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História Soulmate - Sou Teu Solar: Parte 1


Escrita por: ArsLilith_ e Yayabs

Notas do Autor


OLAAAAAAAAAAAAAAAAA
Eu acho que eu não demorei tanto né?!
sskkskskskksks
Esse capítulo foi corrigido por mim, então se tiver erros, perdão. Não sei como a Sailor aguenta isso, mds
Bom gente, espero que gostem desse capítulo. Eu achei ele muito importante sksksk
ai
Eu não sabia o nome para ele, porém, ficaram marcando a fotinho do Jinyoung e igualando ele ao Jinyoung de soulmate, fiquei em surto. Tudo combinou com o capítulo. Amém aos deuses conspiradores.
Esse capítulo está gigante, mas acredite, eu dividi ele em duas partes ksskkssk
Entonces, espero que apreciem e se divirtam
Boa leitura mores

Capítulo 38 - Sou Teu Solar: Parte 1


Fanfic / Fanfiction Soulmate - Sou Teu Solar: Parte 1

Eu prometi que te cuidaria e te protegeria

Serei aquele a aquecer teu corpo no acalentar da noite

O mesmo que irá chamar, após um sonho ruim

Serei o que irás confiar tua vida 

E mesmo que eu negue

eu serei sempre aquele a ter o melhor de ti

porque eu sou teu solar

completando a imensidão fria do teu lunar

 

Dias depois...

Jinyoung olhava atento a movimentação no jardim, ao qual passou boas semanas arrumando para, enfim, ter uma bela visão das suas flores preferidas florescendo. Era uma sensação gratificante e não podia evitar o sorriso bobo e orgulhoso que abrilhantava sua face. Correu as mãos até as alheias que lhe envolveram, rindo fraquinho com os beijos recebidos no pescoço, permitindo-se fechar os olhos com a sensação gostosinha que aquele ato lhe dava pelo corpo inteiro.

— Bom dia, querido. — Jaebum selou a bochecha esquerda, apertando mais o ômega nos braços.

— Yah! Isso faz cócegas. — Reclamou, tentando se desvencilhar, mas Jaebum o manteve entre o abraço, rindo ao pé do seu ouvido.

— Você é sensível demais, Jinyounggie. — Falou rouco, mordiscando o lóbulo da orelha do outro e fazendo Jinyoung se encolher.

— Para com isso. — Pediu manhoso, sendo virado pelo Im, que lhe fitava com um sorriso bonito no rosto.

Permaneceram alguns instantes trocando um olhar singelo, até que Jaebum o puxou para um beijo, deixando Jinyoung nas alturas com as sensações sentidas.

Beijar Im Jaebum era como estar nas nuvens, emoção à flor da pele e quente como se pudesse tocar o Sol sem precisar ter medo algum. Porém, era como ir ao inferno também. Era como cometer um delito… um mero pecado gigantesco que o prendia a um looping incansável de sempre querer mais e mais daqueles lábios. Querer mais daquele gosto.

Estavam daquela maneira, juntos e, apenas curtindo o momento e sentimentos que um causava no outro há dias. Decidiram apenas ficar daquela forma, sem se pressionarem ou cobrarem algo. Havia uma segurança para os dois. O casamento arranjado os dava a liberdade de permanecerem no que bem entendesse e fosse bom o bastante para não levar seus sentimentos a um mar de confusão. Um compromisso não nomeado entre eles. O povo pensava que eram um casal perfeito, que amavam-se loucamente e que foram feitos um para o outro. Jaebum não contestava. Não queria. Não precisava. Divertia-se com as coisas que ouvia vez ou outra quando ia à vila para se deter às necessidades do seu povo. 

E não era surpresa da sua parte, notar todo o carinho e dedicação que os carlonianos tinham para com seu marido. Era incrível como em alguns meses, Jinyoung havia os conquistados de uma maneira a ter para si, uma lealdade invejável a qualquer um. Ele era querido por todos. Bem visto pelos moradores e amado pelas crianças. Ficava feliz com aquilo. Não podia negar, aos poucos também rendia-se aos encantos calorosos do ômega. Ele era alguém inevitável de se manter longe. Tão inevitável, que tinha dias que Jaebum se colocava a disposição de ajudar o marido em algo, apenas para ficar perto dele.

E bom, Jinyoung não ficava atrás em relação ao que estavam tendo. Por vezes, admitiu a si mesmo que poderia lidar com as coisas que Jaebum lhe causava muito bem e estava levando tudo perfeitamente ao "pé da letra", mas quando se deixava levar pelo lobo, perdia os devidos sentidos, porque cobiçava o outro de todos os jeitos e controlar seu lado irracional nunca fora tão difícil para si.

Jaebum era capaz de mexer com um lado seu, até então, desconhecido. Nunca pensou agir de tal forma perto de alguém. Deixar ser dominado de um jeito animalesco e sem controle algum. Jaebum lhe fazia se submeter, denegrir a imagem de bom ômega dentro de quatro paredes, ou até mesmo, fora delas. E fazer coisas que aceleravam seu coração e faziam sua adrenalina correr solta pelas veias era deveras excitante. Jaebum lhe enlouquecia e ele deixava-se ser enlouquecido.

— Você já está pronto? — Ouviu a pergunta, puxando o ar pela boca, enquanto buscava normalizar a respiração.

— Uhum… — Resmungou, roçando os lábios no outro.

Jaebum lhe apertou a cintura, dando-lhe um último beijo antes de lhe puxar pela mão e sair do quarto consigo. 

Adentraram a enorme sala onde faziam as refeições do dia de mãos dadas, ganhando olhares de Kyuhyun e Sungmin. O cunhado pareceu não ligar muito para o que via, acostumou-se a toda manhã, ver os dois daquela forma, diferente de Sungmin, que a cada dia que passava, estava mais descontente com o que seus olhos presenciavam.

— Papai volta hoje pela parte da tarde. Está sabendo, não é?

— Sim, Zhoumi comentou-me. 

— Ótimo, então como filho preferido, você o busque no porto, certo? — Ganhou o olhar do Im, sorrindo maldoso à medida que via o irmão se ajeitar na cadeira.

— E por que não vamos juntos?

— Papai ficou quase três meses fora, acha mesmo que quando pisar em Carlon, eu, será o primeiro a quem ele irá querer ver?

— Ah, Kyuhyun… — Riu soprado, balançando a cabeça desacreditado. — O velho Im deve estar morrendo de saudades de você. Deixe de drama.

— Não é drama. Sabe disso. Você é o filho preferido, não é atoa que a Coroa é sua, não é mesmo?

Jinyoung cruzou olhares entre os dois, e por mais inocente que fosse, detectou o tom ardiloso vindo do mais velho. Viu Jaebum bebericar o café calmamente, largando a xícara da mesma forma.

— Você sabe que por mim, essa coroa nem seria minha.

— Então, por que ainda não desistiu dela? Uh?!

— Kyuhyun… — Começou, umedecendo os lábios e levando seu olhar ao irmão.

— Não comece com seu discurso, Jaebum. Não precisa se fazer de preocupado com o Reino na frente do seu ômega. Aliás… — Virou sua atenção a Jinyoung, que levava o copo de suco a boca, mas parou assim que ganhou o olhar do outro. — Vocês já possuem um tempo de casados… 

— E o que tem? — Perguntou firme, não gostando do tom que era usado com o mais novo, assim como, o olhar.

— O que tem?! Bom, eu não consigo… não consigo sentir o cheiro dele em você. — Sorriu, brincando com a faca em cima da mesa. Voltou a olhar o Im, num misto de desafio e curiosidade. — Cadê a marca dele?

O silêncio pareceu tortuoso e eterno na visão de Jaebum e Jinyoung, que se mantiveram calados, absorvendo as palavras ouvidas.

Sungmin acompanhava o sorriso do marido, mas mantinha-se atento a Jinyoung o tempo inteiro.

— Querido, não seja inconveniente. — Pediu o ômega mais velho, sorvendo do seu chá, enquanto buscava soar pacífico.

Kyuhyun riu anasalado, mordendo o lábio inferior antes de intercalar seu olhar entre os dois.

— Você não o marcou. Sabe que é um perigo um ômega não marcado, não é?

— Kyuhyun, esse assunto não lhe desrespeita, por favor, vamos comer. 

— Jaebum… por favor digo eu, né?! Você está o usando enquanto não pode ter Youngjae, não é? Pode admitir.

Os olhos do Park foram em direção ao Cho, a sensação de náusea se instalou na garganta, assim como, o embrulho no estômago lhe deixou enjoado com o que ouvira. Ouviu o suspiro de Jaebum e o talher bater na porcelana, fechando os olhos com o susto.

— Você… coma, antes que eu perca a minha paciência. — Não o olhou. Mantinha sua atenção no prato a frente.

— Mas Jaebum, eu só falei fatos que todos já sabem. — Garantiu, sorrindo maior ainda. — Jinyoung… não caia na lábia do meu irmão. Ele não vai cumprir nada do que prometeu e prometerá a você. Veja bem, nem uma marca ele te deu. E bem, vocês já estão casados e possuem certa intimidade, então, já er… 

— Chega! — Jinyoung engoliu seco com o tom ouvido, sentindo o corpo arrepiar.

Não era alto e nem exagerado. Era firme e ameaçador.

— Isso é engraçado. — Kyuhyun se ajeitou na cadeira, fitando o ômega que estava sentado à sua frente. Cruzou os braços, umedecendo os lábios e não se poupou em palavras. Estava ali pela ruína de Jaebum. Apenas por isso. — Ele sabe dos seus encontros com Youngjae, querido irmão? E dos seus planos de fugir com ele, abandonar a Coroa e o Reino, deixar todos à mercê, simplesmente, porque isso aqui, não é o que você quer para si? Ele sabe?

— Kyuhyun, cala a boca.

— Yah, deixe-me ouvir Jinyoung. Ele é precioso demais para ser enganado por você. E se ninguém fala nada a ele, eu, como cunhado, sinto-me na obrigação de o avisar. Por onde será que eu começo? — Olhou Jaebum de soslaio. — Devo começar pelo fato de você o trair, todas as vezes que dizia ir encontrar Jackson ou Jooheon? Que você não esperou dar um mês de casamento e já se encontrava nos lençóis de outro, enquanto eu, ele e seus amigos tínhamos que dar desculpas às cortes ou aos comerciantes que tinham reuniões contigo? Ou melhor… eu devo começar pelo fato de você ser um assa… 

— Cala a boca! — O estrondo das palmas rente a mesa fez ambos os ômegas se assustarem.

Jaebum havia levantado tamanha raiva que estava sentindo, seu olhar caía sobre o irmão que não pareceu nenhum pouco surpreso ou abalado com sua atitude. Ele já esperava por aquilo, era por tal reação que havia chegado onde se encontrava.

— Ora, controle-se. Vai me atacar? — Perguntou desafiando-o, olhando firme nos olhos que começavam a adquirir uma leve coloração escura. — Aproveite e mostre a ele que você não é quem diz ser. Ataca. Ataca Jaebum. Mostre a ele o verdadeiro Im. O mesmo canalha que fez o que fez e não pagou até hoje, pois tem seus privilégios de filhinho mimado. Ataca! — Ergueu o tom, notando a forma como a expressão do outro se encontrava. Precisava de mais um pouco, mais um pouco para o ter fora do controle. — Você é um covarde, sabe disso, não é? 

— Kyuhyun… — Engoliu o bolo de ansiedade preso à garganta.

Jinyoung levou seu olhar às mãos do alfa, vendo os dedos cravarem na toalha, logo as unhas raspavam o tecido. As veias saltadas davam a devida certeza que para Jaebum, aquela provocação estava começando a surtir o efeito que vinha há anos buscando controlar.

Jinyoung conhecia bem todo aquele conjunto de expressões. O olhar; o cheiro mais forte; a mudança de expressão. 

Tudo se igualava ao Im que vira se transformar em um belíssimo lobo de pelagem negra na primeira noite de núpcia. Aquilo era instigante. Não conseguia conter os olhos em cima dele; na forma como ele buscava se controlar; na aura que já se dissipava do corpo grande e que chegava até si, causando-lhe arrepios.

Oh, gostava daquilo. Gostava e muito.

— Jaebum, Jaebum, Jaebum… ou… Jaebeom?! — Riu, notando o rosto alheio ficar vermelho e as veias na testa saltarem. — Acredita que seu marido tinha um namoradinho?! Um ômega muito fofo e prestativo, completamente perfeito. O ômega que todo alfa quer, sabe?! Ele era lindo. Os lábios cheios, a voz aveludada… 

— Cala a boca, seu desgraçado!

— Ele era realmente muito lindo. Encantava a todos de uma forma muito aconchegante. — Continuava, olhando fixo nos olhos do Park, mantendo o sorriso ordinario.

Sentia a presença do Im começar a incomodar seu lobo e aquilo não poderia lhe deixar mais contente. Jaebum estava aos poucos cedendo aos instintos descontrolados e tudo sairia perfeitamente para Kyuhyun demonstrar a Jinyoung quem era realmente o alfa ao qual ele estava casado.

— Não contou a Jinyoung sobre o seu namoradinho, é? Uma pena ele não estar aqui para falar, não é mesmo? Oh, será que você sente pena? Será?

O tom irônico do Cho irritava Jaebum demasiadamente. Era impossível não se deixar levar pela raiva, angústia e uma vontade absurda de chorar. E por mais que, tristeza lhe regesse a cada vez que ouvia sobre aquilo, não era como se conseguisse controlar a droga do animal dentro de si. Havia culpa, dor... muita dor. Tanta, que começava a lhe faltar ar. Todavia, perdia os sentidos da razão aos poucos. Sentia sua visão se tornar turva, escura e predatória. 

Rosnou alto, ao ouvir o nome de Jinyoung sair da boca do outro. Tal ação lhe irritava mais que tudo. Céus, Kyuhyun estava falando do seu ômega. Da intimidade que haviam conquistado aos poucos. 

— Yah, Jaebum… você não pode usar Jinyoung e descartá-lo depois. É injusto. Se bem que há muitos alfas que iriam adorá-lo. Quem sabe você não o troque por algum pedaço de terra para viver sua paixão ardente com Youngjae, uh? É uma boa ideia.

Kyuhyun sabia que tinha atingido o limite quando deparou-se com o par de olhos perfeitamente conhecidos por si. Não houve tempo para correr, muito menos alguma forma de escapar. 

O movimento fora rápido. Em segundos, sentia-se ser erguido pelo irmão à medida que ele lhe pegou pelo pescoço e batia suas costas no pilar. Tentou se soltar, debatendo-se contra o outro, porém, melhor do que ninguém, sabia que era em vão. Precisava contar com a sorte, como da primeira vez, porque aqueles olhos vermelhos e com um brilho mortal, jamais se sensibilizariam consigo.

