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História Soulmate - Precisamos um do outro


Escrita por: ArsLilith_ e Yayabs

Notas do Autor


E era incrível como eu precisava de você e como magia você me acalentava com afeto em teus braços.
Eu precisava de você, dos seus pequenos gestos...
Eu precisava estar contigo, te sentir em um abraço...
Eu precisava mais do que qualquer outra coisa.

Capítulo 26 - Precisamos um do outro


Fanfic / Fanfiction Soulmate - Precisamos um do outro

Os olhos amarelados se abriam lentamente, sonolentos, tamanho o tempo em que ficaram desacordados. Buscou se mexer minimamente, falhando com as investidas. Seu corpo doía ao todo, como se tivesse sido pisoteado por animais pesados.


 

— Finalmente você acordou! Pensei que teria que te atirar água. — a voz divertida adentrou seus ouvidos. Levou a mão até a cabeça, a pressionando no intuito de amenizar a dor latente.

 

— Quanto tempo? — foi a única coisa que conseguiu resmungar. Grunhiu baixinho, doendo-se até a ponta dos pés.


 

— Três dias. — afundou-se mais na cama, voltando a fechar os olhos, sentindo-se estranho com aquilo. Três dias transformado eram de mais para si. Era além do que podia ter controle.

 

— M-me conte o que aconteceu… — pediu baixo, olhando para Namjoon que se encontrava sentado na cadeira disposta ao lado da cama.

 

— Você se transformou e fugiu. Creio que tenha sido o fato de Taecyeon ter se encontrado com você. Vocês devem ter discutido e isso te motivou a alimentar seu lobo. — o Kim buscava as melhores palavras para informar ao amigo. Depois que se transformava mudava constantemente de humor, ficava diferente, absorto no próprio mundo criado por ele mesmo. Jimin olhou nos olhos do alfa o vendo hesitar em suas palavras, sentia que Namjoon queria falar algo, conhecia aquele olhar.

 

— Quem eu machuquei? — a pergunta foi simples e preenchida por uma voz cansada em vários aspectos. O príncipe se conhecia bem o suficiente para entender que quando sob o domínio de seu lobo, tudo tomava outra dimensão e isso se referia a muitas coisas.

 

— Jinyoung estava correndo perigo… você apenas o defendeu. — disse simples, sem por muitas emoções na fala.

 

— Diga o que eu fiz, Namjoon!

 

— Você matou um lobo. Ele estava completamente sem vida quando Sehun o examinou. — Nam mirou na expressão sem vida do Park. Sabia que mais cedo ou mais tarde ele se culparia, mesmo que tivesse motivos para tal feito. — Não se culpe, ele iria matar Jinyoung, Jaebum... todos nós. Você salvou a todos.


 

— Onde está Chanyeol? Eu quero falar com ele. — Namjoon suspirou profundamente, entendendo que naquele momento tudo o que o soleiniense queria era se auto entender e ninguém melhor que Chanyeol para o ouvir.

 

— Ele está descansando. Acabou sofrendo com a ida à Floresta Vermelha. — proferiu baixo, atraindo o olhar alheio, com um misto de preocupação e surpresa.

 

— Co-como assim? Chanyeol não pode entrar na Floresta Vermelha! — proferiu absorto em preocupação.

 

— Não sabíamos que estávamos lá. Foi tudo muito rápido, mas não se preocupe. Sehun está cuidando dele. — Namjoon queria acalmá-lo, entendia como ele se sentia em relação ao outro Park, sua reação fora a mesma. Desespero e preocupação em dobro. Porém nada podiam fazer. Tinha sido por muito pouco que Chanyeol não piorara sua situação, era como se algo estivesse lhe guardando.


 

— Precisamos levar ele ao Clã Sul, lá ele ficará melhor. Retomará suas forças e será bem cuidado. — Jimin se remexeu na cama, sentindo as costas doerem. Seus músculos ainda estavam tensos, o impossibilitando de uma melhor locomoção. — Yah, me ajude aqui! — pediu irritando-se com a demora do Kim.

 

— O que pretende fazer? — Namjoon pôs o alfa em pé, o ajudando a se manter equilibrado.

 

— Iremos levar Chanyeol ao Clã.

 

— Você não está bem o suficiente e, além do mais, os sete dias de resguardo do vilarejo não passaram. Não irão nos deixar sair.

 

— Quero ver quem irá me impedir de ajudá-lo! — se soltou dos braços do mais alto, e esperou alguns segundos até poder se locomover. Seus passos foram vagarosos até a saída do quarto. — Arrume uma carruagem e avise Sehun para arrumar tudo que Chanyeol irá precisar. — Namjoon iria protestar, mas ao abrir a boca, Jimin não estava mais no quarto. Sabia que não poderia ir contra as ordens do príncipe, porém, acima de tudo, sabia que ninguém conseguiria impedir Park Jimin de fazer o que bem entendesse. Ele não costumava ser contestado, não havia alternativas. Se o destino era o Clã Sul, para o Clã Sul seguiriam.


 


 

O céu estrelado e as duas luas juntas, iluminavam o caminho seguido pela carruagem que seguia, calmamente, o percurso dado. Namjoon possuía as rédeas e as movia de modo calmo e silencioso para não despertar movimentos indesejados. Dentro da carruagem estava Sehun, que mantinha a cabeça de Chanyeol em seu colo. Suas mãos deslizavam pela face, vez ou outra, indo para os cabelos, acariciando o mais velho. Jimin estava sentado à sua frente, não deixando passar desapercebido as ações do Oh para com o amigo. Sehun cuidava de Chanyeol como ninguém e o príncipe alfa, sabia que aquele carinho todo não era apenas gratidão ou cuidado de amigo. Era mais, vindo de Sehun, tudo era muito mais.


 

— Eu pensei que ele iria morrer. — a voz do soldado saiu baixa, embargada e nervosa. Jimin ainda não conseguia se comover com as emoções vindas do outro por ainda sentir as agitações de seu lobo, porém podia sentir na voz proferida, o quanto aquele pensamento o machucava.


 

— Chanyeol é forte, não irá se abalar por coisas do passado. — as palavras saíram frias, não que quisesse dizer algo daquela forma, mas a transformação mexia com suas emoções. E por mais que Sehun estivesse acostumado com aquela indiferença sempre que o outro se deixava ser dominado pelo lobo, ainda assim, não conseguia deixar de se sentir mal. Sabia que o Park não fazia por querer e que não tinha controle daquilo, mas era difícil fazer seu coração entender.

 

— Se ela não tivesse machucado ele, nada disso estaria acontecendo… — a canhota acariciou os fios brancos, se perdendo em lembranças que lhe davam raiva. — Se Dahyun não…

 

— Não pense nisso! Pense que ele se livrou daquela mulher. Pense que Chanyeol nunca estaria feliz com ela se a tivesse marcado. Pense que se ele estivesse com ela, você sofreria dez vezes mais. — Jimin mantinha seus olhos frios compenetrados no Oh. Buscava controlar suas palavras, mas era mais forte que suas próprias vontades. Toda aquela verdade gritava dentro de seu peito para ser dita. Verdade esta, que nunca diria se estivesse em seu juízo perfeito.

 

Sehun sentiu seu coração falhar uma batida com o que acabava de ouvir. Jimin lhe olhava de um modo que parecia lhe ler até a alma e aquilo assustava. Não queria que descobrissem seu segredo, que, talvez por ser um tolo bobo, já deixara escancarado há anos, tamanha admiração e preocupação com o seu comandante.


 

O Oh procurou apenas se calar, não iria falar mais nada, não quando o outro parecia lhe expor verdades de forma fria. Se contentou apenas em cuidar de Chanyeol enquanto se direcionavam ao Clã, sabia que lá, ele conseguiria descansar e recuperar suas forças.

 

Fechou os olhos buscando acalmar seus batimentos e tirar de dentro de si aquela angústia, mágoa e raiva de anos atrás.

 

Sentia nojo de Dahyun, sempre buscou defender todos os ômegas, mas ela o fazia ter pensamentos incabíveis. Ela não merecia seu respeito, não merecia nada que vinha de si, a não ser o seu desprezo, esse que ainda era pouco para dar àquela mulher sem escrúpulos e sem coração. Não cabia dentro de si o ódio que sentia e voltando sua atenção à Chanyeol, se perguntava como alguém poderia querer machucá-lo. Para Sehun, ele era a pessoa mais incrível que já conheceu. Era engraçado, determinado, forte e leal, até os pequenos defeitos do comandante eram perfeitos aos seus olhos. É, talvez ele não tivesse mais forças para carregar aquele sentimento dentro de si. Não cabia mais a ele, amar em silêncio.


 

— Chegamos! — Namjoon despertou-os de seus devaneios abrindo a porta da carruagem. Jimin foi o primeiro a sair, seu semblante era sério, ilegível. Vir até o Clã lhe trazia memórias tanto boas, quanto ruins.


 

— Sejamos rápidos, quero voltar antes que o resguardo termine. — os dois soldados olharam para o príncipe, sabendo meio por cima o porquê de tamanha rapidez.

