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História Soulmate - Entre enganos e marcas


Escrita por: ArsLilith_ e Yayabs

Notas do Autor


oslaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

turu bom???
quanto tempo não é mesmo hehehe

Espero que gostem desse cap, pq eu adoro ele

PS: A partir daqui é JaebEOM
eu comecei escrever essa fic em 2017, quando ainda geral escrevia JaebUM. E eu to morrendo com o toc que ta me dando com o nome dele errado em 54 caps KKKKKKKKK eu vou trocar o nome dele com o tempo nos demais caps, gente.

Capítulo 55 - Entre enganos e marcas


 

 

 

O reverberar do sino soou alto, indicando a todos o início do tão esperado julgamento.

Os olhos do Rei caíam sobre todos na praça principal. O traje especial para aquele momento deixava-lhe mais astuto, demonstrando todo seu poderio quase que levado para uma aura sombria e fria, caindo como luva a quem realmente era e a quem todos acreditavam que fosse.

A coroa pesada e cravejada causava inveja em muitos. Jaebeom sentia o peso do olhar deles sobre si e de certo modo aquilo já não era mais um incômodo. Era como se passasse um dejavu na sua frente ao lembrar da última vez que usou aquela coroa. As mesmas responsabilidades atribuídas para si, a promessa de que protegeria seu Reino acima do bem e do mal e que jamais se deixaria levar pela soberba dos homens.

Jaebeom puxou o ar devagar, articulado enquanto se posicionava mais à frente, sendo presenteado pelas falas de Hoseok que, como mensageiro, comandava a frente do seu primeiro julgamento. O alfa, nervoso internamente, não sabia ao certo explicar a sensação que sentia. Seu pai conversou consigo pela manhã, instruindo-o com sua longa experiência.

 

‘Um rei precisa esquecer certos princípios quando se trata do seu povo, mas também, precisa deles para comandar.’ 

 

 

Jaebeom desejou do fundo do seu coração ter entendido certo aquele dizer. 

Foi estranho a todos que lhe cuidavam quando um sorriso adornou o canto dos seus lábios. Não era como se controlasse aquela reação ao ter Jinyoung chamando por si em pensamentos. Ele realmente abusava daquela coisa estranha que tinham. E Jaebeom desacreditava do quão rápido ele aprendeu a usar os pensamentos para falar consigo.

 

‘Às vezes precisamos mostrar nosso pior lado. E mesmo ele sendo cruel, eu estou aqui. Porque você, em todas as vidas, esteve comigo.’

 

Jaebeom refletiu sobre aquilo, ansioso, porém um pouco mais calmo. Apenas ouvir Jinyoung tinha o poder de lhe deixar leve, como se os problemas na sua frente não fossem nada.

Seu olhar caiu em direção ao alvoroço mais para frente. Desacreditou no que viu.

‘Eu mandei ficar em casa.’, buscou controlar o maxilar, enquanto seus olhos vislumbravam os passos calmos, como se aproveitassem toda a glória que recebia dos demais.

‘Já disse que não manda em mim.’, Jinyoung soou presunçoso, caminhando de modo astuto e com o olhar firme em direção a Jaebeom, enquanto era acompanhado por Jungkook. ‘É seu primeiro julgamento, acha mesmo que eu não estaria aqui?’ 

Jinyoung subiu os degraus, sendo levado por seu irmão que veio em sua direção, acompanhando-o até Jaebeom.

— Você não deveria estar aqui. — Jaebeom se virou em direção ao marido, olhando-o dos pés a cabeça e não negando o quão lindo ele estava. 

— Já conversamos sobre isso. — Jinyoung se aproximou. — Agora faça isso logo. Minha marca está ardendo e você precisa cuidar de mim. 

Jaebeom segurou o riso nervoso, desacreditando de toda aquela audácia. Não houve tempo de contrapor. Jinyoung caminhou até o trono feito para ele, apesar de Jaebeom avisar que ele não estaria presente.

Era tradição os reis estarem juntos nos momentos de julgamentos ou mudanças de leis e até mesmo ao dar um título para alguém. Era certo que Jinyoung não faria diferente. Ele prezava pela imagem que ambos carregavam e não desejava mais falatórios de como governavam. 

As falas tornaram-se mais altas quando Jaebeom anunciou que trouxessem o prisioneiro. Seu olhar foi certeiro em Chansung que ainda previa sua desistência, mas Jaebeom estava tão determinado que mesmo se Jinyoung lhe pedisse que parasse, ainda sim seria muito provável que não fizesse.

— O prisioneiro, Ok Taecyeon, do Reino do Norte, regido pela Majestade Hwang Chansung, é acusado de violência grave e sequestro da Majestade Im Jinyoung. Sob determinação do Rei Im, as leis de retaliações voltam a ser dominantes em Carlon. — Os cochichos em surpresas tomaram conta de todos. Jaebeom sustentou o olhar firme e cabeça erguida, enquanto ouvia a oratória de Hoseok. — Sendo assim, o julgamento do príncipe herdeiro do Reino do Norte seguirá os mesmos princípios de aplicações. Os mesmos princípios para quem não tem sangue nobre. Ok Taecyeon terá sua sentença de morte. Hoje, o primeiro julgamento da Majestade Im abre as portas para a volta iminente da Lei da Forca.

Hoseok terminou a leitura, engolindo seco enquanto seus ouvidos zuniam diante dos murmúrios altos do povo. 

Jaebeom sentiu seu corpo quase ser queimado pelo olhar atrás de si. Olhou de relance para Jinyoung, que parecia desacreditado no que havia feito. Mas era tarde demais para pedir que voltasse atrás. E Jinyoung sabia que não poderia pedir aquilo.

Os passos arrastados pelos guardas traziam o corpo machucado do prisioneiro. Jaebeom não perdia um detalhe sequer. Os olhos de todos estavam sobre o réu, acompanhando todo o preparo até a forca.

Há mais de um século aquela lei havia sido abandonada por Carlon. O reino era o que mais se adaptava às mudanças, principalmente nas leis que sempre se flexionavam de acordo com o novo regente. E elas nunca voltavam quando eram deixadas no fundo da gaveta. Mas Jaebeom, acariciado pelas lembranças das histórias de guerra do seu reino, recordava-se muito bem dos tempos em que aquela lei perpetuava em um tempo que não era seu. Era cruel e desumano, mas Jaebeom não se importava com aquilo. E, talvez, olhando para todos ali à sua frente, eles também pareciam não se importar com o retorno daquela lei.

Eles queriam vingança e não justiça. E um povo sempre reflete aquilo que seu rei sente ou é. 

— Você sabe que se fizer isso, sua vida estará condenada, não é? — Taecyeon cuspiu as palavras com dificuldades, sendo colocado sobre a caixa.

— Eu acho que você ainda não entendeu… — Jaebeom disse com um sorriso, passando os dedos pela corda ainda em suas mãos. — Eu já estou condenado. 

Taecyeon tossiu, respirando com dificuldades. Estava todo machucado e o corpo parecia pesar muito mais. 

— Jinyoung jamais vai perdoar você por isso.

— Jinyoung não se importa com você. — Jaebeom sorriu, depositando a corda no pescoço do mais velho. — Ele tem nojo de você. E odeia você.

Taecyeon riu, com dificuldades, mas riu. Foi pego pelos guardas outra vez, sendo mantido em pé para que todos o vissem.

— Antes que eu morra… eu quero te dizer uma coisa — começou baixo, apenas para que Jaebeom o escutasse. — Eu posso ter perdido hoje. Mas… quando JunHo voltar… ele vai tirar Jinyoung de você. E o melhor… Jinyoung apenas irá correr para os braços dele. — Encarava Jaebeom firmemente. — Porque JunHo não é como nós dois, Jaebeom. JunHo está vivo… e mais próximo do que você pensa. E diferente de nós dois, ele não é um monstro. 

Jaebeom sustentou o olhar, sem expressar uma mínima reação.

 

Soltem. 