— Céus! Ele vai matar Kyuhyun! — Sungmin gritou, chamando por guardas.

Seus olhos caíram sobre Jinyoung, que mantinha-se atento à cena como se nada de grave estivesse acontecendo. Tal ato vindo do outro. transtornou o Cho, fazendo-o chegar perto do Park e o balançar pelos ombros.

— Você não está vendo o que está acontecendo, seu idiota? Seu alfa vai matar o meu! — Gritou rente ao rosto, vendo que o semblante alheio não mudou em nada.

— Seu marido fez por merecer. — Foram as únicas palavras que ouviu, afastando-se logo em seguida.

O tom enjoativamente doce e o cheiro lhe deixaram zonzo. Os olhos do soleiniense estavam escuros, contrastando os seus reais verdes escarlates que irritavam tanto Sungmin. Fora impossível não o encarar. Arrepiou-se com o olhar ganho e a forma como os lábios prendiam um sorriso maldoso, beirando a algo sombrio que fez o moreno engolir seco.

Não durou muito o olhar em si. Com a chegada dos guardas, Jinyoung correu os olhos aos movimentos dos três carlonianos que ali se faziam presente. Jackson estava entre eles, mas tal detalhe não lhe servia de nada. Eles chegavam perto de Jaebum e aquilo agitava seu lobo. Lhe deixava furioso.

Viu os três tentarem tirar seu alfa de cima de Kyuhyun, não tendo sucesso com o ato. Ouviu o rosnado vindo do Im, deixando-lhe alarmado e agitado. Jaebum precisava de si, iriam machucá-lo e não deixaria aquilo acontecer.

Kyuhyun já sentia a vista escurecer. O aperto em seu pescoço era forte, privando-lhe de puxar o ar para manter-se vivo. Sabia que Jaebum não lutaria nenhum pouco para se conter. Ele perdia o controle rápido demais e demorava uma eternidade para voltar ao normal.

— Jaebum, para com isso, cara! — Jackson tentava puxar o melhor amigo pelos ombros, não obtendo sucesso. 

Urrou ao sentir a pancada no estômago vinda de uma forte cotovelada que levara. Esquivou-se, sendo amparado pelos dois guardas que o mantinham de pé. 

— Sedativo nele! — Ouviu o grito vindo de trás, olhando por cima dos ombros e vendo Zhoumi e alguns guardas dele caminharem até onde estavam.

Antes mesmo que o guarda de trajes negros avançasse no Im, a presença que se fez diante do ambiente agira de modo esmagadora.  Fora como perder os sentidos por segundos, assim que, a voz aveludada e doce como mel entoou pela sala.

Jaebummie… deixe-o

Os olhares foram todos para o ômega sentado à mesa. Os olhos em tom verde escuro perfuravam os corajosos que o encaram. 

Fora no mesmo instante que a frase cessou, que Jaebum afastou-se do irmão. Kyuhyun caiu no chão, tossindo como um condenado, sendo rapidamente amparado pelos guardas que os sustentaram.

Sungmin e Jackson olhavam desacreditado a cena. Era coisa demais para a cabeça de ambos. Era como se tudo não passasse de uma brincadeira de muito mau gosto. E era um fato certo: Jackson não queria saber como ela terminava.

— Ei, olha para mim… — Jinyoung já estava em pé, passando as mãos no rosto do marido que suava frio. — Olha para mim, querido. 

Jaebum não dissera nada. Não conseguia. Não havia palavras para definir o que sentia. 

Não pensou muito quando envolveu o corpo do marido em um abraço apertado, afundando o rosto no pescoço alheio e inspirando o cheiro suave que lhe acalmava. Não poupou lágrimas e nem angústia. Seu peito doía, tudo em si doía. 

Me-me tira daqui… — Pediu, fechando os olhos fortemente, enquanto sentia sua pele arder.

— Eu tiro… eu tiro… — Sussurrou, deixando selares onde havia pele exposta, enquanto puxava o Im, ainda mantendo-o em seus braços.

Antes de sair da enorme sala, seus olhar cruzou com o de Zhoumi e fora inevitável não o encarar de volta. Era pertinente, superior e encorajado. Era para deixar claro que ninguém tocaria no que era seu.

Ninguém tocava no seu alfa.

 

[...] 

 

Alisava os fios ruivos, enquanto buscava acalmá-lo. Estavam no mesmo lugar que Jaebum havia lhe trazido uma vez. Aquele lugar ao qual o alfa adorava ir para espairecer e pensar na vida ou pensar em nada, apenas permanecer ali, no silêncio dos pensamentos, no caos que era seu interior e no barulho da correnteza. 

Jinyoung admirava a vista completamente natural. Nada fora tocado pelo homem ou sofrido desvio. Era natural, tão natural que até o ar era diferente. Lhe fazia bem, bem até demais.

— Jinyounggie… ‘tá doendo. ‘Tá doendo muito. — Sentiu o mais velho se remexer, contorcendo-se de dor.

Voltou sua atenção a ele, notando o quanto Jaebum agonizava de dor em seu colo. Aquilo lhe doía, lhe deixava tão agoniado quanto o outro.

— Ei, olha para mim. Fica me olhando… isso vai passar. — Notava os olhinhos vermelhos lhe fitarem.

E era como perder-se em duas coisas ao mesmo tempo. Sabia que eles refletiam fúria, raiva e sangue, entretanto, via algo além de tudo que transparecia, porque não era só de sentimentos ruins que Jaebum era composto. Havia uma dor naqueles olhos, um medo que gritava por ajuda, que suplicava cuidado, atenção… carinho. Não entendia como conseguia ver tais coisas. Talvez… talvez pudesse ver além do que Jaebum demonstrava a todos.

Além de quem ele realmente era.

O ouviu rosnar alto, movendo o corpo e se curvando, as mãos estavam na barriga. O alfa encontrava-se de joelhos, a testa colada na coxa do ômega que aguentava a pressão enquanto massageava os fios, na tentativa de relaxá-lo.

— Jaebum… — Chamou baixo, sentindo os olhos marejar à medida que via o marido agonizar de dor. — Jaebum, por favor… olha ‘pra mim. Olha ‘pra mim. — Segurou o rosto do outro com as duas mãos, mesmo que Jaebum buscasse forçar para baixo, para manter-se na mesma posição. — Você confia em mim, não confia? 

A resposta foi um rosnado doloroso, logo perdendo-se em tosses secas que faziam o coração do ômega pesar.

Via os ossos do outro moverem-se e não era capaz de entender tamanha dor que ele sentia na pele, porém em seu peito, em seu lobo, doía de uma maneira horrenda.

— Me olha… — Pediu, ajeitando o corpo e tirando o casaco do Im.

— O-o que… 

— Presta atenção. Você não está no cio. Isso vai ser pior. Vai doer muito se você segurar, então… — Fungou, limpando as lágrimas teimosas que começavam a cair. — É melhor você se transformar, uh?!

— Nã-não… não… por favor.

— Ei, calma. Você vai ficar bem. — Via o desespero nos olhos do Im. Desespero que também era compartilhado consigo na pele.

Jaebum balançava a cabeça de um lado para o outro, relutando para que Jinyoung não tirasse sua roupa. Sentia as lágrimas quentes tomarem conta do seu rosto. Tinha medo de perder o controle totalmente e nunca mais voltar a figura humana. Era uma peça dos horrores tal sensação. Lembrava-se das palavras da bruxa. Sabia que uma transformação sem a devida sabedoria, lhe restaria a vida eterna daquela forma.

“Não cabe a você tal controle. Não cabe a você o auto governo dele. Somente aquele que tiver seu coração poderá lhe ajudar. Somente quem o tiver. Todavia, um monstro como você, não possui coração.”

— E-eu não… não posso… — Controlava o lobo, porém era indispensável a vontade de se deixar ser tomado por ele.

— Eu vou estar aqui, uh?! Eu vou estar aqui. Sempre vou estar. — Tirou os sapatos, logo se pondo a tirar a calça do outro e tudo mais.

Jaebum estava encolhido a sua frente, sentindo-se vulnerável e com medo do que estava fora do seu controle.

— Eu vou te encontrar. 

— Nã-não… você não vai. Eu vou te machucar. E-eu vou… 

— Você não vai. — Segurou o rosto firme em suas mãos. — Você não vai Jaebum. Não vai, porque você é o meu alfa e eu sou o seu ômega, esqueceu disso? Eu sou seu, só seu e você é totalmente meu. Só meu. Meu. — Puxou-o para um beijo urgente.

Jaebum lhe correspondeu a altura, adentrando a língua em sua boca e a explorando com posse e vontade. Era bruto, com puxões nos fios, mãos apertando a cintura e as unhas cravadas na mesma. Jinyoung grunhiu ao sentir a mordida forte no lábio inferior, tendo-o preso entre os dentes alheios. Descontou nos ombros do ruivo, arranhando-o como se marcasse seu território e de fato, marcava porque era seu. Tudo seu.

— Vá. Transforme-se. — Disse entre ofegos, afastando-se da boca do outro. 

Jaebum se esquivou de si, lhe olhando uma última vez, como se buscasse nos olhos alheios algum lampejo de desistência, mas nada nas orbes em tom verde escuro encontrava além de coragem, incentivo e aquilo que fazia seu lobo revirar dentro de si.

Confiança.

Confiança em si. Em quem era.

Oh, Jinyoung confiava nos seus olhos, nas suas palavras. Nas coisas que já o disse em certas noites que apenas dividiram a cama. 

Jinyoung confiava em tudo que era, então, não havia porquê não confiar em tudo o que ele significava para si.

E bom, Park Jinyoung era uma doce liberdade calorosa que abrigava coisas graciosas e de tirarem o fôlego.

Ele abrigava inúmeras coisas que Jaebum nunca obteve em sua vida. A principal delas:

Ele abrigava esperança.

Aquilo que em anos, nunca teve.

Não demorou para os rosnados se tornarem altos e Jinyoung se afastar do outro. O corpo à sua frente tornara-se inúmeras vezes maior do que o habitual, causando-lhe certa queimação no estômago. Os pêlos negros e brilhosos já comportavam o animal a sua frente. As garras afiadas e grandes davam a ele certa vantagem caso caçasse ou fosse atacado, fora ainda o porte grande que sustentava. De fato, abraçado as roupas do marido, Jinyoung via qual era o real Im Jaebum.

Ou talvez, não o real, mas sim, o que todos temiam. Aquele que vez ou outra ouvia cochichos quando passava pela vila com Jungkook. Aquele que só de mencionar o nome, muitos se calavam ou não tinham nada a lhe dizer. 

Certamente, Jaebum era uma incógnita a todos, pois ninguém sabia o que havia lhe deixado tão fechado para contatos externos; ninguém nunca o vira transformado; ou sentira seu cheiro. Não sabiam a cor da sua pelagem e nem seu tamanho. Se era um lobo forte ou se era parecido com um solitário que vagava pelas noites à procura de caça ou de alguém para acasalar.

Entretanto, Im Jinyoung não era todos. Im Jinyoung não era aquele reino, muito menos a vila ao qual todos falavam e comentavam sobre seu Rei. Im Jinyoung era ômega daquele alfa, marido de Im Jaebum e juntamente dele, Rei de Carlon. Portanto, melhor do que ninguém, sabia como ele era. E ele era tudo de mais raro e precioso que seus olhos já puderam apreciar. 

Deu um passo para trás, assim que o lobo avançou para perto de si. Manteve seus olhos firmes nas orbes vermelhas, não intimidando-se com o rosnado em sua direção. Precisava passar confiança não só a Jaebum, como também, ao lobo. Jaebum tinha que lhe dar confiança de ambos, só assim, conseguiria o ajudar com seus dois lados: o racional, que lutava contra tudo e contra todos; que evitava machucar as pessoas perto de si, inibindo-se de conviver com elas e de se manter por perto e, por fim, o lado irracional, que por mais absurdo que fosse, este era o que mais tinha a seu favor.

— Eu irei te buscar. — Seu tom saiu baixo e calmo, mas confiante.

O animal a frente rosnou, olhando-lhe uma última vez antes de dar meia volta e sumir de seu campo de visão à medida que atravessava o riacho pelas pedras e se perdia adentrando a floresta. 

Jinyoung permaneceu ainda ali, seus olhos fixos no caminho que o lobo seguiu e se recompôs, limpando vestígios de lágrimas e tratando de sair daquele lugar. Teria que estar bem disposto para encontrar o outro. 

Voltou para o castelo, fugindo das perguntas dos criados, assim com, as de Jonghyun que permaneceu todos aqueles dias consigo, buscando lhe ajudar com pequenas sessões de diálogos, onde ele lhe dizia sobre seu dom que escondia a sete chaves para que seu pai não soubesse. 

Trancou-se no quarto, passando boas horas dentro dele, deitado sobre a cama enquanto pensava em como Jaebum estava se virando. Havia pedido a um mensageiro para que avisasse os betas que não iria naquela manhã e nem pelo resto da tarde. Sentia-se mais calmo, apesar da preocupação ainda assolar seu peito. Era como se Jaebum estivesse perto de si. Como se ele de alguma forma estranha conseguisse lhe manter calmo.

Como se… como se estivesse ligado a ele. E assim, pudesse o ouvir.

“Está tudo bem…”

 

[...]

 

O barulho dos passos de um lado para o outro estavam começando a irritar o alfa sentado sobre a cama. Sungmin caminhava, com as mãos na cintura, com raiva nos pés enquanto bufava incontroláveis vezes, reformulando tudo em sua mente à medida que tentava entender o que havia acontecido momentos antes.

— Qual era o seu plano, em? Irritar seu irmão e morrer? — Virou-se em direção ao marido, aumentando o tom de voz. — Você é um imbecil.

— Ah, Sungmin, não comece. Estou fazendo algo e, você? — Arqueou a sobrancelha em desafio.

— Rá, pois eu já fiz e fui bem mais eficiente que você!

— Ah, não me diga que ir até Youngjae praticamente implorar a ele para que destrua o casamento dos pombinhos é eficiência?!

— Youngjae é o ú… 

— Youngjae não vai lhe ajudar em nada. Ele não irá conseguir tal feito.

— Ele irá. Eu tenho uma carta na manga. Espere até o final do mês para ver. Aqueles dois estão com os dias contados. — Disse cheio de si, arrancando uma risada do outro. — Está rindo do quê?

— Da sua tolice e burrice. Ninguém vai conseguir separar aqueles dois. — Soou sério, engolindo o sorriso e dando ao outro um semblante suspenso de brincadeira ou ironia.