 

Namjoon e Sehun carregaram Chanyeol por um longo caminho estreito. O corredor de cascalho era iluminado por tochas, o vento fraco fazia com que o fogo tremulasse de um lado para o outro.

 

Os passos do príncipe eram dados à frente dos três, sabia bem o caminho que precisava seguir para chegar aonde queria. Subiu o degrau de madeira, chegando diante do lugar que já procurara inúmeras vezes. Aquilo lhe causou um arrepio na espinha. Odiava aquela sensação.

 

A mão repleta de anéis batera na porta, sentia como se seu coração fosse sair pela boca a qualquer momento. E quando a porta foi aberta, voltara ao passado em câmera lenta, em sua mente, era um garoto de fios azuis que abria a porta, a típica cara de tédio que abria um sorriso em meio aos lábios finos. Porém, a realidade no momento, era diferente, não era Yoongi ali, era apenas um garoto que aleatório.

 

— Preciso falar com Suho. — ditou depois de soltar a respiração que nem percebera ter prendido.

 

— Ele irá demorar um pouquinho a voltar, gostaria de entrar? — o garoto já abria a porta os dando passagem. Jimin acenou com a cabeça, adentrando o cômodo junto com os outros.

 

Seus olhos percorreram o local, pouca coisa tinha mudado, as pinturas que ele nunca entendeu continuavam na parede, assim como aqueles malditos penduricos cafonas que Yoongi jurava dar boa sorte.

 

Sentiu seu lobo se agitar diante a tantas lembranças, seus dedos passaram sobre a mesa, onde costumava vez ou outra comer as refeições que o seu bruxinho fazia para si já que amava cozinhar.


 

— Por favor, levem ele para o quarto, Suho já está chegando. — Jimin ouviu o garoto falando com os dois soldados, depois os viu levando Chanyeol até onde lhes foi dito, mas voltou a mergulhar em suas lembranças. Eram tantas em tão pouco tempo, que céus… chegava a enlouquecer.


 

— Sente falta daqui? — virou-se para encarar quem lhe fazia tal pergunta, dando-se de cara com o garoto.

 

— Não sei do que estás falando. — seus dedos tocaram a pintura posta na parede, ele lembrava daquele quadro e dá explicação maluca que o bruxo lhe dera, lembrava das risadas… era como se estar ali, ainda o fizesse ouvir o outro.


 

— Ele faz falta a você, não é? — Jimin engoliu seco com aquela pergunta que mais parecia uma constatação. Voltou sua atenção ao garoto de fios castanhos, o olhando dos pés a cabeça, o estudando.

 

— Quem é você? — perguntou ríspido, sem nenhum pingo de vontade em ser educado.


 

— Leeteuk! — analisou a resposta do garoto, procurando algum resquício de mentira. Ele lhe ensinara a entender como funcionava a mente de um bruxo, sabia quando um estava mentindo. — Yoogi te ensinou bem sobre todos nós, não é? — Leeteuk lhe sorria pequeno com os braços cruzados, rente ao peito. Achava engraçado como Jimin lhe olhava, sabia o quanto o Min tinha falado sobre a sua raça ao Park, só não imaginava que ele levaria tudo tão a sério.

 

— Não sei quem é Yoongi! — desviou o olhar, procurando qualquer ponto naquela casa. — Suho irá demorar muito?


 

— Você é péssimo negando que conhece ele, céus! — descruzou os braços, rindo soprado. O príncipe ficava engraçado e até mesmo vulnerável quando o assunto era referente ao bruxinho de fios azuis e para Leeteuk, era palpável as reações do outro.

 

— Eu não…

 

— Ele te amava. Fez tudo porque te amava, não esqueça disso. Yoongi realmente te amava mais do que você possa imaginar. Apenas… apenas tenha isso em mente. — antes que o Park pudesse retrucar a fala ouvida, Leeteuk sumiu rapidamente de sua vista. Piscou algumas vezes, buscando coerência. Antes que desse o primeiro passo para ir atrás de Chanyeol, a porta abriu e Suho apareceu em sua frente o olhando surpreso.


 

— Ji-Jimin… o que está fazendo aqui? — a voz saiu levemente nervosa, fazendo o soleiniense rir debochado.

 

— Ué, deveria saber não é? O único que prevê as coisas aqui é você. — Suho revirou os olhos com as palavras sarcásticas alheias, sabia que muitas delas vinham com alguma mágoa guardada do passado. — Chanyeol foi para Floresta Vermelha e precisa de seus cuidados, então faça ele ficar bom até o dia em que eu for embora. Vê se pelo menos a ele você consegue salvar! — os olhos brilhantes, faiscavam um desafio dolorido e Suho sabia o que aquele brilho significava. Jimin nunca lhe perdoaria, e se soubesse a verdade… com toda certeza, as esperanças de um possível perdão, iriam para bem longe. — Diga a Namjoon que eu o espero na carruagem. E diga também a Sehun que continue aqui para lhe ajudar. Preciso voltar a Carlon. — não esperou as palavras de Suho, apenas virou-se e se retirou.

 

Todo aquele lugar, todas aquelas casas lhe traziam lembranças dolorosas, lhe traziam tempos onde sabia ser feliz sem precisar machucar alguém, sem precisar desafiar.

 

Caminhou a passos longos e quando sentiu seu coração doer com tudo aquilo correu. Correu como se sua vida dependesse daquilo. As lágrimas grossas já desciam em seu rosto, quando se tratava de Yoongi, ele realmente não sabia se controlar.



 

“Ele te amava. Fez tudo porque te amava, não esqueça disso. Yoongi realmente te amava mais do que você possa imaginar. Apenas… apenas tenha isso em mente.”


 

Aquilo ecoava em sua cabeça. A voz de Leeteuk estava gritando em seus ouvidos. Como uma mentira doce, dita apenas para lhe aliviar a dor.

 

Parou de correr, adentrando com rapidez a carruagem, como se estar ali dentro o fizesse se proteger daquele lugar.





 

“— Hey, você não pode estar aqui! — a voz era irritada e levemente envergonhada. O garoto de fios azuis, tentava esconder o peito desnudo com os braços e a água do verde do lago o ajudava a esconder o corpo dos olhos amarelados que caíam como flechas sobre si.

 

— Des-desculp, eu... eu apenas estava passando. Não foi… não foi minha intenção invadir seu espaço. — disse nervoso, balançando as mãos de um lado para o outro. Não conseguia entender como seu coração batia tão descompassado.

 

— Vire-se! — o tom autoritário adentrou seus ouvidos. Foi rápido em acatar os comandos do garoto, ainda sentindo seus batimentos altos e acelerados. — Pode se virar. — o alfa fez o que foi lhe mandado, sem ao menos ter controle de quem era. Ao obedecer, parecia que seu mundo tinha parado ali mesmo, a boca secara e a garganta engoliu seco. O garoto de fios azuis estava ali, a sua frente, com os cabelos encharcados caindo sobre a testa. O corpo magro era envolto por um manto negro, que deixava boa parte da pele branca exposta. — Hey, você está bem? — o alfa manteve seus olhos grudados naquelas orbes negras, eram tão lindas e intensas, diferente de tudo que já viu em sua vida. — Qual é o seu nome? — o príncipe piscou algumas vezes, buscando voltar ao seu normal.


 

— Ji-Jimin… Park Jimin, é-é meu nome! — o garoto de dezessete anos queria muito se estapear, tamanha vergonha que estava sentindo. E a risada gostosinha que ouviu vinda do outro só piorara seu embaraço.

 

— Humm… Park Jimin. Bonito nome! O meu é Min Yoongi! — naquele momento, Jimin não sabia o que soava mais bonito, se era seu nome saindo daqueles lábios rosados e finos, se era o próprio nome daquele garoto… ou se era a sensação da mão gélida na sua lhe cumprimentando envergonhado… ah sim, nem seu coração sabia responder por si.”




 

As lágrimas continuavam ali, caindo sofridas e dolorosas. As mãos estavam envoltas nos joelhos, os apertando como se, assim, conseguisse sucumbir a dor que lhe acertava sem pena alguma. E aquela lembrança o corroia, o lembrava todos os dias como foi fácil se apaixonar por aquele bruxo, como foi fácil se deixar levar por todas aquelas sensações nunca vividas. Yoongi tinha o poder de lhe tirar da realidade e das responsabilidades que possuía. Ele era a chave da sua liberdade, a esperança que lhe surgiu tão de repente ao ponto de lhe deixar tão desnorteado quando se foi.






 

“— NÃO! DEIXEM ELE EM PAZ! — os gritos eram direcionados aos guardas que levavam a força o namorado. Eles batiam no bruxo, como se ele fosse um animal. Jimin era segurado por três guardas do distrito norte, que não mediam esforços para lhe deixarem imobilizado. — SOLTEM ELE! — a raiva tomava conta de si, ao ponto de lhe fazer ferver o sangue. O barulho dos chutes e dos gritos de dor de Yoongi, alimentavam sua raiva. Não tinha mais controle sobre si.  Seus olhos estavam conectados com o do amado que lhe olhava em meio a lágrimas.

