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História Soukoku AU: Bittersweet - Capítulo XVIII


Escrita por: DoubIeBlack e Biagawa

Notas do Autor


Olá, detetives e mafiosos!

Chegamos ao antepenúltimo capítulo. Será que já posso começar a chorar?

Também atingimos a marca de 100 mil palavras nesse capítulo! Foi uma longa jornada, não é?

E de bônus, precisamos agradecer pelos 100 favoritos. Não poderíamos estar no final dessa Fanfic mais orgulhosas. Muito obrigada a todos que têm apoiado o nosso trabalho.

No mais, para esse capítulo, toda a verdade será revelada! Esperamos que seja emocionante.

Boa leitura. ❤️

Capítulo 18 - Capítulo XVIII


Fanfic / Fanfiction Soukoku AU: Bittersweet - Capítulo XVIII

Aquelas últimas palavras ecoaram pela sala durante um considerável momento, enquanto os dois homens se encaravam nos olhos. Chuuya ainda parecia um pouco descrente, mas por que Dazai mentiria sobre algo assim? 

Definitivamente, ele não parecia estar mentindo. 

- Você matou o Mori? Há… 8 meses? Como...? Eu não ouvi nada desde que saí da prisão...

- Claro que não ouviu, eu sei ser discreto. - O moreno dizia com certo orgulho, enquanto enfiava uma das mãos no bolso do próprio sobretudo. 

Dali, tirou um aparelho celular, um celular que Chuuya nunca tinha visto antes com ele.

- Pude controlar todo o resto daqui, sem que ninguém se desse conta da falta do Mori. - Dazai explicava calmamente, colocando Chuuya para pensar. 

Como um dirigente da máfia, era possível para Dazai ter a maioria das senhas de acesso de Mori. Aquilo era uma prática comum, para caso algo acontecesse com o líder. Com isso, depois de matá-lo, era perfeitamente plausível acreditar que Dazai havia sido capaz controlar a máfia como se Mori ainda estivesse vivo.

- E por que fez isso? - Chuuya franziu a testa, sentindo uma estranha sensação com aquela informação. Se Dazai agora era o atual líder da máfia, deveria ser tão impiedoso quanto Mori fora um dia, isso se Osamu não fosse ainda pior.

Mas qual era o papel de Chuuya nisso tudo? As perguntas ainda sem respostas ecoavam pela mente do ruivo. Naquele momento, tudo o que ele queria era saber a verdade. Muitas coisas ainda não se encaixavam. 

- Por que se aproximou de mim depois de matá-lo? - Perguntou novamente, hesitante, ainda que não deixasse de encarar Osamu. 

- Para que eu pudesse controlar tudo a sua volta. - A resposta de Dazai vinha clara e sem muita cerimônia. Era como se quisesse resolver logo aquilo também. - Desde o homem bomba que foi a sua casa naquela noite, até o sujeito que te perseguia no bar. Tudo isso foi sob as ordens de "Mori". Mas esse tempo todo, eu me passei por ele através desse celular.

Chuuya arregalou os olhos ao ouvir aquilo.

Então tudo o que havia passado havia sido perfeitamente orquestrado por Dazai? Todas as vezes que temeu por sua própria vida, toda a angústia que havia sentido sendo perseguido, o medo de ter a arma de Kajii Motojirou apontada para si... Tudo aquilo tinha sido de alguma forma, obra daquele que supostamente deveria protegê-lo? 

- Não acredito nessa merda. - Chuuya respondeu com desprezo, franzindo a testa em negação. 

Não queria acreditar que Dazai de alguma maneira havia atentado contra sua vida. Não podia.

- Por quê...? - A voz do ruivo soou fraca agora, mas alta o bastante para que o moreno lhe ouvisse. - Mesmo quando o Kaijii apareceu e explodiu a casa toda, você se machucou por mim. - As memórias o assolavam. Tinham transado pela primeira vez naquela noite. - Você me chupou no meio de um beco quando eu me senti paranoico por ter alguém me seguindo, enquando eu voltava do trabalho… 

Lentamente, Chuuya foi reunindo forças para conseguir erguer a cabeça e mais uma vez olhar para Dazai. Mas naquele momento, os olhos azuis do ruivo só refletiam tristeza. 

- Por que fingiu se importar?

- Chuuya, em primeiro lugar, a sua vida nunca esteve em perigo de fato. - Dazai dava um suspiro, se desencostando da mesa para então se aproximar de Chuuya, mesmo que o fizesse a passos lentos.

