Eu estou preso dentro de mim e estou morto
Não quero ficar sozinho
Só quero ser seu
Os orbes amarelos abriram lentamente. O peso presente em seu corpo o impossibilitava de levantar.
— P-pai! — A voz falha e fraca chamou o homem que estava sentado e que em instantes já se encontrava de pé, ao lado do filho.
O rei se curvou e pôs sua mão na testa do Príncipe, constatando a quentura do corpo do alfa. Jaebum não era quente. Jaebum era frio como uma calota de gelo. E naquele momento, ele suava. As gotinhas de suor escorriam pelo rosto cheio de vida. O que era deveras estranho. O príncipe não aparentava vestígios de dor e nem muito menos de enfermidade.
— Meu filho, você está muito quente! — O rei apavorou-se com o calor que emanava do mais novo.
— Pai, eu estou bem. Só minha cabeça que está doendo! — Os olhos do príncipe se fecharam com a pequena dor na nuca. — O que houve?
— Você desmaiou, bateu a cabeça muito forte. Chamamos um curandeiro para te cuidar, mas ele disse que você, que seu lobo, estava desacordado. Você ficou inconsciente por dois dias, Jaebum. — Os olhos dobraram de tamanho.
Como assim, tinha dormido por dois dias? Sua consciência achou que aquele sono profundo só tinha durado algumas horas.
— Pai... ah!
— Calma meu filho, não faças esforço algum. Deixe me te ajudar. — O rei se pôs a ajudá-lo a ficar sentado, com as costas encostadas por grandes e macias almofadas. O príncipe ajeitou-se com a ajuda do pai, aéreo a tudo. Ainda sentia uma pequena pontada na nuca, mas nada muito relevante. Sua destra foi de encontro ao machucado, sentindo um curativo grande no local. — Você se lembra de alguma coisa?
— Hm… era... era quente, pai. Muito quente e… estranhamente bom. — A mão ainda pressionava o curativo. Jaebum encarava o nada enquanto as palavras saíam de forma espontânea de sua boca.
A sensação ainda tomava conta de seu corpo e apesar de sua mente não lembrar de cenas concretas, só borrões, ainda tinha aquele calor em seu corpo.
Os ouvidos dos dois presentes ali, foram tomados pelas batidas leves na porta.
— Entre! — A voz do rei foi proferida, revelando ao ter a porta aberta um cavaleiro, nos seus trajes de recepção.
— Com licença Vossa Majestade, Príncipe herdeiro… — O cavaleiro curvou-se diante dos alfas, ele era um dos poucos betas que trabalhava no castelo. Jung Hoseok possuía os olhos alaranjados e cheios de vida, contagiando tudo e todos por onde passava. — As caravanas de Soleil já adentraram o arco. Os príncipes e o rei chegam daqui alguns instantes.
— Obrigado Jung. Avise Jackson para que comece o desfile.
— Sim, Senhor! Com sua licença. — O curvamento fora rápido. O Jung sabia que seus curvamentos perante o Rei não eram necessários, já que o mesmo insistia em não querê-los. As portas foram fechadas novamente, deixando pai e filho em um silêncio desconfortável.
— Você precisa se arrumar. — A fala quebrará o silêncio incômodo. Jaebum sentiu o peito doer. Nada do que sonhava estava acontecendo. E esse príncipe no qual ele nem conhecia... tudo estava desandando.
— Então é assim? — O príncipe fita o pai. — Eu me visto, desço e conheço meu futuro marido, no qual eu me caso daqui a cinco dias? — Um riso soprado sai dos lábios de Jaebum. — Você sabe que eu não irei me casar, não é mesmo?
— Jaebum, não é sua escolha. É o...
— É a droga desse destino. Essa é SEMPRE a merda de suas desculpas para tudo. Eu nunca quis ser rei. Nunca quis a merda dessa coroa. E eu nunca irei me casar com um ômega que não seja o YoungJae. — Os dentes rangiam um no outro, e pela primeira vez Jaebum rosnava para o pai.