 

— Se transforme… — a fala saiu baixa, quase morta, mas o suficiente para o alfa entender. E todos aqueles sentimentos de raiva e ódio o motivaram a se transformar, a se transformar naquilo tudo que o dava medo.”





 

— Jimin! — Namjoon abriu a porta se deparando com um Park encolhido no banco da carruagem, chorando como se tudo ao seu redor estivesse se quebrando. — Fique calmo. Eu irei te tirar daqui, tudo bem? — Namjoon abraçou meio sem espaço o mais novo, o confortando como podia.


 

— E-ele… ele prometeu… p-prometeu que ficaria. — o Kim fechou os olhos, abraçando mais forte o amigo, que naquele momento estava mais vulnerável do que pudesse imaginar.

 

— Tem coisas que saem de nosso controle Jiminnie e promessas são uma delas. Mas eu tenho certeza que aonde quer que ele esteja, ele cuida de você. Não fique desse jeito, não se culpe, nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. — buscou soar calmo em suas palavras, sabia da enorme culpa que o outro carregava e não iria deixá-lo se sentir daquela maneira.

 

Namjoon sabia que entrar naquele lugar era como voltar três anos atrás, onde sua única preocupação era em como falaria ao rei Yangmin que Jimin não apareceria nas aulas de coroação pois estava em Carlon, especificamente, no Clã Sul. Entrar ali era trazer à tona anos de um amor incompreendido por muitos, era trazer lembranças dolorosas e verdades sucumbidas. Era trazer culpa. Sua culpa.

 

Abraçou Jimin mais forte, como se naquele abraço ele pudesse se sentir perdoado. Era naquele abraço, que Namjoon pedia perdão silenciosamente ao amigo.


 

“Eu espero que um dia você me perdoe! Eu sou um péssimo amigo”







 

☪ Soulmate ☪






 

— Onde você estava? — o garoto levou a mão ao peito tamanho susto que levara do outro.


 

— Caramba Yoongi, quer me matar do coração? — buscou acalmar seus batimentos. Viu o meio irmão se levantar da cadeira de balanço e ir em direção a janela.

 

— Estava aonde?

 

— Precisei acompanhar Suho e ficar com ele. Myeon estava fraco por causa do contato com Jaebum. — explicou calmo, observando a silhueta alheia.

 

— Eu falei que ela iria precisar de você quando voltasse da visão. Por que você nunca me escuta? — Yoongi virou o corpo, encarando o acastanhado no breu.

 

— Ela tem você Yoongi. Você pode cuidar dela muito bem. — virou o corpo na intenção de voltar a caminhar rumo a seu quarto, porém o bruxo aparecera em sua frente, com pura magia lhe envolvendo. Respirou fundo com aquilo.

 

— Eu disse que ela precisava de você! Qual é o seu problema? Me responda, será que é difícil de entender que dói nela também? Hyuna precisa de você! — os olhos negros faiscavam encarando o mais velho.

 

— E você acha que não dói em mim também Yoongi? Acha que não dói aqui? — apontou para o próprio peito, batendo com força. — Você e Hyuna acham que EU também não sinto dor? Vocês acham que só porque sacrificaram suas vidas são os únicos que se sentem no direito de sentirem dor? Pois estão errados! Eu também sinto e sofro todos os dias com isso. Não aguento mais… não aguento mais viver me escondendo. Como você acha que me sinto vivendo longe das pessoas que amo? Como acha que me sinto sabendo que minha própria mãe me afasta de quem eu amo? — a voz era embargada, carregava mágoa, raiva e tantas sensações juntas. Yoongi se sentia surpreso com todas aquelas perguntas, mas não deveria, deveria já esperar aquela explosão de palavras vinda de Leeteuk. Ele era o único que guardava tudo para si. — Eu, sinceramente, odeio minha vida! Não tem nada aqui que me faça bem. Estou cansado, cansado de levar você e mamãe nas costas. Cansado de sempre a ouvir chorando por simplesmente ter medo de enfrentar tudo. Eu estou cansado, cansado de te ver sofrendo como um condenado por ter medo de arriscar. Eu estou cansado de vocês dois. — as lágrimas já caíam e ele tentava as secar inutilmente. — Jimin foi até Suho, no Clã como você havia dito… e ele sabe que eu existo.  — disse em meio a um sorriso fraco, fazendo o de fios azuis arregalar os olhos. Deu de ombros para o bruxo e sentiu seu braço ser puxado.

 

— O que você disse a ele? — o nervosismo era palpável na fala. Os lábios trêmulos moldaram de volta o sorriso fraco e mais triste que pudesse existir.

 

— Aquilo que você deveria ter dito, antes de tornar a vida dele num completo inferno vazio.

 

— Você…

 

— Eu não vou me esconder mais Yoongi. Não vou… eu, eu preciso cuidar de mim ou senão irei enlouquecer. — soltou-se do aperto, olhando uma última vez para o azulado. Seus passos ressoaram pelo corredor repleto de quadros, as malditas pinturas que acabavam com todos daquela casa.

 

Leeteuk parou rente a porta do seu quarto, mas antes que a abrisse, virou seu corpo; observando a outra porta. Respirou fundo e secou como pode suas lágrimas. Por mais que estivesse cansado de tudo aquilo, de todas aquelas mentiras e medos que lhe sufocavam, sabia que, no final das contas, tinha que engolir todas as sensações, tinha de ser forte, porque, se um dia todos descobrissem a verdade, seria o único a ficar de pé para levantar toda a sua família, aquela que nunca teve a chance de chamar de sua.

 

Abriu a porta do quarto e viu a mulher de fios ruivos agarrada nas mantas brancas. O choro era baixo, mas a dor era palpável. E doía em si vê-la daquele jeito. Caminhou lento até a cama, se sentando na mesma. Sua mãe não falaria nada e nem ele, silêncio era o melhor amigo de ambos naquele momento. Trouxe a ruiva para perto de si, a abraçando forte, sentia as lágrimas molharem seu pescoço. Hyuna ainda se agarrava nas duas mantas, como se aquele ato, suprisse a saudade e angústia que lhe dominava o corpo inteiro.


 

— V-você tem razão… eles nunca irão me perdoar. Eu sou a pior mãe que alguém poderia ter! — o peito doeu ao ouvir aquilo. Leeteuk segurou a vontade de chorar, precisava ser forte, sua vida toda foi resumida a isso, ser forte para aguentar a dor dos outros.


 

— Você não é a pior mãe… só fez o que achou necessário… talvez se eu estivesse no seu lugar  faria o mesmo. — acariciou os fios ruivos, ditando sincero cada palavra.

 

— Você me odeia não é? — Hyuna fitou o de fios castanhos, com medo da resposta. Tinha se fechado tanto para o mundo que esquecera que tinha outro filho que precisava de si mais do que aparentava.


 

— Não te odeio, mamãe. Nunca pense isso. Eu apenas não suporto mais vê-la sofrendo e com medo. Eu te amo mais que tudo, mas às vezes cansa fazer tudo e continuar a mesma coisa. Não aguento mais esse lugar, não quero viver o resto da minha vida preso em uma floresta. — seus dedos dedilhavam a face chorosa da mais velha, o polegar fazia um carinho singelo na pintinha embaixo do olho. — Eu quero ser livre, mãe. Livre de tudo.

 

Leeteuk sabia que aquilo era algo impossível, mas não desistiria fácil de seu sonho. Gostava dos poderes de bruxo que tinha, mas não era aquela vida que gostaria. Sentia a necessidade de se aventurar pelo novo, de experimentar o real significado de liberdade sem precisar contar os passos de sua caminhada, sem precisar se preocupar com a linha de fogo que o protegia. Leeteuk só queria ser normal… o normal que não existia em seu mundo.

 

O normal que lhe machucava todos os dias.

 

Ah doía sonhar… doía querer ser livre. Livre dos medos, livre da covardia.

 

Para si, era apenas doloroso viver.






 

☪ Soulmate ☪




 

Os dois corpos se mexiam sem parar, os apertos em seus braços eram fortes. O alfa preso se debatia contra o outro, estava com raiva, queria chutar aquele homem que machucava seu amado.

 

— Tira a mão do meu ômega! — ditou furioso, vendo o guarda segurar firme os dois braços do ômega. Mexeu-se de um lado para o outro, na tentativa falha de se soltar do alfa que lhe prendia.

 

— O que está havendo aqui? Eu saio por algumas horas e isso aqui já se torna uma zona!

 

— Vai ver isso já estava uma zona antes mesmo de você sair! — a voz do ômega sai debochada, a medida que seus olhos encaram o platinado a sua frente.

 

— Quem é você? — Jackson não se intimida com o olhar do ômega, pelo contrário, o olha na mesma intensidade.

 

— Jeon JungKook! E por favor, poupe essa sua presença de alfa ridícula pra cima de mim! Céus! Vocês alfas são uns acéfalos! Menos o meu Taehyunggie! — Jackson olhou o ômega desacreditado, estupefato com a audácia vinda dele. Os olhos verdes não lhe encaravam mais, estavam focados no alfa ao lado, também preso por seus guardas.