Osamu agora tinha um olhar mais suave, mesmo que o ruivo ainda não fosse capaz de decifra-los. Não sabia o que se passava pela mente do homem que havia amado tanto, e agora se sentia completamente no escuro, sem conhecer suas reais intenções. 

- Chuuya, eu quis conquistar a sua confiança para depois te mostrar quem eu realmente sou. Quis despertar o seu desprezo. - Dazai olhava para o ruivo, agora sem mais sorrisos ou expressões bobas. - Eu preciso que você me odeie. - Dizia em um tom mais grave. - Preciso que faça uma coisa para mim. 

Chuuya sentiu um aperto no peito ao ouvir aqueles dizeres, ainda que não soubesse exatamente o motivo. É lógico que estava com raiva de Dazai, e não apenas isso, estava decepcionado e magoado também. Mas isso seria o suficiente para realmente odiá-lo? Para esquecer tudo o que haviam passado juntos?

O menor não sabia mais o que pensar, assim como não sabia o que Dazai realmente sentia por ele. Achou que provavelmente era Osamu quem o odiava, por ter mentido e o enganado daquela forma.

Depois de alguns instantes, o silêncio de Chuuya pareceu incomodar o mafioso. Dazai franziu de leve a testa, ficando alguns metros à frente do ruivo. 

- Conheci Mori anos atrás, quando eu estava internado naquela clínica. - O moreno recomeçava calmamente, como se sentisse a necessidade de Chuuya em obter mais explicações. - Não sei que tipo de potencial ele viu em mim, mas não demorou muito para que eu me tornasse o seu braço direito, mesmo sendo apenas uma criança. 

O ruivo encarou Osamu por um momento. Ele parecia realmente sincero, e Chuuya não duvidou de suas palavras. Além disso, havia visto a ficha criminal de Dazai, sabia que de fato ele tinha entrado para a máfia com apenas 14 anos. 

De fato, era apenas uma criança.

Uma criança abandonada pela família após ter sofrido abusos ao longo de toda a sua infância. Para Mori, com certeza teria sido muito fácil manipular essa criança e conduzi-la para o caminho que ele bem entendesse.

- Mas eu… estou cansado, Chuuya. - Foi apenas então que os lábios de Dazai se converteram em um sorriso. Contudo, era um sorriso triste, e os olhos do castanho logo se abaixaram um pouco. - Eu perdi um amigo porque o Mori decidiu deliberadamente enviá-lo para a morte. Mas ele não foi o primeiro, e também não foi o último. Pessoas são mortas pela máfia todos os dias, inocentes ou não. Foi então que eu percebi que isso precisava acabar. 

Dazai então se colocava perto o suficiente de Chuuya, para poder lhe entregar o celular de antes. Com ele em mãos, o ruivo logo pôde deduzir que aquele aparelho algum dia havia realmente pertencido ao Mori.

Quando olhou para a tela, Chuuya viu havia várias e várias mensagens de membros da máfia em pânico, clamando por ordens ou pedindo por ajuda.

"Mori-san, onde o senhor está?" 

"Precisamos das suas ordens!" 

"Não conseguimos qualquer contado com o nosso dirigente, o que está acontecendo?" 

"Mori-san, alguns membros da máfia estão fugindo! Todos estão com medo!" 

"O senhor está vivo? Por favor, responda."

Apenas por aquelas poucas mensagens, ficava claro que a máfia estava um completo caos do lado de fora daquela escritório. E de alguma maneira, Chuuya sabia que o motivo por aquilo estava bem a sua frente. 

Mas quando leu uma mensagem em particular, Chuuya sentiu como se ar faltasse em seus pulmões. 

"Os dirigentes estão mortos."

- Dazai…? 

- Sim, fui eu quem os matei também. - Osamu dizia em um tom mais sério. Não havia mais qualquer necessidade de manter aquilo em segredo. - Eu te mantive aqui durante quatro dias, porque foi o tempo que eu precisei para matar os outros quatro dirigentes da máfia. Sem o Mori e sem os dirigentes… acabou. 

Dazai deixava o celular com Chuuya para se virar de costas, afastando-se dele. Andava devagar em direção à mesa que antes havia pertencido a Mori, até que parava de andar novamente. 

Se mantinha de costas para Chuuya, e com a cabeça levemente baixa. 

- Mas ainda falta um dirigente... - Dizia Dazai em um tom baixo, mesmo que o ruivo fosse perfeitamente capaz de ouvi-lo. - E é por isso que você está aqui, Chuuya, com uma arma carregada na sua cintura. 