— Do que… do que você está falando?

— Estou falando que eles têm algo. Algo forte e que não é por qualquer mentira que irão se separar. Eu posso ter tido pouco oxigênio no meu cérebro enquanto Jaebum tentava me enforcar, mas eu ouvi Jinyoung. — Riu fraco, ainda não acreditando nas suas lembranças. — Ele só… somente o chamou. Somente o chamou, Sungmin e, imediatamente, aquele patife parou!

— Dane-se! O que isso tem a ver? — Seu tom saiu nervoso.

— O que tem a ver? Por Lua, Sungmin! Jinyoung consegue controlar o lobo do Jaebum com um simples chamado, nem com sedativo aquele infeliz é controlado. Entende agora o porquê não adianta chamar Youngjae?! Ele não irá resolver nossos problemas. No máximo, vai causar dores de cabeça ao casalzinho, mas logo os dois vão estar juntos. 

— Você não pode ter tanta certeza. Jinyoung é o típico garotinho que não tolera mentiras. Ele é inocente, gosta de obter a confiança da pessoa. É o que prega o belo discurso de que confiança é como cristal, uma vez quebrado, nunca mais pode se recuperar. Se Jaebum o disser que terminou com Youngjae e que nunca mais irá o vê-lo, Jinyoung vai acreditar, então, colocaremos o Choi no jogo e assim, no momento perfeito, Jinyoung irá pegar os dois juntos. É tudo perfeitamente arquitetado. Não tem como dar errado.

— Tem. E como tem.

— Rá, como? Jinyoung é um imbecil. Ele vai acreditar!

— Você não entende. Eu conheço meu irmão. Jaebum contou tudo para ele… 

— O que… como assim, contou tudo?

— Contou. Quando eu mencionei sobre os encontros dele com o Youngjae ele não ficou alterado e o Jinyoung não pareceu surpreso, na realidade, nem incomodado ele ficou.

— Isso não significa nada!

— Significa, sim! Olha, eu realmente não sei onde está sua cabeça. Jaebum confia no Jinyoung. Aposto que contou tudo a ele e não duvido nada que o próprio Jinyoung não tenha o acobertado. Além do mais, Jinyoung estava sempre com uma desculpa na ponta da língua quando alguém perguntava sobre Jaebum. Ele acobertou o marido para se encontrar com o namoradinho.

— Isso é… é nojento. Eu nunca me submeteria a isso!

— Não é nojento… 

— Ah, não? É o que então?

— É cumplicidade. 

— Não me faça rir, Cho Kyuhyun!

— Escuta. — Ajeitou-se na cama. — Eles não queriam esse casamento, você mesmo me disse que quando conheceu Jinyoung, ele mesmo lhe disse que, para ele, Jaebum não fazia diferença.

— É charme.

— Não é, droga! Jinyoung não queria esse casamento tanto quanto o meu irmão. Eles devem ter feito um acordo entre si ou algo do tipo, não sei. Mas eles sabem coisas um do outro. Jinyoung sabe dos encontros e isso eu posso apostar. Jaebum não ficou tão revoltado quando eu disse sobre o namoradinho de adolescência dele, mas perdeu totalmente o controle, quando eu o disse para trocar Jinyoung por terras, pois ele era um belo ômega e havia muitos alfas que dariam a vida para o ter. Ele perdeu a linha, porque se sentiu ameaçado. Ele não quer perder Jinyoung. Ele não consegue nem ao menos raciocinar com a hipótese de perdê-lo. Ele está encantado pelo ômega. Encantado sem controle algum.

— Que coisa incrível de se saber. — Desdenhou da fala por inteira. Odiava saber que Jinyoung havia encantado o Im. Céus, logo ele. Ele, Im Jaebum.

— Presta atenção. Queremos o casal fora do nosso caminho, certo? — Viu o outro concordar rapidamente, lhe fazendo sorrir. — Então, não iremos conseguir separá-los assim, somente com Youngjae. Jaebum está… digamos que enfeitiçado por aquele ômega, então, nada mais certo do que quebrar o encanto.

— E como faremos isso?

— Simples. Fazendo seu querido cunhado acreditar que Jinyoung não é um ômega de confiança. Se amarmos para Jaebum, corremos o risco do Jinyoung perdoar. Vocês ômegas amolecem rápido demais.

— Você que pensa, querido. Nós só fingimos que perdoamos, mas guardamos tudo aqui, ó! — Apontou para a cabeça, arrancando um riso fraco do acastanhado.

— Que seja. É provável que Jinyoung perdoe, até porque, caso ele até tente abrir mão do casamento, duvido muito que aquele pai dele deixe. Yangmin não vai abrir mão do título e nem muito menos, das regalias que tem com o filho casado com quem está. Portanto, se Jaebum ver seu querido Jinyoung com outro alguém ou até mesmo, envolvido com superfaturações do Reino, ele irá perder toda a confiança existente. E se tem algo que eu sei sobre meu irmão, bom, isso é a falta de perdão existente dentro dele. As pessoas só erram uma vez com Jaebum e quando erram, nunca mais o terão.

— Então… usaremos Jinyoung para ser a isca?

— Exatamente.

— Fazê-lo ser escorraçado daqui, correndo o risco de ir até mesmo para a fogueira… — Riu, perdido em pensamentos. — Isso é fantástico.

— Também não é para tanto Sungmin! O garoto não precisa ir para a fogueira.

— A forca também é uma excelente opção. 

— Nem forca e nem fogueira. Nós só iremos os separar. Apenas isso.

— Qual o problema dele ir para a forca ou fogueira?

— O problema? Você realmente está me perguntando isso? — Levantou-se, indo até a sacada. — O problema é que nós dois sabemos que ele é inocente.

— Exatamente. Nós dois. Apenas nós dois, o  resto não sabe. Seu pai não sabe; os criados não sabem; os moradores não sabem; o reino inteiro não sabe e principalmente, Im Jaebum não sabe. Portanto, forca ou fogueira é tudo que resta a Park Jinyoung. — Não podia conter o sorriso estonteante nos lábios. Não cabia tanta alegria dentro de si.

— Eu me pergunto o que de tão grave, aquele garoto lhe fez para você o querer morto.

— Ele quer roubar tudo que é meu. Se ele não existisse, você seria rei e eu seria coroado ao seu lado.

— É só isso, Sungmin? Somente isso?

— E o que mais seria?

— Não sei, diga-me você.

— Deixe de ser imbecil! Eu só quero o que é meu por direito. Apenas isso.

— Tudo bem. Só tome cuidado, porque se eu descobrir algo a mais, eu não sei nem o que irei fazer com você.

— Ah, Kyuhyun, Kyuhyun… se eu fosse você, preocupava-se mais em como iremos fazer para Jinyoung zarpar de nossas vistas para sempre!

— Preciso apenas de um alfa e um caderno de prestação de contas. — Olhou o movimento embaixo, perdendo alguns segundos ali.

— O alfa eu já tenho!

— Quem? — Virou-se, fitando o moreno  a sua frente lhe sorrir ardiloso.

Às vezes, Kyuhyun achava que Sungmin valia por um ninho de cobras inteirinho. Venenoso, rastejante, predador, ágil e por fim, fatal.

E era um fato, estava até a superfície embebedado pelo veneno amargo que o outro lhe dispunha.

Afogado sem chances de se salvar.

 

[...]

 

Chanyeol passara o dia inteiro em função dos treinos à nova tropa de exército. Dividia da companhia de Sehun que dava atenção às fichas dos futuros soldados. Era importante que todos tivessem uma excelente saúde e acima de tudo, estivessem bem dispostos para qualquer que fosse o treino feito.

Os olhos do médico oficial do exército passavam pelo corpo do comandante que ordenava um pequeno grupo de iniciantes a fazerem um circuito de agachamento. Sehun sabia que Chanyeol, quando o assunto era seu trabalho, era totalmente focado no que fazia. Ele amava aquele posto e se dedicava totalmente com a própria vida para que tudo saísse perfeitamente. Era difícil obter a confiança de Park Yangmin, muitos faziam absurdos para ter migalhas vindas do Rei soleiniense, todavia, Chanyeol não precisava simplesmente se arrastar aos pés do mais velho. Ele tinha a liberdade de fazer o que bem entendia vinda do próprio rei e tal façanha era inédita.

Sabia que nada tinha sido fácil na vida do moreno. Diferente de si, que veio de uma família nobre e sempre teve tudo na vida, Chanyeol tivera que lutar por tudo para chegar onde estava. E abaixo de muitas dificuldades, hoje, era um dos melhores comandantes a frente de um exército, quiçá, o único.

— Daqui a pouco vou encerrar. Passaram o dia todo correndo. — Ouviu o alfa, logo se pondo a ir até ele com a sua prancheta.

— Não me lembro desde quando você se tornou tão bonzinho. — Brincou, rindo ao mesmo tempo que tinha o olhar do outro em cima de si.

— Não estou sendo bonzinho. Só ainda não posso pegar pesado com eles… preciso fazê-los pensar que irá ser moleza e quando eles menos esperar… — Aproximou-se do Oh. — Eu ataco. — Sussurrou rente ao ouvido do outro.

Sehun piscou algumas vezes, buscando acalmar seu coração conforme Chanyeol continuava perto o bastante para sentir a respiração dele bater em seu pescoço. Era uma sensação gostosinha e tão confortável. Riu, empurrando o outro. Seu coração estava acelerado, como se a qualquer momento fosse sair pela boca.

— Presta atenção no que eu irei falar. — Tentou soar sério, tendo a atenção do Park para si, mas o sorriso nos lábios alheios não abandonava aquela bela boca.

Engatou em uma conversa com o amigo, mostrando a ele todos os parâmetros dos cadastrados para adentrarem ao exército. Carlon tinha uma maneira diferente de agregar alfas para os treinos, assim como, para subir de cargo. Chanyeol e sua equipe buscavam se adaptar, vez ou outra precisavam da ajuda de Jackson para sanar certas dúvidas e o carloniano, estava sempre bem disposto a lhe explicar tudo até que nada mais lhe restasse de questões a serem respondidas.

— Está ficando tarde… eu vou indo. Fiquei de ajudar Kyungsoo no jantar. — Falou, arrumando suas coisas, enquanto Chanyeol mantinha-se sentado, avaliando algumas fichas diante de sua mesa, após, finalmente ter liberado as novas tropas. — Não quer jantar conosco?

— Ah, preciso avaliar esses papéis.

— Você já fez muito hoje. Já está quase escurecendo e você nem almoçou direito.

— Calma, mãe. — Sehun revirou os olhos, caminhando até onde ele estava.

Sentou-se na beirada da mesa, perto o bastante do alfa. Chanyeol levou o olhar até si, fazendo-lhe sorrir minimamente.

— Você testa demais a minha paciência, Comandante Park.

— Ah, é? — Olhou-o em desafio, umedecendo os lábios.

— É! Prometa que irá jantar decentemente?

— Hmm… posso fazer melhor… — Soou baixo, deixando sua mão deslizar pela coxa do médico.

— E o que seria? — Induziu, arqueando a sobrancelha.

— Bom… eu termino de estudar essas fichas e logo irei encontrar você e D.O. Jantarei com vocês e assim, você controla minha janta, uh?!

— Gosto da ideia. 

— Eu também. — Levantou-se, ficando próximo ao outro. As mãos deslizaram pela lateral de ambas as coxas, fazendo Sehun se arrepiar por inteiro. — Mas tem uma condição.

— E qual é a condição, Comandante Park?

— A sobremesa… — Segurou com firmeza as coxas do Oh, abrindo as pernas do rapaz e se pondo no meio delas. Colou os corpos, pegando Sehun de surpresa. — Vai ser na minha casa. Somente eu e você. — Roçou os lábios nos do garoto, sorrindo ao ser puxado de encontro a boca do outro.

Sehun embrenhou seus dedos nos fios escuros, adentrando sua língua na boca do outro com rapidez e agilidade. Não perderia seu tempo com questões que lhe invadiam. Queria aquele homem acima de tudo e parecia que aos poucos, estava o tendo como em seus sonhos. 

Ofegou com os toques em si, devolvendo todos na mesma intensidade. Chanyeol parecia querer lhe enlouquecer.

— É… é melhor você ir indo. — Chanyeol lhe disse, selando seus lábios.

— O que vai querer para a janta? — Perguntou, não escondendo a empolgação na voz.

— O que você quiser. Sabe que eu não ligo muito para isso. — Selou mais uma vez a boca do outro.

— Tu-tudo bem. Não demore aí. 

Não continha o sorriso no rosto, nem muito menos a agitação dentro de si. Desencostou-se da mesa, arrumando seu casaco e despedindo-se do moreno, sem antes lhe puxar para mais um beijo.

Chanyeol riu para o nada quando Sehun fechou a porta. Voltou a sentar na cadeira, mordendo o lábio inferior até que não aguentou-se e caiu na gargalhada.

— Pelos sóis, Park Chanyeol! Você está muito ferrado! — Disse a si mesmo voltando sua atenção aos papéis em cima da mesa.

Não era como se Oh Sehun fizesse seu coração pular pela boca, mas também, não era como se ele não fizesse o balançar gradativamente. Sentia que o mais novo estava cumprindo com a promessa de lhe conquistar. Todos os dias ele aparecia com o intuito de tornar o seu dia menos tedioso e trabalhoso. Sehun era alguém de espírito jovem e, bom, Chanyeol precisava de toda aquela juventude em sua vida.

Sehun lhe trazia sensações boas e mesmo que toda vez olhasse para seu braço e a tatuagem estivesse lá, perdendo a cada tempo que passava uma pétala, não desanimaria no meio do caminho. Sabia que fim levaria, então por que não se dar uma chance de viver ao lado de alguém, que realmente lhe respeitava e que por fim, fazia de si, dono de um coração bondoso e cheio de amor?

Sehun lhe amava e tinha consciência disso, visto que era só o olhar nos olhos para os ver brilhar apaixonadamente, toda vez que cruzavam-se. Era tão boa aquela sensação. Boa o bastante para lhe acalmar em noites de solidão. Apegava-se aos poucos em tal sentimento, deixando-se levar por tudo que o outro começava a lhe significar. E de fato, Oh Sehun estava iniciando um processo de inúmeros significados para si. O papinho de: “Vamos apenas curtir isso, não irei lhe obrigar a nada.” fazia Chanyeol vacilar com seus argumentos. Ele sabia que Sehun não o pressionaria a nada e também, que ele não desistiria de si tão facilmente, portanto, dar uma chance ao médico, não lhe custaria nada.

E as pétalas falariam por si.