 

A ordem soou calma e fria. Jaebeom não respondeu ao insulto, apesar de sentir algo no fundo quase gritar para que acabasse usando as próprias mãos no verme à sua frente. Viu então Taecyeon lhe sorrir. No fundo Jaebeom sabia. Taecyeon tinha ganhado. O alfa ou seja lá o que ele fosse já tinha aceitado que morreria daquela forma, porque apesar de seu tio estar ali, assistindo seu fim, enquanto o ar lhe faltava, ele não foi capaz de fazer o mínimo para que pudesse impedir algo.

E, Jaebeom, apesar daquela derrota interior, não poupou seus olhos ao vislumbrar Taecyeon perdendo os sentidos. Perdendo para todo o sempre.

Os olhares de todos estavam escandalizados. Boa parte não acreditava que o novo Rei, alguém tão afastado das questões do reino, fosse capaz de cumprir aquele julgamento, ou fazer uma sentença como aquela. Jaebeom sequer tinha recorrido às cortes, assim como os demais reinos faziam toda vez que tinham um julgamento como aquele. Ele próprio enfrentou o Rei do Norte sem pestanejar, sem fraquejar.

Não era só por honra ou justiça, ou o que fosse. Jaebeom sabia que no fundo havia feito aquilo por capricho, por vingança.

— Hoje, as novas leis de Carlon não ficam mais apenas em papéis. — Jaebeom virou-se para todos, bradando ao povo. Se fazendo presente. — Elas são um decreto. Uma ordem e se tornam parte de quem somos. Que esse julgamento sirva de exemplo a todos os nossos inimigos. Que sirva a todos que tentarem invadir o nosso reino, a denegrir o nosso povo, a infringir nossas leis. Eu, Im Jaebeom, Rei de Carlon e Filho da Lua, prometo a todos que se for preciso darei meu sangue para que tenhamos segurança. Ninguém, não importa o que seja, ninguém tocará no que me pertence. No que nos pertence. 

O alvoroço sobressaiu-se às trombetas. Jaebeom pode apreciar aquele gosto de poder que todos os reis e a Corte contavam por aí. O povo estava o ovacionando. E Jaebeom não sabia explicar se era algo bom ou ruim. Eles dividiam dos mesmos sentimentos que os seus. E da mesma forma que aquilo era um alívio, também era uma preocupação.

 

Porque Jaebeom era instável.

 

Jaebeom era perigoso.

 

— Eu sabia que faria isso, mas não quis acreditar que era capaz. — Foi a primeira coisa que Jaebeom ouviu de Jinyoung, assim que se aproximou dele, ainda sobre a ressalva do povo e de todo aquele alvoroço.

— Esse sou eu. — Jaebeom disse simples, sentindo o peso da coroa pesar muito mais, mas nada pesava tanto quanto os olhos de Jinyoung sobre si naquele momento. — Eu sei que viu isso acontecendo e por isso está aqui.

— Não quero que se culpe — Jinyoung deixou seu nervosismo aparecer diante da fala trêmula. — Eu acho que você tem muito mais a oferecer ao seu povo do que esse lado vingativo.

— Foi justiça. — Jaebeom o corrigiu rapidamente. 

Jinyoung sorriu.

— Sabemos bem que foi apenas vingança e um capricho seu de alfa de orgulho ferido.

— Se estivesse no meu lugar-

— Eu faria pior. Sim, eu faria pior, muito pior. — Jinyoung encarava firme os olhos amarelados à sua frente. Aproximou-se de Jaebeom um pouco mais, sentindo a respiração irregular vinda dele colidir em seu rosto. — Eu só não quero que sinta aquelas coisas… aquela culpa de ter deixado Ele comandar.

— Não foi Ele que fez tudo isso — Jaebeom sorriu amável  — por incrível que pareça, tudo veio de mim.

— Então eu acho que é mais preocupante, não? — Jinyoung aumentou o sorriso, fazendo Jaebeom ter a mesma reação.

— Talvez… quem sabe. — Jaebeom deu de ombros. 

Jinyoung apenas suspirou, abraçando Jaebeom de modo firme, enquanto via todos da praça passarem alívio em seus rostos.

— Eu acho que… eles apreciaram sua atitude mesquinha.

— Um povo sempre reflete aquilo que o seu Rei anseia.

— Agora eles são o seu povo? —  Jinyoung se afastou levemente, encarando Jaebeom que sorria.

— Eles sempre foram. Assim como você sempre foi meu.

— Aish…  — Jinyoung ruborizou, sorrindo nervoso e voltando a esconder o rosto diante do abraço que ambos trocavam. — Nós teremos muitos problemas a partir de agora.

— Iremos resolver juntos, não se preocupe. — Jaebeom garantiu, intensificando aquele abraço em meio a um beijo.

Jinyoung sentiu o nervosismo gostoso de toda aquela paixão perigosa passar por seu corpo, infiltrando-se pelos poros a fim de não lhe abandonar mais.

— Estamos na frente de todos, Jaebeom. — Sussurrou baixinho, um tanto aéreo com o beijo.

— Eu gosto de todos nos vendo assim.

— Exibido.  — Jaebeom riu baixo, apertando a cintura do mais novo e o fazendo suspirar na sua boca.

 

As horas pareciam passar devagar naquele dia. Jinyoung ouviu Jaebeom mandar queimar o corpo de Taecyeon e não ousou se meter. Procurou caminhar entre todos, à procura de Jungkook, ou seu irmão.

 

— Você está lindo, Mon Doux. — Foi Chanyeol quem disse, fazendo Jinyoung parar de imediato. O alfa vislumbrava o mais novo de perto, depois de muitos dias sem vê-lo e a sensação era a melhor de todas..

O ômega então sorriu, as bochechas coradas denunciando sua vergonha momentânea diante do elogio do amigo.

— Você também está, Chany! — Jinyoung elogiou-o como pode, encarando Chanyeol nos olhos.

— Não chego aos pés de você.

— Agora está exagerando.

— Nenhum exagero é o suficiente para ti.

Jinyoung riu baixo, desviando o olhar encabulado do outro.

— Agora você é um ômega marcado. Como se sente? — Chanyeol não conseguia tirar os olhos de cima de Jinyoung.

Era notório a diferença exorbitante nele. Como se ele ofuscasse a todos ao redor de forma tão natural que chegava a assustar. Chanyeol nem entendia os motivos daquela tortura que colocava em si. Enquanto seu braço ardia, perdendo mais uma das pétalas, seus olhos e pensamentos continuavam compenetrados no ômega à sua frente.

— Eu me sinto extremamente bem. Quero te agradecer por ter ajudado a me encontrar.

— Eu não fiz nada. Na verdade, a culpa de tudo isso é minha.

— Não diga isso! — Jinyoung se irritou levemente com aquilo.

— Digo sim. Quero pedir perdão por minha irresponsabilidade que colocou sua vida em risco. — Chanyeol se curvou.

— Para com isso! — Jinyoung tocou nos ombros do amigo, puxando-o para cima. — Não se curve para mim. E não me peça desculpas. Taecyeon faria algo contra mim de qualquer forma, protegido ou não.

— Mas eu…

— Não. Não é sua culpa. Por favor.  — Jinyoung falou mais baixo, com manha e acabando com Chanyeol mais um pouco.  — Veja, eu estou ótimo! — Jinyoung disse alegre. — Eu tenho até uma marca! E eu estou feliz por ela!

Chanyeol sorriu. Foi uma boa resposta, para alívio do seu coração de soldado, mas o suficiente para acentuar mais ainda aquela dor que se alastrava por dentro do alfa.

— Eu fico imensamente feliz em saber que está bem, Doux. — Jinyoung sorriu com aquilo. Queria manter Chanyeol mais perto de si. Sentia saudades das tardes de chá, dos passeios que faziam e principalmente dos treinos.

— Eu espero que você também encontre alguém.

— Oh, você sabe que só vivo pelo exército.

