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História Soulmate - Boss


Escrita por: myavengedromanc

Notas do Autor


Nada a ver a pessoa que coloquei para se relacionar com o Gerard hsauashau eu sei, me desculpem de verdade, só quis dar um jeito de manter no mundinho mcr, poxa :( Foquem no Frank claramente apaixonadinho pelo Gee <3

Capítulo 5 - Boss


 

Se relacionar com o chefe casado é a coisa mais estupida que já fiz na minha vida. No início levei tudo na esportiva, achava que era apenas uma boa oportunidade para que eu conseguisse crescer na empresa já que foi ele que veio até mim primeiro. Mas como sempre, me apaixonei. 

Quis socar minha própria cara ou me jogar da janela do meu apartamento quando notei que aquilo que não se passava de um sexo casual, se tornou algo cheio de sentimentos. Queria ser alguém que não se deixa levar por certas situações. Porque eu me apaixono tão rápido? Porque? 

Já fazia um ano que eu e Brian havíamos nos separado. Depois de tantos rompimentos seguidos, finalmente dei um basta naquilo e pedi para ele nunca mais voltar. Por incrível que pareça, ele não tentou transformar aquilo em mais uma transa de reconciliação ou desculpas esfarrapadas. No fundo, ele também já estava cansado de tanto sofrimento. 

Com nosso término, vi que Jared sempre esteve certo, eu nunca deveria ter me relacionado com alguém daquele tipo. Parece que Brian era o que me empatava de viver, porque não demorou mais de uma semana que acabamos e finalmente consegui um emprego, não era grande coisa, mas já era algo suficientemente bom. Além disso, estava conseguindo controlar melhor a necessidade de consumir bebidas alcoólicas e até fui visitar mais vezes meus pais em Nova Jérsei. 

Minha vida estava começando a entrar nos eixos... A não ser pelo relacionamento vulgar que eu e Ray mantínhamos as escondidas. 

Estava na recepção, como sempre. Lisa ao meu lado, resmungando impaciente enquanto colocava em ordem os documentos que Ray havia pedido, e eu ajeitava no computador os documentos mal feitos pelo o novo estagiário. 

-Eu não entendo como você consegue ficar tão tranquilo fazendo o trabalho dos outros. –Lisa bufou, fazendo-me soltar riso baixinho. –Olha, se eu fosse você, mandava o Senhor Toro se foder, você não merece ajeitar as merdas que esses estagiários folgados fazem. 

Como se Lisa realmente fosse xingar Raymond dessa forma... Achava engraçada a forma que ela sempre se mostrava irritada por me ver fazer tudo calmamente, mas Lisa, se você transasse com Raymond Toro também faria qualquer coisa que ele pedisse!

Sorri com esse pensamento e maneei a cabeça, tentando me manter focado em meu computador, mas a risadinha ao meu lado fez-me encara-la. E ali estava minha colega de trabalho sorrindo maliciosa e tentando ler minha mente. 

-Qual é o seu segredo? 

-Como assim? –Perguntei realmente confuso, e um pouco tenso por cogitar que ela estava falando sobre mim e Ray. 

-O seu segredo para ser tão feliz com tudo. –Continuou me encarando como se eu tivesse a cura da Aids. –Isso só pode ser sexo, não é? 

Por instinto abri a boca para responder grosseiramente para ela não se meter em minha vida, o que só a faria rir e depois comentar que eu sou adorável corado, mas antes de qualquer palavra uma presença a mais nos fez ficarmos quietos. Ray saiu do elevador e veio lentamente na nossa direção, trajado em um terno escuro e os cabelos com aqueles cachos rebeldes demais para um homem tão sério. 

Voltei meu olhar para o computador, afim de parar de encará-lo, mas não pude evitar o sorriso que se formou em meus lábios, mordi meu lábio inferior tentando me conter, enquanto sentia minhas bochechas esquentarem. Pois é, já fazia alguns dias que ele tinha esse efeito sobre mim. 