Fechava a porta do seu gabinete, após, finalmente, terminar suas avaliações, quando virou-se para tomar as escadas, surpreendendo-se com o par de olhos aflitos em cima de si. Seu olhar caiu sobre o outro, notando o modo como o corpo a frente comportava-se. Chanyeol sentia a angústia alheia pairar no ar.

— Jinyoung… o que fazes aqui?

— Eu preciso de sua ajuda. Por favor.

— Jimin sabe que estás aqui? — Questionou-se, voltando a abrir a porta e dando passagem ao ômega que adentrou rapidamente.

— Faz dias que eu não vejo meu irmão. E… ninguém sabe que eu estou aqui. Todos estão procurando por Jaebum.

— Como? O que aconteceu com ele?

— Ele… — Mordeu o lábio, abraçando o próprio corpo. — Ele brigou com Kyuhyun e por por muito pouco não o feriu gravemente… 

— Pelos sóis, Jinyoung! Ele tocou em você? Lhe machucou? — Apressadamente chegou até o ômega, o segurando pelos braços e o avaliando como podia.

— Nã-não! Jaebum jamais me machucaria. — Assegurou cheio de si. — Ele perdeu o controle. Pedi para que se transformasse… 

— Por que fez isso?

— Eu não tinha saída. Ele não está no cio. Doeria muito mais se ele repreendesse o lobo dele. — Explicou-se angustiado. — Jaebum se transformou e agora eu preciso encontrar ele.

— Jinyoung, você está maluco? Não irá o encontrar coisa alguma!

— Você não pode me impedir.

— É questão de segurança. Não irei permitir que você se ponha em risco. É perigoso qualquer que seja o lugar onde se encontra Jaebum.

— Ele precisa de mim.

— Nem tente. Chamaremos os guardas para irem atrás dele. — Se moveu até a mesa, sendo puxado de volta pela mão quente do moreno.

— Não chame ninguém. Eu preciso que me ajude. Por favor.

— O que quer de mim?

— Preciso que me arranje um arco com um conjunto de flechas e proteção para as canelas, caso haja algum animal venenoso.

— O que… você não está pensando em ir atrás de Jaebum realmente, não é?

— Jaebum é meu marido e eu irei atrás dele. Nada e nem ninguém irá me impedir. Eu prometi que eu o acharia e o traria de volta. Portanto, nada do que me diga fará eu mudar de ideia.

Chanyeol, em anos convivendo com o outro, nunca o vira falar tão severamente e confiante de si mesmo. Jinyoung estava irredutível. Nada que argumentasse entraria na cabeça do garoto. E se ele havia lhe dito que fizera uma promessa ao outro, bom, não teria armas para o parar.

Park Jinyoung nunca quebrava uma promessa, mesmo que essa, colocasse sua vida em risco.

— E-eu irei pegar o que quer. Espere um pouco. — Seu tom saiu baixo, intimidado com o olhar cortante que ganhava.

Afastou-se do ômega, direcionando-se ao local no qual guardava os armamentos utilizados para os treinos, assim como inúmeras proteções.  

A casa na qual o exército soleiniense se instalara era enorme. Feito de uma construção ampla o suficiente para abrigar vários compartimentos nos quais eram muito bem utilizados e organizados, graças a organização de Kyungsoo, que não podia viver em um lugar bagunçado que tinha seus leves deslizes de estresse normativo.

Por fim, era um local que Chanyeol não podia reclamar. Havia tudo o que precisava, tanto que não entendia como o exército carloniano era tão precário nas guerras. Não conseguia entrar na sua cabeça tal resultado, sendo que possuíam bom material, excelente estrutura e querendo ou não, bons soldados com espírito de luta. 

Pegara o melhor arco, feito de madeira e fibra animal, assim como, o conjunto de belas flechas. Rapidamente, buscou pelos protetores de couro de canelas, pegando os mais longos para proteger devidamente o Park. Voltou à sala, onde Jinyoung encontrava-se, o vendo lhe sorrir minimamente, enquanto dispunha dos apetrechos em cima da mesa.

— Aqui estão.

— Obrigado. Muito obrigado. — Falou realmente comovido, logo arrumando as perneiras devidamente.

Seus olhos admiraram o belo arco e não dispensou o sorriso nostálgico que se apossou de si, quando lembrou das inúmeras vezes que treinava arquearia. Eram bons tempos.

— Você ainda lembra como se usa?

— Você está falando com o melhor arqueiro que já treinou. — Apontou o arco ao outro, juntamente com a flecha engatada.

Chanyeol sorriu, balançando a cabeça de um lado ao outro. Não negaria. Park Jinyoung era ótimo de mira.

— Então vamos!

— O-oh não.

— O quê?

— Não. Não quero que vá comigo. Jaebum precisa apenas de mim.

— Você não está pensando que eu irei lhe deixar ir sozinho, não é?

— Chanyeol, por favor. Eu sei me cuidar sozinho. Você comigo só irá piorar as coisas, eu sei o que falo. Por favor.

— Jinyoung, é perigoso. Ainda mais para você que é um ômega. Sair a essa hora, no meio do nada, propenso a correr o risco de ser atacado por um animal qualquer é loucura!

— Eu sei me cuidar.

— Sinto muito,  mas você não sabe! 

— Chanyeol, eu sei que você e meu irmão fazem de mim uma porcelana que tem que ser cuidada a todo instante, pois ambos tem medo que qualquer arranhão irá me quebrar. Contudo, nós sabemos que eu sou bem mais forte do que demonstro, então, por favor, não me obrigue a discutir com você. Eu irei sozinho atrás de Jaebum. Prometi isso a ele e não irei descumprir. Portanto, se tiver que lhe prender aqui, farei isso, sem pensar duas vezes. — Ergueu mais o arco, apontando ao amigo.

— Você atiraria em mim por aquele alfa? — Perguntou, olhando fundo nos olhos escuros.

— Você sabe que eu não seria capaz de fazer isso.

— Você está diferente.

— Isso não quer dizer que eu lhe machucaria.

— Eu devo confiar?

— Mais do que a sua vida!

— Eu não posso deixar você ir sozinho… 

— Você não tem escolhas, Chanyeol. Uma vez na vida, me deixe ser o adulto que tenho que ser.

— Ser adulto não é se pôr em risco.

— Eu só quero ter a certeza de que quando eu sair daqui, você não virá atrás de mim.

— Não tenha dúvidas que eu farei isso.

— Você não me dá escolhas. 

— Jinyoung!

O acerto fora rápido. O ômega disparara a flecha em direção ao mais velho, pegando o tecido do casaco de pelagem e impulsionando o outro contra a parede, grampeando o moreno rente a ela pela flecha.

— Park Jinyoung, volte aqui! — Gritou, tentando soltar a parte presa, enquanto via o mais novo abrir a porta.

— Jin-Jinyoung… — O tom saiu surpreso e avoaçado, logo o dono da voz sentira seu corpo colidir com o outro, sendo posto contra a parede.

— Vá atrás dele, Sehun!         

Os olhos do Oh, caíram sobre o comandante, assustando-se com a cena a sua frente. Correu até o outro, buscando o ajudar sair dali.

— Me deixe. Vá atrás de Jinyoung!

— Se ele fez isso com você, significa que ele não quer que ninguém vá atrás dele!

— Você…

— Deixe-o ir. — Assegurou, puxando a flecha de vez.

Chanyeol o olhou cheio de ira transbordando nos olhos, caminhando até a saída do gabinete, para ver se ainda conseguia pegar rastros do mais novo.

— Merda! — O estouro da sua mão na parede sobressaltou o médico, que respirou fundo, antes de seguir o outro.

— Você precisa entender que ele não é mais aquele garotinho que você tinha que defender. Na realidade, Park Jinyoung nunca precisou de defesa alguma. Você e Jimin que se afundaram em uma perspectiva totalmente distorcida sobre Jinyoung. Ele nunca fora o ômega frágil e sensível que vocês tanto veem. Ele não é uma porcelana, Park Chanyeol.

— Sehun… cale a sua boca.

— Aceite esse fato, antes que a próxima flecha, seja certeira. 

Passou pelo Park, deixando a flecha sobre o peito alheio e tomando o seu caminho de volta para onde não deveria ter saído.

Chanyeol acompanhou com o olhar o médico se distanciar, até que mais nada da silhueta dele, fosse visto. Olhou para a flecha, umedecendo os lábios e a jogando longe.

Jinyoung estava diferente. Sentia tal sensação vinda dele. E era totalmente estranho aquilo, pois sabia que o ômega estava sem a marca, porém, mesmo assim, era como se sentisse a presença infernal de Jaebum sobre ele.

E céus, era forte, irritante e insuportável.

Era a droga da ligação que aos poucos, tentava aceitar.

 

[...]

 

Jinyoung corria. Corria rápido, preciso e com certo desespero a cada passada. Encontrava-se com o coração na boca, à medida que se aproximava do riacho, onde havia visto Jaebum pela última vez. Olhou ao redor, notando a escuridão predominar o local. Levou seu olhar à lua, observando o quão grande ela estava. Admirou o belo formato e o brilho da luz que iluminava boa parte de onde se encontrava.

Suspirou pesado, buscando acalmar seu coração agitado, à medida que se colocava a seguir o caminho das pedras que se encontrava diante do riacho. Diferente das noites que se sucederam desde sua chegada, aquela na qual se encontrava, permanecia com uma brisa fresca, não incomoda para seu corpo, que sempre clamava por algo quente. 

Ao passar pelas pedras e adentrar a mata iluminada apenas pela luz do luar, Jinyoung sacou o arco, ajeitando habilidosamente a flecha. Começou com passos calmos, buscando controlar a respiração para que não chamasse a atenção de nenhum lobo solitário perdido por ali. Olhava de um lado ao outro, sempre atento a qualquer movimentar de folhas ou galhos. Caminhou o quanto pode e já tinha consciência de que se afastava cada vez mais da chance de lembrar o caminho de volta.

Jaebum… apareça por favor. — Sussurrou ao vento, como se pedisse ajuda a algum deus naquele momento.

Seus olhos se mantinham estreitos, até que instintivamente, cessou qualquer futuro passo, à medida que sua audição captava passos apressados. Girou o corpo, erguendo o arco. O coração estava acelerado e a respiração descompassada. Parecia que o ar havia ficado denso ao extremo, coisa que dificultava a respiração do ômega.

Jinyoung piscou os olhos rapidamente, buscando focar sua visão que aos poucos parecia embaçada. Temeu quando deparou-se com o balançar de um tecido escuro a alguns metros de si, mas que em segundos sumia e se fazia presente em outro local. Virava o corpo de acordo com o movimentar do pano. Quando ele ficava sobre a luz da lua, conseguia notar sutilmente que ele pertencia a coloração vermelho sangue.

Era um vermelho estonteante.

Não pode tê-lo.

Moveu o pescoço, respirando fundo. O cheiro forte estarrecia seu corpo por inteiro, causando-lhe certa dor na nuca.

Jaebum, apareça por favor. Eu estou aqui querido. Apenas, apareça.

Mirou a flecha em direção a um amontoado de arbustos, um tanto assustado com o balançar exagerado dos mesmos.

Não pode tê-lo. 

O tom asqueroso e amedrontador voltou a adentrar seus ouvidos, deixando-lhe arrepiado e zonzo com o ecoar da voz pelo local. Apesar de tal mal estar, não poupou sua atenção nos balanços dos arbustos. Engolira seco quando a movimentação tornara maior, logo dando um passo para trás e apertando a mão ao redor do arco.

Sucumbiu o grito que ficara preso na garganta ao ter a sua frente a figura horrenda de uma mulher com vestido gasto na coloração vermelho sangue. Seus olhos cravaram nos alheios, escuros e opacos. Os fios brancos, sinalizando uma velhice de causar medo, flutuavam como a brisa gélida ali presente. 

Fora em um piscar de olhos que a mais velha aproximou-se de si, porém, não obtera sucesso para tocar-lhe. O olhar confuso caiu sobre seu corpo, fazendo-lhe engolir uma sensação arrepiante. 

— Você… não deveria estar aqui. Não irá encontrá-lo. — Tentou uma aproximação, soltando o ar pela boca ao ter seus músculos doendo a cada tentativa para chegar ao outro.

Era como se houvesse um escudo que protegesse o garoto a sua frente, a impossibilitando de chegar perto de si. 

Jinyoung não dissera palavra alguma. Mantinha-se atento a mulher. As mãos firmes no arco e na flecha, apontando para ela. Estava pronto para qualquer ataque. Seu coração estava acelerado e seus pensamentos só os  levava a uma pessoa. Precisava encontrar Jaebum antes do nascer do Sol.

— Pensar nele não irá lhe ajudar. 

— Quem é você? — Permitiu-se perguntar, notando o quanto o ar tornava-se mais denso conforme ela buscava avançar para cima de si.

— Eu posso ser muitas. Do seu mais doce sonho, até o seu mais horrendo pesadelo. Você está no meu território… 

— E-eu só quero achar o meu marido… 

— Seu marido? O Cavaleiro da Noite? O Majestoso Filho da Lua? — Jinyoung conseguia sentir o desprezo na voz alheia, assim como via na expressão da outra, o quanto ela deveria detestar Jaebum.

— Eu só quero o encontrar.

— Pois não irá! — A fúria presente no tom, fez Jinyoung recuar.

Sentiu dificuldades para respirar, quando o vento forte se fez presente conforme a mulher mexeu a mão. Fora como um tapa forte sentido ao ter seu arco jogado longe quando a mesma se aproximou. Bateu suas costas em uma árvore, sentindo sua garganta doer conforme puxava o ar.

— Você tem uma coragem um tanto insuportável. — Seus dedos tocaram a bela face.

Não poupou o sentimento de inveja ao sentir a tez lisinha e tão bem cuidada. Era como lembrar da sua juventude um tanto distante, tão distante que as recordações já se tornavam escassas. Seus olhos caíram sobre o pingente do Sol, logo seus dedos dedilharam sobre a peça chamativa e brilhosa. Riu em escárnio, sentindo certo ódio lhe consumir.

— Um Solar… casado com o Filho da Lua. Ah, o destino deve estar adorando rir da minha cara, não é? — Segurou o pingente, notando os olhos do outro aumentarem de tamanho. — Isso é importante, para você? — Perguntou sorrindo, sentindo os reais significados da jóia enquanto a segurava com firmeza.

— Por favor… é a única coisa que tenho… 

— Dela? Da sua doce mãe? 

Jinyoung sentia-se imóvel com o olhar ganho. Era frio e assustador, como se conseguisse ler tudo sobre si, desvendando seus segredos… medos e tudo aquilo que lhe faltava voz e coragem para dizer. 