 

— Comandante, nós prendemos os dois pois estavam tentando invadir o castelo. Disseram-nos que queriam falar com o Príncipe Alfa de Soleil, porém não recebemos nenhum chamado dele para os aceitar nos aposentos reais. — o guarda que segurava Taehyung falara, arrancando um revirar de olhos do ômega.

 

— Óbvio que eles não avisaram vocês! Por que raios Park Jimin perderia seu tempo avisando um bando de soldados inúteis se ele tem soldados muito melhores que vocês?! — Taehyung quis rir da fala do Jeon e principalmente da cara de boquiaberto que o comandante fizera antes de fechar a cara e sentir a raiva lhe invadir por conta do que ouvira.

 

— Cala boca, ômega! — a voz do soldado saiu grave, deixando o alfa soltar sua presença para amedrontar o mais novo. — Seu cheiro está forte… saiu do cio agora, não é? — JungKook sentiu seus braços serem apertados mais e o corpo do alfa se esfregar descaradamente no seu, porém ele era uma ômega marcado e, acima de tudo, não admitia alfa nenhum lhe tocando sem seu consentimento. Ouviu o rosnado de raiva vindo do Kim e não pensou duas vezes em usar as presilhas que tinham em sua bota e pisar firme e com gosto no pé do homem nojento que se esfregava em si.

 

— AHH, SEU ÔMEGA CRETINO! — JungKook foi rápido em se soltar do maior, sentiu seu casaco ser puxado, mas antes que aquele soldado chegasse ao ponto de lhe pegar novamente, Jackson se põem a sua frente.

 

— ChanSung, chega! Vai fazer a ronda pela vila e traga qualquer um que seja de Soleil aqui! — Jackson ditou ríspido, sabia que seus homens não tinham escrúpulos quando o assunto era ômegas, principalmente aqueles que os desafiavam. Sabia bem disso, pois vira e mexe, os ouvia falando de Changkyun e sua mania de lhes desafiar.

 

O alfa alto, bufou repleto de raiva. Olhou uma última vez para JungKook, guardando cada detalhe dele. Aquele olhar era insano e o Jeon compreendia aquilo, mas, diferente do que o soldado esperava, o ômega não se encolheu ou abaixou a cabeça. Ele continuou ali, o encarando sem medo algum junto com o seu sorrisinho debochado. Era um ômega que não levava desaforo para casa, quem dirá ameaça de um alfa ridículo, em sua opinião.

 

— Você está bem? — Jackson se virou para o de fios rosados, quase roxos.

 

— Estaria melhor se seus guardas fossem ensinados a lutarem para a guerra e não para parecerem animais que não podem ver um ômega que já querem o devorar! Francamente, que espécie de comandante você é? É isso que os ensina, serem animais sem controle algum? Atacam ômegas em vez de seus inimigos? Deve ser por isso que Carlon tem um exército fraco. Os soldados daqui são treinados para agarrarem ômegas e não para lutarem. — JungKook olhava suas unhas enquanto as palavras saíam certeiras em direção ao Wang. Jackson não se sentia tão abalado assim com o outro lhe falando tais coisas, ele era quase que uma cópia de Changkyun, que lhe falava as coisas de um modo sério e lamentando tudo aquilo, diferente do outro, que desdenhava de seu trabalho e que a cada fala dita um riso de sarcasmo se fazia presente.

 

— Eu…

 

— Solte o meu alfa! — não era um pedido, era uma ordem repleta de desafio. Jackson sentiu o olhar alheio queimar a pele, JungKook era o típico ômega que emanava desafio, nariz empinado e a língua afiada e o Wang não era nenhum pouco louco de não acatar aquilo.

 

— O solte, Nichkhun! — proferiu sem desviar dos olhos verdes. Viu o momento exato em que o alfa de fios cinzas abraçou o ômega.

 

— Você está bem, meu amor? — Taehyung segurou firme, no rosto alheio. JungKook sorriu doce, concordando com a cabeça, deixando Jackson confuso com a mudança repentina de humor. Era outro Jeon ali.

 

— Queremos falar com Jimin, agora! — o ômega tomou a frente de seu alfa e encarou o platinado. Jackson suspirou pesado, mexendo no cabelo.

 

— O Príncipe Park — deu ênfase no honorífico que não foi utilizado pelo ômega. — Não irá recebê-los, ele deve estar descansando. Estamos em dias de resguardo, portanto irão passar a noite aqui.

 

— Mas nem em sonho! — disparou irritado, batendo o pé. — Viemos até aqui, por pedido de nosso Jiminnie… — queria mostrar que não precisava de honoríficos para falar do Park, não precisava disso e nunca iria. — Queremos conhecer logo nossa casa, além do mais, não me importo com resguardo de vilarejo algum. Quero tomar um banho e descansar, nem em sonho que irei passar uma noite aqui. Ache Park Jimin ou Park Chanyeol, ou Carlon inteira irá abaixo em pleno resguardo. E eu não me importo nenhum pouco em colocar esse reino de cabeça para baixo. — a sobrancelha estava arqueada, os braços cruzados diante do peito, e os lábios moldavam a droga de um sorriso irritante.


 

— Kook… fala com calma com ele. — Taehyung andou até o amado, pondo suas mãos nos ombros alheios e escorando sua cabeça no ombro esquerdo. Seu marido tinha aquele pavio curto, aquela mania de sempre desafiar qualquer um sem ligar para as consequências. Era de Jeon JungKook que estávamos falando, ele agia como bem entendia, razão alguma lhe dominava. Era emocional e cabia ao outro ser sua razão. — Fica calmo, querido. — aquela voz rouca mexia com cada célula do Jeon e o Kim sabia do efeito que ela tinha sobre seu ômega, ainda mais pelo fato de o de fios róseos ainda estar com o cheiro do cio forte em todo o corpo. O garoto suspirou profundamente, como se acalmasse tudo dentro de si.

 

— Ache Park Jimin. — foi a única coisa que saiu pelos lábios do ômega. A voz era mais calma, mansa num nível que assustava o Wang.


 

Antes que Jackson se pronunciasse, a porta foi aberta por ChanSung, revelando o alfa coberto por uma neve grossa. Atrás dele adentrava Park Jimin, seus olhos cruzaram com os do comandante. Jackson ainda conseguia sentir e lembrar dos momentos em que vira aquele homem se transformando.

 

— Não precisava ter incomodado o príncipe, Chansung.

 

— Ele não me incomodou. Estava vindo aqui mesmo de qualquer forma, quero falar com você sobre o ocorrido na floresta. — Jackson sentia cada palavra ser proferida de maneira lenta e arrastada, funcionando quase como uma ameaça. Os cabelos negros do Park lhe davam um ar mais sombrio, assim como a roupa negra e o manto azul escuro. — Soube que seus homens prenderam meus convidados…


 

— Foi um equívoco, não sabíamos que os dois eram seus convidados. — ditou nervoso, sentindo aquelas orbes negras lhe queimarem a pele. Sentia seu lobo se remexer dentro de si. Jimin estava impondo sua presença e aquilo irritava seu animal.

 

— Equívoco? Você chama o que seus guardas fizeram conosco, de equívoco? Meu Deus! — JungKook explodiu tamanha graça que ouviu sair da boca do outro.

 

— Meus homens foram treinados para apanharem qualquer pessoa que está perambulando em dias de resguardo. — defendeu-se, voltando a encarar o ômega que agora era abraçado por trás pelo de fios cinzas.

 

— Treinados? Tem certeza, comandante? Tem certeza que eles foram mesmo treinados? Porque eu tenho minhas dúvidas. — a testa franzida e as falas ácidas estavam começando a irritar o platinado. JungKook lhe despertava um lado seu esquecido há muito tempo.


 

Jackson respirou fundo pela milésima vez, segurando seu lobo para não gritar com aquele ômega que lhe tirava do sério. Odiava machucar os da mesma raça e não iria fazê-lo, justamente, com um ômega marcado, era pedir para ser morto.

 

Jimin pôs suas mãos dentro do bolso da calça, olhando nos olhos de Taehyung e segurando o riso que queria sair. Viu o amigo esconder o rosto nos fios róseos do parceiro; sabia o quanto o Kim gostava daquela marra do Jeon e achava graça quando ele dava de cismar com algo ou alguém.

 

— JungKook e Taehyung irão morar em Carlon a partir de hoje, portanto comandante Wang, tenha paciência com os dois e não se preocupe com eles, o exército de Soleil cuidará de ambos. Aliás, sugiro que os solte, ambos precisam descansar e o senhor não está pensando em prender dois convidados do esposo do novo rei de Carlon, não é? — o Park parecia estudar cada movimentação vinda do platinado, sabia muito bem como persuadir quando queria e ali estava o momento perfeito.

 

— Não, Príncipe. Seus convidados e de seu irmão podem ir, estão dispensados e peço perdão por meus soldados. — Jackson se curvou minimamente, atraindo os olhos do ômega para si.