— Só não se esqueça que um rei, vive para o povo e não para si. Se você soubesse Jaebum… quantas coisas eu abri mão para manter todos sãos e salvos. Você não faz ideia do peso que carrego nas costas e nem do peso que carrego no peito. Não seja egoísta meu filho.
— Pai, o único que está sendo egoísta aqui, é o senhor. Eu não pedi, nunca pedi para ser rei ou algo do tipo. Seria muito mais fácil colocar o Kyuhyun como rei, ele sim, sempre quis essa maldita coroa. — Os dois se encaravam intensamente. E era isso que HyunSik mais gostava no filho. Ele nunca desviava o olhar quando falava. Era verdadeiro em suas palavras.
— Com Kyuhyun seria tudo mais fácil sim, mas ele não é o escolhido e você sabe bem os motivos.
— Se minha mãe estivesse viva, ela nunca me obrigaria a isso.
— Pois bem, sua mãe não está viva. Agora vá se arrumar. Estou lhe esperando lá embaixo. — Os passos do alfa mais velho rumaram à saída do quarto. O barulho da porta abrindo e fechando fez o príncipe suspirar alto. Doía quando falava da mãe que só conheceu por histórias. E sempre que esse assunto era mencionado, seu pai agia friamente e dava seu jeito de se esquivar ou fugir. Já estava acostumado com aquilo.
E com muito pesar, não só no corpo, mas principalmente, no peito, saiu de sua enorme cama. E fez aquilo que nunca pensou que faria. Se arrumar para um ômega mesquinho em sua concepção, no qual nunca conhecera e não fazia a mínima também. E mesmo sem conhecer, seu lado humano não deixou de criar um pequeno ódio pelo ômega que nem sequer o nome lembrava. Já tinha ouvida falar sobre ele, mas todas as poucas vezes que foi a Soleil, nunca o encontrara. Seu lobo estava agitado, mas seu lado humano era irritado, racional e cheio de revolta.
Não iria se casar, e isso já estava decretado.
[...]
— Min-Minnie... — A boca seca e voz rouca o davam nos nervos. Odiava isso sem nenhuma explicação, apenas odiava a sensação. Os olhinhos estavam inchados e o balançar da carruagem fazia seu corpo chacoalhar junto.
— Ei, bebê, você acordou! — As mãos do alfa foram de encontro ao rosto do ômega, que se esquivou do toque. Não que Jinyoung não confiasse no irmão, mas seu instinto agiu primeiro. Lembrava do que ele tinha dado para si e de como ficou depois. — Não precisa ter medo, hm. — Jimin sempre saberia o que estava pensando, e, ele não se surpreendeu quando o mesmo se afastou de si. Já esperava por aquilo, na verdade, estava esperando algo pior.
— O que você me deu? — O tom rouco rasgou sua garganta, o fazendo tossir um pouco. Jimin pegou uma garrafa estilizada com água e levou em direção ao irmão, que o olhou desconfiado.
— Beba, juro que não tem nada a mais do que água e somente água. — O sorriso doce do alfa confortou o ômega que bebeu o líquido tudo de uma vez. — Vai com calma garoto.
— Jimin, agora me conta o porquê você quase me deixou morrer, seu idiota! — Os tapas eram deferidos freneticamente. O ômega estava debruçado sobre o irmão, que se defendia com os braços dos tapas fortes e estalados. Diferente do Jinyoung de dias atrás, que não tinha forças para nada. — Seu idiota! Eu quase morri. Foi a pior sensação que eu senti. Alfa insolente! — As risadas do alfa foram ouvidas. Jimin ria sem parar da pequena fúria do irmão. E falhava, porque na visão de Jimin, Jinyoung não sabia ser bravo e nem bater pelo jeito.
— Foi por isso Jinny!
— Isso o que seu idiota? — Os tapas cessaram, Jinyoung estava com seu rosto vermelho e respiração descompassada. Fazia tempos em que o ômega não estava tão agitado.
— Isso... você de volta, com o rosto mais vivo. Os olhos verdes e brilhosos novamente. Você não se sente melhor? — Os olhos do irmão fitavam o ômega. Então Jinyoung notara o quão bem se sentia. Seu peito não doía tanto assim, só tinha o peso da ansiedade e um pouco de... raiva, que na sua pouca concepção, não era sua. Um peso diferente, uma expectativa e nervosismo, tudo muito bem juntinho.