-Bom dia. –Ele nos cumprimentou assim que se encostou no balcão. Levantei meu rosto para encarar aquele sorriso bonito enquanto respondia um “Bom dia, Senhor Toro”. –Lisa, estou indo para uma reunião agora, quando eu voltar quero os documentos em cima da minha mesa. –Disse com aquele seu ar mandão, fazendo Lisa assentir. Logo seu olhar foi até mim, me deixando mais envergonhado quando ele fitou minha boca descaradamente. Dei uma checada em Lisa, mas por sorte ela já tinha voltado a dar atenção aos papéis. –Gerard, assim que eu voltar quero que vá até minha sala, precisamos conversar. 

Para qualquer pessoa, aquilo era somente um Chefe querendo conversar com seu Funcionário sobre algo relacionado ao trabalho... Mas eu sabia que não era isso. Claro que não era! Ou ele queria marcar algo para essa noite ou me comeria em cima de sua mesa, como fez na semana passada. 

-Sim senhor. –Respondi com um sorriso malicioso, fazendo-o sorrir da mesma forma. 

Ele se afastou sem mais nenhuma palavra, saindo do prédio pelas largas portas de vidros diante de nós, naquele hall enorme. Suspirei um pouco aliviado por não precisar mais fingir por Lisa estar aqui. Quer dizer, ainda bem que ela é tapada demais para notar aquele flerte. 

-Você viu isso? –Lisa de repente disse emburrada. –Ele chega, manda eu entregar essa merda antes dele voltar e nem sequer diz que horas vai acabar a reunião! –Ri de sua indignação e recebi um tapa no braço. –Para de rir! Aposto que você vai ser demitido quando forem ter a tal conversa. 

Quando terminei de ajeitar o trabalho do estagiário, voltei para meus afazeres de sempre ainda escutando os resmungos de Lisa. Escutei algo vibrando, mas provavelmente era o celular dela, já que o marido ligava pelo menos quatro vezes ao dia, então continuei concentrado em meu dever e esperei Lisa atender logo de uma vez, mas ao contrário disso, continuei escutando o vibrar incessante. 

-Você não vai atender? –Perguntei. 

-Atender o seu celular? –Lisa disse irônica. 

Franzi o cenho um pouco confuso, mas logo vi a tela acesa com uma chamada perdida de... Frank Iero. Meu corpo pareceu estremecer e meu coração acelerou de uma forma absurda, antes mesmo de conseguir me recuperar, meu celular vibrou em minha mão, dessa vez indicando que uma mensagem havia chegado. 

 

Hey Gerard :) Chegarei em NY essa tarde, dessa vez sem Steve, acho que tenho muitas coisas para te contar... Tem compromisso para essa noite? 

xoFrank. 

 

Frank! Fazia muito tempo que não nos falavamos, depois daquele encontro estranho no bar perto de meu apartamento, só nos falamos uma vez. 

Assim que meu relacionamento com Brian acabou, me senti sozinho e me dei conta que eu já não tinha mais contato com meus antigos amigos e não havia com quem conversar, então passei um bom tempo conversando com minha mãe por telefone, já que meu irmão não tinha paciência para me escutar, mas não era a mesma coisa de desabafar com um amigo, então decidi ligar para Jared, mas o número já não era o mesmo. E no meio dessa minha solidão, pensei em Frank, e arrisquei. 

Ele me atendeu e nos falamos durante três horas, foi quase como me sentir vivo outra vez, ele deixou que eu contasse tudo o que já havia me acontecido até então e ele fez o mesmo, o que me fez ficar surpreso quando disse que já tinha tido atração por outros homens, mas Steve foi o primeiro que teve algum relacionamento, também me contou sobre sua carreira como Produtor Musical em uma gravadora pequena e a forma como sua vida havia mudado drasticamente assim que se mudou para Califórnia. Lembro-me bem de Frank me dar muitos conselhos verdadeiramente bons para que eu não desistisse, e me incentivou a ir para a entrevista de emprego, que por sinal era para o meu atual trabalho. Aquela ligação nos tornou os garotos de antes outra vez e eu me vi confortável, apesar dele pedir para eu esquecer o passado quando perguntei o que aconteceu naqueles meses em que ele passou a me ignorar no colégio. Bom, tive meu Frank por algumas horas e isso foi gratificante... Fazia um bom tempo desde essa ligação, um pouco menos de um ano, mas para mim não importava mais o tempo quando se tratava de Frank. 