— Yah! — Jinyoung o empurrou de leve. — Ninguém merece ficar sozinho, Channy. Você vai encontrar alguém.

Chanyeol sorriu, acenando de leve.

— Talvez eu tenha encontrado… — umedeceu os lábios, ganhando a atenção total do ômega. — Mas essa pessoa não é para mim.

— Não diga isso! Talvez ela não saiba seu verdadeiro valor. — Chanyeol riu baixo, olhando para os próprios pés.

— Eu acho que ela sabe disso também. Mas mesmo assim, o coração dela nunca irá me pertencer. — Falou sincero, encarando Jinyoung nos olhos em seguida.

— Eu sinto muito por isso.

— Não sinta. Está tudo bem.

— Aish! Sabe o que eu acho?! — Chanyeol arqueou a sobrancelha, instigando o outro a continuar. — Acho que nós deveríamos voltar aos treinos. Não sei se ainda me lembro de segurar um arco!

— Eu adoraria treinar com você. Irá me distrair.

— Então combinado. Mande um mensageiro até mim para avisar quando estiver livre e assim marcamos!

— “Marcamos” o quê? — Jaebeom intrometeu-se, ficando ao lado de Jinyoung e encarando Chanyeol de modo firme.

— Estava falando para Chanyeol que preciso voltar aos treinos. Ele vai me ajudar com arco e flecha! — Jinyoung disse empolgado. Jaebeom apenas fingiu um sorriso.

— Não é um pouco perigoso?

— Não! E eu sempre fiz em Soleil. Você não vai me impedir, não é? — Jinyoung olhou para o marido com os olhos sérios.

— Claro que não. Só não quero que se machuque.

— Não se preocupe! Eu sou o melhor.  — Gabou-se, arrancando um riso do alfa. — Diga a ele, Channy! Eu sou o seu melhor aluno.

— O melhor de todos, Doux. — Chanyeol falou, inebriado demais no sorriso do ômega à sua frente.

Sentia o olhar de Jaebeom sobre si, mas pouco se importou com aquilo.

Jinyoung logo foi puxado por Jungkook, restando apenas os alfas ali, encarando-se como se conseguissem se ouvir.

Bom, Jaebeom ao menos conseguia ouvir o outro.

— Não é porque irá treinar meu marido, sua Majestade, que irá continuar com esses pensamentos imundos sobre ele. — Jaebeom falou em tom ameno, mas levemente perigoso.

— Eu não tenho culpa se seu ômega prefere a minha companhia do que a sua, Majestade.

— Você é tão petulante… — Jaebeom disse entredentes. — Não vejo a hora de me livrar de você.

Chanyeol riu soprado.

— Só vou embora quando o Príncipe de Soleil mandar. No caso, acho que ele não está muito afim. 

— Tome cuidado, Chanyeol. Porque se você me irritar, eu mesmo dou jeito em você.

— Não deveria perder a cabeça comigo, Majestade. Sou apenas um comandante do exército do seu sogro. Que mal vê em mim?

— Você sabe muito bem.

— Meu carinho por Jinyoung lhe incomoda tanto assim? — Se aproximou mais do moreno.

— Não é seu carinho que me incomoda, e sim seu comportamento perto dele. Você age como se estivesse no cio! Sempre o rondando. Sempre o cortejando! Eu quero que pare com isso. Se dê ao respeito.

— Jinyoung é meu amigo.

— Majestade Im. — Corrigiu-o rapidamente. — Chame-o de Majestade Im. — Chanyeol sorriu, discordando.

— Jinyoung não gosta de honoríficos. Nós somos íntimos, então não tente limitar minha relação com ele.

Jaebeom fechou os punhos, avançando um pouco até o outro e se impondo sobre o alfa.

— Se continuar dessa forma, o próximo a sustentar aquela forca será você.

— Não me culpe por sua falta de confiança, Majestade. Realmente não é minha culpa se não se garante. Se, principalmente, não confia no seu ômega.

 — O que está insinuando? — Jaebeom soou mais alto, empurrando Chanyeol com as duas mãos no peito dele.

— Estou apenas dizendo que se você não tem segurança dos teus sentimentos ou dos sentimentos de Jinyoung, não merece ele. É isso que estou dizendo.

— Eu vou quebrar você. — Jaebeom sussurrou, perdendo a paciência.

Chanyeol sorriu, olhando para os lados. Viu Jaebeom vir na sua frente, mas logo os guardas se colocaram na frente. 

— Qual é o seu problema, Jaebeom? — Jackson perguntou, puxando o amigo para si.

— Eu acabo com você Park Chanyeol. — Jaebeom bradou, sendo levado pela guarda de Carlon. — Você deveria ter me deixado quebrar a cara daquele imbecil! — Jaebeom disse com raiva.

— E adiantaria de quê? — Jackson jogou a espada sobre a mesa. — Você vai ter problemas com Yangmin se começar a brigar com Chanyeol toda vez que encontra ele.

— Eu quero que ele e Yangmin se fodam! — Bateu contra a mesa.

— Deixa disso. Você tem outros problemas agora. Deixa pra ter crise de ciúme depois que resolver suas pendências.

— Ciúme? Ah! Você acha que eu estou com ciúme daquele imbecil?

— Se não é ciúme, é o quê?

— É raiva! Eu odeio ele! Odeio o jeito que ele olha para o meu ômega!

— Ciúme. Isso é ciúme. Sabe… quando você sente que seu território está ameaçado. Ciúme. — Jackson repetiu divertido, bebendo um pouco de conhaque.

— Você quer entrar para minha lista de inimigos também?

— Se eu entrar, eu levo meu exército. Acha que sustenta o mundo só no peito? — Jackson continuou no tom divertido, ganhando um revirar de olhos em sua direção.

Os dois ao fim das implicâncias começaram a trabalhar nas assinaturas das novas leis. Jooheon logo se juntou aos amigos para tratar das pendências das minas. E a chegada da noite não fez diferença aos três que a viraram em função do amontoado de trabalho.

Jaebeom estava determinado a reerguer o reino e contava com a ajuda dos seus fiéis amigos para tal façanha. Seu pai lhe explicou muitas coisas. Jaebeom buscou não dar atenção ao sorriso orgulhoso que desenhou a boca de Hyunsik quando pediu ajuda para ele.

O mais velho prontamente se dispôs a auxiliá-lo. As inúmeras dúvidas do Im mais novo foram sendo sanadas aos poucos, clareando a mente de Jaebeom.

Estava mais empolgado e pela primeira vez confiante.

— O povo confia em você agora. Eles sabem que se algo acontecer, você tomará as devidas providências. — Hyunsik falava, enquanto Jaebeom encarava a vista da vila que aquela janela lhe dava.

 — Eu achei que eles me odiariam por trazer leis tão antigas de volta.

— Eles gostam de Jinyoung. Ficaram com medo do que poderia ter acontecido com ele. E você também passou essa sensação para eles. Seu desespero fez parte da vida de cada um. Há uma ligação muito grande entre você e seu povo, filho. Você foi feito para governá-los.

— Às vezes eu sinto que não sou o suficiente. — Jaebeom disse em um suspiro. — Como se eu não fizesse parte daqui.

— Acho que todos têm essa sensação quando assumem algo.

— Como foi com o senhor? — Jaebeom se virou, encarando o pai.

Hyunsik sorriu, relaxando o corpo aos poucos.

— Eu queria fugir… como você.

— Desistiu por quê? — Jaebeom se interessou por aquilo, aproximando-se do mais velho e sentando-se na outra poltrona.

— Eu não desisti. Na verdade, eu fugi… — riu brevemente, surpreendendo Jaebeom. — Mas minha irresponsabilidade custou a vida de pessoas queridas. 