 

Silêncio. 

 

Agora ambos ficavam calados enquanto Nakahara tentava processar todas aquelas informações. Aos poucos, tudo pareceu fazer mais sentido. Chuuya entendia os motivos de Dazai, e a que propósito havia sido trazido até ali. 

Dazai queria que Chuuya o matasse

E naquele momento, o ruivo se lembrou de todas as vezes que presenciou Dazai tentando tirar sua vida. Ele nunca havia deixado de tentar morrer, desde a infância, até aquele momento. Tudo sempre havia girado em torno disso.

As pistas estavam todas ali para Chuuya, o tempo todo e bem na sua frente, mas ele não havia sido capaz de vê-las, ou simplesmente não queria.

- Então… você fez tudo isso para que eu te odiasse o suficiente para querer te matar? - Chuuya questionava, franzindo de leve a testa. Queria confirmar que havia entendido direito. 

- Sim. - Dazai respondia, mantendo-se de costas para Chuuya. - Inicialmente, eu havia escolhido o Akutagawa para cumprir esse papel. Tentei fazer com que ele me odiasse desde o princípio, mas não deu certo. - Osamu vinha a suspirar. - Foi quando fiquei sabendo sobre você, e que estava para sair da prisão em liberdade condicional. Logo percebi que você jamais deixaria alguém brincar com os seus sentimentos, então… foi exatamente o que eu fiz.

E de fato, queria dar um belo soco do rosto de Dazai, mas ele ainda continuava de costas, e estavam a alguns metros de distância um do outro.

Chuuya não respondeu, obrigando ao próprio Dazai a romper com o silêncio. - Eu não consigo me matar sozinho, não importa o que eu tente. Então... esse será o meu suicídio perfeito. - Deu mais um pequeno sorriso. - Mas dessa vez, vou levar a máfia inteira comigo.

Um silêncio novamente se fez presente após Dazai dizer aquilo. Ambos se calavam, entregues a seus próprios pensamentos. 

Foi quando Osamu fechou os olhos. Esperava levar um tiro pelas costas a qualquer momento, e acreditava que daquela maneira seria melhor para ambos, já que Chuuya não precisava encará-lo nos olhos ao fazer o disparo e tirar sua vida. 

Achou que iria morrer a qualquer instante, e até desejava aquilo. 

Mas foi então que para a surpresa do mafioso, Chuuya quebrou o silêncio ao começar a rir.

O ruivo passava a gargalhar como Dazai nunca o havia visto fazer antes. Chuuya ria mais e mais, até que algumas lágrimas caíssem de seus olhos e sua barriga doesse.

Foi então que o moreno se virou para ele, e ao ver Chuuya surtando daquele jeito, não conseguia deixar de sentir um forte aperto no peito.

- Chuu, não precisa mais sofrer assim. A arma que eu te dei está bem carregada e você pode atirar em mim quantas vezes quiser. Não vou reagir. E depois que eu morrer... Você estará livre. 

E Chuuya ainda continuava a gargalhar até perder o fôlego. Foi apenas depois de alguns segundos que aos poucos foi conseguindo parar de rir, de modo que respirasse fundo para recuperar o ar.

- Sabe, achei que você me odiava e queria me matar. - Ele dizia, agora meio ofegante. - Mas no fim, você só continua com essa ideia de suicida de merda. - Esfregou os olhos, secando as lágrimas que caíram durante o riso. - Eu não vou te matar, Dazai. 

Ao ouvir aquilo, Osamu o encarava seriamente, e era notável que o moreno estava analisando qual seria seu próximo passo.

- Você não tem opção, Chuuya. - E foi quando o mafioso sacou a própria arma, uma pistola preta, apontando-a diretamente para o menor. - Vai me matar, já que é para salvar sua própria vida.

Chuuya ergueu os olhos para Dazai, com uma expressão igualmente séria enquanto se demorou a responder aquilo. No minuto seguinte, foi então que levou a mão até o cós de sua calça, retirando a arma que havia ali, apontando-a de volta para Dazai também. 

Naquele momento, um estava sob a mira do outro, e eles se encaravam nos olhos. 

- É isso mesmo que quer? Que eu atire em você? - Perguntava Chuuya com a testa franzida. 

- Sim, Chuuya. - Respondia o moreno enquanto o encarava, respirando fundo.

Dazai estava pronto para morrer, e mostrava isso sem tirar os olhos dos de Chuuya. Com o olhar, era como se implorasse por aquele tiro. 