— Você puxou a beleza dela… os fios negros como a noite… o cheiro. Tão parecidos… — Alisava os fios com a canhota, fazendo o ômega ofegar amedrontado. — Sua mãe tinha tudo para estar aqui… — Abriu a mão que envolvia o pingente, notando a queimadura na palma.

Em outros tempos doeria, não que não doesse ali, mas no momento, era uma dor proveitosa em certo ponto. 

— Você a conheceu?

— Eu estou há tanto tempo esperando o fim desse ciclo, que é impossível eu não conhecer alguém.

— Co-como ela era? — Soou afobado, beirando um desespero palpável na voz.

— Não estou aqui para lhe contar o quão incrível e insuportável sua mãe era. Por que não pergunta a seu querido pai? 

— Por favor.

— Eu odeio você, só pelo simples fato de estar o mudando. Eu odeio você por ser tudo aquilo que um dia eu já fui. Belo, jovem e cobiçado. Espero que não estrague meus planos mais, porque agora que eu tenho a chance, simplesmente acabarei com você. 

Puxou o colar com força, grunhindo com a queimação na pele. Jinyoung sentira o efeito do ato em seu corpo, puxando o ar com dificuldades, enquanto sentia-se fraco. O olhar cheio de raiva lembrava-o de inúmeras coisas, porém, nada poderia ser comparado com a sensação de vazio quando a viu jogar a jóia longe. Cedeu aos joelhos, mesmo a cabeça latejando engatinhou, arrastando-se até onde poderia estar seu colar. 

— Você me lembra ele… persistente… teimoso. Todos ansiavam por essa união. Eu realmente jurei que não aconteceria, que no cio dele, ele mataria você sem pensar duas vezes. Não que ele pense enquanto está da forma que eu criei. — Riu divertido, acompanhando o ômega se arrastar. — Eu achei que ele serviria para algo e quando ele estava preste a matar alguém e ter a culpa para sempre, destruíram a melhor coisa que fiz. 

Jinyoung ouvia tudo atentamente, regularizando a respiração calmamente. Se pôs de joelhos, parando sua ida até o que lhe pertencia, tendo a mulher desconhecida a sua frente lhe olhando um tanto confusa. 

 

Ela é para estar contigo a partir de hoje… irá lhe proteger e toda vez que você precisar de algo, basta pegá-la e eu saberei que precisas de mim.

 

Parecia que a voz de Jimin ecoava em sua cabeça à medida que buscava se acalmar e via que o colar estava a uma pouca distância de si. Conseguia sentir também, a energia que descarregava em seu corpo, fazendo-o tremer com o olhar ganho da mais velha. 

— Por que não pede para ele lhe ajudar? Será que ele lhe ouve, se pedir?

— Ele sempre vai me ouvir. — Respondeu em tom baixo, não desviando o olhar da outra.

— Eu poderia discordar, mas você não irá cair nas minhas mentiras, não é mesmo? Sua visão sobre o Im é muito privada. É intensa e só sua. A construiu de uma maneira que ninguém pode levantar um argumento contra ele que você será o primeiro a não dar ouvidos. Um tolo eu diria.

— Eu confio nele. 

— E ele, confia em você?

— Ele sabe que pode confiar.

— Não foi isso que eu perguntei, querido Park. 

— Por que quer saber? Ele não é o que você diz.

— Sua presunção é admirável e irritante. Não desconstrua o que eu criei.

Os olhos dela eram como lanças que perfurariam e amedrontariam qualquer vivente ali presente, todavia, Jinyoung estava apenas inerte na atmosfera que se encontrava. Envolto por uma sensação familiar que parecia lhe encorajar a manter seu olhar diante do alheio, que a todo momento, parecia querer lhe devorar por inteiro.

A mulher, já não possuindo mais o que tanto lutava, não sabia segurar a vontade absurda de exterminar com o garoto a sua frente. O cheiro de Jinyoung lhe irritava, assim como o olhar impecável e o rosto perfeito. A forma como ele puxava o ar pelo lábios volumosos, tão joviais e vivos, sendo certeiros a qualquer olhar que os tinha. De certo modo — na real, ao todo —, invejava-o. Ele era o reflexo do que um dia já tinha sido. Uma pele impecável, sem nenhum defeito aparente ou presente desenhada na tez branquinha feito a mais pura névoa. O corpo com curvas, bem desenhado e de tirar o fôlego de um desavisado que não teria estruturas para suportar a tentação que era o olhar. De fato, ele era como os livros diziam sobre um solar: belo, quente e doce; resultando assim, aquilo que muitos queriam ser, mas não obtinham a sorte que os deuses o deram. Não tinham a necessidade. A necessidade de serem tão aclamado quanto o sol, que possibilitava a todos, a vitalidade. 

Jinyoung era vital, como já tinha sido um dia. Já houve um tempo, no qual, fora calor puro e ardente. Já sentira bem mais do que aquela vida miserável que ganhara por infortúnio de um caminho que trilharam por si. Não conseguia consolidar o controle e o ódio dentro de si ao se tratar da família Im. Odiava todos, sem ressentimento algum e odiar aquele ômega, começava a ter um apreço maior em sua vida, pois sabia que ele, de alguma forma, era o ponto fraco daquele, que um dia, já transformará na sua mais perfeita obra. E o fato daquele garoto de olhos revigorantes estar tirando seu poderio de cima daquele que lhe pertencia, era um bom motivo para findar tudo, ali mesmo.

Com os olhos verdes em cima de si, fora fácil dar o primeiro passo, agachando-se levemente para pegar o colar, voltando sua atenção ao outro, à medida que voltava a se aproximar, sempre atenta ao estado que o outro se encontrava. 

Sentia o sangue de Jinyoung pulsar, pulsar quente… fazendo o coração se acelerar de um modo descompensado, tão rápido e descuidado. Por um segundo, pensou que seria sorte demais da sua parte se, se encontrasse daquela mesma forma em uma noite de lua de sangue. Seria perfeito para si, tão perfeito que não conseguiria explicar o gosto de tamanha vitória e sensação.

— Eu adoraria lhe matar. — Começou, apertando a joia na mão. — Eu juro que adoraria… — Dedilhou o rosto belo com a ponto do pingente, notando como ele ficava mais brilhoso conforme era tocado na tez imaculada. — Seria fácil para mim. Tão fácil… mas ele está vindo para lhe defender. — Riu soprado, notando o balançar mais agitado dos galhos. — Você o tem com tão pouco. Está chamando ele no seu subconsciente, não é? Jaebum… por favor, apareça! — Soou mais baixo, tentando uma falha imitação da súplica alheia. — Eu ainda não posso lhe machucar. Me dei conta de que se fizer isso, agora, sem que seja marcado por ele, não irá me adiantar de nada. Você não tem a marca dele e isso me desmotiva um pouco, sabe? Afinal, vocês não são destinados? Sustentam uma paixão por séculos… por que ainda não há uma marca nesse seu pescoço? — Deixou a canhota deslizar pela pele, segurando com firmeza o pescoço do ômega.

Jinyoung levou suas mãos até a da outra, tentando se desvencilhar dela, à medida que o aperto tornava-se mais forte, o que lhe obrigava aos poucos ficar de pé, com a força descomunal que vinha da mulher.

— Diga-me o porquê de não ter sido marcado por ele?! Será que ele não confia em você o suficiente? Ou ele prefere marcar outro, que não seja você? 

Jinyoung tentava lutar a todo custo, debatendo-se contra o aperto e lutando para manter-se coerente o bastante para não desmaiar.

— Acho que Jaebum não se importa nenhum pouco com você, sabe? — Intensificou mais o aperto, sentindo o outro balbuciar coisas desconexas e lhe arranhar a pele. 

— Vo-você… 

— Não adianta dizer que confia nele. Isso não equivale de nada quando ele está transformado. Nada. Jaebum é um monstro e ele não lhe marca, porque você é impuro para ele. — Sussurrou a última frase, rente ao ouvido do ômega, que se debateu mais forte.

Jinyoung sabia que não conseguiria resistir por mais tempo, levou sua mão apressada até as costas, puxando de uma só vez a flecha presa com tantas outras e fora rápido em cravar na mulher, que urrou de dor, largando a si rapidamente, sustentando a mão sobre a região da barriga.

— Ômega imundo! — Transtornou-se, puxando a flecha e se aproximou do mais novo.

Estava pronta para o ataque, ambos sabiam daquilo, mas seus passos cessaram, assim que o rosnado alto se fez presente e se fez ouvido. Diante de tal alarde, era como se seu corpo não lhe obedecesse. Como se no instante em que ouviu o lobo, algo lhe obrigara a permanecer ali, estática. Parada, sem meios de se locomover, porque não tinha forças em seu corpo.

Seus olhos correram em direção ao lobo, quase ao lado do Park. Toda a pelagem negra e o tamanho do animal era refletido pela luz do luar, que naquele momento parecia ter aparecido apenas para iluminar o outro. Riria por tal ironia. Os deuses da lua sempre estariam ali, para guiar o filho deles. Oh, como odiava aquele lunar. Aqueles olhos… já houve um tempo no qual a cor deles não eram aquele vermelho sanguinário. Lembrava disso, porém, nada iria substituir a sua bela criação. Nada.

— E não é que ele veio… — Disse rouca, notando os rosnados, enquanto Jinyoung estava ajoelhado, tossindo e tendo Jaebum a frente, como um escudo que a qualquer momento devoraria o primeiro que se metesse com aquele que era seu.

— Ele viria. Viria de qualquer forma, porque… porque há muito mais coisas, além de uma marca. — Encarou a mulher, engatinhando até Jaebum e buscando apoio nele para se manter sobre os joelhos. 

Não negaria a surpresa estampada em seu rosto. Não podia e nem tinha como. Via a frente algo inédito: uma fera rosnando ensandecida, que a qualquer momento atacaria e um ômega, um tanto fraco dos sentidos agarrado a essa mesma fera, como se fosse um animal de estimação. Um daqueles presentes em feiras que todos queriam levar para casa.

A sua criação, a mesma que por anos, tornara-se uma quase lenda pelos arredores do vilarejo e que, diante de falatórios, durante o cio tornava-se o pior dos piores, estava diante de si, fazendo o papel de protetor, ação que jamais faria em tempos atrás daquela forma.

— Você… você tem o coração dele… o coração. Como, como… 

— Eu tenho tudo de Jaebum. Tudo, porque ele é meu. Completamente meu.

Não havia os olhos em tom claro de um verde estonteante. Eles eram escuros, semelhantes, quase como o do alfa. Vermelho combinava com aquele ômega. Era como olhar um vislumbre puro e de tirar o fôlego. Como acordar de um sonho sem saber sua orientação, porque os acontecimentos na imaginação haviam lhe tirada da linha da órbita. Era insano, acima de tudo, aquilo era um pesadelo que sentia quase que lhe definhar a pele.

Não queria acreditar. Jogara suas cartas na mesa apenas para deprimir aquele ômega. Não podia acreditar que depois de tudo, Im Jaebeom realmente pertencia a alguém. Não ele, logo ele. Logo a maldita lenda se concretizando após séculos sem ser presenciada ou existir.

Eles não podiam ser… não podiam ser o que estava pensando.

As malditas almas ligadas. Ligadas além da marca. Além do que os homens queriam. Eram ligados pelo destino, o mais crucial de todos. Aquele que ditava tudo, que não era pela natureza e nem pela magia. Era destino puro, o deus, Todo Poderoso, que não só fizera o mundo, além do mais, dera ao humano a chance de viver, mas que também, havia o tirado essa chance.

Era o destino que os ligava. Como na maldita lenda; a lenda das almas pertencidas por todos os séculos. A lenda da paixão ardente entre um Filho da Lua, um lunar puro, que se apaixona perdidamente por uma humana. A paixão que vira amor e sacrifício, que desencadeou guerras e exterminou os humanos; que trouxe uma nova era regida por lobos, bruxos e aqueles que ainda não se revelaram.

Não queria acreditar, que aqueles dois, aqueles mesmos dois homens, eram o que há anos vinha tentando evitar e que, justamente, viera acontecer com quem menos esperava. Jaebum não tinha coração para isso. Para viver a reencarnação do jovem Kiho, tão bravo e perdidamente apaixonado. Havia tirado tudo de Jaebum. Tudo ao ponto de só deixar para ele, solidão, dor, mágoa e culpa. Criou um monstro e monstros não amavam. E não amariam se dependesse de si.

E agora, notando o quanto havia fracassado em sua vingança, percebia que não poderia deixar aquilo como estava. Jinyoung tinha o coração dele, mas ainda não o tinha por completo. Pensou que com Jinyoung marcado, seria mais fácil o matar e assim, deixar Jaebum completamente enraivecido, contudo, uma marca não lhe valeria de nada. Jaebumm tinha que se apaixonar por ele por inteiro, ao ponto de se tornar cego o suficiente, para assim, declarar seu amor. E quando declarasse, tudo aconteceria como séculos antes, em que, um simples “eu te amo” fez com que o mundo acabasse por completo.

Vocês irão padecer no próprio envolvimento. Aqueles que amam tanto, sofrerão as consequências dessa união. 

O uivo alto lhe ardeu os ouvidos, obrigando a virar as costas, sentindo dores fortes no abdômen. Antes que findasse sua presença ali, seus olhos captaram o ômega, abraçado no enorme animal, fazendo seu estômago revirar em repulsa aquele ato que era infame e não deveria acontecer.

Talvez, há dez anos, deveria ter findado com Jaebum a metros dali, na tão adorável casa dele. A floresta era sua boa aliada quando queria. Deveria ter acabado com o Im naquela época. Teria as lágrimas de Hyunsik e sua dor tão forte que não caberia dentro de si, tantos sentimentos.

Mas agora, tinha outro foco, que não se limitava mais ao Im.

Jinyoung era sua chave. Seu ponto incontestável de partida. Ele era o solar, o maldito reencarnado, dono do coração de um lunar, o último cavaleiro da noite.

Dono do coração, do monstro que criara.

Jinyoung suspirou audível, roçando seu rosto na pelagem negra, descansando aos poucos, conforme intensificava seu abraço ao redor do Im. 

— Eu fiquei com medo de você não aparecer. — Confessou baixinho, alisando os pêlos do animal. — Volta 'pra mim, uh?! Volta. — O sussurro fez o lobo rosnar altamente.

Jinyoung afastou-se do animal, assim que ele se pôs a uivar e vez ou outra rosnando em sua direção. Ficou em pé, cuidando qualquer ação que o Im viria a dar, mantendo as emoções sobre o controle. Os barulhos agonizantes começam a ser ouvidos, doendo no peito do Park que sentia tudo que vinha do outro. Jaebum se contorcia, rosnando doloroso, à medida que buscava enfrentar a luta entre seu lobo e o lado humano.