Elas acabaram morrendo por meu egoísmo. Eu fui duro com você, porque não queria que carregasse a mesma culpa que carrego. Eu também tinha sonhos, Jaebeom e acredite, nenhum deles era governar Carlon. Um rei sempre colocará seu povo acima de qualquer coisa. Acima de qualquer capricho. — Hyunsik falou com calma. — A sentença de Taecyeon foi um capricho seu, porque no fundo todos sabiam que ele poderia ser exilado ou levado para trabalhar nas minas. Mas seu capricho, também era capricho do seu povo. E quando o povo e o rei que os rege querem a mesma coisa, não há nada que impede. Carlon irá passar por momentos turbulentos agora. Chansung poderá pedir retaliação, mas tenho certeza que o povo estará ao seu lado caso isso aconteça.

— Pai… eu queria ter sido melhor, mas naquele momento eu apenas fiz o que achei o certo. Não posso dizer que foi algo do coração, ou calor do momento. Mas foi o certo ali.

— Eu te entendo… — Hyunsik sorriu. — Eu faria o mesmo para vingar sua mãe.

Jaebeom buscou processar as palavras ditas pelo outro. Era a primeira vez que via seu pai mencionar sua mãe daquela forma. Tão calmo e natural.

— O senhor… 

— Ela deve estar muito orgulhosa de você. — Hyunsik disse, calando Jaebeom imediatamente.

O mais novo se ajeitou melhor na poltrona, devagar, sem mencionar nenhum barulho que tirasse o outro daquele transe.

— Eu acho que ela queria isso… queria que você tomasse essa decisão. Quando ela me entregou você, ela disse que ao mesmo tempo que me traria muitas preocupações, você também me traria muito orgulho e honraria nosso povo. E ela está cheia de razão. 


 

— Está? — Jaebeom soltou em um sussurro, ganhando o olhar de Hyunsik sobre si.

Ele não disse nada. O silêncio ficou entre eles, conforme Hyunsik voltava o olhar sobre a lareira e os olhos cintilavam com as chamas.

Tudo em si queimava.

Queimava como naquele dia.

 

— Um rei é capaz de tudo para proteger seu povo, mas quando se trata do ômega que ama… um rei se submete a tudo. Nunca se pergunte o que você é capaz de fazer por Jinyoung, filho.

— Por que?

— Você vai temer a resposta quando encontrá-la. O pior de tudo é que você a encontrará de uma forma rápida e ela será assustadora. Você vai temer a si mesmo. — Hyunsik continuava com o olhar nas chamas.




 

— Pai…

— Sim?


 

— O que fez para proteger minha mãe? — A pergunta veio baixa e temerosa. Jaebeom não queria ouvir os insultos do mais velho. Sempre quando tocavam no assunto sobre sua mãe, Hyunsik se transtornava consigo.


 

— Traí meu povo… traí a mim mesmo.

 

— On-onde ela está? — Jaebeom perguntava com cautela.

Hyunsik se levantou de imediato. Jaebeom temeu pelo que ele viria a dizer, ou gritar em sua direção.

— Mais perto do que você possa imaginar. — Sussurrou, deixando um beijo sobre os fios escuros do mais novo. 

— Pai! — Jaebeom chamou, encarando o homem sumir porta afora.

Jaebeom voltou o olhar para o ambiente em que estava, encarando segundos depois a lareira e engolindo seco.

Seu coração estava acelerado e sua cabeça estava fervendo. Levantou-se num automático ruim, subindo as escadas com pressa. 

 

Encontrou Jinyoung sentado em frente a penteadeira, arrumando-se como sempre fazia no início de todas as manhãs. Ele sorriu para si, assim que lhe viu, mas o sorriso logo foi embora quando se deparou com seu estado.

— O que houve, amor? — Jinyoung foi até o alfa, segurando-o pelos braços e o ajudando a sentar no sofá. — Jaebeomie.

— Quais as chances do meu pai ter mentido todos esses anos sobre minha mãe?

— Do que você está falando?

— Ele nunca fala sobre minha mãe… mas hoje… — puxou o ar com calma — hoje ele falou dela tão naturalmente que foi assustador.

— E ele disse o quê?

— Eu não sei ao certo… agora tudo está confuso. — Jaebeom falava com aflição, colocando a mão no peito.  — Ele disse que ela está mais perto do que eu posso imaginar. Ele fala… fala como se ela estivesse viva. — Falou com os olhos cheios d’água.

— Talvez ele queira que ela esteja viva, querido.

— Não! Não… você tinha que ver…  — Jaebeom se levantou. — Ela está viva. Agora eu sei que sim.

Jinyoung engoliu seco, ficando de frente para Jaebeom e em pé.

— O que irá fazer?

— Quero descobrir quem ela é? E-eu quero… quero saber se há alguma forma de… de tirar isso de mim.  — Apertava o peito. Jinyoung aproximou-se ainda mais, tocando sobre a destra do alfa.

— Tirar o quê, amor? Esse é quem você é.

— E-eu não gosto de ser assim. Você não entende. Eu não posso mais ser assim.  — Falou com dificuldades, olhando diretamente nos olhos de Jinyoung.

— Você é perfeito para mim desse jeito. Só precisa deixar de sentir medo… aos poucos isso vai acontecer, uh. Lembra, Hyuna disse que pode te ajudar. — Jinyoung falou, sorrindo ao alfa.

Jaebeom pareceu sofrer um estalo naquele momento.

— Hyuna. Você tem razão! — Limpava o rosto com certo desespero. — Ela vai me ajudar. Você disse que ela sabia sobre a sua mãe, não é? — Perguntou retórico. — Ela deve saber sobre a minha.

— Jaebeom… — Jinyoung disse em meio a um suspiro.

— Eu preciso descobrir.

— E se… — Jinyoung hesitou — se sua mãe for alguém que você não gostar.

— Como assim? — Jaebeom questionou com um riso curto. — É minha mãe! Eu vou gostar.

— E se ela for uma bruxa? — Jinyoung disse rápido, vendo os passos do alfa pelo quarto serem cessados de imediato.

— O que quer dizer com isso?

— Nada, mas ela pode muito bem ser uma bruxa. — Jinyoung falou com cuidado.

— Não… eu não… não tenho uma mãe bruxa.

— Jaebeom.

— Não. — O alfa disse por fim, voltando a sentar na cama. — Não, por favor.

— Amor… — Jinyoung sussurrou baixinho, abraçando o marido de lado e buscando acalmá-lo.

— Ela não pode ser uma bruxa. Eu não… eu não quero isso.

— Jaebeomie… — Jinyoung chamou com calma e docemente. — Mesmo que sua mãe seja uma bruxa, fique ao menos um pouco feliz. Ela pode não estar dentro do que imaginou, mas ao menos ela está viva e perto de você.

 

Jaebeom pareceu refletir sobre aquilo, lembrando-se da situação de Jinyoung.

 

— Desculpa. — Pediu baixo. 

— Tudo bem. Apenas me prometa que não tomará nenhuma decisão precipitada, uh?

— Eu prometo. — Jaebeom beijou a mão alheia, sorrindo, bem mais calmo que antes conforme ganhava os carinhos de Jinyoung em seu cabelo. 

— Eu vou te ajudar a encontrar ela. Onde quer que esteja. Não se preocupe.

— Obrigado por isso. — Agradeceu verdadeiramente. — Eu também vou encontrar seu filho. Eu prometo.

Jinyoung sorriu, abraçando Jaebeom e fazendo com que ambos permanecessem naquele abraço por um longo tempo.

— Ainda não tive tempo para conversar com você sobre o julgamento. — Jaebeom disse baixo, ainda abraçado a Jinyoung.

— Acho que não temos muito o que falar, querido. Está tudo bem. — Jinyoung reconfortou Jaebeom. Sabia que ele prezava por sua confiança no que tinham.

— Eu vou te proteger com todas as minhas forças. Até o último suspiro.

 

Jinyoung sorriu, apertando mais Jaebeom em seus braços, sem querer que ele saísse daquele lugar que era seguro e protegido.

Também protegeria Jaebeom.

 

Protegeria-o com tudo que tinha. 

 

Unhas e dentes.

 

Garras e instinto.