- Me mate logo, por favor.

O ruivo manteve a arma apontada para Dazai, vindo por destravar a mesma. Se mostrava preparado para atirar a qualquer momento, como se não mais hesitasse. 

No entanto, no segundo seguinte, o maior pôde ver quando o ruivo deixou de apontar a arma para ele, para então erguer a arma em direção a própria cabeça.

Agora, Chuuya parecia pronto para atirar em si mesmo.

- Pois eu prefiro morrer, a continuar vivendo em um mundo em que eu tirei a sua vida. - Deu um sorriso para Dazai. Um sorriso que refletia seus sentimentos. - Eu te amo demais pra conseguir te matar, Dazai.

E ao ouvir aquelas palavras e ver Chuuya apontar a arma para a própria cabeça, Dazai arregalava os olhos.

O coração do moreno batia tão forte que parecia que poderia sair pela boca, e se antes Chuuya não conseguisse desvendar o que havia por trás dos olhos de Dazai, agora só podia ver o mais profundo desespero.

- NÃO! - Ele gritava para Chuuya, largando a própria arma no mesmo instante. - Chuuya, para. Você não é um suicida. Você é muito mais forte do que isso, muito mais forte do que eu! - Dazai o implorava, demonstrando um medo legítimo que Chuuya jamais havia visto antes.

Então ele também tinha medo de perdê-lo?

- Chuuya, larga essa arma... Por favor...

- Então me promete. - Chuuya dizia de volta, apertando a arma entre seus dedos, sem abaixa-la ou mesmo afasta-la da cabeça. - Me promete que vai parar com essa merda de querer tirar sua vida, ou querer me obrigar a fazer isso! - Os olhos do ruivo ainda estavam vermelhos pelas lágrimas, mesmo que estas não caíssem mais de seus olhos. - Se não prometer, eu atiro.

- Eu prometo. - Dizia sem pensar duas vezes. Dazai praticamente implorava a ele. - Chuuya, eu prometo. Por favor, larga essa arma. Eu prometo, Chuuya. 

O ruivo sorriu como resposta a aquilo,  ao conseguir o que queria. No entanto, ainda manteve a arma erguida contra a sua cabeça. - Uma pena, não acredito em você. 

E então, Dazai percebeu que Chuuya apertaria o gatilho. 

 

 

 

 

 

Depois daquilo, para Dazai, era como se tudo acontecesse em câmera lenta.

Estava a um segundo de perder o amor de sua vida.

Osamu correu em direção a Chuuya. 

E a arma disparou.

 

 

 

 

 

 

Ambos tinham caído no chão. 

Dazai estava por cima de Chuuya. O moreno havia sido capaz de desviar a arma da cabeça de Chuuya ao dar um forte tapa em sua mão, salvando sua vida. Mas sem conseguir parar o próprio corpo ao se jogar contra o ruivo, Dazai acabava colidindo contra ele, e ambos caiam no chão.

O tiro havia atingido a parede. 

Rapidamente, o mais novo tratou de roubar a arma das mãos do ruivo, jogando-a para o mais longe possível. Chuuya estava caído no chão, olhando para Dazai sobre ele, enquanto moreno agora tremia. 

Quando se encararam, Chuuya viu, pela primeira vez, os olhos castanhos de Dazai se encherem de lágrimas.

Instantes depois, ele começou a chorar  compulsivamente sobre o corpo dele. 

- Eu amo você! - Dazai dizia enquanto chorava. Suas lágrimas eram tantas que começavam a cair sobre o rosto do ruivo, molhando-o. - Eu amo tanto você... mas eu não posso te amar, Chuu… eu não tenho o direito de amar você, eu...

E foi quando Dazai era atingido por um forte soco no rosto, por um dos punhos bem fechados de Chuuya. O moreno era jogado para o lado, e imediatamente a sua boca começava a sangrar. 

- EU NÃO VOU OUVIR ESSAS MERDAS!! - O ruivo gritou com raiva, puxando Dazai agora pela gola da camisa para poder encara-lo nos olhos com uma expressão séria e mais irritada do que de costume. - Que merda, Dazai. Eu não quero ouvir que você não tem o direito de me amar, PORQUE QUEM DECIDE ISSO SOU EU. Pare com essas merdas de achar que você não pode ser feliz. A morte não é sua única opção, caralho!

