem me levaram. 



— Filho, não foi combinado. Saímos do consultório e sua irmã pediu para comer e fomos até a shopping, daí acabamos fazendo umas comprinhas. - Lili explicou ponderadamente ao se agachar na altura do filho.



— Ele ficou insistindo para que eu ligasse para os senhores, para que viessem busca-lo, mas eu disse que estavam ocupados. - Euzébia explicou ao se aproximar deles.



— Eles são meus pais também, viu. - Sofia continuou a encrencar com o irmão e ele lhe deu língua.



— Trouxemos presentes para você, filho. - Germano falou e entregou as duas sacolas para ele.



O sorriso nos lábios da criança foi imediato.



— Obrigado, papai! - o abraçou. — Obrigado também, mamãe. - deu um beijo na bochecha da mulher. — Obrigado também, sua chata. - falou para a irmã e todos gargalharam. 



O advogado pediu para Euzébia guardar a torta de Fabinho, ajudou a filha e a esposa a subirem suas sacolas e foi tomar uma ducha. Por volta das oito e quarenta, o primogênito da família chegou em casa acompanhado da noiva e se juntaram a família para o jantar. 



Por conta de ter passado boa parte do dia ocupado no trabalho, Germano nem ficou com a família na sala. O advogado subiu para o quarto de hóspedes, estava exausto e só queria dormir. Depois de longos minutos, Lili subiu com Bernardo e Sofia, deixando Fabinho e Cassandra na sala conversando.



— Boa noite, mãe! Até amanhã. - beijou a bochecha da loira. — Boa noite, Bê! - deu um beijo no topo da cabeça do irmão que já estava deitado em sua cama.



— Boa noite, meu amor. - a empresária se despediu da filha e a menina foi para o seu quarto.



— Mamãe. - Bernardo chamou a atenção dela. 



— Oi, filho. - sentou ao lado dele na cama.



— Você e o papai não são mais amigos? - a olhou curioso.



— Por que você está perguntando isso, meu amor?



— Hoje eu acordei antes do papai e vi ele no outro quarto. Vocês sempre dormiram juntos, mamãe.



A mulher se viu em uma saia justa.



— Filho... - suspirou. — O que acontece quando você e o Paulinho brigam? - referiu-se ao amigo do pequeno.



— Ficamos bravos um com o outro, mas depois pedimos desculpa. Papai me disse que sempre que eu brigar com um amigo, tenho que fazer as pazes. - contou.



— Então, a mamãe teve um pequeno desentendimento com o papai e ele ficou triste comigo, por isso ele está dormindo no outro quarto. - contou a verdade.



— Mas é só pedir desculpas, mamãe. Meu pai sempre fala que isso funciona para tudo. - aconselhou em sua inocência.



— Eu vou pedir desculpas para ele, filho. Não se preocupe com isso, tá bem? - o menino assentiu. — Agora, é hora da leitura. - se levantou da cama, puxou um livro e sentou novamente.



A empresária começou a ler e minutos depois, após se certificar que o caçula havia dormido. Ela apagou a luz do abajur, e saiu do quarto dele. Ao passar pelo cômodo que o marido dormia, observou a porta entreaberta e o olhou. Ele estava com o livro aberto em cima do seu peito, provavelmente dormiu enquanto lia.



Ela foi até ele, tirou o livro com cautela e pôs na mesinha ao lado da cama. Nesse movimento, ela percebeu que um bilhete caiu do mesmo, antes de pegar o papel, ela o embrulhou, desligou a luz do abajur e saiu do quarto indo em direção ao seu. A loira tinha ciência que não deveria ter pegado o bilhete, mas sua curiosidade era maior. 



Ao sentar em sua cama, ela abriu o pequeno papel e se deparou com uma cartinha que ela havia colocado no presente de aniversário dele do ano passado.



"Meu amor, que alegria poder comemorar mais um ano da sua linda existência. Certamente, eu poderia passar horas e horas escrevendo sobre você e tudo que aprendi estando contigo nesses anos. Você é puro amor e vida! São tantas qualidades, que não caberiam nesse pequeno cartão, então, prefiro te falar essas coisas pessoalmente. Após seu jantar de aniversário com a nossa família, quero te levar para uma noite especial e que com certeza, será mais um momento inesquecível entre nós dois. Te amo, vida! Celebre muito seu dia.


De sua esposa, Lili."



A mulher se deitou e fixou seu olhar no teto. As lembranças vieram em uma enxurrada na mente da empresária. Aquela noite havia sido tão mágica.



Lili levou o marido para o Copacabana Palace. Eles se amaram da forma mais gostosa possível, durante o amanhecer, viram o sol nascer juntinhos e Germano ainda dançou com a esposa na varanda do quarto. Queriam eternizar aquele momento de todas as maneiras possíveis.