Os olhos do ômega caíam sobre o marido e fora inevitável não se aproximar dele, agachando-se para ficar da altura do mesmo. Jinyoung ergueu sua mão, com a intenção de pousar sobre o outro, contudo, pausou o movimento, respirando com cautela conforme Jaebum lhe rosnava. 

Fora de arrepiar a pele por completo quando acariciou a cabeça do animal, vidrado totalmente no olhar que escorria sentimentos que Jinyoung procurava entender. Todavia, sua atenção correu ao colar de meia lua de Jaebum, notando o mesmo brilhar enquanto o mesmo se contorcia de dor. Buscou acalmá-lo, lhe assegurando que tudo estava bem com um tom de voz calmo e doce, que acertava o âmago do lobo em cheio. 

Notou como o corpo contorcia-se conforme suas palavras de cuidado e proteção eram entoadas. Jaebum parecia reagir a tudo que dizia, lhe deixando contente por tal feito… tal reação.

— Jaebummie… volta para mim. Volta para mim, querido?! Volta. Eu estou aqui, eu sempre vou estar. 

O grunhido de dor soara alto, fazendo Jinyoung fechar os olhos e suportar a dor junto do outro. Logo seus olhos se abriram novamente, notando então, Jaebum voltar a forma humana aos poucos. Era uma cena dolorosa, tão sofrida que era palpável a dor alheia.

Meu amor… — Sussurrou sem controle, sentindo as lágrimas preencherem seus olhos quando os mesmos presenciaram Jaebum diante de si. 

Estendeu os braços, mantendo-se sobre os joelhos enquanto esperava o outro vir até si. Seus olhos cruzavam com o olhar sanguinário e o dono dele, demorou instantes para entender o que aquele gesto significava. Jaebum fora por instinto, como se um ímã o ligasse naqueles braços. Arrastando-se, totalmente debilitado, chegou até os braços do outro, o sentindo lhe envolver em um abraço caloroso que lhe deixava confortável e com uma sensação no peito de preenchimento… algo que lhe aquecia veementemente.

— Eu estou aqui. Eu estou aqui. — Sentia Jaebum lhe segurar com força os braços, enquanto passava sua mão sobre a pele nua na intenção de aquecê-la.

Jinyoung sustentou o alfa em seus braços por mais um tempo, até que suas lágrimas secassem e Jaebum se encontrasse num estado um pouco melhor. A muito custo, afastou o Im de si, tirando das costas as flechas e a pequena trouxa de roupa que fizera para o marido.

— Eu preciso vestir você, querido. — Tirou uma blusa fina, voltando a ficar bem perto do outro. — Deixa eu colocar? — Perguntou, mostrando a blusa já pronta para ser vestida.

Jaebum não o respondeu, apenas se aproximou, ficando com as mãos apoiadas em seus joelhos e inclinou a cabeça para que pudesse vestir a blusa. Jinyoung assim o fez, logo pedindo permissão ao outro para o vestir por completo, não controlando as reações do corpo que denunciava sua vergonha, diante do rosto rubro, assim como, as orelhas.

— Vem aqui, vem. — Pediu baixo, sentindo Jaebum se aproximar de si. 

Voltou a envolver o mais velho em seus braços, certificando-se que realmente ele estava ali consigo. Jaebum roçou a ponta do nariz em seu pescoço, ato que arrepiou a sua pele, lhe fazendo sorrir por ser tão sensível.

— Jinyounggie… — O sussurro fez Jinyoung se sentir extasiado, completamente envolto em seja lá o que o outro queria.

Fora em instantes que sentira a boca do outro sobre a sua, iniciando um selar cheio de cuidado, que logo fora aprofundado pelo próprio alfa. 

A mão do Im se fez presente na lateral do seu pescoço, segurando-o com firmeza. Jinyoung levou sua mão até a do outro, segurando da mesma forma como sentia.

O ósculo era calmo, mas Jinyoung sentia a intensidade alta que ele transmitia.

— Jae-Jaebum… vamos embora… — Desviou da boca do outro, sentindo os lábios alheios distribuírem selares pelo seu rosto. — Aqui é perigoso e eu não quero que se machuque. Vamos, por favor. — Usou do seu tom mais persuasivo para obter o que queria.

Jaebum cessou os selares vagarosamente, dando um último na boca do ômega que riu fraquinho, logo levantando e puxando o marido consigo. Arrumou o arco, assim como as demais coisas que trouxe. Seus olhos foram de encontro ao chão, onde encontrou seu colar, logo o pegando, dando um longo suspiro. Guardou o colar dentro do bolso, voltando sua atenção ao Im, que permanecia parado, escorado à árvore.

Jinyoung aproximou-se, buscando servir de apoio ao outro, que descansou seu braço ao redor dos ombros do ômega e, assim, ambos começaram a caminhada de volta ao castelo. Jaebum estava fraco, mesmo assim insistia nos passos tropeços, contudo, sentia seu corpo doer por inteiro e todo aquele esforço começava a lhe incomodar demasiadamente.

— Jinyounggie… e-eu não consigo. Eu não consigo continuar. Está doendo muito.

— Ei, olha para mim… só mais um pouquinho, por favor. Estamos perto. 

— Não estamos… me deixa aqui e vai você.

— Eu não vou deixar você sozinho, aqui. Não vou!

Jinyoung sustentou o alfa mais em seus braços, sabia que mais um pouco não lhe restariam mais forças, contudo, continuou, arrastando ambos à medida que seguia o barulho das correntezas do riacho.

Não soube se fora os deuses ou em que momento sua vida tinha dado uma guinada de sorte para mandar alguém para os salvar, mas quando seus olhos pousaram sobre a bela moça a sua frente, não conteve o sorriso animado e agradecido.

— Oh, céus, o que fazem aqui a uma hora dessas? — Os olhos da ruiva caíram sobre os dois, constando o estado no qual se encontravam.

— Por favor, nos ajude. Meu marido acabou de voltar de uma transformação e está muito fraco. — Jinyoung suplicou, sentindo os olhos arderem com a angústia que sentia.

— Por Lua! Venham, colocaremos ele na charrete e iremos para minha casa. Iremos cuidar de Jaebum lá.

— Vo-você… 

— Eu já o ajudei uma vez… — Disse, enquanto ajudava Jinyoung a erguer o corpo praticamente desacordado. 

— Ah, você então é a ruiva do leite de morango? — Sorriu, secando as lágrimas, subindo na charrete assim como a mulher.

— Bom, acho que sou eu sim. 

— Obrigado por ajudar o meu marido aquela vez e por fazer isso novamente. Eu nunca conseguirei ser grato o suficiente. 

— Não agradeça. Não há necessidade disso. — Assegurou, passando sua mão na de Jinyoung e a apertando levemente, para assegurar mais uma vez que tudo ficaria bem, já que o ômega encontrava-se nervoso enquanto segurava o Im de forma protetora.

Os três seguiram até a casa da ômega, sendo guiados pelo barulho do vento frio que parecia abater a todos naquele momento.

Jinyoung só pedia ao deuses baixinho que tudo ficasse bem com Jaebum. Não queria o perder e nem a hipótese disso conseguia pensar.





 

[...]


 

Jinyoung olhava atentamente o Im dormir, enquanto fazia um carinho singelo nos fios acobreados. Tinha dormido pouco, a preocupação com o outro era muito grande ao ponto de lhe tirar o sono, visto que toda vez que fechava seus olhos, tudo que via era a figura daquela mulher de vermelho a sua frente e os olhos de cristais dela. Era assustador… principalmente, a forma como ela dizia sobre Jaebum. Não queria ela perto do alfa nem por um segundo sequer. O protegeria com todas as suas forças.

— Oh, você já está acordado! — A exclamação lhe fez sorrir ameno e um tanto surpreso.

— Não consegui pegar no sono devidamente. — Sentou-se sobre a cama, notando Jaebum se remexer procurando por si, logo abraçando a sua cintura.

— Ele é muito apegado a você. — Sentiu seu rosto ficar quente com o comentário, rindo fraco, enquanto levava sua mão de volta aos fios do outro.

— Digamos que ele fica um pouco carente, toda vez que se transforma.

— Você faz bem para ele. — Hyuna constou, olhando a cena com carinho transbordando nos olhos e com o coração aquecido.

— Ah… ele… ele também faz bem para mim. — Sorriu, selando a testa do alfa e afastando-se do abraço que ele havia dado em sua cintura. — Eu tenho… tenho a impressão que lhe conheço de algum lugar… é Hyuna-ssi, certo? — Seus olhos estavam atento na ômega a sua frente, que parecia um tanto receosa para sustentar seu olhar.

— Bom, eu… eu vendo alguns doces às vezes, muito raramente… deve ser de lá.

— Hm… pode ser. Eu costumo comprar muitos doces… mas é que eu realmente tenho essa impressão. — Riu fraco, contagiando a outra que também seguiu do mesmo modo.

— É só uma impressão querido. Apenas uma impressão. — Soou delicada, sorrindo amigável enquanto olhava bem no fundo dos olhos alheios para pelo menos, passar um tanto de confiança. — Bem, eu fiz o café da manhã… você deve estar morrendo de fome, não é?

— Ah, estou sim! — Confidenciou envergonhado, fazendo a mais velha lhe sorrir gentil, logo lhe puxando pela mão e lhe levando até a cozinha.

Ambos sentaram um de frente para o outro, iniciando a refeição calmamente. Hyuna lhe contava algumas histórias que lhe faziam rir calmamente, aproveitando cada segundo ao lado da ruiva. Ela lhe passava uma sensação gostosinha no peito, lhe deixando com um sentimento bom, como se já a conhecesse há muito tempo. Sensação que não poderia explicar, com tudo, era inevitável não a sentir, pois era forte e tão sublime que Jinyoung precisava se controlar para não ficar muito tempo admirando a mulher a sua frente.

Passou-se algumas horas até que Jaebum acordasse e fizesse os dois caminharem até o quarto, um tanto preocupados com os resmungos do Im, porém, Jinyoung garantiu que naquele momento aquilo era apenas manha do alfa, que não queria ficar sozinho.

— Jinyounggie… — O sussurro fez Jinyoung correr até o outro, sentando sobre a cama e puxando o alfa para um abraço que foi aceito de muito bom grado.

— Eu irei arrumar uma bandeja com comidas leves para ele. Fiquem aqui. — Hyuna saiu sorridente, sem antes checar o casal abraçado, não dispensando o sentimento bom que se apossava do seu peito.

— Como viemos parar aqui?

— Bom, você não estava mais aguentando as dores pelo corpo… estávamos perto do riacho quando Hyuna-ssi apareceu. Acredito que ela a partir de hoje é a sua proteção em pessoa. Ela sempre aparece em momentos complicados para você. — Jinyoung afagava os fios alheios calmamente, sentindo Jaebum lhe abraçar com firmeza.

— Já é a segunda vez que ela me ajuda… — Murmurou baixo, fechando os olhos com o carinho que recebia.

— Ainda bem que ela apareceu. Ainda bem. — Beijou o topo da cabeça do alfa, agradecendo a todos os deuses por ter posto a ômega no caminho dos dois.

Logo Hyuna aparecia no quarto novamente, com a bandeja em mãos e com um sorriso no rosto que aquecia o coração do casal. Jaebum só faltou gritar de tamanha alegria quando viu a bandeja, com os olhos brilhando ao ver a bebida que tanto amava ali presente.

— Leite de morango… — Soou empolgado.

— Vá com calma, mocinho. — Ambos disseram juntos, logo se olhando e sorrindo.

Jaebum assentiu, apenas para garantir algo aos dois que nem de longe cumpriria. Tomou a bebida de uma só vez, indignando Jinyoung e levando Hyuna a rir de sua atitude, logo pedindo mais. Daquela vez, o Park deixou passar, voltando sua atenção às frutas e dando na boca do alfa.

Não podia negar, gostava de saber que Jaebum estava se alimentando bem e além de tudo, gostava de o alimentar e cuidar dele. Era um sentimento que nunca pensou construir ao lado de um alfa, não daquela forma. Mesmo que já tivesse cuidado do irmão e até dos seus amigos, cuidar de Jaebum era sempre diferente. Não tinha nada igual ao que sentia naqueles momentos.

— Acho que já deu de leite de morango, não? — Perguntou, tirando o copo do rapaz, já perdendo as contas de quantos havia tomado.

— Só mais um, Jinyounggie… — Choramingou, puxando o copo para si e fazendo Jinyoung revirar os olhos.

— O último, Im Jaebum. O último. — Disse entre dentes. — Parece que não tem o que tomar em casa, que vergonha! 

A fala arrancou uma gargalhada da mulher que os observava, fazendo Jinyoung se desculpar pelo jeito guloso do marido, que naquele momento parecia agir como uma criança que não tem comida dentro de casa.

— Pode deixar ele tomar o quanto quiser, querido. Não irá faltar, e qualquer coisa eu faço mais. — Garantiu em meio a um sorriso contente.

— De maneira alguma! Nós já ocupamos muito o seu tempo e garanto que Jaebum já deve ter acabado com seus morangos. Agi como se não tivesse morango em casa. 

— Você não faz leite de morango para mim. — Falou, olhando o ômega por cima do copo, enquanto virava os últimos resquícios da bebida.

— Fique com seu leite de morango, então. — Fingiu se mover para fora da cama, logo sendo puxado pelo alfa.

— Jinyounggie… — Apertou o ômega nos braços, raspando seu nariz no pescoço alheio.

— Yah, Jaebum, você está todo lambuzado!

— Vocês são tão fofos juntos! — A exclamação fez Jinyoung ficar com as bochechas coradas, logo se pondo a sorrir pequeno, totalmente envergonhado. — São tão lindos… os deuses uniram vocês, com toda certeza.

— Yah, Hyuna-ssi… não diga besteiras. — Jinyoung pediu, se esquivando de Jaebum que queria beijar seu pescoço a qualquer custo.

— É melhor você dar um jeito no seu alfa carente. — O moreno iria retrucar, negando o fato de Jaebum não ser seu alfa, contudo, conteve-se, sorrindo a outra de forma envergonhada.

— Jaebum fica um pouco grudento, com esse leite de morango. — Riu fraco, pondo suas mãos no peito do alfa e o afastando ou tentando afastar.

— Vocês jovens… — Riu, levantando-se da cadeira de balanço. — Irei iniciar o almoço, querem algo de especial?

— Ah, não… não! Nós não ficaremos, já abusamos demais de sua bondade. 

— Por favor, fiquem. Seria um imenso prazer tê-los aqui comigo. Por favor. — Suplicou, sentindo seu coração se apertar levemente, queria muito passar mais um tempo com Jaebum e também com Jinyoung que fazia muito bem ao seu filho.