— Eu... eu me sinto bem. É estranho… — Jinyoung pousou seus olhos no sorriso do alfa. Aquele sorriso que o ômega sabia que o irmão tinha aprontado. — Jimin, o que você fez?
— Eu? Eu jamais faria algo! — O tom ofendido e debochado era palpável. A mão pequena do alfa estava sobre o peito, num semblante ofendido pelos olhos acusatórios do Park mais novo.
— Você não presta! — Jinyoung sentou-se direito no assento da carruagem, seus olhos miraram pela janelas a enorme ponte toda decorada.
— Eu nunca disse que prestava! — Os dois riram juntos. Jimin se aproximou do irmão escorando o queixo no ombro do mesmo e se deparando com a linda paisagem. — Parece que eles capricharam, hein?
— Pois é! Ficou lindo. Aliás, Carlon parece ser muito belo. — Jinyoung falara ao visualizar o horizonte dividido entre uma grande parte do rio e o céu ensolarado.
— Pensei que aqui fosse frio, mas tá quente, a mesma temperatura de Soleil, se não um pouco pior.
— Quente? Você está brincando né? Está muito frio! — Os olhos do alfa fitaram os dentes do ômega se baterem um no outro. As sobrancelhas franzidas e o semblante confuso. O que estava acontecendo com Jinyoung?
Antes mesmo que o alfa retrucasse aquilo, a carruagem parou. E um guarda em trajes de cores cinzas grafites, com ombreiras vermelhas abriu a pequena porta da carruagem.
— Príncipes de Soleil, sejam bem-vindos ao reino de Carlon! — O guarda mantinha o semblante respeitoso para com os dois, que saíram da carruagem. Jimin primeiro, seguido de Jinyoung, que aceitara de bom grado a mão do irmão para descer a pequena escada posta para o uso. Os agradecimentos dos príncipes soaram baixos e cordiais. Jimin sentiu a mão gélida do irmão contra a sua, mas ao observar o mesmo, parecia deveras bem e cheio de vida.
— Vejo que está bem disposto meu filho! — Os ombros do ômega foram envoltos pelo braço esquerdo de seu pai. O mesmo se encolheram com a aproximação do mais velho. — Seus olhos… o que aconteceu?
— Ele apenas descansou meu pai. Apenas isso. O que mais poderia ser, não é? — Os lábios de Jimin moldaram as palavras de uma forma ácida e cínica. O sorriso convencido também era presente na boca farta do alfa Príncipe. Jimin era uma afronta total, e defendia com unhas e dentes aquilo que achava certo, amava ou lhe cabia bem. E naquele exato momento, sua preocupação era só com seu irmão.
— Quando nos ajeitarmos, iremos conversar, Park Jimin. — YangMin tomou a frente da entrada, onde os grandes portões de ferro já se encontravam abertos.
Os dois irmãos seguiram os passos do pai. A cada passo podia-se ver, inúmeras pessoas aglomeradas. Ainda não era a apresentação deles para o povo de Carlon, mas mesmo assim, muitos paravam para olhá-los. Jimin pode sentir o nervosismo do ômega ao seu lado, quando ambos pararam em frente a grande escada e no topo dela, estavam três homens em seus trajes reais, cercados por cavaleiros em todo local.
A cada um degrau, dois guardas se encontravam, um em cada canto, com suas estacas grudadas ao chão e escudo rente ao peito. Suas posições de sentido eram impostas por respeito a suas autoridades.
Jimin pousou uma de suas mãos no ombro tenso do irmão, o dando forças e principalmente, mostrando que estava com ele para qualquer coisa.
Então com olhos temerosos e mãos suadas, Jinyoung pôs seu pé no primeiro degrau, sendo acompanhado pelo irmão; que querendo ou não, liberou sua presença alfa ao seu redor. Jimin não estava gostando dos olhares em cima do ômega e seu lado protetor falou mais alto.
