História S.O.S Coração - Sobre as coisas que nos fizeram chorar

Crocus, capital de Fiore/ Segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017, 6:00 da manhã, horário local. 

Acordei pela manhã antes do despertador com os pensamentos direto em Lucy e nas palavras que havia dito a ela no dia anterior. Mas não podia me martirizar, não quando tudo que falei foi um desabafo profundo e uma decisão que a tempos havia pensando. Entretanto, dizer que não estou sentindo o aperto da saudade seria uma mentira. Ver ela desarmada daquela forma quase me fez desistir da ideia de me afastar, porém não o fiz. Porque esse tempo era necessário, tanto para ela quanto para mim.

Nossa relação nunca foi tão difícil como estava sendo nos últimos meses, pelo menos não em relação a sentimento e afeto. Lucy mal olhava para o meu rosto, e aquilo vinha me destruindo por dentro, me martirizando, me fazendo questionar do seu amor e até mesmo da sua fidelidade.

Será que a mesma tem outra pessoa? Ou ainda me ama? 

Essas eram as perguntas que me fazia todos os dias antes de dormir e no momento que acordava. 

Dormíamos na mesma cama, comemos na mesma mesa e sentavamos no mesmo sofá, mas pareciamos dois "desconhecidos" por conta do afastamento de Lucy e da minha desistência de tentar "reacender" nossa relação, ás vezes eu ainda tentava, entretanto não surtia muito efeito. O foco dela era o trabalho, as suas metas pessoais e sonhos, transformando nossas alianças em enfeite no dedo e toda a nossa história em apenas memórias distantes.

A Lucy não parecia mais a minha Lushi que conheci a sete anos atrás, a pessoa que havia me apaixonado. 

Suspiro pesado após um longo gole de café amargo, olho para a caneca, relembrando a última vez em que senti paz nesses meses. 

"Era manhã, havíamos acabado de fazer amor, tudo parecia tão leve e tranquilo. Por um momento havíamos esquecido da última briga que tivemos ontem a noite por um motivo que no momento fiz questão de não lembrar, mas toda magia se foi quando o despertador do celular de Lucy tocou e a mesma levantou, correu para o banheiro tomar banho. Sentei na cama coçando o olho esquerdo e, em seguida, bocejei. Não deu nem tempo de me deliciar da paz momentânea que vem sido cada vez mais difícil senti-la. Lucy assim que sai do banheiro, entra no closet e volta completamente arrumada, limpa e bem vestida. 

Dou uma olhada no horário e suspiro.

— você realmente precisa chegar tão cedo? Ainda tem vinte minutos antes do horário. — acrescento rouco assistindo ela ajeitar sua bolsa. — Poderíamos….

— Preciso ir, amor. Tenho que fazer análise de alguns pacientes antes de começar o atendimento. Volto antes do jantar.— Ela fala com pressa, deposita um selinho nos meus lábios e sai sem olhar para trás. 

Será que ela ao menos sentiu algo quando transamos? 

Passo a mão no cabelo, em seguida soquei o travesseiro querendo explodir de raiva. Toda vez é essa mesma porra!"

Paz que durou alguns minutos. 

Depois daquele dia, eu deixei as coisas fluírem, sem que interviesse ou fosse atrás de Lucy como um cachorrinho sem dono. Mas a verdade é que eu havia desistido de tentar ter meu casamento de volta, entretanto, acredito que Lucy só se deu conta disso ontem de manhã.

— Bom dia, cara. — Deseja Gray ao tocar no meu ombro e logo passar por mim, bocejando. — Você saiu cedo ontem da despedida de solteiro do Jellal e a Erza me disse que a Lucy não apareceu na despedida dela...— Ele começa rodeando o assunto até chegar no ponto onde queria. — Vocês brigaram? 

— Não, sair de casa antes disso acontecer. — Respondo seco dando outro gole no meu café. — decidir dá um tempo para nós dois.