 

 


 

 

Os dias em carlon se passaram calmos, muito embora o temor pelo reino do Norte ainda pairasse sobre todos. Chansung ainda mantinha a estadia em Carlon. Jaebeom havia garantido que falariam ainda um com o outro, mas o tempo corrido das coisas estavam consumindo o alfa. 

Jaebeom estava uma pilha de nervos e no fundo desejava que fossem apenas as coisas do reino, mas era muito mais profundo que tudo aquilo. Não voltou a falar com seu pai outra vez. Ele estava passando tempo demais com conversas sigilosas com Yangmin e Zhoumi. Jaebeom não gostava daquela sensação de que algo estava acontecendo por suas costas. Odiava ser o último a saber.

A chegada de Youngjae outra vez a Carlon voltou a ser pauta dos seus assuntos com Jackson, que insistia para que aceitasse o Choi para uma reunião. Jaebeom apenas se mantinha irredutível àquilo. Não achava ser o certo e também não saberia como contar aquilo a Jinyoung já esperando uma reação ruim vinda dele.

 

Sobre o ômega, em uma tarde fria de um outono que mais parecia inverno, o humor de Jinyoung estava extremamente agradável conforme dedicava toda sua atenção aos afazeres da cozinha. 

Gostava de cozinhar e de trocar receitas com Changkyun. O ômega era divertido e tinha um humor ácido que garantia boas risadas a Jinyoung e às vezes lhe lembrava muito Jungkook.

No momento, estava entretido na sua massa para fazer a torta que Jaebeom gostava, enquanto Changkyun se encarregou de ir até a feira junto de mais duas ômegas comprarem os suprimentos para o jantar.

Jinyoung se viu sozinho ali e apreciou o momento, visto que nos últimos dias estava se sentindo sufocado com a pressão dos olhos do seu pai sobre si e às perguntas incessantes de Jimin sobre como tudo estava indo com a marca.

Desde que havia passado mal, Jimin e Jonghyun viviam no seu pé. Jinyoung apenas tentava se controlar para não perder a paciência. Queria sossego e parecia que nada estava lhe ajudando.

Passar horas na cozinha pareceu ser a melhor opção, visto que a escola ainda não havia aparecido, mesmo tendo muita vontade. Jaebeom ainda estava incerto e, as recaídas e dores que estava sentindo com a marca faziam o alfa ficar ainda mais em alerta e à sua volta o tempo todo.

Jinyoung sentia o sangue ferver só de lembrar das vezes que Jaebeom dizia sobre desfazer a marca. Odiava ouvir aquilo. O alfa, no momento, estava em reunião com Jackson e Youngjae. Havia conseguido fazê-lo ceder e aceitar a ajuda do Choi, apesar de certa relutância da parte do Im. Não sabia explicar ao certo, mas sentia confiança nas palavras de Youngjae. E tudo que ele precisava era de um voto de confiança. Nada mais que isso. Tal sensação explicada a Jaebeom deixou-o surpreso. Jinyoung apenas riu do alfa quando ele o disse que estava temeroso em falar sobre Youngjae consigo.

 

Era bobagem.

 

O barulho de passos vindo na direção da cozinha não chamou tanto a atenção quanto o cheiro irritante que entrava nas narinas junto do ar.

Jinyoung torceu o nariz em repulsa àquilo. Seus olhos levantaram levemente, encarando o ômega na sua frente, parado e sorrindo em sua direção.

— Sungmin… — Sussurrou, sem muita empolgação na voz.

— Jinyoung. 

O mais velho deixou os lábios serem presenteados por um sorriso grande, nenhum pouco agradável ao lobo de Jinyoung. Os dois se olharam por um tempo, até Sungmin mencionar sentar sobre a mesa, ao lado de Jinyoung que procurava ao máximo contornar aquela situação.

Seu corpo estava tenso. O suor escorrendo pelas laterais do rosto. Estava tentando se controlar o máximo que conseguia.

— Os criados adoram você — Sungmin começou, girando a maçã nas mãos, conforme encarava o perfil do Park. 

Ele não considerava Jinyoung como um Im.

— Eu também adoro eles. — Sungmin sorriu, mordendo a maçã e mastigando com calma. 

— Você parece nervoso, algum problema? 

— Nenhum. Eu só gosto de me concentrar no que estou fazendo. — Jinyoung engoliu seco, sovando mais um pouco a massa.

— Sabe… você está muito diferente desde que foi marcado  — Sungmin acompanhou a tensão cair nos ombros do mais novo, sorrindo satisfeito. Sabia que aquele assunto rendia altas transformações no temperamento e controle de Jinyoung. — O povo está tão feliz por finalmente lhe ver com a marca… eles realmente tem muito a comemorar.

Jinyoung respirou fundo, cessando seus movimentos contra a massa e dando a volta na mesa para que pudesse lavar as mãos e tirar o excesso dos ingredientes.

Sentia suas costas serem queimadas com o olhar que ganhava. Sungmin parecia querer lhe falar algo, mas ele tinha cuidado com as palavras e seu lobo não gostava de todo aquele rodeio sobre si.

— Eu também estou feliz. Acho que todos estamos, não? — Virou para encarar Sungmin. Ele já não estava mais sentado sobre a mesa e, sim, em pé lhe olhando de modo afiado.

— Não sei se posso dizer que todos estão, mas alguma parte deve estar. — Ele articulava bem as palavras, fazendo algo dentro de Jinyoung ir aos poucos perdendo a paciência. — Será que Jaebeom está feliz?

— Óbvio que ele está! — Jinyoung alterou um pouco o tom, recebendo um riso em troca. Viu quando Sungmin se aproximou, ficando cara a cara consigo.

— Não sei se consigo acreditar nisso. — Os olhos eram afiados e escuros. Opacos. — Acha que ele se arrepende todas as noites.

— O que está insinuando? — Jinyoung o empurrou, perdendo a compostura. Sungmin apenas adorou aquilo.

— O povo cobra por um herdeiro do trono. E até agora você não deu isso a Jaebeom. O que acha que ele deve pensar ao ter que encarar essa cobrança e tantas outras?

— Jaebeom não se importa com isso!

— Será mesmo?  — Sungmin questionou com ar de dúvida. Era veneno puro em cada palavra. — Eu acho que ele se importa sim, mas prefere deixar de lado isso, visto que você parece não conseguir dar um filhote para ele.

— Eu posso dar um filhote sim! — Jinyoung bradou entredentes.

— Você não consegue nem manter essa marca, Jinyoung… imagina dar um filhote para Jaebeom!

Jinyoung respirou fundo outra vez, fechando os olhos com calma e tentando fazer a raiva que se alastrava por seu corpo não tomar conta de tudo. Era complicado fazer aquilo. Sungmin parecia ter algo que lhe tirava totalmente as estribeiras. Ele sabia como importunar seu bem-estar e sabia principalmente o que tinha que fazer para lhe deixar completamente cego pelo instinto.

— Você não deveria falar o que não sabe. — Jinyoung foi mais sério naquele momento.

— É você que não sabe de nada. Veja bem, eu apenas prezo pelo bem-estar da nossa família. Não é bom para nós ter nosso nome na boca do povo, com falatórios ruim. Não é bom para Jaebeom. — Sungmin apenas sorria enquanto falava. — Não quero que se sinta pressionado a isso, mas é importante para nossa linhagem. Para o nosso reino. E também, o povo fala… — deu uma pausa, mordendo o lábio.

— Fala o que? — Jinyoung deu um passo à frente, nervoso com o que poderia vir.

— Ah, Jinyoung… o povo fala que seria melhor outra pessoa no seu lugar. Mas não porque é você, entende? — Sungmin fingia compreensão. — É que eles preferem alguém que já tenha ligação com Carlon.

— Tipo quem?