 

— Não é ao príncipe Park que você deve pedir perdão, não acha? — Jackson levantou a cabeça, segurando a vontade de revirar os olhos com o tom de voz dito. Seus olhos esbarraram nos de Jimin que lhe instruía a fazer o que o Jeon tanto esperava. Virou seus calcanhares, suspirando baixinho. Segurou firme em sua espada presa na lateral de seu corpo e encarou o ômega. Sabia que na mente daquele garoto ele estava rindo de si, gargalhando da maneira que bem entendia.

 

Deu um passo à frente, engolindo o seu orgulho da forma que conseguia.

 

— Peço perdão, pelos meus soldados terem agido de maneira extrema e não terem os dado a devida chance de se explicarem. — curvou o corpo rapidamente, sentindo-se humilhado com aquilo.

 

— Ah é uma pena que só os deuses perdoam, não é mesmo, Comandante... Wang? — dessa vez foi impossível segurar a risada, Jimin riu descaradamente. JungKook e seu deboche acabavam consigo. O rosto vermelho do outro deu ao Jeon um risinho curto de vitória, aquele gostinho que ele amava sentir quando colocava um alfa no lugar. — Eu quero ir para casa, vamos logo! — disse rápido, puxando a mão do marido e começando a caminhar, mas antes parou ao lado do platinado e sorriu maldoso. — Está se sentindo humilhado? Pense em como um ômega se sente cada vez que seus guardas sujos se esfregam neles. Para você é só orgulho ferido, mas para nós, é uma peça dos horrores. — não havia mais o riso debochado, nem aqueles olhos verdes mergulhados no sarcasmo. Eles eram frios e apenas refletiam uma realidade dura.

 

O ômega deu de ombros para o Wang, ainda de mãos dadas com o Kim, que apenas deu um breve comprimento de cabeça, como se nele dissesse um “foi mal, aí!”.

 

Os dois guardas deram passagem para o casal, Jimin falou algo a Jackson e se despediu do mesmo. Os três rumaram para fora da casa do exército de Carlon e antes que ambos entrassem na carruagem, Taehyung solta a mão do marido, o fazendo parar.

 

— Já volto, meu amor, só um pouquinho. Esqueci uma coisa. — selou rapidamente os lábios alheios, chamando a atenção do Park e dos três alfas que estavam no topo da escadaria da casa. Taehyung caminhou a passos largos, até os três, mantinha um sorriso amigável nos lábios e assim que se aproximou de quem queria  — Você! — foi rápido em socar a cara do alfa que tinha molestado seu ômega, não deixaria impune aquele ser que ousou tocar no Jeon. Deferiu três bons socos, sem dó alguma. Nenhum dos dois alfas ali o impediram, ambos estavam surpresos com a reação, porque acharam o Kim pacífico, pelo menos aparentava ser. — Isso é para você aprender a não se esfregar em um ômega que não quer nada contigo! Lembre que ele é marcado e que o alfa dele é insuportável quando o importunam. Só não acabo com você aqui, porque não quero que alguém doce e gentil como ele veja essa cena deplorável. Mas experimenta passar perto dele de novo pra ver se eu não te desmonto. Cruza o caminho dele novamente e esqueça que um dia você nasceu. — largou o alfa no chão, o olhando com todo ódio que conseguia comportar dentro de si. Respirou fundo, levantando a cabeça, como se assim pudesse voltar ao normal. — Agora sim, boa noite, senhores! — o sorriso quadrado voltou a iluminar aquele rosto, Nichkhun e Jackson arquearam as sobrancelhas, confusos sem entender absolutamente nada que se passava diante de seus olhos.


 

— Você não devia ter feito isso, suas mãos estão machucadas. — o ômega pegou nas mãos do marido assim que ele chegara perto de si. — Sabe que eu não gosto quando faz isso. — quem via aquele modo doce e gentil do Jeon, naquele momento, enlouqueceria, porque a personalidade daquele garoto mudava totalmente. Do garoto autoritário e debochado que não levava desaforo para casa, estava ali, um garotinho agarrado ao seu alfa no qual insistia em dizer a ele que o mesmo estava machucado… mas céus, Taehyung apenas tinha dois arranhões em seus punhos, nada a mais que isso.

 

Aquela personalidade Taehyung conhecia bem, e era isso que ele amava no outro. O poder do Jeon de ser vários e todos esses vários o amarem incondicionalmente. E droga, Taehyung também amava os vários Jeons que existiam dentro daquele ômega. Daquele ômega feito especialmente para si.



 

— E então, estão achando Carlon emocionante?  — Jimin proferiu, achando graça dos cuidados exagerados de Kook com as mãos do Kim. Ambos já estavam sendo levados para a futura casa do casal. A carruagem balançava de modo que os fazia seguir o balançar junto.

 

— Claro! Começamos muito bem, já fomos até presos! — Tae riu da própria fala, tirando uma de suas mãos do amado e levando até os fios alheios para lhe dar carinho.

 

— Vocês não tem jeito! Como conseguem ser presos no primeiro dia aqui?

 

— Ué, aqueles brutamontes não quiseram nos ouvir. Eles quase bateram no TaeTae, mas aí eu não deixei, porque ninguém levanta a mão para o meu alfa! — os dois alfas se olharam, e riram baixinho. JungKook continuou contando como foram presos e o que disse aos guardas, aquilo arrancava risadas de ambos; trazendo um sentimento de anos atrás.

 

— Sentimos sua falta, Jiminnie. — Taehyung falou sincero depois de alguns minutos de silêncio.

 

— Eu também senti falta das loucuras de vocês dois. — aquele momentos era especial para ambos, era difícil Jimin admitir seus sentimentos e o casal se sentia muito especial.

 

— Você parece triste… se é por causa de Jinyoung, não se preocupe. Ele irá ficar bem aqui. Vou cuidar muito bem do meu bebê. — Kook se aninhou mais nos braços do Kim enquanto falava sorridente.

 

— Esse é meu medo, você cuidando do Jinny! — a fala arrancou risada dos três, Jimin sentiu sua perna latejar com o chute fraco do ômega. As risadas cessaram, junto com os dramas do Park que insistia em dizer que o Jeon quase arrancara sua perna, e talvez estivesse quase certo; JungKook não sabia controlar sua força. — Não é pelo casamento de Jinyoung que estou triste… — começou. Ajeitou-se melhor no assento, buscando palavras que não lhe machucassem tanto. — Eu… eu acabei de voltar do Clã Sul… fui na casa onde YoonGi morava…


 

— Yah, por que você fez isso? — Kook se levantou, indo em direção ao amigo e sentando ao seu lado. Suas mãos passaram pelas costas do alfa, num conforto que gritava dentro do Park.

 

— Eu… eu precisei levar Chanyeol até lá. Ele acabou indo para a Floresta Vermelha.

 

— Chanyeol é burro ou fez treinamento? Sabe que não pode fazer isso, meu Deus! — proferiu irritado, ganhando um olhar de repreensão do marido. Ambos olharam o Park que mantinha um olhar baixo e longe dali. JungKook o puxou para deitar em seu colo, fazendo um carinho gostosinho em seus fios. Aquilo era tudo que ele precisava, de um colo e não tinha nada melhor que o colo de um ômega para se acalmar.

 

— Você se transformou? — o de fios róseos perguntou baixo, olhando para o alfa que apenas moveu a cabeça concordando, então como se tudo se iluminasse na sua mente, o ômega o abraçou forte, como se pudesse entender a dor do amigo. Jimin ter se transformado era sinal de dor e lembranças voltando à tona, era trazer um turbilhão de sentimentos bagunçados. Era voltar a lembrar dele, daqueles malditos fios azuis.

 

O ômega levou seus olhos para o marido, o chamando com o olhar para que também abraçasse o Park, não foi preciso mais de um chamado, Tae foi rápido aos dois, pousando suas mãos nas costas alheias. Odiava ver as pessoas que gostava triste e ver seu amigo daquela forma cortava seu coração.

 

— Eu… eu matei um lobo… Namjoon disse que foi por defesa… mas eu sei que não foi.  Taecyeon tem razão, sou um monstro… sou o pior de todos. — JungKook buscou os olhos do marido, encarando aquelas orbes amareladas e aflitas.

 

— Quando Taecyeon falou com você, Jiminnie? — a voz rouca do Kim adentrou os ouvidos do Park que se remexeu um pouco, buscando uma posição que não faria suas costas doerem.

 

— Ele apareceu no dia do casamento do Jinyoung… ele começou a falar coisas que me deixaram com raiva, acabei o machucado e chegou um momento que eu fiquei com tanta raiva que acabei me transformando. — os dois amigos do soleiniense sentiram seus corações falhar uma batida, aquela mesma sensação de anos atrás voltava a assolar seus amagos. JungKook abraçou mais forte o Park, como se daquela forma pudesse o proteger de todo mal. Taehyung não fizera diferente, aproximou-se mais dos dois, os abraçando forte, o mais forte que podiam. — Eu pensei que viriam ao casamento…

 

— Não podemos vir, acabamos nos perdendo nas contas e não nos precavemos para o cio do Kookkie. — Tae acariciou os fios negros do Park, como um pedido de desculpas.