-Gerard, você virou um zumbi? –Lisa estralava os dedos em frente à minha face, me acordando de meus pensamentos. Olhei-a um pouco confuso e ela riu. –Seja lá quem seja Frank, acho melhor você responder logo e voltar a trabalhar, a gente tem muito o que fazer. 

Lisa leu a mensagem? Um dia mato essa mulher por ser tão intrometida! 

Respirei fundo, querendo me acalmar e voltei a atenção para meu celular, não sabia como responder, mas por fim consegui criar algo razoável.

 

Frank, que surpresa agradável :) 

Acho que realmente temos muito o que conversar... Estou livre esta noite. Tem algo em mente? 

-G. 

 

-QUE SURPRESA AGRADÁVEL? –Lisa berrou ao meu lado, gargalhando alto. –Meu avô diz isso quando me vê! –Ela colocou a mão na barriga, querendo conter as risadas. –Você tem quantos anos Gerard? 

-Vai a merda! –Bufei irritado e enviei a mensagem ignorando o fato de Lisa ter lido, revirei os olhos impaciente por ela ser tão escandalosa e enxerida. –Você deveria parar de cuidar da vida dos outros. 

-Ah neném, não fica bravinho. –Ela apertou minha bochecha, enquanto fazia uma voz irritantemente fina como se realmente falasse com um bebê. –Na verdade fique bravinho mesmo, você é adorável com as bochechas coradas. 

Antes que eu pudesse xinga-la meu celular voltou a vibrar em minha mão, chamando-me a atenção. 

 

Que tal o bar que nos reencontramos? 19h está bom para você? 

xoF 

 

Dessa vez me afastei da louca para que não pudesse ler, mas claro que ela viu o sorriso que se formou em meu rosto. 

-Acho que alguém está de namoradinho novo. –Lisa continuava a rir, dessa vez mais contida. Revirei os olhos realmente perdendo a paciência com seus comentários. 

 

Por mim tudo bem! 

Até mais tarde. 

-G 

 

Coloquei meu celular no bolso, querendo evitar que Lisa pegasse, já que sua curiosidade poderia ser grande a esse ponto, mas me surpreendi quando vibrou outra vez, tirei do bolso para ver que era Frank de novo. 

 

Sinto sua falta. 

-F

 

Meu coração pareceu se aquecer e me vi em um misto de sensações, decidi responde-lo da mesma forma. 

 

Também sinto sua falta, Frankie. 

-G 

 

Não tive tempo nem de continuar com um sorriso bobo no rosto ou pensar sobre hoje à noite. Ray simplesmente entrou pelas portas de vidro, pude sentir Lisa estremecendo ao meu lado por ainda não ter ido levar os papéis na sala dele, apesar de já ter terminado de fazer o que havia pedido. 

-A reunião foi cancelada. –Ray disse enquanto se aproximava. –Os documentos estão em minha mesa? –Lisa negou e jogou a desculpa que estava indo levar agora, mas Ray apenas esticou o braço e ela o entregou. Ele me olhou. –Você vem comigo. 

Seguiu rumo as portas do elevador, me apressei para levantar e contornar a bancada, andando rapidamente até ao lado dele, ele me olhou de esgrelha e sorriu, continuei com os olhos fixos na porta de metal que não demorou a abrir e logo estávamos os dois sozinhos ali dentro. Lembrei-me da vez que ele disse sobre querer transar comigo no elevador, mas só não fazia por sempre ter pessoas vigiando as câmeras. Sorri com essa lembrança, fazendo-o me fitar curioso. 