— Tipo Youngjae. — Disse por fim. Sungmin cuidou cada expressão, divertindo-se internamente. — Eu não queria lhe dizer isso, mas Jaebeom voltou a se encontrar com Youngjae. E sei também que você está sentindo muitas dores por causa da sua marca… que ela também está escurecendo. Eu não quero insinuar nada, mas-

— Você já está insinuando. — Jinyoung o cortou de imediato.  — Você está insinuando que Jaebeom está se encontrando romanticamente com Youngjae! Pelos Sóis, como consegue ser tão baixo dessa forma?

— Estou apenas abrindo seus olhos, querido.

— Abrindo meus olhos? — Jinyoung riu em escárnio, beirando ao sombrio. Cego de raiva. — Se quiser, eu posso abrir seus olhos também.

— Jinyoung…  — Sungmin sussurrou.

Não toca no nome do meu alfa, ou eu esqueço que somos da mesma família e arranco sua língua. — Jinyoung estava próximo do outro. Apareceu rápido e rasteiro a centímetros dele, pegando Sungmin desprevenido.

— Você tem magia negra na sua marca, Jinyoung… — Sungmin disse sorrindo, olhando para a maldito que mesmo coberta pela gola, ainda assim era possível ver alguns rastros escuros dos vasos sanguíneos. — Sabe que magia negra não é permitida no nosso reino, não é?

E você parece conhecer muito bem sobre isso. — Jinyoung deixou a destra passear pelo braço alheio, trilhando um caminho perigoso até o ombro direito e parando próximo ao pescoço, sobre a marca dele. — Sua marca foi feita de forma tão ruim quanto você. E sabe, nem é culpa de Kyuhyun. A culpa é sua por ser um ômega imundo.

Sungmin cessou qualquer sorriso pretencioso, encarando Jinyoung firmemente.

Eu sei o que você está tentando fazer, Sungmin… mas, infelizmente você não vai conseguir. — Jinyoung olhava-o com certo desdém.Eu vou dar um filhote para Jaebeom. Eu vou dar tudo para ele. Porque eu quero… porque ele é o meu alfa. E você sempre vai ser o cunhado imundo dele

— Você está se sentindo muito superior, Jinyoung. Tome cuidado, porque uma hora você vai cair. 

Sai da minha frente. — Jinyoung disse por fim, buscando recobrar seus sentidos conforme se afastava do outro.

— Quando Jaebeom perceber o erro que cometeu marcando você, ele não vai pensar duas vezes antes de voltar para os braços de Youngjae, ou de qualquer outro ômega. E você vai estar no fundo do poço, Park Jinyoung. — Sungmin se afastava, caminhando até a saída enquanto olhava firme nos olhos de Jinyoung. Antes que saísse de vez da cozinha, parou, olhando de relance para o outro. — E o único imundo aqui entre nós dois é você que continua desonrando seu alfa.

 

Jinyoung se irou por inteiro. A perda da consciência tomou conta do seu corpo, fazendo-o jogar a primeira coisa que viu nas costas de Sungmin.

— Você está maluco? — Sungmin gritou, rechaçando-se com o barulho do metal batendo contra o chão, após colidir com violência nas suas costas.

Encarava Jinyoung com os olhos ardendo de raiva. Viu ele avançar sobre si numa velocidade absurda. Jinyoung o empurrou contra o chão, sem muita dificuldade e Sungmin chiou de dor pelo impacto.

— Me solta seu desgraçado! — Sungmin movia-se, mesmo com o corpo preso pelo peso de Jinyoung sobre o seu.

Os olhos do mais novo estavam vermelhos e escorriam raiva e revolta. Ele não parecia querer parar com um simples pedido.

Você é o único imundo daqui. E entenda de uma vez por todas que você deve me chamar de Im Jinyoung. E eu sou a tua Majestade, então me respeite como tal! — Jinyoung gritou contra o rosto alheio. 

— Você não é porcaria nenhuma! — Sungmin empurrou o ômega sobre si. Os olhos escuros, tomando conta do olhar certeiro sobre Jinyoung. — Você não deveria me atacar. Eu posso matar você se quiser.

Jinyoung riu, sentindo o baque do seu corpo contra os armários assim que Sungmin o empurrou outra vez. Usava magia.

— Você acha mesmo que eu tenho medo disso?

— Não te ensinaram a ter medo disso, mas eu vou ensinar. — Jinyoung pode ver o olhar do outro tomar uma coloração rápida de branqueamento. Algo de frações de segundos que recordava Jinyoung de alguém em específico.

 

Aquela maldita mulher da floresta.

 

A maldita que atormentava seu alfa.

 

A maldita que machucava Jaebeom.

 

O estrondo na cozinha foi ouvido por muitos, assustando os corações dos desavisados.

Ambos os ômegas haviam se transformado, atacando um ao outro sem controle algum. Sem nenhum vínculo com suas razões. Jinyoung rosnava, atacando Sungmin no pescoço e mordendo-o fortemente. O Cho buscava se desvencilhar dos dentes afiados. Atacou Jinyoung também, num momento de desatenção, mordendo uma das patas dianteiras e empurrando o corpo de pelos brancos contra a mesa que rapidamente tombou para frente, com o peso dos dois.

— JINYOUNG! — Jaebeom encarava a cena atônito.

O coração sofrendo de um solavanco astronômico ao notar as poças de sangue e a pelagem do seu ômega manchada de carmesim.

— Guardas! — Jackson chamou em alto em bom som, fazendo a segurança de Jaebeom que rapidamente passou por si, sendo segurado. — Se você se meter no território deles, será atacado.

 — Acha mesmo que me importo? — Soltou-se rapidamente, chamando por Jinyoung em pensamento, mas ele não parecia lhe ouvir.

Kyuhyun apareceu instantes depois, buscando entender o que raios estava acontecendo e porque seu lobo estava tão atônito e a marca parecia revirar algo dentro de si. Seus olhos dobraram de tamanho ao ver a pelagem marrom de Sungmin no meio de toda aquela zona.

Tomou a frente, como Jaebeom, buscando de alguma forma separar os dois.

— O que está acontecendo? — A voz alta de Youngjae se fez presente. O ômega se segurava nos ombros de Jackson, ficando um pouco escondido pelo barulho dos rosnados até que seus olhos caíram sobre Jinyoung.

— Sungmin e Jinyoung estão se atacando.

— Espero que Jinyoung acabe com ele. — O loiro disse sem pesar algum, um pouco escondido atrás do comandante.

— Se não for ajudar, não atrapalhe, Youngjae! — Jackson falou irritado. — Eles podem morrer, sabia?

— Sungmin fará esse sacrifício. — Disse risonho. Jackson revirou os olhos, saindo de perto e já se juntando aos guardas recém chegados. — Vamos usar sedativos.

— Não! — Jaebeom gritou, sentindo seu coração acelerado e seu corpo sofrer com tudo ao seu redor. — Jinyoung não vai suportar.

— Não há outra forma! — Jackson falou alto também, do outro lado e preparando a dosagem.

Youngjae se mantinha atento a tudo, engolindo seco.

Jimin também estava ali, havia recém chegado, preocupado com o irmão, mas sem ter meios de impedir toda aquela briga. Não podia usar magia. Não com Jinyoung naquele estado.

Seus olhos então encontraram os de Youngjae, de relance, do outro lado da cozinha. Era um entendimento mútuo, muito bem-vindo a ambos.

 

“Im Jinyoung, me escute!”, Jaebeom tentou mais uma vez, desesperado enquanto se metia no meio de ambos.

Kyuhyun urrou de dor ao ser arremessado pelo lobo branco quando tentou afastar ambos animais de perto um do outro. Jaebeom respirou com dificuldades, voltando o olhar ao seu ômega.

Eram vermelhos como carmesim aqueles olhos.

— Jinyoung… fale comigo. Volte ao seu normal! — Tentou outra vez, ganhando um rosnado em troca e sendo puxado por Jackson em puro reflexo, quando Jinyoung ousou vir pra cima de si.

— Ele não vai te ouvir. — O comandante disse por fim, empunhando um rifle de sedativo e apontando em direção ao animal de pelagem branca.