 

— Perdoe-nos por não estarmos aqui. Sentimos muito, se estivéssemos aqui, poderíamos ter te impedido…

 

— Vocês não podiam ter feito nada Kook… acho que era necessário encontrar Taecyeon. Ele me desperta raiva e sabemos que raiva me faz ser transformado, mas... talvez, não poderia ter salvo meu irmão. Acho que no final, os deuses tem razão… tudo é premeditado… tudo é o maldito destino. Aliás, ele sempre sabe de tudo. — as palavras eram proferidas baixas de modo dolorido e totalmente frio. O casal olhou-se mais uma vez, sabendo bem do que o outro falava e de quem, especificamente, ele falava.

 

Os dois amigos sabiam da dor que o Park carregava. Aquela dor que ele insistia em esconder atrás da máscara do Príncipe Herdeiro, afundado na mais pura miséria. Por fora, Park Jimin era o alfa jovem e belo, completamente alheio a tudo, sempre sorrindo e demonstrando interesse por inúmeros assuntos, mas os amigos sabiam que não era aquele o real Park Jimin, porque ele era aquele garoto em corpo de homem, era aquele garoto que precisava de colo e de carinho… era aquele desinibido de vaidade ou de sarcasmo. Ele era vulnerável e que, a cada dia, se afundava mais na própria dor.

 

Ali, ele era apenas cristais quebrados que o vento levava sem ao menos pedir permissão. Cristais, que pessoa nenhuma conseguiria consertar porque nunca seriam o dono de fios azuis e olhos negros como a noite.

 

Ninguém seria Yoongi. Ninguém seria o seu Yoongi.






 

☪ Soulmate ☪








 

“ — Jaebum! Jaebum! Onde está você? — a voz ecoava em meio a mata fechada. — Jaebum, não tem graça! Apareça! Jooheon e o Jack já estão no lugar marcado, só falta você. — os galhos se quebrando ecoavam junto com os berros do alfa. O nervosismo já tomava conta de seu corpo, não gostava daquele lugar, odiava aquelas árvores. Odiava aquele silêncio. — Jaebum, você já ganhou! Pare de se esconder! É sério! Está ficando tarde, por favor! — o mais novo observava tudo do alto, agarrado de maneira segura no topo da árvore. Não iria descer, sabia que o irmão poderia estar apenas lhe testando para o fazer perder e, céus, como odiava perder. — Jaebum, é você? — viu Kyuhyun virar para o outro lado, como se tivesse procurando algo, mas não dera atenção. Não iria deixar o mais velho ganhar aquela brincadeira para depois caçoar de si junto com os outros amigos. — Jae é sério… se for você pare com isso. Eu não gosto dessa brincadeira. — o garoto de fios negros em cima da árvore focou nos passos e na voz do mais velho. O mesmo olhava atento para um amontoado de arbustos. E Jaebum sabia que Kyu só lhe chamava daquele jeito quando estava com medo. Seus olhos seguiram a direção dos chamados do irmão, constatando que alguém estava atrás dos arbustos sim, e não era nenhum dos garotos. Seu coração falhou uma batida, assim que o rosto horrendo lhe encarou. Aquela mulher horrorosa lhe sorria macabra, o fazendo arregalar os olhos e sentir, pela primeira vez, um medo inexplicável. Kyu estava a uma distância pequena de ser atacado, só sentiu que naquele momento só podia gritar pelo irmão.

 

— KYUHYUN, SAIA DAÍ AGORA! CORRE! — o mais velho se assustou com o grito e apenas virou seu corpo em direção ao som. Viu o irmão pular de uma altura muito alta, altura essa que nunca seria capaz de pular. — CORRE KYU, ELA ESTÁ ATRÁS DE VOCÊ! — aquela frase despertou o desespero real no de fios loiros, que virou corpo de modo lento dando de cara com a mulher macabra lhe fitando insana.

 

Estava imóvel, sem reação, como se suas pernas tivessem perdido toda a força. Só sentiu seu braço ser puxado com força, assim como todo seu corpo. Jaebum corria consigo segurando firme em sua mão. Os dois garotos sentiam o corpo cansar a cada passada que davam e os galhos e varas os acertavam em cheio, porém não adiantava correr. Aquela mulher de trajes vermelhos estava ali, na frente deles. Lhes olhando de um modo demoníaco e cheio de maldade. O rosto era velho, horrendo e cheio de escoriações. Kyu segurou com força o braço do irmão, escondendo seu rosto nas costas alheias.


 

— Eu sinto o medo de vocês dois! Um melhor do que o outro. — ela os encarava sorrindo, os assustando mais. — Irmãos… com uma amizade tão bela… uma pena que não durará para sempre. — a mão escoriada passou pelo rosto do Im e em um rompante se afastou. Como se aquele toque queimasse a pele. Seus olhos caíram com ira para cima do garoto e o rosto se transformou em puro ódio assim que os olhos pousaram no colar triangular, junto com o de meia lua. Ela engoliu em seco, suas orbes voltaram ao garoto que protegia o irmão e em nenhum momento desviou de seu olhar. — O filho da Lua… o último cavaleiro das trevas… o único que ainda possui o coração de uma bruxa branca… ah, será tão doce descobrir seus medos e acabar com você.

 

— Eu não tenho medo de você! — ditou ríspido, puxando Kyu para mais perto de si, a cada passo que a bruxa dava em sua direção.

 

— É gratificante saber que seu medo não são os seus medos e sim, os de seu irmão. Será emocionante acabar com ele! — o moreno não teve tempo de raciocinar direito, Kyuhyun foi arrancado de seus braços de maneira bruta, o fazendo gritar contra a mulher que segurava o braço do garoto com tamanha força que estava o deixando roxo. E céus, Kyu gritava doloroso. Era uma dor insuportável.

 

— Larga ele! — o garoto correu em direção a mulher, que foi rápida em o pegar pelo pescoço e o levantar do chão.

 

— O seu medo está nas pessoas que você ama… típico de um cavaleiro. Ah eu tenho nojo da sua raça. E vou acabar com você antes que me prejudique. — a mão apertava o pescoço, na medida que suas vistas íam escurecendo. Ele só podia ver aquela face que começava a lhe assustar e os gritos agudos de Kyuhyun lhe chamando invadia sua mente. Ela iria os matar… e aquilo o amedrontava. Os gritos o assustavam, suas pernas lutavam contra o nada. Só queria que ela deixasse seu irmão em paz, mas nada fazia… eles continuavam ali, ecoando como um pesadelo que lhe corroia a alma. Aqueles gritos…

 

— Socorro! Socorro! …. Jaebum!”




 

O corpo se mexia de uma lado para o outro, na cama só permanecia o alfa, que suava. Os resmungos saíam de sua boca e soavam altos.

 

— Solta ele! SOLTA ELE! — o grito fez o ômega derrubar o prato no cômodo a alguns metros. Apressou-se a correr até o quarto, dando de cara com o alfa se debatendo na cama, arranhando o próprio corpo com as pequenas garras que insistiam em sair. — SOLTA ELE! — a voz saiu rouca, completamente dominada pelo animal que ali existia. Jinyoung olhou a cena e aquilo lhe abalava mais que podia imaginar, o sangue manchava os lençóis e os gritos do alfa lhe causavam arrepios.

 

Correu em direção ao Im, levantando o tronco nu do alfa rapidamente.

 

— Jaebum acorde! Acorde, por favor! — chacoalhou com cuidado o corpo ensanguentado em seus braços. — Hey, olha pra mim… — segurou a face do alfa com cuidado. Jaebum abriu os olhos, fitando com um brilho insano nas orbes mais vermelhas. Era fúria que havia ali e Jinyoung conseguia ler aquelas emoções estampadas nos olhos alheios. — Foi apenas um pesadelo, certo? Eu estou aqui… hum. Eu estou aqui. — o ômega buscou abaixar as mãos do alfa que estavam posicionadas para o ataque, seus dedos dedilharam pelas garras afiadas, as pondo para baixo com cuidado, seu cheiro doce se espalhou pelo quarto de um modo que nem percebera. — Acalme-se, querido… foi só um pesadelo. Apenas isso. — Jaebum estava inerte no seu próprio mundo, não sabia separar a realidade do mundo dos sonhos. Apenas sentia aquela voz suave e cheiro doce lhe acalentar. Os braços quentes lhe envolveram em um abraço meio bagunçado. Bagunçado assim como seu coração que batia de modo rápido.


 

— Ele me odeia. Ele me odeia… me odeia! — Jaebum apertava o braço alheio, Jinyoung suspirou profundamente, aguentando aquela pressão sobre a pele.

 

— Ele não te odeia, querido… ele não te odeia. — sua mão livre, acariciou os fios ruivos e suados. A voz era calma e aquele carinho na nuca tinha um grande efeito e sabia disso, porque a cada a acarinhar, a pressão em seu braço diminuía. — Você precisa tomar um banho, cuidar desses ferimentos… deixa eu cuidar de você, hum? — Jinyoung levantou o rosto do alfa em sua direção, pedindo permissão para o tocar, para o cuidar. Engolira seco com aquelas orbes lhe fitando, era como se Jaebum pudesse ler qualquer que fosse o seu segredo. Era como se ali, tudo pudesse ser colocado sobre a mesa.