Dazai o olhava com os olhos arregalados, enquanto o sangue começava a escorrer de sua boca até o queixo. Mas aquilo servia para tirar Dazai um pouco do próprio desespero, e fazê-lo voltar a ser pouco mais racional, ainda que ele não conseguisse parar de chorar.

- Você viu a minha ficha criminal. - Dizia enquanto voltava com os olhos para Chuuya. - Então me responda, eu realmente mereço ser feliz? Depois de tudo o que eu fiz? 

- E que opções você teve? - Chuuya questionou com a mesma expressão séria, se mantendo firme mesmo diante do choro de Osamu. - Você fez coisas terríveis, Dazai, mas você aprendeu com isso, não foi? Você se arrepende? 

- Sim... - O moreno respondia enquanto levava ambas as mãos ao rosto, tentando conter o próprio choro. - Se eu não tivesse me juntado a máfia... talvez... eu fosse capaz de viver uma vida normal, talvez... eu pudesse te fazer feliz.

Chuuya então soltava a gola de sua camisa, empurrando o corpo do outro com um tapa no peito. 

- Caralho, Dazai. Depois eu quem sou o dramático! - Suspirou o ruivo, agora levando as mãos contra as dele para afasta-las de seu rosto. - Olha, as merdas que você fez no passado não são o que te definem, ao menos, não pra mim.

Ao ouvir aquilo, Dazai afastava com as mãos para olhar com os olhos castanhos para Chuuya, ainda cheios de lágrimas. Pela primeira vez, ele demonstrava todo o seu sofrimento, o quanto parecia odiar a si mesmo e o quanto se sentia perdido.

Era como uma criança abandonada no escuro.

- Você realmente acha que eu poderia me tornar uma pessoa melhor?

- Claro que pode, idiota. - Agora Chuuya lhe dava um tapa em sua cabeça, mesmo que mais de leve, como se o repreendesse. 

- Aw! - Ele resmungava ao receber aquele tapa, olhando de volta para Chuuya. Ouvir aquelas palavras foi como acalmar o seu coração, ainda que seus lábios formassem um bico. - Então… você não me odeia? 

- Você me decepcionou pra caralho. - Chuuya dizia agora desviando o olhar. Estava realmente magoado com o que Dazai havia feito, e sentia que o relacionamento deles precisava recomeçar.

Mas de alguma maneira, era como se também sentisse seus ombros mais leves agora que conhecia toda a verdade, e mesmo assim, mesmo sabendo quem Dazai realmente era, Chuuya percebeu que jamais conseguiria odiá-lo. 

- Você me magoou, mentiu pra mim e ainda me sequestrou. - Chuuya dizia realmente aborrecido. - Mas eu não… odeio você... cof... quero dizer, talvez… só um pouquinho.

- Já é um começo. - Era possível ver Osamu dar um discreto sorriso, aproximando em alguns centímetros o rosto do de Chuuya. - Sabe, você sempre foi o meu pedacinho do paraíso. 

- Ah, não. Não comece com essas cantadas de tarado ou eu te dou outro soco! - Indignado, o ruivo dava mais um pequeno empurrão contra o ombro de Dazai. 

- Poxa, achei que você ia gostar, hihi. - E então, Dazai deu um pequeno riso, como sempre costuma fazer, provando para Chuuya que ele ainda era o mesmo de antes, por quem o ruivo havia se apaixonado.

E perceber aquilo também fez o coração de Nakahara se aquecer. 

- Sobre a máfia... bom, acho que os estragos que eu fiz foram o suficiente, então... não precisa mais viver com medo, Chuuya. Se vingar de traidores será a última preocupação dos membros que ainda restarem na máfia. 

Voltou os olhos para Dazai, surpreso ao ouvi-lo dizer aquilo. - Mas e quanto a você? É o chefe atual da Máfia do Porto.

- Nunca tive o interesse de exercer essa função de fato. - Dazai respondia enquanto olhava para Chuuya, agora dando um pequeno sorriso. - Além disso, já devia saber. Eu vou deixar a máfia.

- Tá, mas… e a sua ficha criminal? - Chuuya perguntou com certo pesar, ainda que não deixasse de sentir um certo alívio em ouvir Dazai dizer que não queria mais estar na máfia. 

Mesmo assim, um passado criminal como o dele não era algo que simplesmente podia ser apagado, e Dazai logo provava saber disso também.