— Eu… — O ômega desviou o olhar da outra, intercalando entre Jaebum e a mais velha. — Eu preciso voltar com ele, todos estão nos procurando a um momento desses… seria muito… 

— Por favor. Juro que é só o que lhe peço. 

Jinyoung sentiu seu coração se acelerar com os olhinhos pidões a sua frente, não poderia negar nada a outra, não com ela lhe suplicando de uma forma a fazer seu peito se aquecer e em sua cabeça, a culpa de não aceitar e acabar a magoando lhe acertar em cheio.

— Tu-tudo bem… acho que mais algumas horas não irão fazer mal algum. — Sorriu acolhedor, notando a alegria da ruiva transbordar dos olhos.

— Ai, que maravilha! Irei cozinhar o melhor prato para vocês! — Disse, batendo palminhas e dando alguns pulinhos, levando Jinyoung e Jaebum a rir levemente. — Com licença, qualquer coisa é só me chamarem que eu virei.

— Tudo bem, logo eu irei para lhe ajudar.

— Ah, nem esquente com isso. Fique aí cuidando do meu… de Jaebum. — Corrigiu-se nervosamente, fazendo Jinyoung arquear uma sobrancelha. — E-eu vou lá. Comportem-se.

— Ela é maluquinha! — Disse ao vento, rindo ao  ouvir a porta fechar.

Fechou os olhos com o beijo ganho no pescoço, sentindo os arrepios percorrem pela pele com as investidas do Im.

— Jae… Jaebum! 

— Me beija… me beija Jinyounggie. — Jaebum roçava o rosto em si, pedindo por carinho a cada toque.

— Você não tem jeito, não é?

— Me beija… — Choramingou, arrancando um riso do ômega, que puxou seu rosto com delicadeza.

— Você é muito carente, sabia? 

— E você não está cuidando de mim. — Disse baixinho, tentando avançar na boca alheia, porém, foi parado.

— Só beijos, entendeu? Beijos, Jaebum! Beijos.

— Só beijos… — Selou a bochecha do ômega, fazendo-o rir. — Só beijinhos… bem pouquinho.

Jinyoung deixou-se levar pela manha do outro, sentindo seu coração descompassado com as investidas lentas do Im em si. Os lábios finos beijavam seu rosto de modo demorado, arrancando-lhe sorrisos incontroláveis e um friozinho na barriga que lhe deixava inerte no momento.

Demorou poucos instantes até ter a boca do outro colada a sua. Os lábios em cima dos seus estavam doces, com gostinho de morango e açúcar que lhe tirava da órbita. Oh, aquele gosto era melhor do que qualquer outra coisa, sentia-se extasiado com o momento e a forma como era beijado. 

Jaebum fazia tudo vagarosamente, raspando a sua língua entre os dentes e lhe arrancando arrepios na nuca. Levou calmamente sua mãos até os fios do outro, deixando-a ali, apenas para arranhar com leveza o couro alheio.

As bocas se moldavam uma na outra, encaixando-se perfeitamente, enquanto as línguas exploravam cada canto. Jinyoung suspirou entre o beijo quando sentiu a mão fria pousar em sua cintura, segurando-a com certa firmeza a lhe fazer estremecer.

Jaebum lhe deitou com cuidado na cama, puxando-lhe pela coxa lentamente, para assim, ficar em cima de si. Sentia o carinho na ponta dos dedos frios em sua pele, enquanto apertava os ombros do Im.

— Isso tudo é o que, uh? — Perguntou, não escondendo o sorriso contente com os carinhos que ganhava.

— Falta sua. — Murmurou baixinho, sugando o lóbulo da orelha alheia.

— Jaebum… a gente ficou o tempo inteiro juntos. Só nos afastamos por poucas horas. — Respondeu fechando os olhos e aproveitando a sensação gostosa que era sentir o contato frio na pele quente.

— Para mim foi uma eternidade… achei que nunca mais iria voltar.

— Eu prometi a você que iria atrás de você, não prometi? — Abriu os olhos, notando as orbes em cima de si.

— Nem todos cumprem as promessas… 

— Mas eu cumpro. E se eu prometi que iria te buscar, é porque eu iria e nada e nem ninguém me faria descumprir o que te prometi.

— Você pode fazer outra promessa? — Arrumou-se mais sobre o outro, sem perder o contato com ele.

— O que estiver ao meu alcance eu farei.

— Prometa que vai ficar ao meu lado, mesmo que ninguém mais esteja.

— Eu prometo. — Soou seguro de si, alisando a lateral do rosto do alfa. — Eu prometo.

— Eu sinto que querem tirar você de mim… que algo vai acontecer e eu não irei conseguir impedir. 

— Ei, não fique assim, uh?! — Puxou Jaebum pelos ombros, abraçando-o com carinho. Sentia a inquietação do mesmo, assim como, o medo que ele transmitia. — Ninguém vai me tirar de você. Ninguém.

— E se fizerem algo?

— O que poderiam fazer? Não podem nos separar. Teriam que ir contra todas as cortes, nossos pais… o contrato. — Desviou os olhos e soou baixo com a última palavra. 

— Então o que nos mantem seguros para ficarmos juntos é isso? Nossos pais… as cortes… e um contrato? — Perguntou, sentindo-se ferido com as palavras.

— Jaebum… o que, o que mais poderia ser? 

— Na-nada… você tem razão. — Afastou-se do ômega, indo até a beirada da cama e sentando-se de costas para ele.

Jinyoung sabia que aquele comportamento era resultado de uma insegurança que tentava entender. Jaebum não era daquela forma, pelo menos não com tudo ao redor dele.

— Ei… — Chamou, indo até ele e o abraçando por trás. — Eu não posso mentir para você. O que você quer ouvir, eu não posso te dizer.

— Você gosta dele, não é?

— O quê? 

— Jinyounggie… eu sou verdadeiro com você. Já contei sobre Youngjae e como me sinto em relação a ele. Eu conto tudo, quase tudo… mas eu nunca ouvi nada sobre você. 

Naquele momento o Im já havia virado para fitar o ômega, notando como o olhar dele tinha ficado vago com sua questão levantada.

— Qual é o nome dele, eu posso saber pelo menos?

— Jaebum… eu… 

— Ele… ele deve ser… 

— JunHo. JunHo é o nome dele. Satisfeito? — Falou rápido, sentindo os olhos úmidos.

O silêncio se instalou pelo cômodo e diferente de tantos outros, aquele não era nenhum pouco confortável. Era sufocante, arrepiante de um modo a deixar o coração de ambos pesado.

— Você… 

— Não, eu não gosto dele. O que tivemos foi… — Respirou fundo, levantando da cama e caminhando pelo quarto com o par de olhos em cima de si. — Foi algo que não podia acontecer, mas aconteceu  e nós dois estamos pagando por nosso erro. — Olhava sem foco a paisagem fora da janela, abraçando o corpo, enquanto tentava segurar as lágrimas teimosas.

— Vocês eram um erro também? 

— Apaixonar-se, sempre é um erro, Jaebum. Sempre.

Jaebum baixou o olhar, observando suas mãos e a aliança no dedo, sentindo algo dentro de si se remexer incomodado.

— Como… como vocês se conheceram? — Não houve resposta de imediato, ela demorara para chegar e quando Jaebum estava quase desistindo do assunto, a voz quebradiça chegou até seus ouvidos.

— Meu pai queria que eu passasse o meu primeiro cio com um determinado alguém. Era um negócio entre uma parte do distrito norte. Eu acabei ficando alguns meses lá, esperando meu aniversário de dezesseis luas. O aniversário que todo ômega espera, porque é a idealização de todos o primeiro cio. Só que… eu, eu nunca fui um ômega que conseguiu seguir a natureza igual a todos. Eu sabia que meu corpo estava estranho e que meu cheiro também havia mudado, tanto que Jimin sempre dava um jeito de conseguir loções de lavanda para mim.

Teve um mês antes do ano virar, no qual meu pai levou-me para o distrito, para conhecer o alfa ao qual eu teria meu primeiro cio. Eu estava com medo, mas meu pai pôs tanta coisa em minha cabeça, que suas palavras me anestesiaram dos meus temores, então, eu apenas o obedeci. Eu conheci JunHo por acaso, na verdade não acredito que tenha sido bem assim… — Sorriu ao lembrar-se do belo rapaz. — Nada é por acaso. Eu nunca tinha recebido atenção de outro alguém, além dos guardas do meu pai e Jimin. Eu me sentia sozinho e pela primeira vez na vida, eu tinha alguém para conversar e que gostava das mesmas coisas que eu. Me senti seguro com ele, com seu jeito de me falar sobre a vida, mesmo sendo tão jovem, assim como eu. Não sei dizer bem, quando tudo começou, mas quando dei por mim, já estava perdidamente apaixonado por ele. Era um sentimento que eu não podia controlar e parecia tão certo quando eu estava com ele.

Jaebum notava as expressões do ômega atentamente, dos sorrisos até as lágrimas silenciosas que escorriam pelo belo rosto. Os olhos transmitiam uma melancolia que lhe fazia engolir seco uma sensação que deixava seu lobo incomodado.

— Meu pai não sabia do que tínhamos, mas sabia que eu estava diferente. Então ele me trouxe de volta para Soleil, até que eu aguarda-se meu cio chegar… mas a saudade que eu tinha de JunHo era muito grande, meu coração se apertava por não o ter por perto. Eu acabei por me apegar demais nele. Jimin dizia-me que nada daria certo e ele também buscava-me afastar do JunHo… só que eu não conseguia ficar sem ele.

— Co-como vocês se encontraram novamente?

— Meu pai precisou voltar ao distrito norte, ele tinha negócios com uma parte daquele território… 

— Como seu pai conseguiu ter negócios com aquela área? É o único distrito afastado de todos e que as cortes não se metem. 

— Meu pai tem a mania de saber os pontos fracos de todos… com o bom exército que Soleil tem, não foi muito difícil de descobrir. — Olhou de soslaio o alfa, que estava atento em cada palavra sua. — Quem comanda a parte noroeste daquele distrito queria que meu pai me levasse e ele levou. Ele queria bons negócios. Só que ninguém contava que o meu cio chegaria antes do tempo determinado, então ele chegou… e aí… 

— Aí você passou seu cio com JunHo. — Completou, sentindo seu peito doer.

— É… passei com ele. — Seu olhar era vago e tão vazio.

— Vocês… 

— Foi apenas um dia. Meu pai descobriu onde estávamos e fez questão de mandar seus guardas me buscarem. Ele me tirou de lá e me trancou num lugar escuro, onde eu passei muito frio, até que Jimin e Chanyeol me encontraram desacordado e sem estruturas para me manter de pé. — As lágrimas eram grossas e se intensificaram quando sentiu braços ao redor do seu corpo.

— Por isso você não gosta de frio e nem de escuro? — O viu acenar com a cabeça baixa, o apertando mais em seus braços.

— Foi horrível… 

— Shii… shii… não precisa, não precisa continuar. Eu… me desculpe. — Virou-o para si, notando o estado abalado que ele se encontrava, sentindo-se um monstro por o fazer chorar daquela forma.

— Não é sua culpa… nada… nada é sua culpa.

— Eu não podia mexer em um assunto tão delicado para você.

— Jaebum… é bom, é bom falar disso para alguém, além do meu diário. É bom dizer em voz alta. Isso tira um peso das minhas costas.

— Mas você não estava pronto… 

— Não há momento para se estar pronto, as coisas apenas acontecem, porque tem que acontecer. Uma hora ou outra, eu teria que te contar. — Fungou, limpando o rosto com a manga da blusa.

— Me perdoe. — Abraçou o ômega fortemente, afagando os fios escuros e procurando passar certa segurando a ele com sua presença. 

— Já disse que não precisa disso. 

— Eu não podia ser tão insensível a esse ponto.

— Você não foi. 

— Yah, Jinyounggie… eu fui. — Continuou abraçando o marido com mais intensidade. — Eu nunca vou deixar seu pai chegar perto de você outra vez. — Falou com firmeza, arrepiando Jinyoung entre seus braços. — Nunca.

— Eu devo obediência a ele. — Falou baixinho, exalando cheiro do alfa.

— Olha para mim. — Segurou Jinyoung pelo rosto delicadamente. — Você não deve nada a ele, entendeu bem? Nada. Você é um ômega livre agora. Livre.

— Eu estou preso a um contrato, Jaebum, e há mais coisas além disso. 

— Mas eu não vou deixar seu pai te machucar. Não importa o que tenhamos com ele. Não importa.

— Olha, eu agradeço por sua preocupação, mas contra meu pai, você não pode ir contra. Você… você não faz ideia das coisas que ele é capaz de fazer para ter o que quer. Então, não o desafie, okay?! 

— Por que você tem tanto medo dele?

— Porque eu sei o que ele é capaz de fazer.

— Ele usa… usa JunHo para te ameaçar? 

— Eu nunca mais vi JunHo, depois daquele dia… acredito que o sumiço dele tenha sido por causa de meu pai. E não duvido nada que ele tenha feito algo a ele.

— Então ele usa isso para te ameaçar.

— Não são só essas coisas… 

— Tem mais coisas? Me diz o que são.

— Jaebum… por favor, eu não quero falar disso. Eu não quero… 

— Tu-tudo bem. Me perdoe. Eu não irei mais te fazer perguntas. — Voltou a abraçar o ômega, que se aconchegou de bom grado em seu peito.

Ambos ficaram ali, abraçados e notando como a chegada do outono aos poucos se fazia presente, mesmo atrasada, já que o inverno parecia não querer abandonar o reino. Despertaram daquele transe só quando Hyuna os informou que o almoço estava pronto e que ambos podiam vir para a cozinha. A ruiva notou como os dois estavam estranhos, assim como, o rosto de Jinyoung estava vermelho. Manteve-se quieta em relação aquilo, procurando os distrair com suas histórias que arrancavam risadas fracas do casal. 

Era por volta das duas da tarde quando Jinyoung e Jaebum se despediram da ômega, alegando que voltariam para visitá-la e lhe agradecer pela ajuda mais infinitas vezes.

— Cuide de seu ômega. O único que pode o proteger é você, então, faça isso como tantas outras vezes você já fez.

Aquela fala foi dita enquanto Jaebum se despedia da mais velha e aquilo ficara em sua mente, como um lembrete de algo que precisava ser lembrado o tempo inteiro. Buscava em sua mente as vezes que defendera Jinyoung, concluindo que eram tão vagas que era difícil de lembrar e a forma como Hyuna lhe falou, parecia mesmo que o defendera com unhas e dentes inúmeras outras ocasiões, contudo, não condizia com suas recordações.