 

— Não perca seu tempo cuidando de um monstro… quando ele te machucar você vai o abandonar como todos fazem. — focar naquela imensidão vermelha era preocupante, porque estava se tornando um vício… aquele vício ele sabia ser perigoso e proibido.


 

— Não há nenhum monstro aqui… e eu não vou te abandonar, mesmo que queira, vai ser difícil se livrar desse casamento. Contamos apenas um com o outro agora e você sabe disso. Preciso de ti, da mesma forma que você precisa de mim. Você cuida de mim e eu cuido de você, vai ser assim até conseguirmos o que queremos. Certo? — a pergunta não foi respondida, e Jinyoung sabia que não haveria resposta.

 

Levantou com cautela da cama, deparando-se com a camisa ensanguentada. Buscou por o alfa de pé e o arrastar até o banheiro.

 

O banhou na ducha fria como fora lhe pedido. Ouvia os resmungos de dor a cada vez que a água caía sobre a pele coberta de hematomas. Vez ou outra, Jaebum pedia para ele se afastar e ele obedecia porque naqueles momentos ele precisava de espaço. Jinyoung conseguia ver perfeitamente as costas do Im quase que se mexerem, a espinha dorsal mexia-se abaixo da pele, arrancando grunhidos de dor do ruivo.

 

— Eu vou me t-transformar! — eram as palavras que saíam da boca do Im, a cada afastamento que ele pedia para o ômega fazer. Sentia as dores, o corpo querer tomar forma de lobo, mas era só sentir as mãos e os lábios quentes em suas costas que a sensação passava.

 

— Você só precisa ficar calmo. Não tenha medo. — as falas soaram rente a pele molhada que se arrepiava por inteiro. Jaebum mantinha a cabeça escorada sobre o antebraço que estava praticamente grudado na parede.

 

Não tinha forças para pedir que o ômega se afastasse, vias suas lágrimas irem embora, junto com o sangue que escorria de si. A cada selar em sua espinha seu peito doía e o choro invadia o banheiro. Chorava por tudo, pela dor que o fazia gritar, pela vontade absurda de querer fugir de tudo. Chorava porque doía ser daquela forma, ser um monstro. Era doloroso viver com medo, aquele medo que nunca teve na sua infância, mas que agora carregava consigo como um fardo insuportável.

 

E, céus, como doía… como doía aquela culpa, aquele vazio.

 

O choro invadia os ouvidos do ômega, que cuidava para não machucar mais o alfa. Jinyoung via o quanto o outro estava quebrado, e aquilo de certo modo, o machucava sem explicação alguma. Aquela angústia que sentia não era sua, era a do alfa que parecia guerrear com as suas próprias, como se lutasse por espaço.


 

Enrolou a toalha no alfa, tomando cuidado com os machucados alheios, e o tirou do box enquanto o ruivo ainda chorava. O ômega não se atentou muito ao outro, quando deu por si, Jaebum já estava curvado sobre a privada, colocando pra fora tudo o que lhe fazia mal. Buscou acalmá-lo, para que o mesmo não viesse a se engasgar. O ajudou como podia e logo o auxiliou a escovar os dentes, na verdade, Jinyoung fazia tudo porque Jaebum não tinha forças para segurar a escova de dente.

 

Praticamente o arrastou até a cama, buscou tirar rapidamente os panos sujos os pondo num canto, enquanto o Im estava sentado no baú das correntes. Procurou rápido por lençóis limpos e pôs na cama a arrumando como pode, depois vestiu Jaebum com uma calça qualquer que pegara da mala. Fez os curativos rapidamente, cuidando de cada um deles e aquela atenção toda acabava aos poucos com aquela maldita muralha feita pelo Im.

 

— Deite um pouco… deite de lado, assim vai ser melhor. — Jinyoung guiou o alfa como havia dito, deitando-o em cima do braço direito para uma estabilidade maior que não o fizesse sentir tanta dor nos cortes. — Amanhã virão vir nos buscar, achei um jeito de saber em qual dia estamos enquanto você dormia. Tudo vai passar. — o carinho nos fios molhados fez o Im fechar levemente os olhos.

 

— Os três dias… — começou rouco, voltando a abrir os olhos e encarar o ômega a sua frente. — Os três dias no castelo depois do cio… eles são os piores. Eu me sinto sozinho… e com medo. — Jinyoung deitou-se na cama, ficando próximo ao outro, seus dedos tiraram um mecha que caía sobre as orbes em que era viciado.

 

— Eu não vou te deixar sozinho, estarei lá… o cuidando e não deixando ninguém o machucar. — o sorriso doce moldava cada palavra entoada e céus, como era bom ouvir e ver aquilo.


 

— Fica comigo… fica comigo e faz tudo parar de doer… por favor! — a súplica lhe pegara desprevenido, não imaginava ouvir aquilo de uma maneira tão sincera vinda do alfa.

 

— Eu fico o tempo que quiser. É só me pedir. — os dedos quentes alisaram a pele pálida e quase sem vida.


 

— Então fica comigo essa noite… — Jinyoung sentiu o coração falhar uma batida com o pedido feito de modo tão baixo. Seus olhos fitaram mais intensos do que nunca os avermelhados do alfa que parecia querer lhe devorar a qualquer momento e, droga, aquela sensação era boa. Sentia seu coração quase querer saltar pela boca.


 

Era um pedido simples, porém vindo do alfa se tornava mais emocionante e tudo lhe confundia mais. O confundia tanto ao ponto de não saber controlar seu corpo perto do ruivo. Jaebum se aproximou mais de si, aquelas orbes continuavam ali, lhe olhando com tanta vontade… tanto querer.

 

Não soube direito quem findou a distância dos lábios, Jinyoung só sentiu o choque de temperatura lhe pegar desprevenido. A frieza daqueles lábios o fez gemer em meio ao selar, que se aprofundou mais quando a mão do alfa foi até sua nuca, enroscando os fios negros em seus dedos longos. A língua do alfa pediu passagem que foi aceita em meio a espasmos que percorriam o corpo do mais novo. O beijo era lento, quase que torturante e, céus, beijos lentos desestabilizavam o Im de uma maneira absurda. Estava indo no tempo do ômega, era ele que ditava os movimentos, mas não sabia explicar o porquê de sentir a necessidade de querer ficar no comando com ele, queria o dominar, aquela ideia o excitava, fazia seu cheiro ficar mais forte, o deixava com mais vontade daqueles lábios doces.

 

Gostava quando o outro tomava as rédeas da situação, porém, naquele momento, queria a situação sobre o seu comando e céus, aquilo lhe enlouquecia.

 

As garras que ainda possuía íam diminuindo de tamanho assim, como a sensação de seus ossos se moverem abaixo da pele. Buscou por fôlego, separando-se da boca doce, o fio de saliva ligava ambos os lábios, fazendo Jaebum voltar a selar lentamente os lábios grossos. Jinyoung suspirava com o ato, suas mãos apertavam com vontade os lençóis recém trocados, como se aquele ato descontasse todas as suas vontades.


 

— Por que fazer isso me acalma tanto? Por que você mexe comigo desse jeito? — a pergunta era feita em meio a selares lentos, vez ou outra, o Im prendia o inferior alheio em entre os dentes. Aquilo lhe satisfazia de uma maneira insana.


 

— Também quero respostas para isso. Você acaba comigo Jaebum. — ouvir seu nome ser dito em meio a uma respiração pesada e proferida por aqueles lábios inflava seu ego e elevava seu orgulho ao topo. Toda aquela manha que o ômega tinha lhe excitava, sentia seu baixo ventre formigar tamanha excitação que sentia.

 

— Eu sei que isso é errado… mas eu quero você. É errado te desejar desse jeito? — Jaebum o olhava firme, gostava daquela cor, ela se destacava em meio os vultos vermelhos e negros que via.

 

— Você vai se arrepender… — ditou raspando os lábios nos alheios e sugou o inferior do outro, fazendo o alfa gemer com o seu ato.

 

— Eu continuo querendo você… mesmo que eu saiba das possíveis consequências. — queria saber onde andava toda aquela racionalidade que não apareceu por anos em sua vida e só ali dava as caras.

 

— Continue querendo… quem sabe após o cio, quando não estiver sobre efeito dele… eu sacie seus quereres. — a boca avermelhada estava quase colada na sua, os pelos arrepiados, assim como a pele inteira.

 

— Quem sabe… isso é muito fraco para meu lobo acreditar… eu quero mais vindo de você. — pôs sua mão na lateral direita do pescoço do ômega, a acariciando de modo que sentia sua pele queimar com aquele simples toque.