 

Youngjae viu a cena, arregalando os olhos e tomando a frente de Jinyoung de imediato. O sedativo escorreu do cano rapidamente assim que Jackson puxou o gatilho. Atingiu as costas do loiro. Youngjae grunhiu, sentindo a droga correr pelo sangue de imediato. 

Seus olhos foram em direção aos sanguinários de Jinyoung. Conseguiu com o pouco de força que lhe restava ficar mais próximo e deixar sua mão sobre a cabeça do animal.

ChinHyeong-ah¹, volte para mim. — Disse sôfrego, sentindo o acônito lhe fazer efeito. — Volte para mim, ChinHyeong-ah.

A fala saiu baixa, mas o suficiente para ser ouvida naquele momento por ele.

Sungmin já havia voltado ao normal por conta do sedativo e era acolhido por Jimin que ajudava os outros guardas a sustentarem o corpo cheio de cortes profundos.

Jinyoung uivou, era doloroso. Ele chegara perto de Youngjae, baixando o corpo o quanto podia e acolhendo o loiro, de modo ressentido. Como se pedisse desculpas por tê-lo machucado.

Jaebeom olhava a cena embasbacado, assim como Jackson que se dividia daquele semblante ao mesmo tempo que a culpa se alastrava pelo corpo e consciência ao par que constava ter machucado Youngjae.

O Choi perdeu os sentidos ao mesmo tempo que Jinyoung voltou à forma humana. Jaebeom correu em direção ao dois. Jackson também, ajudando o loiro rapidamente.

— Jinyoung… fala comigo. — Segurou o ômega em seu colo, sentindo os olhos se encherem de lágrimas e elas já caírem do seu rosto, chegando até Jinyoung.  — Fala comigo, amor. Por favor.

— Hm… — Jinyoung murmurou baixo, se encolhendo no peito do outro.

Jaebeom o cobriu como pode, mantendo-o junto ao seu corpo. Jinyoung estava gelado. Tão gelado quanto si nas épocas em que perdia o controle e ficava noites vagando pela Floresta.

 

“Amor… fala comigo.”

 

“Jaebeomie…”, Jaebeom respirou com alívio, abraçando Jinyoung com mais cuidado ainda.

“Está tudo bem, meu amor. Tudo bem. Eu estou aqui.”, Jaebeom buscou garantir aquilo.

Buscou se recuperar, limpando as lágrimas do rosto. Logo era ajudado por Jimin que o auxiliou a levar Jinyoung até o quarto.

Jaebeom se desesperou com o horror de sangue pelo corpo do marido, mas conforme a água caía, percebia que nada ali era dele e que tudo na pele que havia ficado marcado, eram apenas arranhões que logo sumiriam com o tempo, apenas o braço esquerdo com um machucado mais profundo.

— Jaebeom…

— Shii… não fala nada. — Jaebeom pediu baixinho, temendo que Jinyoung pudesse se machucar de alguma forma, ou simplesmente fazer força demais.

O ômega se manteve calado, ganhando os cuidados do alfa e sendo vestido por ele após uma pequena sessão de curativos. Jinyoung sentia o corpo pesar mais do que o suportável e quando foi deitado na cama, a última coisa que viu foi Jaebeom deitado na sua frente, chorando.

 

Depois tudo se tornou escuridão.


 

[...]


 

A noite em Carlon sempre fora fria e no momento não era diferente. No entanto, Jaebeom admitia que ela estava sendo muito rigorosa.

Seus olhos eram iluminados pelas chamas da lareira, enquanto se mantinha escorado no pilar do quarto, e cuidava Sehun com o olhar, sendo ele chamado para cuidar dos três ômegas.

No momento estava no quarto em que Youngjae estava. O ômega havia recebido uma alta dose de acônito sem necessidade alguma e preocupava a todos, assim como o estado grave de Sungmin, pelos cortes profundos que havia levado.

Kyuhyun, com a queda, havia deslocado o ombro e sofrido uma leve fratura na perna. Nada que algumas semanas de repouso não resolvessem. Enquanto Jaebeom apenas sentia a pele ardendo por alguns arranhões das garras de Jinyoung, mas aquilo não fazia a mínima diferença, quando sua única preocupação era saber como todos ficariam.

 

Jinyoung principalmente.

 

— Ele vai ficar bem. — Sehun anunciou depois de algum tempo, aproximando-se de Jaebeom. — Ele só precisa de descanso e beber muito líquido para que o sedativo vá embora mais rápido do corpo.

— E-ele pode ficar com alguma sequela? Ele não estava transformado na hora.

— Não posso dizer com certeza, porque eu preciso avaliá-lo depois. Mas os batimentos estão normais, e ele não apresentou febre ou alguma reação preocupante. Eu diria que ele é muito forte para suportar tudo isso.

— É… Youngjae é um dos ômegas mais fortes que conheço. — Disse em meio a um suspiro cansado. — Só espero que ele não sofra nenhuma sequela agravante, ou qualquer outra. Ele não merece isso.

— Não se preocupe. Ficarei eu mesmo responsável por ele.

— Ótimo. — Jaebeom acenou. — Também quero que fique responsável por Jinyoung. Não gosto dos médicos da minha família e parece que Jimin e Jinyoung confiam muito em você.

— Obrigado pela confiança, Majestade. — Sehun se curvou.

Jaebeom em seguida o dispensou. Respirou fundo, passando a mão pelos fios e engolindo uma sensação ruim.

Aproximou-se da cama, sentando ao lado do ômega adormecido e encarando o semblante dele.

— Por que fez isso? Você poderia ter morrido, Youngjae. — Falou com pesar. — Mas de qualquer forma, obrigado por ter trazido Jinyoung de volta. Eu não sei o que faria se… se ele não voltasse para mim. — Segurava a mão do ômega com cuidado, acariciando-a e logo deixando um beijo sobre ela. — Obrigado por sempre cuidar de mim.

Jaebeom tomou cuidado para não acordá-lo, mesmo que desconfiasse de que aquilo aconteceria. 

Cobriu-o com mais uma manta. Conhecia Youngjae o suficiente para saber que ele detestava sentir frio à noite. Certificou-se de que as cortinas estavam bem fechadas e que a lareira aqueceria-o para o resto da noite, mesmo com uma brisa fria adentrando pela pequena abertura da janela, apenas para manter o ar circulando.

 

— Jaebeom. 

O Im levou o olhar para frente, assim que saiu do quarto do Choi. Encarou Jimin que mantinha um semblante preocupado e Jaebeom engoliu seco.

— Aconteceu algo com Jinyoung?

— Não… ainda não.

— O-o que quer dizer?

— Precisamos conversar.

Jaebeom soltou o ar com dificuldades. Acenou devagar, tomando a frente do corredor e sendo seguido pelo outro.

Levou Jimin até a estufa que sempre era ocupada por Jinyoung e sua paixão por flores. Era o lugar mais seguro para se conversar, afinal, as paredes eram cobertas por ouvidos.

— O que foi? — Jaebeom perguntou com ansiedade.

— Jinyoung me disse que você pretende achar o filhote dele antes do seu cio.

— Sim, eu pretendo. — Jaebeom confirmou, buscando entender onde Jimin queria chegar.

— Eu já sei onde ele está.

— Co-como? — Jaebeom pareceu não entender o outro no primeiro momento. 

Jimin falava com tanta naturalidade sobre aquilo. Justamente sobre algo que era para estar aos pulos.

— Foi o que ouviu.

— E você diz isso assim? Por Lua! Jinyoung precisa saber disso! — Jaebeom disse com alívio, já imaginando a alegria de Jinyoung.

— Ainda não.

— O quê? Por quê não?

— Por que não é seguro. — Jimin falou mais sério, chegando perto de Jaebeom. — Jinyoung precisa aprender a se controlar antes de encontrar o filho dele.

— Mas ele ao menos tem que saber que você já sabe onde essa criança está.

