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História Space Opera - Eles vão acreditar nessa história?


Escrita por: Kori

Capítulo 19 - Eles vão acreditar nessa história?


Foi preciso mais quatro dias para aprender ser a pessoa que ele era no futuro.

Ruka havia dito que ele precisava desmentir o que havia dito. Mas Bakugo não imaginou que os exames realizados há algumas semanas na clínica do Doutor Horikoshi fosse justamente para esse propósito. Havia uma redução volumétrica dos lóbulos temporais e do hipocampo.

Infelizmente esses exames eram reais. E foram comparados com os exames de Katsuki Bakugo daquela linha do tempo. O Doutor Horikoshi o diagnosticou antes da última viagem ao qual ele se perdeu. Depois de tantas idas e vinhas no futuro e passado, Katsuki Bakugo desenvolveu uma anomalia no cérebro, que ainda não possuía qualquer estudo direcionado, já que ninguém em todo o planeta viajou tanto em uma máquina do tempo quanto ele.

— Então, como vamos resolver isso? — Bakugo segurava o envelope branco com as imagens da ressonância magnética de Katsuki e as dele. — Digo, quando eu voltar para meu tempo e ele retornar para esse futuro? Se é que isso será possível. Eu vou voltar e poderei fazer o que eu quiser?

Ruka estava sentado em sua cadeira, enquanto o médico os observava em silêncio.

— Ainda temos mais uma missão. — Ruka disse, olhando para a tela do computador. — Depois disso, teremos uma chance, provavelmente quando Katsuki fizer a última viagem, eu vou abrir o portal. Mei está calculando o momento exato para isso. Eu vou ampliar meus poderes e formarei dois portais, um para ele e um para você.

— E então acaba?

— Eu não sei — Ruka virou a cabeça com um olhar caído. — Algo me diz que isso nunca tem fim.

Bakugo suspirou. Ele pensou sobre isso nas últimas horas. Leu todos os arquivos do tablet de Katsuki e revisou alguns vídeos.

— Mas, não se preocupe. — Ruka se levantou, com um sorriso. Ele caminhou até Bakugo, e apoiou a mão no ombro dele. — Quando você retornar, tudo não vai passar de uma lembrança que um dia vai desaparecer.

Bakugo estreitou os olhos na direção dele.

— Eu vou me esquecer? — Ele perguntou, sério.

— Meu irmão tem um poder muito delicado. — Ruka virou-se para o médico. — O doutor foi quem o diagnosticou.

O médico moveu a cabeça, concordando com ele.

— Haru possui um dom muito especial, ele pode extrair lembranças de outras pessoas. Até mesmo implantar.

Bakugo entendeu o que Ruka queria dizer, era Haru quem ajudava Katsuki a se lembrar de tudo o que ele esquecia cada vez que retornava das viagens no tempo. Mesmo assim, ele manteve os vídeos de diário.

— Mas, então por que ele não é aluno das turmas de heróis? — Bakugo perguntou, recordando-se que o próprio adolescente disse que ele não possuía poderes.

— Haru não sabe de seus poderes. Ele não tem um registro de poder como das outras pessoas, ele só foi diagnosticado quando o sensei nos acolheu. Infelizmente o garoto não possui controle do próprio poder e tudo é feito com ele inconsciente.

— Espera, Haru tem uma família. Eles não trabalham a noite? — Bakugo balançou a cabeça, como ele poderia não ter pensado sobre isso antes? Era tão suspeito uma família que não parecia dar muita atenção ao filho.

— Eles não são nossos pais verdadeiros, são apenas pessoas que o sensei paga para cuidar de Haru. Eu sei que parece muito horrível, mas o próprio Haru bloqueou suas memórias, ele sequer se lembra de ter vivido no submundo com os vilões. Nem mesmo eu sei o que aconteceu com ele quando nos separamos quando nosso pai morreu. O doutor disse que é possível que ele tenha sofrido um trauma e usou o próprio poder para se esquecer.

— Exatamente. — O médico deu alguns passos, ele olhou a hora e disse que precisava retornar para a clínica. Disse também que estaria disponível para tudo o que Bakugo precisasse, ou se eventualmente Katsuki retornasse.

***

Retornar era uma palavra que Bakugo estava começando a temer. Ele não tinha certeza sobre o que aconteceria quando retornasse para seu tempo. Isto é, se ele retornasse. Porém, agora deveria se preocupar com o retorno para casa, ou melhor, para Deku.

Nos últimos dias ele passou enfurnado naquele buraco com Ruka. O rapaz pediu para ele liberar um dinheiro para comprar mais equipamentos e Bakugo precisou entrar em contato com seu gerente em um dos bancos internacionais. As transferências acima de um milhão, na maioria dos países, são controladas pelos bancos centrais e auditadas. Bakugo, no entanto, possuía uma conta especial na Coreia do Norte, onde as leis eram diferentes para quem detinha influência. Ele descobriu que a cevada ao qual ele comprava, era plantada em suas propriedades no país.