-Está rindo de que? –Perguntou. 

-Só me lembrei sobre seu fetiche com elevadores. –Soltei, provocante, fazendo-o morder o lábio inferior e sorrir. 

-Estou pensando em dar um dia de folga para os vigilantes para nos divertimos um pouco aqui. –Ele apertou minha bunda discretamente, tomando um cuidado imenso para as câmeras não pegarem isso. 

A porta do elevador se abriu e duas mulheres bem vestidas entraram, nos cumprimentando rapidamente. O problema com a sala dele ser no último andar, é que sempre éramos atrapalhados quando as provocações começavam no elevador e o caminho parecia ficar mais longo para que nos atracássemos logo de uma vez. Ray estava impaciente quando o elevador parou em mais dois andares. 

Quando chegamos, ele foi diretamente até a mesa, colocando os papéis em cima e pediu para que eu trancasse a porta, fiz isso e me movi até próximo a ele, esperando que me beijasse ou somente apoiasse as mãos em minha cintura como sempre fazia. Mas dessa vez ele só me olhou e suspirou. 

-Minha esposa está desconfiando. –Soltou, como se isso não fosse tão chocante. Arregalei meus olhos assustado. –De alguma forma ela descobriu que eu não tive reunião ontem, então deduziu que eu estava com alguma mulher. –Ele riu rapidamente, vendo graça em algo sério. –Ainda bem que ela está errada, não é?

-E agora? –Perguntei em quase um sussurro. –Nós não podemos continuar com isso, Ray. –Um nó se formou em minha garganta e me senti um pouco mal por isso. –Você vai se meter em problemas. 

Tudo o que eu queria escutar é que ele se separaria dela para ficar comigo, mas sabia que isso nunca aconteceria. Ray tinha uma reputação a manter, seria uma bomba para todos se descobrissem que o grande CEO está com o simples recepcionista da empresa.

-Tanto faz. –Deu de ombros. –Você me deixa relaxado, Gerard. Não quero parar com isso agora. –Sua sinceridade me afetou, fiquei aliviado por saber que ele não desistiria tão fácil, mas preocupado com a proporção do perigo que corríamos. –Quando for a hora certa, a gente para. 

Assenti, aceitando aquilo, afinal, eu sempre aceitava tudo o que Ray propunha. 

-Bom, agora vem cá. –Ray me abraçou pela cintura, e sorriu abaixando-se um pouco, já que ele era alto o bastante para ser maior que eu, e me beijou lentamente. Da forma gostosa que ele tinha de dizer que não passaríamos daquilo. Ele tentou se afastar, mas eu mordi seu lábio inferior, fazendo-o rir contra minha boca e apertar minha cintura. Assim que o beijo acabou, ele me olhou com um certo carinho que me deixou com as bochechas aquecidas rapidamente. –Podemos jantar juntos hoje? –Perguntou, colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha. –Minha esposa foi hoje cedo para a casa dos pais no Texas, não teremos com o que se preocupar. 

O sorriso dele foi tão lindo que eu quase disse que jantaria com ele e depois do jantar poderíamos ir a qualquer lugar que quisesse, mas por sorte Frank veio a minha mente antes de confirmar qualquer compromisso. Entortei a boca involuntariamente, como se fosse culpado de algo, Ray me olhou questionador, então decidi explicar antes que houvesse algum mal-entendido. 

-Eu tenho um compromisso hoje à noite. –Minha voz falhou no meio da frase por conta do nervosismo. Senti os braços de Ray afrouxando em minha cintura, mas mantendo as mãos apoiadas, ele continuou a me fitar. –Desculpa. 

-Um compromisso? –Ele parecia não estar acreditando. –Mas você nunca tem um compromisso. 

Ouch! Obrigado Ray por me dizer que não tenho uma vida social. 