 

— O que você quer de mim Im Jaebum? O que quer? — Jinyoung não correspondia mais a razão em sua cabeça que lhe gritava para parar com aquelas provocações que o levaria a caminhos sem volta. Deitou seu pescoço na mão fria do alfa, o esfregando naquele toque delicioso. Seu pescoço estava amostra, Jaebum podia ver, mesmo que em tons vermelhos, as marcas que fizera no garoto, aquilo era um solavanco sem tamanho para seu ego. Beijou a tez quente do pescoço já maculado. Sentiu sob seus lábios a pele alheia arrepiar e riu rente ao pescoço… aquilo enlouquecia o outro, era seu ponto fraco e o ômega deixava escancarado para si.

 

— Quero que me beije… me beije como seu Alfa… como o seu homem. Apenas me beije porque me quer mais que tudo essa noite. — Jinyoung definitivamente não estava em seu juízo perfeito, pois sentia que gozaria só com aquelas palavras, céus aquela voz rouca e aquela presença de alfa lhe excitava mais do que podia controlar. Controlar suas mãos e seu corpo era impossível, ainda mais com um pedido daqueles… Jaebum sabia jogar sujo, e maldito seja o deus da Lua que fez um homem ser tão bom com a boca. Porque o Park devia o empurrar para longe, mas a única coisa que fez, foi puxá-lo para mais perto, o beijando com vontade, com querer… com domínio. E tudo só piorava quando o alfa devolvia na mesma intensidade e resolvia puxar seu cabelo lentamente, numa tortura gostosa de se sentir, seus joelhos estavam encostados um no outro, como se dessa forma, pudesse impedir de ficar mais excitado do que já estava. Jaebum segurava firme a lateral de seu pescoço e céus, aquilo sim era excitante, aquela mão grande lhe segurando com firmeza.

 

As línguas batalhavam e exploravam uma à outra e Jinyoung não sabia como reagir com todas aquelas sensações, principalmente quando a mão fria desceu por suas costas e foi direto em suas nádegas, as apertando com vontade. Gemeu lânguido com os arrepios e espasmos que percorreram o corpo, ah era maravilhoso… era maravilhoso se sentir desejado daquela forma. A mão continuou ali, apertando, passeando pelo corpo que só sabia responder aos estímulos que recebia e coerência entre os dois era aquilo que não existia. E tudo piorava quando Jaebum lhe olhava com aqueles olhos insanos, como se pedissem silenciosamente permissão para lhe tocar e, droga, Jinyoung apenas acenava instigado com tudo que sentia.

 

Sentiu Jaebum o puxar para ainda mais perto e sabia que, se acatasse aquele pedido, não poderia controlar seu corpo, porém era traído por seus instintos e seus malditos reflexos. Se deixou ser guiado pelas mãos do Im a sentar no colo alheio, sentiu sua cintura ser puxada com força e não soube segurar o gemido manhoso que escapou dos seu lábios, Jaebum tinha uma pegada bruta e aquilo lhe desestruturava mais do que tudo. As mãos do alfa percorreram com desejo pelas coxas fartas e descobertas do ômega. As mãos foram até a Barra da camisa larga que ele vestia, Jaebum sentia seu cheiro na peça e sorriu com aquilo.

 

Puxou a camisa para cima, revelando a pele branca e leitosa. Jogou a camisa úmida para um canto qualquer e voltou sua atenção ao ômega, que começava a rebolar lentamente em seu colo.


 

— Jaebum-ah… s-são só beijos! — Jinyoung avisou, sendo tomado por uma onda de prazer assim que a boca do alfa chupava seu mamilo esquerdo. Gemeu com o ato repentino, sem controle daquilo. Segurou firme nos cabelos do alfa enquanto o sentia maltratar sua pele como bem entendia, era a melhor sensação que podia sentir. Tão lento… tão torturante.


 

— Você quer a mesma coisa que eu… por que fica negando tanto? — encarou o mais novo, que tremia excitado em cima de seu colo.


 

— Eu sei que você vai se arrepender… lembre-se que é seu lobo que está sobre o comando mesmo que você esteja agindo de forma tão… tão racional. — explicou, buscando acalmar seu corpo, que gritava por mais toques do outro.

 

— Meu lobo te quer, isso não é o suficiente pra você? — perguntou pondo uma mão na cintura e a outra voltava a lateral do pescoço. Jinyoung revirou os olhos com a sensação… céus, Jaebum era um cretino.


 

— Não! Não é o suficiente. Se eu tiver você… eu te quero por inteiro, quero todos os seus lados. Desde os mais dóceis até os mais sombrios. Eu te quero por inteiro Im Jaebum e não pela metade. — o modo sério como tudo foi dito… céus, Jaebum queria pegar aquele ômega e se enterrar nele, saciar aquela vontade maluca de o ter, de o fazer seu. De o marcar por todo o corpo.


 

— E se eu… se eu não conseguir ser seu por inteiro? Se os meu lados não condizerem com o que você quer… com o que você sonha?


 

— Eu não me importo com isso, fui criado para a realidade e vou querer todos os seus lados se você me quiser também. — nenhum dos dois eram capazes de desviarem os olhares. E era insano estar daquela forma, porque ambos sabiam que a partir do momento em que saíssem daquela cabana, tudo seria esquecido… ambos buscariam enterrar cada lembrança, cada toque, cada beijo trocado. Eles sentiam no fundo que buscariam milhares de maneiras para fingir que nada aconteceu. E eles iriam fazer aquilo bem, sabiam disso, porque ambos eram bons escondendo verdades e quereres. Ambos eram bons, sucumbindo suas vontades, inibindo seus desejos apenas para viver aquilo que lhes foi programado.

 

E ambos sabiam que gostar daqueles beijos trocados e toques quentens e frios, não era algo que estava nos planos daqueles que queriam os ver juntos. Jinyoung sabia que seu pai não queria que se envolvesse com o alfa ao ponto de possuir afeto por ele… conhecia bem o pai que tinha e duvidava muito que o próprio a sua frente também quisesse possuir algum afeto naquela relação. Estavam ali por negócios, aquele casamento era um negócio. A desculpa do destino era só o que seus pais davam para todos, pelo menos era o que passava na cabeça de ambos.


 

— Vamos esquecer isso o que aconteceu? — Jaebum puxou o ômega para mais perto do seu corpo.

 

— Você vai voltar ao normal, não vai lembrar mesmo do que fizemos, serei só eu a lembrar de tudo.

 

— E se eu não esquecer? E se eu lembrar de tudo o que fizemos, como que fica? — Jaebum o olhou, atento a cada movimento do outro.

 

— Fica… como, como uma lembrança. Uma lembrança boa de uma noite conturbada. Apenas isso. Nada mais que isso. — disse sincero, com um peso no peito, como se algo estivesse errado ali.

 

— Tem certeza?

 

— Uhum! — balançou a cabeça de forma positiva, arrancando um riso do mais velho.

 

— Se vai ficar apenas como uma lembrança… então acho melhor voltar a te beijar… é só uma lembrança.


 

— Jaebum…



 

Queria ir contra aquele sorriso torto e presença arrebatadora do outro. Queria gritar e se afastar dele, mas apenas se aproximava mais, mais daquele alfa ruivo que o deixava confuso.


 

Ah… Jaebum tinha razão… era só uma lembrança… então que continuassem aqueles beijos, porque no fundo, guardaria aquele momento em um lugar especial, porque estar nos braços do Im o fazia se sentir especial.


 

Especial, mais do que podiam imaginar.


Notas Finais


VIEWWWW EM LULLABY!



Aí ai tô nem bem depois disso!
😂😂
Eu não tenho palavras para agradecer o carinho que vcs tem com a fic. Muito obrigada a todos que leiem e vem aqui comentar, sei que não estou respondendo os comentários ultimamente, mas prometo que irei responder a todos.

Sobre esse capítulo, gostaria de dizer que eu mudei algumas coisinhas...ROTEIRO PRA QUÊ NÉ AMORES 😋😂
Bom, essa pequena pegação bnior não estava escrita, porémmmm eu fiz ela para que num futuro próximo, eu possa realmente fazer casal se pegar de vdd né 😂
Confesso que foi um pouco arriscado colocar esse quase lemon, foi difícil me segurar, mas acho que ficou de boas.
Então, sobre nosso TaeKook já chegando sendo presos, até porque se não for pra sair da França trabalhado no lacre, Jeon JungKook nem sai né bbs!

E simmm, esperem muito mais dessa pequena rivalidade entre Jackson e o deboche em Pessoa chamado Jeon.
Ele é um dos meus personagens favoritos e confesso que tem muita coisa de mim nele jdjdjdjdjd

Foi um capítulo ponte para inúmeras revelações, se alguém tem teorias sobre ele, me mandem vou surtar lendo.

Se quiserem conversar sobre a fic, manda DM no Twitter, que eu vou amar explicar tudinho.

👉 MJForever_093

O próximo capítulo já são eles voltando. Se alguém ficou confuso com os dias, saibam que é assim mesmo. Os dias de resguardo de todo o vilarejo são sete dias, porém a alguns dias que passam rápidos demais e outros lentos. Tudo depende de Im Jaebum e seu humor 😂

A propósito, se eu não responder os comentários é pq eu morri com Lullaby simmm


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