— Jaebeom, eu só estou lhe dizendo isso, porque é você quem vai ajudar o Jinyoung a se controlar.

— Eu? Você ‘tá maluco? — Perguntou com tom alterado. — Hoje foi a prova de que eu não posso e nem sei controlá-lo. Eu sequer sei me controlar!

— Você sabe sim. Mas tem medo.

— Você não sabe de nada sobre mim!

— Sei mais do que você pensa. Aliás, sei mais do que você mesmo. — Jimin se impôs. Jaebeom apenas riu soprado e indignado por tudo aquilo ouvido.

— Jimin, seu irmão precisa saber que você já sabe do filho dele… ele… espera — Jaebeom deu uma pausa, raciocinando enquanto olhava estranho para o outro. — Você já sabia… você já sabia onde essa criança estava. — Encarou-o com olhos acusatórios.

Jimin umedeceu os lábios, passando a mão pelos fios negros e andando de um lado para o outro.

— Pelos deuses, Park Jimin! Você sempre soube onde ele estava! — Jaebeom falou com revolta. — Como você pode esconder esse tempo todo isso de Jinyoung? Do seu irmão, caramba!

— Haviam coisas que precisavam acontecer primeiro.

— Que coisas? — Jaebeom soou com indignação. — É o filho dele, seu imbecil! — Jaebeom o empurrou, perdendo a paciência. — Você sabe o quanto seu irmão sofre afastado do filhote dele? O quão merda você consegue ser?

— Não me diga algo que eu já sei, Im. Eu estava esse tempo todo ao lado dele. Você pode ter chegado agora e se achar o melhor, mas não esqueça que todo esse tempo, era eu ao lado dele.

— E o que adianta você estar ao lado dele todo esse tempo, se só o causou desgraça? Você é um egoísta de merda que gosta de ter todos sob seus comandos.

— Eu só estou protegendo Jinyoung.

— Protegendo? — Jaebeom riu em desacordo com tudo aquilo, apertando Jimin pelo colarinho da roupa. — Você é um manipulador doente, isso sim.

— Se Jinyoung soubesse antes, ou souber agora, as cortes vão matá-lo. Na época, Soleil não aceitaria um príncipe desonrado, muito menos com um filho do Reino do Norte… um filho de um sangue não puro. — Disse com dificuldades pelo aperto sofrido. — Aquela corja sanguinário que Chansung protege no reino dele viria atrás de Jinyoung e arrancaria a criança dele. Seria muito pior. Acredite, Jaebeom… eu já vi essa história e eu sei onde ela termina.

— Seu irmão confia em você… como pode quebrar a confiança dele dessa forma?

— Eu prefiro ele me odiando e se decepcionando comigo estando vivo, seguro e com quem ele ama, do que morto ou longe de quem o faz bem.

— Chansung não irá encostar nele. Eu o mato assim como fiz com o sobrinho dele.

— O problema não é Chansung, e sim os outros. Toda a corte e aquelas pragas vão querer essa criança. Meu pai não a escondeu em vão.

— Você está junto de Yangmin nisso?

— Meu pai não desconfia de que eu saiba, mas ele sabe que eu procuro por ela. — Jaebeom soltou Jimin, afastando-se e tentando colocar os pensamentos em ordem. — Você vai ter que confiar em mim, Jaebeom.

— Confiar em você? Em alguém que trai o próprio irmão?

— Você fala como se fosse o dono de toda a honestidade do mundo, não é? O quão hipócrita você é?

— Eu sou hipócrita agora? Pelo amor da Lua, Park! Você é um egoísta de merda, sem noção alguma, doente completamente pelo controle de tudo e todos.

— E você é um assassino! — Jimin acusou por cima, mais alto. Mais ativo.

Jaebeom processou as palavras. Os olhos mergulhando em um brilho perigoso demais.

— Um assassino. É o que eles dizem, não é?

Ca-cala a boca.

— Zhoumi faz você pensar todo cio que foi você que matou aquele ômega, não é?

Cala a boca! — Jaebeom soou duro, fechando os punhos. 

— Eles criaram aquela cabana pra você. Todo ano importam acônito para usarem em você… mas nunca faz efeito, porque você é amaldiçoado desde que pisou naquela floresta e roubou o coração do filho daquela bruxa!

Cala a boca, seu merda! — Jaebeom perdeu o equilíbrio, voltando a colocar Jimin contra a parede.

Se afastou rápido, mexendo nos fios de modo descontrolado, tentando pensar em Jinyoung e na voz doce dele para que não perdesse o resto do controle.

— Ela não quer só se vingar de séculos de matança que sua família causou a todas as bruxas com magia negra. Ela quer seu coração, porque você teve o coração do filho dela.

Eu já mandei você calar a boca! — Jaebeom vociferou.

— Yoo… 

Para com isso — Jaebeom pediu, colocando a mão nos ouvidos.

— Todos eles fizeram você pensar que matou ele. Porque era você que estava lá. E você tentou se transformar para salvar ele, mas você era novo… e ainda estava com medo do que havia acontecido quando tinha 11 anos… naquela sua primeira vez na Floresta Vermelha… em que atacou seu irmão.

Para… — Jaebeom se escorou na parede, escorregando o corpo, enquanto as cenas vinham na sua mente, junto com os gritos.

— Você viu aqueles lobos atacando-o e tentou salvá-lo, mas você não conseguiu. Você estava com medo. E então ele chamava por você, pedia ajuda, mas você não conseguia… — Jimin falava com calma, cuidando o outro com olhos atentos. — Não foi você que matou aquele garoto Jaebeom. Ele era um ômega doce, que você adorava encontrar naquela floresta. Alguém que te entendia porque dividia da mesma magia que você… ele sabia quem você era e não tinha medo.

Você não sabe de nada! Cala a boca!

— Você se culpa por isso. Por todas as vezes que se transformou. E se culpa mais ainda, porque agora sabe do que é capaz de fazer. Eu sei que você sabe dominar magia, Im Jaebeom. — Jimin se aproximou, sussurrando. — Aquela marca do Jinyoung… você sabe que não deveria ter feito naquela Lua. Você sabe muito bem. E agora você está se culpando por Jinyoung estar desta forma. Por você ter compartilhado com ele seu pior lado… o lado verdadeiro de quem é você. Então de nós dois, quem é o mais hipócrita? Eu estou protegendo as pessoas que importam para mim, enquanto você, se acovarda na sua culpa e não faz nada para mudar o estado das coisas. Você é covarde e acima de tudo, um assassino de si mesmo. 

Você não sabe… — Jaebeom sussurrou com dificuldades, fechando os olhos fortemente. — Você não sabe de nada. Só acha que sabe de algo, porque fica se apropriando de magia. Mas essa merda… essa merda acaba com tudo. — Disse com raiva. 

— Você tem medo disso.

Eu não quero isso. E agora eu preciso pensar neles. — Abriu os olhos, encarando Jimin.

— Neles quem? — Perguntou confuso o soleiniense.

Jaebeom sorriu amargurado, sentindo as íris queimarem.

Parece que você não enxerga tudo. — Mantinha o olhar divertido sobre Jimin. 

— Jaebeom.





 

— Jinyoung está esperando um filhote meu. E aquela reação à marca é apenas o que essa criança é capaz de fazer, mesmo ainda sendo tão pequena. — As lágrimas desciam. O olhar era cintilante e carmesim. — E eu não vou dominar magia, porque essa magia…

 

Essa magia vai matar meu filho.

 

Vai matar Jinyoung.

 

Você não sabe de nada Park Jimin. A magia pode te dar tudo, mas em algum momento, ela vai te enganar.

 

E você foi enganado. 







 


Notas Finais


ChinHyeong-ah¹ = irmão mais velho


eita atrás de eita meu deus que saudade desse caosKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

enfim enfim

espero que estejam gostando
desejo a todos um bom enem e que dê tudo certo na prova e depois dela. SE CUIDEM gente.

Kisses e até a próxima.


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