-É que um amigo meu que mora na Califórnia está aqui em Nova York e combinamos de nos encontrar hoje. –Dei de ombros, incerto de sua reação. Tudo o que recebi foi suas sobrancelhas se erguendo e a expressão pensativa. 

-Hm. –Resmungou e fitou qualquer coisa que não fosse meu rosto, ainda parecendo pensar. –Eu posso ir também? 

Não! 

-Pode. 

O que tem de errado comigo? Porque nunca conseguia dizer “não” a ele?

Ótimo! Agora teria meu chefe em um bar junto a Frank, o que deveria ser somente um reencontro, agora se tornaria uma bagunça e um Gerard completamente aflito. 

Quando deu o horário de eu ir embora, me vi satisfeito por Ray vim até mim e oferecer uma carona. Lisa já havia ido embora, então não precisamos evitar flertes descarados, mas sem afeto demais por conta das câmeras. No carro, ele fez perguntas amenas sobre Frank, do tipo “De onde vocês se conhecem?”, “Porque ele se mudou?”, “Faz muito tempo que não se veem?” e coisas assim, de vez em quando afagava minha coxa, mas nada com segundas intenções. Quando chegamos ao meu prédio, ele disse que subiria comigo para esperar que eu me trocasse, também disse que iria do jeito que estava por pura preguiça de ir para casa e se arrumar. 

Não era a primeira vez que Ray estava em meu apartamento, então não me preocupei em deixa-lo sozinho na sala quando fui para o quarto escolher uma roupa, tomar banho e me trocar. Assim que fiquei pronto, encontrei-o deitado no sofá, assistindo algum documentário chato sobre animais selvagens e os olhos quase se fechando em meio à sua expressão sonolenta. 

Quando notou minha presença, ele sorriu, mas não moveu nenhum músculo para levantar. Sem pensar duas vezes, deitei-me por cima de seu corpo, os braços grandes dele me envolvendo imediatamente. Com os nossos rostos rentes, dei um selinho rápido em seus lábios. 

-Você não precisa ir se não quiser. –Eu disse, na verdade minha vontade era de implorar que ele não fosse, mas isso seria maldade de minha parte. –Pode ficar dormindo aqui, acho que não vou demorar. 

-Não, eu vou. Só estou um pouco cansado. –Disse passeando as mãos por minhas costas, deixando-me arrepiado. Ray beijou minha bochecha e deslizou o nariz pelo local. –Você está tão cheiroso, estou começando a pensar que esse Frank é mais do que apenas um amigo. –Comentou, me fazendo rir e manear a cabeça, voltando a selar nossos lábios lentamente. –Vamos logo, antes que eu dê um jeito de tirar essa sua roupa aqui. 

Decidimos ir a pé mesmo, já que o bar era na esquina da rua em que morava. Ray optou por deixar o paletó e a gravata em minha casa, ficando apenas com a camisa de botão preta um pouco aberta e a calça social, fazendo a promessa de que passaríamos essa noite em meu apartamento. 

Obviamente não demoramos a chegar, senti uma eletricidade estranha percorrer meu corpo assim que abri a porta do bar, fazendo-me estremecer visivelmente. Fiquei ansioso de repente, meus olhos logo percorreram por toda extensão do local procurando-o. Meu sorriso quase rasgou meu rosto quando vi aquela figura pequena já tão conhecida por mim. Estava sentado no mesmo banquinho alto da última vez, observei suas costas tensionadas sob a camisa preta enquanto andei rapidamente até ele. Confesso que esqueci completamente da existência de Ray, então não sei se ele me seguia. Apenas fui até Frank sem olhar para trás e sem arrependimentos.

Meu coração estava descontrolado quando parei atrás dele e coloquei uma mão em seu ombro para chamar sua atenção. Ele já se virou com um sorriso semelhante ao meu, com um toque de rubor nas bochechas, não hesitou em descer do banquinho e me abraçar fortemente. 