A quantidade de dinheiro que Ruka solicitou seria transferido em dez dias de forma facilitada por um general.

Quando chegou na casa da sogra, Bakugo ouviu a voz da filha chamando o cachorro. Ele fez pouco barulho ao tirar os sapatos e colocou a sacola de compras em cima da mesa. Havia passado em uma loja e comprado um presente para cada um deles. Era o que Katsuki faria naquela linha do tempo.

A voz de Midoriya causou um arrepio no corpo de Bakugo. Ele falava com a mãe, explicando algo de forma detalhada.

Bakugo respirou fundo e andou até a varanda, para ver a família no quintal.

— Papai voltou. — Kimi falou animada, correndo na direção de Bakugo. O cachorro foi correndo atrás dela.

Ele então suavizou sua expressão no rosto e sorriu para a filha, pegando-a no colo assim que ela se aproximou e saltou.

— Como está a minha princesa? — Perguntou, sentindo-se nervoso, mas não poderia transparecer aquilo para eles. Afinal, precisava desempenhar o papel de Katsuki.

— Papai, eu estava brincando de caçar borboleta. — Kimi desceu do colo dele e mostrou as borboletas desenhadas no caderno. — Mas eu só desenhei, eu não matei nenhuma.

Bakugo apoiou um dos joelhos no chão e inclinou a cabeça para frente, apertando o queixo de Kimi. Ela sorriu para ele. Em seguida, Izuku e sua mãe se aproximaram.

Inko, como sempre, foi gentil com ele e o cumprimentou carinhosamente. Bakugo recordou-se dos presentes e entregou para Kimi um boneco de pelúcia do herói Shoto e para a sogra, um lenço colorido.

— Obrigada, querido. — Ela disse e o beijou no rosto. Bakugo sorriu para Inko e prometeu que iria ajudá-la preparar o jantar mais tarde.

Depois de conversarem brevemente, Izuku se aproximou dele com os braços cruzados e um olhar curioso.

— O Doutor Horikoshi veio ontem em casa esclarecer tudo. — Izuku disse, ele caminhou pela varanda, enquanto Bakugo o seguia para conversarem a sós. — Ele disse que você o procurou e por isso ficou tanto tempo longe. Por que não me avisou? Eu fiquei preocupado, até Raika sabia onde você estava, mas me enganou. Você tem noção de como me sinto?

Bakugo crispou os lábios, mas não demorou muito para inclinar a cabeça e sorrir. Ele se lembrava muito bem de como era o sorriso de Katsuki nos vídeos que assistiu, cada vez que falava de Midoriya. Só não sabia se iria fazer igual. Ele ainda fez alguns testes com Ruka, que criticava todos os seus pequenos movimentos estranhos, até ele conseguir convencê-lo.

Era por isso que, quando ele sorriu naquele momento, os olhos verdes de Midoriya se arregalaram e ele deu um passo para trás, descruzando os braços.

— Sinto muito, amor. — Bakugo disse, sua voz era mais baixa e amorosa. — Eu estava com vergonha e com medo de tudo o que aconteceu e fiz você passar.

— O médico não deu detalhes, mas disse que você tem uma condição rara no cérebro. — Midoriya começou a falar sem parar e Bakugo aproximou-se dele e o abraçou. — Kacchan...

— Sinto muito, me perdoe. — Bakugo sentiu as mãos de Izuku tremerem ao tocar sua cintura, abraçando-o de volta. — Aquele acidente mexeu comigo, eu não tinha ideia do que estava acontecendo, mas agora está tudo resolvido. Eu não vou mais te machucar.

— Kacchan, o que aconteceu? — Midoriya o olhou, havia lágrimas escorrendo de seu rosto. Bakugo segurou a mão dele e o chamou para se sentarem em algum lugar confortável. Recordava-se de ouvir Katsui dizer que sempre que voltava de alguma missão ou viagem, passava horas conversando com Midoriya.

Eles entraram no quarto e Bakugo pegou o presente que comprou para ele.

— Veja, é um broche do All Might, acho que você ainda não tem esse. — Ele disse e Izuku sorriu, secando as lágrimas.

— Acho que não tenho. — Ele pegou o broche e segurou por algum tempo em silêncio, enquanto Bakugo explicava o que vinha sentindo nos últimos dias. Alguns flashes de memória apareciam em sua mente, mas ele relutava pela verdade, até que refez seus passos pela cidade e encontrou o local onde eles tiveram o primeiro encontro depois que começaram a namorar oficialmente.

— Mas a cafeteria não estava mais lá. — Ele disse, sentando-se do lado de Midoriya na cama e o abraçando. Era muito comum o toque entre eles, por isso Bakugo precisava seguir também essa recomendação. Ele também beijou Deku no ombro e depois segurou seu rosto, mas o marido virou-se para guardar o broche no guarda-roupa.

Bakugo soltou o ar preso pela boca, ele estava nervoso com a ideia de beijar Deku mais uma vez.