A cada degrau alcançado, os curvamentos dos cavaleiros eram dados. Jimin visualizava com uma carranca nada amigável os olhares ácidos e malvados sobre Jinyoung. Ele estava odiando aquilo; e odiou mais ainda o olhar do ômega no topo da escada.
Os olhos verdes de Sungmin faiscavam em direção ao novo Príncipe e os semelhantes de Jinyoung, reluziam brilhantes, cativando a todos. O vilarejo todo dava seu jeitinho para ver a chegada dos príncipes e do Rei; todos admirados com a beleza estonteante dos irmãos.
Jimin arrancava suspiros das ômegas e dos ômegas dali. Já tinham ouvido falar do príncipe alfa, e as perguntas sobre ele corriam de boca em boca. Todos queriam saber se ele já possuía uma ômega. Já Jinyoung, arrancava suspiros de muitos. Os trajes claros, cobriam seu corpo bem desenhado e com curvas no qual gostava de esconder. A calça bege torneava suas pernas, apertada e justa. As botas negras iam até um pouco abaixo do joelho. Jimin não estava diferente, mas seus trajes eram mais avançados, para sua época. Jimin sempre seria mais avançado, ele sempre estaria um passo à frente de todos. As roupas francesas cobriam o corpo atlético do alfa. Ambos os dois irmãos optaram por camisas leves e coletes curtos; na realidade, Jimin quem escolheu, já que foi ele que cuidou do irmão enquanto o mesmo estava desacordado. E Jinyoung brigaria com ele depois, porque aquelas roupas que usava era deveras colada em seu corpo, e ele odiava isso. Odiava se mostrar.
— Jimin, eu irei te matar! — O resmungar baixinho do ômega fez o alfa desviar seu olhar fixo no topo da escada e o encará-lo.
— Por quê?
— Sejam bem-vindos, Rei Park. — Antes que o ômega protestasse contra o irmão, a voz altiva do homem que estava na ponta do trio saudou seu pai. Seus olhos fitaram o sorriso forçado e o aperto de mão. Pelo estilo da coroa e trajes, Jinyoung soube que aquele era o rei de Carlon e seu possível futuro sogro. — Seja bem-vindo Príncipe Alfa. — As mãos dos dois alfas se juntaram uma na outra; um aperto forte e confiante.
Jimin analisava o rei dos pés a cabeça; gostava de observar e estudar o território que pisava. O aperto fora desfeito; e os olhos amarelos do alfa de Soleil, observaram atentos a proximidade do rei ao seu irmão. Jimin aumentou sua áurea protetiva sobre Jinyoung. Sentiu seu pai por a mão sobre o seu ombro o olhando torto; mas estava longe de obedecê-lo e parar.
— Príncipe ômega de Soleil, é um prazer finalmente conhecê-lo. — O alfa estendeu sua mão; não conseguindo chegar perto de seu futuro genro, já que o mesmo era protegido pela bola invisível de proteção do Park.
Jinyoung percebeu o desconforto do rei, era difícil competir com a áurea competitiva e cuidadosa do irmão. Os olhos do ômega pousaram sobre o príncipe, pedindo entre olhares que parasse com aquilo. O revirar de olhos fora perceptível ali, Jimin fazia questão de deixar claro que não gostava da situação; e mesmo contra gosto, o alfa recolhia devagar e cautelosamente sua presença de alfa.
Finalmente HyunSik pode se aproximar e constatar que o futuro ômega de seu filho era sim, realmente tudo o que o outro rei falara e o feiticeiro também. HyunSik observou cuidadosamente os traços do ômega; não eram traços delicados como o de um ômega qualquer; era de longe o ômega mais bonito que já vira. Os cabelos negros, um pouco bagunçados para o lado; alguns fios rebeldes caíam sobre a face. E sim, aquele rosto era estonteante. Os olhos bem marcados, sobrancelhas grossas e bem desenhadas; a boca farta e avermelhada chamava atenção, distinguindo-se do rosto branco feito da mais pura neve. E os olhos… ah, sim, aquele tom verde claro era único; nenhum ômega possuía aquela coloração; eles eram intensos e misteriosos. Carregados de uma inocência perigosa.
Jinyoung era a perdição de qualquer alfa. E o rei riu internamente com esse pensamento.