-Porra, que saudade! –Frank disse em meio ao nosso aperto caloroso, não queria mais solta-lo, mas sabia que uma hora ou outra isso deveria ser feito. Fechei meus olhos, suspirando e sussurrando em seu ouvido um “Senti sua falta”, fazendo-o rir baixinho perto da minha orelha. –Acho que não quero mais te soltar. 

-Nem eu. –Respondi, fazendo nós dois rirmos, mas ao contrário do que dissemos, nos soltamos. 

Olhei todo seu rosto, e era ele, completamente igual a antes, Frank parecia nunca mudar ou envelhecer, a não ser por sua barba rala que estava começando a crescer e a remoção do alargador na orelha que ele mantinha desde os quinze anos até a última vez que nos vimos, tirando isso, era o mesmo Frank. 

Ray tossiu querendo chamar atenção, vi Frank encarando-o com as sobrancelhas erguidas e quase ri de como Ray pareceu constrangido. 

-Ah, desculpa, quase esqueci. –Falei puxando Ray para o meu lado. –Frank, esse é Ray. 

Assim que Ray mostrou um sorriso enorme e disse um “prazer em conhece-lo” esticando uma mão para um cumprimento, Frank apenas continuou a fita-lo como se não entendesse o motivo da presença de Ray ali, e bom, tecnicamente ele não era para estar ali. 

-Vamos nos sentar. –Apontei para uma mesa, tentando ao máximo fazer aquele clima estranho acabar. Seguimos para o lugar em que indiquei e chamei uma garçonete para pedir cervejas, Stef não trabalhava mais lá, então precisei fazer amizade com as novas funcionárias apenas para não perder o costume. –Então Frank, como você está? –Perguntei afim de quebrar o silêncio. Frank ainda olhava Ray um pouco estranho, principalmente quando ele apoiou o braço no encosto de minha cadeira, tocando meu ombro com a mão. 

-Acho que estou bem. –Frank respondeu franzindo o cenho ao ver Ray alisando meu ombro em um ato carinhoso e quase imperceptível. –Eu e Steve não estamos mais juntos, ainda estou me acostumando a isso. 

-Sério? –Fiquei bastante surpreso, na última vez Frank disse que estavam pensando em casamento e tudo mais. 

-As coisas ficaram complicadas entre a gente, então achei melhor ir embora. –Deu de ombros. –Essa é a minha especialidade quando se trata de amor. –Falou tão baixo, que provavelmente não queria que ninguém escutasse, soando um tanto melancólico, mas de uma hora pra outra um sorriso enorme abriu em seu rosto. –Mas tenho uma notícia boa, recebi uma proposta para trabalhar em uma gravadora aqui em Nova York, é uma empresa bem maior e vou ganhar mais também. Estou aqui para conhecer a gravadora e assinar o contrato. 

-Então você vem morar aqui? –Minha animação foi tão evidente que provavelmente o bar inteiro escutou, Frank assentiu e riu. –Isso é ótimo, você não vai ter mais que atravessar o país para me ver.

As bebidas chegaram e bebericamos o liquido rapidamente, olhei para Ray para verificar se ele estava bem, mas tudo o que vi foi sua expressão emburrada e um tanto incomodado, perguntei se ele estava bem, mas ele só afirmou com a cabeça e voltou a tomar a cerveja. 

-E você Gerard? –Frank puxou conversa outra vez. –As coisas melhoraram? 

-Está tudo perfeitamente bem. –Me ajeitei em meu assento, voltando a ficar animado. –Superei aquela história com Brian mais rápido do que imaginava e consegui aquele emprego. –Ray se mexeu ao meu lado e o olhei sorrindo. –E você está diante de meu chefe nesse exato momento. 

-Ray é seu chefe? –Frank franziu o cenho olhando para Ray, que apenas sorriu. 

-Sim. –Confirmei. –Enfim, acho que as coisas estão ótimas mesmo. –Dei de ombros e dei um gole em minha cerveja. 