— Então, como você recuperou sua memória? — Deku perguntou, virando-se para olhar ele. Bakugo estendeu a mão e chamou-o para voltar a se sentar. Dessa vez, ele segurou Deku e o colocou em seu colo, apoiando a mão em uma das pernas dele.

A perna direita que foi amputada e possuía a prótese.

— Fiz muito exames e depois passei por algumas sessões de reconstituição mental com o doutor. Eu sei que foi egoísta, mas eu não queria que você tivesse falsas esperanças caso não desse certo.

Ele seguiu com a explicação que o médico havia orientado. Houve uma época em que alguns heróis tiveram suas mentes controladas por um seleto grupo de vilões e isso levou o governo a trabalhar para a recuperar suas memórias. Esse equipamento ficava a disposição da elite pro-hero. E não seria difícil para alguém como Bakugo conseguisse acesso a tal equipamento em sigilo. Por isso Midoriya acreditou nele.

Ao contar essa parte para Deku, os pensamentos de Bakugo foram formando algumas teorias. Ele ficou curioso do motivo de não ter revelado que Haru era uma criança com dom. E, pensando melhor, era compreensível que o menino não tivesse sequer um registro de poder. Primeiro porque seu pai era um vilão e ele sequer sabia que o filho possuía tal poder. Em segundo, a sua habilidade era poderosa demais para deixar nas mãos de qualquer pessoa. Haru seria mais uma das muitas crianças que o governo levaria para suas agências especiais.

Ao terminar de falar tudo o que supostamente havia acontecido com ele nos últimos dias, Bakugo pediu desculpas para Deku mais uma vez. Ele segurou as mãos quentes do herói e as beijou, deslizando os lábios sobre os dedos dele. Isso, na verdade, foi um impulso não planejado.

Quando ergueu a cabeça, encontrou um sorriso gentil nos lábios de Midoriya.

— Kacchan, eu estou feliz que você está de volta. — Deku falou e o abraçou.

As mãos de Bakugo alisaram a cintura de Midoriya, ele apoiou a cabeça no ombro do marido e aspirou o cheiro gostoso que vinha de seu corpo. Ouvia os sussurros de Izuku, falando que sentiu tanto medo das semanas que se passaram. Pedindo desculpas em seguida por ter duvidado dele. Principalmente pela briga que tiveram no apartamento.

— Quanto a isso, Raika encontrou um comprador. Vamos vender o apartamento e comprar uma casa em Hirokai. — Bakugo moveu os lábios, enquanto observava a boca de Midoriya se mexer, tentando dizer algo.

— Tem certeza? Você não prefere morar em outro apartamento?

— Dessa vez, você decide onde vamos morar.

No tablet de Katsuki, havia um registro de propriedade, era uma das muitas escrituras que ele possuía. Aquela mansão foi construída por ele, usando dinheiro dos investimentos ocultos, por isso não constava em seu imposto de renda.

Dessa forma, Bakugo levaria Deku para aquele endereço em breve e faria uma compra. Isso mesmo, ele compraria a casa que ele mesmo construiu, usando o dinheiro da venda do apartamento. Assim, o dinheiro seria devidamente declarado para a justiça, sem o perigo de ser acusado de sonegação fiscal.

— Você sabe que esse bairro é um dos que eu mais gosto, mas é muito caro, acho que estamos precisando puxar o cinto. A nossa empresa já está aberta, eu tenho medo do que possa acontecer no futuro.

Isso era um outro problema que Katsuki criou apenas como cortina de fumaça. A verdade era que ele mesmo comprou todas as ações de sua companhia, usando laranjas. As mãos de Bakugo alisaram mais o corpo de Deku, apenas para ele não perceber que estava nervoso.

Bakugo pensou um pouco sobre todos esses crimes. Afinal, eram crimes, não importa de qual espécie. Ou seja, obter informações privilegiadas de venda na bolsa de valores, por exemplo, era um crime financeiro. Ele levava vantagens com informações do futuro e passado para ganhar dinheiro. Só que ninguém poderia provar.

No entanto, para não prejudicar o mercado financeiro, Katsuki comprava ações de várias outras empresas. Isso parecia mais uma ação realizada por alguém se sentindo culpado.

Ainda no colo de Bakugo, Midoriya falava sobre algumas ideias que teve para a casa deles.

— Vamos resolver tudo isso, ok? — Bakugo disse, sorridente, e deu alguns tapinhas na coxa de Izuku, que se levantou.

— Precisamos liberar o apartamento, vou mandar Raika resolver a mudança.

— Espera, vamos uma última vez lá. — Bakugo falou, ele queria ver o apartamento só mais uma vez. — Tenho que limpar meu cofre.

Ele sorriu de novo e sentiu o maxilar doer de tanto sorrir. Quando um silêncio se abateu sobre os dois, e Izuku se aproximava dele com um olhar afetuoso, Kimi apareceu e salvou Bakugo.

Ele piscou para Deku e depois pegou Kimi no colo, indo brincar com ela.


Notas Finais


Bakugo vai estrear a nova temporada de Crimes do colarinho branco :v kkkk


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