Nesse dia, ela o presenteou com uma pulseira prateada que tinha um design minimalista que simbolizava o laço eterno entre a pessoa presenteada e quem a presentou. Ela pôs a pulseira no braço do advogado e ele nunca a tirou de lá. 



— Chega de palhaçada! - falou consigo mesmo. — Eu vou reconquistar este homem ou eu não me chamo Liliane De Bocaiúva Monteiro. - a empresária guardou a pequena carta na gaveta da cômoda ao lado da cama, tomou seu remédio e se deitou para dormir.



Durante a quinta feira, eles tomaram café juntos com os filhos e a nora. Após sua aula de yoga, a loira saiu com Cassandra para resolver coisas do casamento de Fabinho, enquanto Germano ficou trabalhando em casa, já que os filhos foram para escola com o irmão mais velho. 



No horário do almoço, o advogado almoçou com o caçula, pois Sofia foi almoçar na casa de sua amiga e Lili ligou avisando que ainda estava com a nora resolvendo coisas do buffet.



Após a refeição, o moreno banhou o filho e se deitou com ele para um descanso. Por volta das duas e meia da tarde, Lili chegou em casa, tomou uma ducha e sei deitou em seu quarto, estava exausta. Já eram quase quatro da tarde, quando ela acordou, desceu para fazer um lanche e se deparou com o filho já concluindo sua aula de reforço.



A empresária cumprimentou a professora do pequeno e deu um beijo no topo da cabeça do mesmo, seguindo assim, para a cozinha.



— Boa tarde. - cumprimentou a governanta.



— Boa tarde, dona Lili. - sorriu. — Aceita um sanduíche natural com vitamina de maçã?



— Super aceito. - observou a mulher arrumar uma bandeja. — É para o Bê ou para o Germano?



— Para o doutor.



— Pode deixar que eu levo, assim a senhora ajeita o sanduíche para mim. Pode ser?  - pegou a bandeja.



— Claro. - ficou feliz com a atitude da patroa.



Ela saiu com a bandeja e foi até o escritório do marido.



— Trouxe seu lanche. - avisou ao adentrar a sala.



— Ah... - ele tomou um leve susto. — Obrigado! - sorriu ao pegar a bandeja. — Chegou faz tempo?



— Umas duas horas, mas fui dormir. Tinha esquecido do quanto é exaustivo organizar festa.



— Fabinho me contou que a Cassandra está felicíssima por você estar ajudando ela. - contou e mordeu um pedaço do sanduíche



— Apesar do cansaço, tem sido divertido. Estou me sentindo útil para alguma coisa. - confessou ainda recostada a mesa do marido.



— Isso é bom. - sorriu para ela. — Escuta, o Bê tem aula de tênis cinco e meia e a Sofia vai jogar as seis e quarenta, então, vou ter que ir mais cedo para leva-los. Ainda vou buscar a Sosô no cursinho. - explicou. — Você vai querer ir mais cedo conosco ou quer que eu venha te buscar as oito? Que é o nosso horário de jogo.



— Vou mais cedo com vocês. Quero ver o Bê jogar, ele deve ficar uma fofura com roupa de tênis e segurando uma raquete. - comentou.



— Ele fica lindo mesmo. 



— Faz quanto tempo que ele tá indo?



— Não se preocupe, você não perdeu muito dele nessa nova fase. - sabia que ela estava se culpando. — Ele começou a uns dois meses. 



— Hoje ele vai ter uma torcedora a mais. - sorriu animada. — Vou lanchar e depois me arrumar para irmos.



— Certo. - observou ela caminhar em direção a porta. — Obrigado por ter trazido o lanche.



— Depois você me agradece com um beijo. - disse em um tom divertido e saiu deixando o marido rindo.



A loira serviu o lanche do filho, da professora de reforço e acabou lanchando junto com eles. Logo depois, Lili subiu com o caçula, o arrumou e se arrumou também. No horário marcado todos estavam prontos, inclusive Germano. Eles passaram pelo cursinho, pegaram Sofia e seguiram para o clube. A  jovem se trocou no carro mesmo e juntos eles caminharam em direção a quadra infantil.



Bernardo seguiu para onde as demais crianças estavam. A treinadora fez o alongamento com os pequenos e logo depois, começou a passar o treino para eles em uma quadra adaptada.



A empresária estava apaixonada pela imagem do filho segurando uma raquete e jogando tênis junto com as outras crianças. O caçula era principiante, mas tinha molejo para o esporte.



— Família, chegou a minha hora. - Sofia avisou, abraçou os pais e foi para a quadra juvenil, pois seus amigos já haviam chegado para o jogo.