Frank parecia inquieto, olhando vezes seguidas para o braço de Ray em volta de mim, mas desviou o olhar para a caneca de cerveja envolta por seus dedos tatuados. Ele suspirou e sorriu parecendo se lembrar de algo. 

-Lembra do Bert? –Perguntou sorrindo abertamente, esperando a minha reação. Fiquei um pouco espantado pela menção do garoto que já fazia um tempão que não pensava nele. 

-Meu primeiro namorado? –Frank assentiu e riu. –O que tem ele? 

-Encontrei com ele mês passado. –Deu de ombros como se fosse algo irrelevante, e levou a caneca até os lábios, mas sem beber, apenas escondendo seu sorrisinho. Fitei-o estático, esperando por mais. –Ele foi passar as férias com sua noiva em Long Beach e curiosamente eu moro perto do hotel em que ficou hospedado. 

-Sério? –Minha mente ficou a mil, quase como se isso fosse algo inacreditável, e eu apenas sorri. –Ele tem uma noiva? 

-Pois é, seu príncipe encantado vai casar com uma loira muito gostosa. –Fez questão de ressaltar esse detalhe, nos fazendo gargalhar e finalmente Ray também riu. 

Fiz muitas perguntas sobre como Bert estava, não é porque não deu certo nosso relacionamento que não quero que ele seja feliz e com todas as informações que Frank deu sobre sua noiva, Robert parecia estar realizado. E nos mantemos assim, conversando amenidades, bebendo cerveja, Frank olhando para Ray como se fosse fuzila-lo a qualquer momento, Ray calado e apenas se movendo para tirar o braço do meu encosto para apoiar em minha coxa por baixo da mesa, e eu estava exageradamente alegre por Frank mudar para Nova York. 

Quando chegamos a nossa quarta caneca de cerveja, já me via falando besteiras e relembrando coisas da adolescência com Frank, tendo Ray apenas rindo e fazendo comentários curtos, em um certo momento Ray se aproximou de meu ouvido para avisar que iria ao banheiro e se levantou, afastando-se. 

Frank se debruçou, apoiando os braços na mesa, me olhando um tanto questionador quando Ray estava longe o bastante para não ouvir. 

-Então você está namorando com seu chefe? –Perguntou, não consegui ler sua expressão naquele momento.

-Não, nós não estamos juntos. –Dei de ombros, ficando um pouco sem graça. Nunca havia falado sobre isso com alguém. –É só que... 

-Que...? –Tentou me encorajar e eu suspirei, apoiando os cotovelos na mesa. 

-Não é nada demais, a gente só fica juntos algumas vezes, nada muito especial. 

-Tem certeza disso? Eu vi o jeito que você olha pra ele de instante em instante, para ter a certeza se ele está bem. É o tipo de preocupação que Steve tinha comigo. –Frank disse firme, me deixando pronto para rebater, mas ele continuou, com a voz em um tom mais baixo. –Gerard, ele tem uma aliança no dedo. Você está se relacionando com um homem casado? 

Esfreguei as mãos em meu rosto me sentindo incomodado. Quando esse fato estava apenas em minha mente, não parecia algo tão errado, mas agora que estava saindo da boca de outra pessoa, era quase como se tivessem dado um soco diretamente em meu coração. Isso era tão complicado de explicar, e eu não estava pronto para isso, nem um pouco pronto. Será que Frank entenderia que as coisas aconteceram naturalmente e quando dei conta do que estava acontecendo, eu e Ray já estávamos fodendo em uma cama, e que isso me fez sentir bem e satisfeito por colocar um sorriso sincero no rosto de Ray? Não sei como chegamos a essa fase de sair juntos para jantar, mas tudo entre nós fluía facilmente, apenas esquecíamos que ele tinha uma vida com uma mulher e pronto, ambos felizes. 

-Apenas tome cuidado, Gerard. –Frank parecia realmente preocupado. –Essas coisas nunca acabam bem. 