— e ela aceitou? 

Olho para ele com uma feição tediosa e reviro os olhos.

— Não é óbvio? É claro que ela aceitou. Lucy não se importa mais comigo. — Esbravejo enquanto Gray senta à minha frente com um tigela branca tomada de cereal.

Gray Fullbuster é meu amigo de infância, graça aos nossos pais, que na época moravam aqui em Crocus e tinham contratos sólidos. Então basicamente eu e Gray crescemos um ao lado do outro. Nossa amizade se manteve durante todo esse tempo, sem intervalos, dando a oportunidade do moreno presenciar minha fase mais difícil e acompanhar meu relacionamento desde o começo. 

— eu sinceramente não acho que seja isso. — Gray rebate olhando para mim, mastigando. — Se você propôs o tempo, é óbvio que ela ia aceitar, a Lucy nunca te prenderia se você quisesse sair. E acredito que no momento, ela esteja sofrendo mais que você.

Fechei os olhos, irritado.

— Como ela pode está sofrendo mais do que eu? — pergunto com tom um pouco mais alterado. 

— Porque ela já se sacrificou tanto quanto você, Natsu. — ele rebate mantendo o tom. Travo o meu maxilar ficando calado, pois era verdade. — Você só deixou aquilo tudo porque a Lucy não desistiu de você. Ela sempre esteve lá por você. Ela só se perdeu na rotina, mas sabemos que aquela mulher te ama, Natsu. Mais do que qualquer outra pessoa. Ela escolheu te amar quando todos já haviam desistido de você, inclusive você mesmo. Então, não diga asneiras como "Lucy, não se importa comigo".

— As coisas mudam, Gray. — falo firme. 

— Eu sei que mudam, mas no momento dessa sua cabecinha de vento, você só ver os erros da sua esposa e talvez tenha sido egoísta esse tempo todo. — Ele rebate no mesmo tom, uma veia saltou da minha testa.

— Egoísta? Eu? — Explodi. — Você acha que ela não está sendo por simplesmente ter me esquecido todo esse tempo? Lucy ao menos ligou para saber onde estou. Se já comi. Se estou bem! Mas tanto faz, ela já não sabia antes, mesmo dormindo ao lado dela. Então não venha me dizer que eu sou o egoísta da história, porque não sou eu! 

Gray suspirou, provavelmente estava morrendo de ressaca por conta da bebedeira da noite passada. 

— Eu não irei discutir sobre os seus problemas do seu casamento, porque não irá adiantar absolutamente nada. Deixarei o tempo mostrar a você— Ele acrescenta, me olhando nos olhos e sorri— enquanto isso, usa o tempo que você pediu para aliviar a mente. 

Desvio o olhar terminando meu café, desço do banco, pensando nas palavras de Gray. Eu não acho que errei, ela foi a única que errou por ter deixado tudo sucumbir.

— E dá uma repaginada nessa sua aparência, você está acabado, Natsu. — Ele acrescenta, e eu me permito olhar nos espelho que ficava aqui na cozinha. 

Gray estava certo, eu estava um lixo. Calça moletom larga, camisa amassada, pele oleosa, cabelo espigado, alto, descabelado e a pele oleosa. A exaustão psicológica com toda essa situação havia me destruído. Desanimei até mesmo com minha aparência. Mas pelo menos ainda tinha meu corpo atlético, graças ao exercícios no batalhão. 

— É, acho que estou precisando de uma repaginada. — Concluo suavizando minha irritação, permitindo meu corpo respirar um pouco. — Acredito que esse tempo será bom para nós dois….

— Tenho certeza que sim. — Gray responde gentil—  Bom, preciso ir, minha empresa me espera. Fica com a chave reserva, está em cima da bancadaml.— Ele fala após colocar a louça suja no lava louças e volta para o quarto, revirei os olhos sério e fiz o mesmo em seguida e logo sai de casa vestido com a minha farda.