Chegar de volta ao castelo lhe trouxe inúmeras dores, a maior delas, lidar com o tanto de perguntas que eram lhe feitas e principalmente, com as questões do seu pai, que havia voltado da Europa e já tinha posto inúmeras tropas atrás de si e de Jinyoung.

— Eu pensei que perderia os dois! Jackson não encontrou vocês em lugar algum. — O desespero na voz era palpável, assim como, a intriga no olhar do alfa mais velho, que olhava ambos de braços dados.

— É bom lhe ter de volta, pai! — Jaebum desconversou das razões que deixavam seu pai agoniado, sorrindo forçado ao outro, que lhe puxara para um abraço de pura saudade.

Sabia dos seus momentos ruins que viveu ao lado do outro e de todas as vezes que mais brigaram do que conversaram, todavia, estar dentro daquele abraço lhe passava segurança e calmaria. Era seu pai ali, e não o Rei de Carlon que sempre teve que lidar sua vida inteira. E como se encontrava em um momento sensível, fora difícil segurar as lágrimas que vieram com um peso que não pensou conseguir segurar ali. Queria desabar, mas parecia que algo sustentava suas pernas e dava forças ao seu lobo para o manter de pé, diante de todos que lhe olhavam.

— Ah, meu querido, venha aqui. — Abriu o abraço, chamando por Jinyoung que o olhou surpreso e caminhou um tanto receoso até o sogro, sendo pego desprevenido pelo abraço.

Fechou os olhos, sentindo pela primeira vez como era ser abraçado por uma figura paterna, não podendo dispensar o sentimento de contentamento ao se sentir parte de algo que não conseguia compreender. 

— É bom saber que vocês dois estão inteiros e não se mataram. — Disse, beijando a cabeça de ambos, fazendo Jinyoung e Jaebum se olharem e sorrirem um para o outro.

— Foi por pouco, pai, acredite. — Jaebum brincou, olhando com um brilho contrário ao que sua fala denunciava, fazendo Jinyoung sentir arrepios por todo seu corpo.

— Eu acredito. — Afastou os dois de si, focando sua atenção ao ômega a sua esquerda. — Se meu filho fez algo a você, pode me dizer, que me acertarei com ele imediatamente.

— Ah… — Jinyoung segurou um riso, olhando para Jaebum. — Se-seu filho se comportou, apesar de alguns deslizes. — Assegurou rapidamente, ganhando um olhar escandalizado do ruivo.

— Calúnia. Eu fui o melhor alfa que você poderia ter, não é, Jinyounggie? — Provocou, deixando Jinyoung desconcertado com o tom do apelido.

— Eu espero que tenha sido mesmo. Jinyoung é como um filho para mim, desde que casou contigo. Portanto, é bom honrá-lo como um devido ômega que ele é.

— Não tenha dúvidas que farei isso. — Garantiu, olhando dos pés a cabeça o Park, que procurava focar em qualquer coisa que não fosse o olhar arteiro em cima de si.

Jinyoung alegou cansaço após tudo o que havia passado para encontrar o Im, sendo muito elogiado pelo sogro, que não dispensou preocupação e o quanto o que fez foi bravo, contudo, perigoso. Com muito esforço, ambos conseguiram se desvencilhar das perguntas de Hyunsik, que parecia estar vivenciando outros ares naquele momento. O casal adentrou o cômodo que com o tempo acostumaram-se a dividir juntos. Jinyoung não dispensou o tapa forte e estalado no ombro do ruivo, que gemeu dolorido enquanto se jogava na cama.

— Por que fez isso?

— Você ainda pergunta? Quer me matar de vergonha na frente do seu pai? — Parou na frente do alfa, com as mãos na cintura.

— Yah, não disse nada demais. — Esclareceu-se, arrumando uma das almofadas abaixo da cabeça, enquanto olhava descaradamente o ômega a sua frente.

Jinyoung constou que Jaebum já havia voltado ao seu real eu, tudo porque o olhar do outro já denunciava seu racionalismo e as falas, sua petulância que tanto dava nos nervos do Park.

— Você é irritante! Me estressa sabia?

— Você leva as coisas a sério demais.

— Você por um acaso tem transtorno de personalidade? Porque eu juro que é difícil de entender suas facetas, Im Jaebum!

— Não precisa entender. É só se apaixonar por todas. Será fácil, já que todas são irresistível. — Assegurou, dando uma piscadela ao ômega que lhe olhou desacreditado, não perdendo o olhar alheio quando se inclinou para tirar a blusa e se esparramar na cama, olhando descaradamente o corpo do moreno.

— Você não vale nada.

— E você acha que eu quero valer alguma coisa? — Deslizou a mão pelo peitoral, observando Jinyoung seguir seus movimentos.

— Definitivamente, eu juro que eu tento te entender! — Irritou-se, saindo do campo do ruivo ou ao menos tentando. — Jaebum!

Gritou ao ser puxado pelo ruivo e ser jogado na cama, logo tendo o corpo alheio sobre o seu.

— Eu lembro de uma coisa, no meu cio… — A confissão pegou o Park desprevenido, o fazendo sentir as bochechas esquentarem com a aproximação e o olhar penetrante.

— Vo-você lembrou do quê? 

— Lembrei do seu medo de termos algo no meu cio e de você falando que só o meu lobo te querendo não era o suficiente.

— E-eu nã-não disse isso. 

— Querido, não se engane… você disse. — Sussurrou rente ao ouvido alheio, fazendo Jinyoung fechar os olhos enquanto a pele sentia o poder do tom sensual usado. — Sabe o que me disse? — Roçou o nariz no pescoço que parecia gritar para ser marcado. 

— Jaebum… 

Se eu tiver você… eu te quero por inteiro, quero todos os seus lados. Desde os mais dóceis até os mais sombrios. Eu te quero por inteiro, Im Jaebum e não pela metade.  

Jinyoung sentiu o poder daquelas palavras lhe atingirem por inteiro, abrindo a boca para puxar o ar que parecia lhe faltar naquele momento. Na sua cabeça, vinha um looping daquela noite, dos olhos do Im sobre os seus e das mãos segurando com firmeza sua cintura, com tanta posse que lhe fazia sentir arrepios pela pele.  

— Você gosta do meu jeito que eu sei. Gosta de como eu te trato. Da maneira bruta que eu te pego… — Puxou a coxa alheia de forma rude, fazendo-o ofegar e abrir mais as pernas para o corpo acima do seu se encaixar entre elas. — Você gosta das minhas ironias, da forma como eu te provoco, de como eu me insinuo para você. — Roçou a ponta do nariz na bochecha quente. — Você gosta quando eu te faço meu nos lugares proibidos… — Moveu o quadril de encontro ao outro, arrancando um suspiro contido do mesmo. — Sabe do que você gosta mais, Jinyoung?! — Virou o rosto do ômega, segurando sem delicadeza. — Você gosta de dizer que somos um erro, só para se esconder em meus braços. Você gosta de dizer que não faremos mais, só para ir lá e fazermos de novo. Porque é difícil admitir que você gosta mesmo é de mim.

— Você é um idiota! — Falou fraco, a voz cedendo as investidas sujas do Im.

— E você gosta. — Mordeu o lóbulo da orelha. — Gosta mais ainda, quando eu digo que irei fazer de tudo para te manter seguro… protegido, porque eu sou o seu alfa e você é o meu ômega. — O olhar estava sobre o do outro, que mesmo depois de todas as sensações turbulentas, não conseguia esconder a doçura nos olhos e o encantamento ao ouvir aquilo.

— Jae… 

— Eu posso ser vários, você tem razão quando diz que eu mudo da água para o vinho. Mas saiba, que esses vários aqui… sempre, sempre irão estar aqui por você e para você. E mesmo que aches impossível, eu sempre vou te proteger e te livrar de qualquer ameaça que venha a te pôr em risco ou te fazer chorar. 

— Vo… — Fechou os olhos ao sentir o selar em seu pescoço sendo calmamente depositado.

— Eu e os outros vários de mim, gostamos muito de você.

A confissão despretensiosa fez Jinyoung sorrir sem controle algum, voltando seu olhar ao marido que carregava um brilho no olhar diferente.

— Você realmente fica muito carente, após a transformação, em?! — A fala fez ambos caírem na gargalhada.

— Yah! É isso que tem a me dizer?

— O que você queria que eu lhe dissesse? — Se fez de desentendido, arrancando um revirar de olhos do Im.

— Você me paga, Park Jinyoung! 

— Jaebum… não! — Gritou, encolhendo o corpo conforme sentia as mãos do alfa lhe fazem cócegas e lhe tirando o fôlego.

Jinyoung devolveu as mesmas, assim que se livrou das mãos alheias, ficando por cima do alfa e fazendo ambos gargalharem naquele momento. Contudo, a alegria ali foi embora, dando espaço e ouvidos a um rosnado agudo que fez Jinyoung olhar com preocupação o marido.

— Ei, Jaebum… — Chamou com a voz baixa, notando a careta de dor do Im. — Jaebum, fala comigo… olha ‘pra mim. — Pediu, sacudindo o alfa que se mantinha quase petrificado a sua frente.

— Jinyoung… chame meu pai… rápido. — Pediu entre ofegos, tendo dificuldades para respirar. 

— E-eu vo-vou, fique aí.

Não preocupou-se em calçar sapatos, saiu correndo do quarto, chamando pelo sogro incansáveis vezes, tendo Jimin atrás de si, assim como alguns empregados, que queriam saber o que lhe atormentava.

— Querido, o que houve? — Hyunsik levantou-se da cadeira, assim que um ômega afobado adentrou o gabinete. 

— O Jaebum… eu não sei, ele começou a passar mal… eu… — As lágrimas estavam ali, deixando-o angustiado com a turbulência de sentimentos que lhe envolvia.

— Ei, calma… eu irei vê-lo, tudo bem? — Jinyoung balançou a cabeça calmamente. — Zhoumi, pegue um copo de água para ele. Irei ver meu filho.

Saiu rapidamente, deixando Jinyoung no meio do cômodo com o olhar de Zhoumi sobre si.

— Vejo que Jaebum ainda parece o mesmo garotinho que precisa do pai, não? — Alcançou o copo com água para o ômega, que hesitou antes de pegar. — Jaebum nunca irá mudar… uma pena, já que parecia estar tão bem. 

— Do… do que está falando? — Perguntou trêmulo, encolhendo-se com o olhar e presença que ganhava.

— Ora, deveria saber… afinal, você e seu alfa não são confidentes?

— Eu não sei do que está falando. — Deixou o copo sobre a mesa, virando o corpo e quase trombando com o mais alto.

— Não se faça de sonso, querido Rei. Sei que você e Jaebum tem uma cumplicidade que abafa todas as saídas dele. Mas saiba de algo: não confie nele. Quando menos esperar, teu fim será como o do ex namoradinho dele. Trágico, fatal e com ninguém sentindo sua falta.

— Eu não sei o que está pen… 

— Jaebum irá perder essa coroa e sabemos disso. O reino não irá se recuperar tão cedo… vocês nunca terão um reinado de glória.

— Você queria o lugar de Jaebum, não é? — Enfrentou o olhar frio, buscando controlar seus instintos de vulnerabilidade que seu ômega sentia.

— Quem em sã consciência quer ser Rei de um reino falido? Atente-se, o povo está morrendo de fome. Enquanto você leciona na sua escolinha e vive um conto de fadas, as pessoas estão padecendo… morrendo por negligência do seu marido. Jaebum está doente, ele nunca irá conseguir dar conta disso. Não podemos depender de um rei que toda vez que perde o controle, some por horas e  até dias. O povo não se sente mais seguro com ele. Aprenda… quando este reinado desmoronar e não demorará muito, espero que esteja do lado mais forte, porque os fracos, farei questão de esmagar.

— Aprenda, você, Visconde de Montreó: Jaebum será um bom rei, um excelente líder. E eu irei garantir isso.

— Você? Um simples ômega? — Riu em escárnio. — Você é patético!

— Veremos quem será patético, quando Carlon levantar a sua bandeira. Espero que esteja na primeira fila, quando o povo gritar… vida longa ao Rei! 

O alfa sentiu a petulância e astúcia na voz do ômega. Suspirando firme, sentiu o dar de ombros arrogante que ganhou do outro, fechando as mãos em punho à medida que segurava a sua vontade de mostrar a ele quem mandava ali.

Vida longa ao Rei… veremos o quão longa  será.


Notas Finais


EU ESTOU AQUI PELO ESTRAGO, MEUS IRMÃOS
IRRAAAAAAAAAA
Eu fiquei muito feliz com esse capítulo, muito mesmo. Vcs não fazem ideia do quanto sksksksks
Espero que tenham curtido. EU VOU RESPONDER OS COMENTÁRIOS. JUROOOOO
Provavelmente até sábado, pois eu estou em semana de provas e eu realmente preciso focar. Eu leio tudinho que vcs me mandam genti, mas eu estou com o meu tempo mais fodido que sei lá o que ssskskskksksks
adoraria ter mais contato com vcs leitores, amores da minha vida aaa
Compartilhar os surtos pelo casal da nação e muito mais coisas!!!
Eu amo vocês demais, e agradeço sempre por todo carinho e atenção que dão a fanfic. Eu nunca pensei que uma fic assim, com um couple que não é muito famoso aqui no Brasil, fosse ser recebida com toda essa euforia. Fico muito feliz. Nós ultrapassamos 300 favoritos aaaaaa e eu nem consegui agradecer devidamente. Com toda certeza farei um capítulo especial, para agradecer esse marco maravilho.
Mais uma vez obrigada por tudo e todo o apoio, eu não conseguiria sem vocês, sem a Sailorzinha que é o amor da minha vida e a que bota essa fanfic para funcionar; A Ya, que sempre opina sobre meus surtos e maldades skskskks; A Lay que fica perguntando sobre tudo e sobre as att, tadinho, eu iludo ela demais, mano sksksksksk
tem muita genti pra agradecer, meu deusiiii EU AMO TODXS VOCÊS

Parece despedida sksksksks
jesusi

Bjos na bunda e até a próxima loucuragemmmmm

FINALMENTE O NAMORADO DO JINYOUNG, quer dizer... ex... eu acho SKSKSKSKSKKSKKSKS

Aqui, uma palinha dos dois homens da vida do Jinyoung

http://rebloggy.com/post/2pm-junho-real-2pm-jaebum-got7-gifs-got7-gifs-jaebum-gifs-junho-gifs-2pm/129229849242

QUE COMECE A BATALHA!!!!

Eu vi muita gente especulando ser o Mark, por ser loiro e pq todo mundo tem queda por Markjin né... CONTUDO, não se iludam nunca comigo skssksksk

pq eu sou má


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