A mão pálida e gélida aceitou de bom grado o cumprimento; e apesar de envergonhado pelos olhares do rei, Jinyoung sorriu cordial em sua direção. HyunSik apertou com cuidado a mão do ômega, se surpreendendo com a frieza da mesma. Jinyoung deveria ser quente e não frio. Oras, era um príncipe do Sol, não deveria possuir mãos tão frias; era o que o rei pensava até sentir, novamente a presença imponente do alfa de cabelos estranhos.
— Bom, ah… este é meu filho mais velho, Cho Kyuhyun. — HyunSik tentava recuperar o fôlego e acalmar seu lobo dentro de si. Não entendia porquê o filho alfa de YangMin protegia tanto o irmão. O rei viu o filho cumprimentar reverente o rei de Carlon. — Este é Sungmin, ômega de meu filho. — o olhar prepotente de Sungmin não passou despercebido pelos alfas Park's. Jimin não gostou daquilo. E Park YangMin odiou o olhar. — Por favor, vamos entrar. Devem estar exaustos. — Os braços do rei sobrepuseram em cima dos ombros largos dos dois alfas. — Logo a cerimônia de apresentações irá começar.
Todos ali rumaram para a grande entrada do castelo.
Sungmin não cumprimentara o novo Príncipe ômega. E Jaebum não estava ali para receber seu futuro ômega.
[...]
Os olhos amarelos admiravam a figura refletida no espelho. O sol quase marcando o meio dia, transparecia seus raios pelo quarto. Jaebum odiava calor e sentir seu corpo quente e aquele Sol fervilhar seus aposentos estava o irritando.
Os trajes em uma coloração verde musgo cobriam seu corpo bem esculpido. A calça bege era acompanhada por botas de cavalaria, a blusa branca e com babados nas mangas e gola, se perdia em contraste com o verde do casaco, cheio de inúmeros detalhes.
Estava mesmo se arrumando para outro? Outro que não fazia ideia de saber quem era. A cabeça do alfa fervilhava.
Seus planos eram simples e em nenhum deles estava se casar com um ômega que não fosse quem amava. E céus, ele amava Youngjae e como amava.
Jaebum o tratava com respeito, admiração; em sua visão, o loiro, era o ômega mais lindo que conhecera; e Jaebum podia afirmar isso, pois como príncipe, todos os dias, recebia inúmeros flertes de ômegas. Todos muito belos, mas nenhum chegava aos pés de seu ômega.
Seus pés deslocaram-se a saída daquele quarto quente e sufocante. E deslocava-se rápido, descendo a escada enorme de mármore puro indonesiano. E antes que seu corpo fosse rumo ao seu real destino, seus calcanhares dobraram em direção à cozinha. Seu pai o mataria, quem sabe até o deserdaria… ah, seria perfeito. Quem sabe YangMin vendo o quão irresponsável era por não aparecer para recepcioná-los, cancelaria aquele casamento fajuto e sem moral alguma.
— O que você faz aqui seu idio...?! — Antes que o ômega pudesse terminar sua fala, o alfa fora mais rápido e fechará sua boca com a mão. Os olhos pediram por silêncio ao amigo, o mesmo balançou a cabeça freneticamente, concordando com o mesmo. Jaebum então se afastou do mesmo.
— Ninguém pode saber que eu estou aqui Chang!
— Seu pai vai te matar e depois, ele vai ME matar! Você é burro Jaebum? — O guardanapo voara na cara do príncipe que não teve tempo de desviar da audácia do amigo. — Os príncipes já estão aí, você deveria estar lá, cassete!
— Dá para você parar com esse chilique sem motivos. Eu não vou ir para lá. — O tom amargo chegou até os ouvidos do amigo, que revirou os olhos com tamanha ignorância do alfa. E sim, na visão do ômega, Jaebum era sim, ignorante. Ignorante por fugir, achando que assim, as coisas se encaixariam. Sempre fora assim. Jaebum podia ser imponente em seu olhar, mas ele não sabia se colocar com suas ideias e quereres; ele sempre fugia.