-Fica tranquilo, estamos sendo discretos. 

-Tudo bem, eu confio em você. 

Ray voltou para a mesa e continuamos aos assuntos que não incluía meu relacionamento proibido. Não duramos mais do que uma hora quando Frank anunciou que estava cansado por conta da viagem e precisava voltar para o hotel, nos despedimos com um abraço apertado e frases sussurradas com promessas de que nos veríamos em breve, o sorriso dele fazendo o contraste com toda a saudade que senti de tê-lo comigo outra vez. Ray e Frank apenas apertaram as mãos e resmungaram um “tchau”. 

Estava me sentindo mais leve depois desse encontro, Frank me deixava assim, desde sempre ele tinha esse dom de me acalmar e isso era incrível. Assim que ele seguiu caminho contrário que eu faria, virei-me para Ray ainda sorrindo, efeito de como Frank havia me deixado, mas Ray me encarava com a testa franzida, sem falar nada começou a andar, me deixando estático na calçada. Corri um pouco para alcança-lo, um tanto preocupado com seu humor. 

-Ei, o que foi? –Perguntei assim que consegui agarrar seu braço para que parasse de dar passadas tão largas, ele continuou calado, nem sequer olhou para mim, agora andando um pouco devagar. –Ray, fala comigo, aconteceu alguma coisa? 

Se ele queria silencio, então preferi respeitar, talvez em meu apartamento ele se sentisse mais confortável para fazer isso. Era obvio que algo tinha o incomodado e que isso o deixou irritado de repente, não estava gostando disso. 

Quando entramos no apartamento, tudo o que ele fez foi se sentar no sofá e soltar o ar pela boca, como se estivesse tirando um peso enorme das costas. Fiquei parado um pouco longe dele, fitando-o curioso, esperando que dissesse algo e foi aí que ele me olhou com uma expressão entristecida. 

-Ele gosta de você. –Falou com tanta obscuridade, fazendo-me prender a respiração e continuar a fita-lo em dúvida. –O Frank, ele realmente gosta de você, entende? –Repetiu para garantir que eu estava ouvindo. 

-O que? De onde você tirou isso? –Estava chocado com sua acusação. –Nós somos amigos, ele nunca sentiu nada por mim. 

-Tem certeza? –Seu tom questionador fez-me estremecer, eu assenti não muito confiante. –Ele estava se mordendo de ciúmes, Gerard. –Se encostou no encosto do sofá e posicionou um pouco mais relaxado, sem tirar os olhos de mim. –Ele te olha como se você fosse a última jujuba vermelha no mundo. 

-Jujuba? Que ótima comparação. –Ri e me aproximei, sentando ao seu lado, Ray riu fraco e apoiou a mão em minha coxa, olhando para o deslizar que começou a fazer. –Você está vendo coisa onde não tem, Frank não gosta de mim, eu conheço aquele garoto. 

Ray riu levemente e se deitou, acomodando a cabeça em minha coxa, minhas mãos institivamente foram para seus cachos, em um cafuné, fazendo-o ronronar timidamente enquanto fechava os olhos se entregando a minha caricia. 

-Você me disse no carro que tinha certeza que Frank era heterossexual e de repente ele aparece namorando um cara... –Abriu os olhos para me olhar enquanto terminava a fala. –Eu acho que você não o conhece tanto quanto pensa, não é? –Fez uma pausa, me deixando aflito com tudo o que estava falando. –Pelo menos não conhece os sentimentos dele. 

Raymond Toro foi homem que tive um relacionamento proibido, mas não apenas isso, ele foi o homem que abriu meus olhos para algo que sempre esteve bem diante de mim, mas nunca parei para enxergar. Aquela noite não transamos, Ray apenas dormiu em minha cama em um sono profundo e eu tive meus pensamentos infestados por Frank e nossas lembranças. Foi naquela noite que percebi que algo maior estava me esperando e que Ray foi apenas a porta de abertura para me levar até o caminho certo.



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