- Eu realmente vou ter que me acertar com a polícia de algum jeito. - Respondeu enquanto se posicionava um pouco mais sobre Chuuya, mantendo o rosto bem acima do dele de modo que se encarassem. Desta vez o moreno ficava bem mais sério. - Faço qualquer coisa, desde que me prometa nunca mais fazer aquilo com a arma de novo. - Osamu franziu a testa, enquanto mais alguns resquícios de lágrimas deslizavam pelo seu rosto. - Chuuya, você… me... assustou... pra caralho...

- Ao menos sentiu pela primeira vez como foi pra mim, todas às vezes que vi você tentar acabar com a sua própria vida. - Chuuya franzia ainda mais a testa, se mostrando irritado com aquilo. - E ainda tentou me fazer te matar, seu grande filho da puta. - E então, deu um soco na lateral de seu corpo, o repreendendo novamente por aquilo. - Egoísta desgraçado.

Dazai fechava os olhos ao receber mais aquele soco, ainda que deixasse o baixinho lhe bater a vontade. Agora sabia o quanto era assustador ver alguém que amava tentar se matar na sua frente, e não queria jamais reviver aquela experiência.

Não podia perder Chuuya, jamais. 

- Chuu. - Dazai abria os olhos devagar, tornando a fitá-lo. - Você ainda... me quer na sua vida? 

O ruivo podia ver que Dazai nutria certa expectativa no olhar, esperando a resposta daquela pergunta. 

- Já disse, você foi um escroto do caralho comigo. - Suspirou ele após dizer aquilo, agora evitando olhar para o moreno. - Acha que ainda devo te aceitar, Dazai?

- Não. - O mais novo o respondeu com sinceridade, desviando igualmente o olhar. Foi então que saiu de cima dele, se colocando sentado ao lado de Chuuya. 

Dazai ficava um instante em silêncio, como se refletisse sobre tudo aquilo.

- Você me perguntou se havia sido tudo mentira... - Osamu recomeçava a dizer, desta vez em um tom um pouco mais baixo, virando com o rosto para Chuuya. - Não, não foi. Não pra mim.

Chuuya também veio por se sentar, ainda que um pouco distante de Dazai. Estava com a testa franzida, sem saber se realmente deveria acreditar nele ou não. Mas por que Dazai mentiria agora? 

- Quando disse que me amava… - Chuuya começou agora com os olhos voltados para o chão, e Dazai pode notar um pequeno sentimento de esperança brotar no ruivo. - ...era verdade?

- Eu nunca amei ninguém antes, para saber exatamente como é. - Confessava Dazai, um pouco hesitante, ainda que logo em seguida desse um pequeno sorriso. - Mas você faz o meu coração bater de um jeito diferente. Eu gosto do seu sorriso, gosto quando me toca, gosto quando fazemos amor... sabe, eu gosto até quando você me xinga, ou me dá um soco! - Dazai acabava deixando escapar um pequeno riso. - Se isso não é te amar, sinceramente, não sei mais o que poderia ser.

Lentamente, Chuuya foi virando o rosto na direção de Dazai, para observá-lo enquanto ele dizia aquilo. Sem perceber, o coração dele passou a bateu mais forte diante de tal confissão, de modo que ficasse alguns segundos em silêncio, apenas encarando Dazai, sem conseguir responder aquilo.

Osamu por sua vez o olhava de volta. Ansioso por uma resposta, o rosto do moreno acabava ficando levemente vermelho, até que ele desse um sorriso nervoso. - Ei, diga alguma coisa. Você me fez chorar e me declarar pra você, tudo no mesmo dia. Desse jeito posso ter um infarto.

Chuuya pigarreou, como se tentasse disfarçar o quanto as palavras de Dazai o tinham realmente impactado. 

- Bem feito pra você! Vai ter que lidar com isso como penalidade por ter me feito passar por toda essa merda. - Falou com um bico antes de se levantar. - Não pense que será tão fácil assim eu te perdo---

Eis então que, assim que se pôs em pé Chuuya sentiu os efeitos de sua fraqueza. Estava há alguns dias sem comer, afinal. A adrenalina já havia passado, de modo que o seu corpo finalmente cedia. Tudo o que viu foi o escritório a sua volta começar a girar e suas pernas perderem a força, fazendo com que ele desabasse em direção ao chão. 

- CHUUYA! - Era o que o ruivo podia ouvir antes de desmaiar entre os braços de Dazai, que se adiantava para conseguir impedir com que o corpo do ruivo caísse.

De alguma forma, Chuuya podia ouvir que Dazai ainda gritava pelo seu nome, mas parecia algo distante demais para acordá-lo.

 

 


Notas Finais


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