— Quando é que você vai aprender que quanto mais você fugir, mais seu pai e os outros vão se meter na sua vida? Cara, se você não quiser se casar com esse ômega, enfrente isso. Enfrente-no. Converse com ele e diga que você já tem alguém. Pare de fugir dos seus problemas. Pegar seu cavalo e sumir por horas, não vão te fazer resolver nada e nem muito menos ter o chato do Youngjae ao seu lado. Se não sabe agir como príncipe, pelo menos aja como Homem. — Chang deu as costas para o amigo. Não iria esperar o mesmo raciocinar, já estava com problemas demais. Mais um, enlouqueceria.
— O que deu nele? — O olhar confuso fitava a porta pela qual o ômega saíra.
Jaebum não iria admitir que aquelas palavras tinham mexido com seu orgulho. Não mesmo. Ele não fugia dos seus problemas, era verdadeiro admitindo-os, mas não enfrentando-os. Na realidade, tinha medo de seu lobo. Não queria o enfrentar. Não conhecia sua força e ele odiava não saber onde estava pisando.
— Não se preocupe, isso sai rapidinho.
— Ah, não se preocupe, não foi nada! — A voz doce e calma atingiram em cheio os ouvidos bem apurados do alfa. E como se tudo estivesse em câmera lenta, seu corpo virou, encarando o dono da voz e cheiro doce. E por todos os deuses da Lua e pelas linhas do destino, que cheiro bom. Oh, céus!
Os olhos amarelados do alfa incidiram com os alheios, num tão vibrante, dono de uma onda de pureza irrevogável. Os lobos sentiram o impacto. Fora inesperado, absurdo. O sangue que corria em suas veias pulsavam, quase que rasgando a pele de ambos com a força em que corriam. O coração acelerado do alfa, o peito doendo e a cabeça nublando com a simples visão do ômega moreno.
Jaebum não estava bem. Sentia-se fora de órbita; irrelevante perto daquele garoto que sabia, não por querer, o intimidar tão bem.
— Jinyoung, você está bem? — Jimin veio do grande salão até o irmão, preocupado se ele estava bem, por ter sido enfrentado por Sungmin, o mesmo que não deixou de passar seu veneno ao derrubar uma taça de licor no ômega inocente e que não viu maldade no outro moreno.
Os olhos do alfa pousaram em cima do irmão paralisado. Os amarelados de Jimin seguiram em direção ao vislumbre do ômega se debatendo com a visão de um alfa ruivo e de trajes elegantes. E Jimin não gostou.
Seu rosnado baixo interceptara a linha tênue entre seu irmão e o ruivo. Jaebum encarou por reflexo o outro alfa que ocupava o cômodo, não ficara atrás, já que o agito dentro de seu peito fez com que seu lobo, até então em êxtase, voltasse e enfrentasse o outro alfa. Os passos seguros de si tomaram a frente, Jaebum não se deixou abater, e assim como ele, Jimin também se pôs a frente; encarando-se, o enfrentando.
Os olhos faiscavam em desafio. A presença dos dois alfas fez a ômega e o ômega ali, se encolherem. Um dos lados ruins de estarem em uma classe tão indefesa. Ômegas ficavam com medo das presenças de alfas quando estas, serviam para o afrontamento e não para proteção. E ali, entre os dois, era uma disputa de território e bem longe de uma possível proteção.
Jinyoung estava nervoso, o coração acelerava dez vezes a mais que o seu normal e ele sentia todas as sensações possíveis. Seus pêlos da nuca arrepiados ao ouvir os rosnados dos dois. Não estava conseguindo raciocinar direito. Seus ouvidos doíam e seu coração apertava cada vez que o alfa ruivo enfrentava mais seu irmão.
Seu coração não estava apertado em relação ao seu medo por Jimin, mas sim, medo por ele.
O alfa ruivo, no qual ele nunca vira, mas conseguia sentir tudo o que o outro sentia.
Era intenso demais. Quente e… frio.
E pelos deuses do Sol, o ômega odiava frio.
Eu quero respirar, eu odeio essa noite
Eu quero acordar, eu odeio esse sonho
Por me acordar de um sonho que era tudo o que eu estava vivendo
Quando eu penso em você o sol aparece
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