Germano e Lili ficaram com Bernardo até o fim do treino dele e depois foram ver a filha jogar.



— Limpa a baba, Guilherme. - o advogado surpreendeu o jovem que estava concentrado vendo Sofia jogar.



— Que susto, doutor. - pôs a mão no peito.



— Estou de olho em você. - o encarou.



— Não estou fazendo nada. - ergueu as mãos em rendição.



— Justamente. Toma uma atitude, Gui. - Lili falou em um tom divertido e o rapaz a abraçou.



— Como vai, tia?



— Esperando você se tornar meu genro oficial. - brincou com ele.



— Estou te esperando lá em casa, viu? - Germano o olhou.



— Para com isso, amor. - Lili falou rindo.



— Eu vou, doutor. Me aguarde. - falou convicto.



— Vou aguardar mesmo. - olhou para a filha na quadra. — Corta pela lateral, Sosô. - gritou dando a dica e a menina assentiu.



— Gui, você disse que ia me ajudar a zerar a corrida do Mário e até agora não foi. - Bernardo reclamou



— Eu vou, Bê. É que está muito corrido na escola e no cursinho, mas eu vou nas férias. - bagunçou os cabelos do pequeno.



— Tá bem. 



A família continuou ali, observando a filha jogar. Logo mais, Guilherme entrou em quadra para afazer dupla com Sofia. Os dois jogavam muito bem juntos. A hora do jogo de Germano e Lili chegou, então Bernardo ficou com Sofia na quadra juvenil e eles seguiram para a outra quadra anexa.



— Cadê o nosso mascote? - Alfredo questionou ao ver o casal chegar e não ver o sobrinho mais novo com eles.



— Ficou na outra quadra com a Sofia. - Germano respondeu. — E o sogrão?



— Está repousando em casa. Tem uma cuidadora e um enfermeiro com ele.



— Lili me falou. - ela havia contado ao marido pela manhã, durante o café.



— Vou ver ele amanhã. Na quarta tive consulta e depois sai com o Germano e a Sofia, e hoje, passei o dia ajudando a Cassandra com as coisas do casamento. - explicou ao irmão.



— Vão almoçar conosco. - o Bocaiúva sugeriu.



— Iremos. - Lili assentiu por ela e pelo marido.



— Boa noite! - Dani se aproximou dos três junto com uma amiga. — Lili, que surpresa!



— Olá! Como vai? - manteve-se educada.



— Estou louca para jogar. Vamos? O restante do pessoal já chegou. - apontou para os demais que  estavam do outro lado da quadra.



— Vai em dupla com quem Germano? - a colega de Dani, que já jogava com eles, questionou. 



— Minha dupla será a minha esposa. - respondeu ao se alongar, pegou sua raquete e seguiu para a quadra.



Dani e a amiga assentiram e seguiram para o outro lado da quadra para organizar os outros times.



— Adoro quando ele faz isso. Tenho vontade de agarra-lo e o beija-lo loucamente. - a loira falou. — "Minha esposa", fica tão lindo na voz dele. Ai sério, eu amo! - comentou ao pegar sua raquete.



— Você é estranha, Lili. - Alfredo falou ao olhar para a irmã.



— Cala a boca, ele falou "minha esposa". - repetiu e saiu em direção aonde o marido estava. 



Ao observar ela se aproximar, ele se posicionou na quadra.



— Vou cobrir o fundo na lateral direita e você cobre a frente na lateral esquerda, certo? - a instruiu.



— Certo, meu amor. - respondeu de forma divertida e ele riu movendo a cabeça em negação. 



A outra dupla se organizou e o jogo iniciou. Enquanto a partida rolava, Sofia, Bernardo e Guilherme chegaram e se sentaram em uma das cadeiras que haviam ali e ficaram na torcida pelo casal Monteiro. 



— Que jogada, absurda! - Germano elogiou a esposa após o ponto feito. 



— Achei que estava enferrujada.



— Você tá jogando demais! - falou animado. — Faz o saque. - entregou a bola para ela. — O set é nosso! Um corte na lateral esquerda e a gente ganha. 



— Pode deixar comigo. - assentiu, se preparou e fez um saque curvado, o oponente não acertou a tacada e lançou a bola fora.



— Isso aí! - o advogado vibrou e recebeu a mulher em seu colo.



— Somos a melhor dupla! - a loira comemorou e beijou o marido.



— Uou! - Sofia comemorou.



Lili estava realmente disposta a reconquistá-lo e não pararia enquanto não alcançasse seu objetivo.


Notas Finais


tão respirando mais aliviado né? 🙃
um momentinho de paz, vocês merecem! 🥰

o que estão achando?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...