Meu rosto estava em choque. Meus olhos estavam tão arregalados que temi que a bolinha branca de meu olho saltasse pra fora.
— família complicada essa, né?! - minha voz saiu nervosamente, com leve tom de ironia.
Agora ele já não precisava mais de palavras amorosas, de um conforto ou ombro amigo. Sua vida se tornou amarga depois de tudo isso, não seria eu que mudaria tudo com palavras dóceis.
— Ele não quer você, quer a mim! Você irá sair daqui viva, entendeu? - Me olhou tão profundamente que meu corpo se arrepiou totalmente.
— Ele pegou meu dispositivo, me sequestrou e agora vem falar que ele não me quer? - me fingi de ofendida.
— Isso tudo foi pra chegar até mim. Ele sabia que eu iria vir para te buscar. - suspirou cansado, até entendo, quando quero consigo ser bastante insistente.
— Mas ele quer que eu mude o controle de voz, ele precisa de mim! - insisti
— Kylie para de pensar na porra do dispositivo por um minuto, por favor? - suplicou exausto de tanta implicância minha.
Assenti derrotada. Jungkook se sentou ao meu lado, sem me preocupar se estava sendo inconveniente ou não, deitei minha cabeça em seu ombro. O moreno nada fez, pelo contrário, contornou seu braço em meu ombro, me trazendo para mais perto de si.
— Ele é tão poderoso assim? - perguntei observando como o lugar estava deserto. Todos os capangas estavam mortos, os meninos espalhados aos arredores, sem preocupações em seus rostos. Com uma grande brecha dessas não tinha mesmo como fugirmos?
— Ele manda em tudo por aqui Kylie. Mesmo se quisermos sair do galpão, a duzentos metros terá mais uma tropa sua, e na fronteira todos os civis estão em sua folha de pagamento, nem se quisermos, conseguiremos sair daqui.
— Me conta o que ... aconteceu entre vocês, por favor? - estava receosa sobre querer ser tão intrometida em sua vida, mas já que era pra ser um final, qual o problema de saciar algumas curiosidades.
— Estávamos indo até o Porto para pegar nossa mercadoria que estava vindo de barco diretamente do México, uma quantidade grande de anfetaminas. Foram três carros; no primeiro Jay ia dirigindo e eu o acompanhava, no do lado meu pai dirigia e dois capangas o acompanhavam e no último, havia cinco capangas...
Narrador:
Jungkook estava animado pelo pai ter deixado-o ir pegar o carregamento que havia chego do Novo México. Ele estava crescendo e sentia que já confiavam nele o bastante para deixá-lo ir, fazendo assim, Jungkook deixar de de ser o garotinho ingênuo que todos o taxam.
Apesar de já ser maior de idade e estar prestes a se casar com o amor da sua vida, ele ainda era o mais novo da família, com que todos se preocupavam é só o deixavam saber das coisas bonitas do negócio da família, a parte feia ficava por conta de Jay, o filho mais velho.
— Está gostando do passeio Jungkook? - Jay perguntou, sorrindo para o irmão.
— Estou ansioso para saber como é todas essas coisas que vocês fazem. - comentou completamente alegre, para Jeon, aquilo era mais legal que o passeio a Disney que fazia quando pequeno. — Já imagino quando eu puder mandar em todos, fazer parte de tudo isso diretamente, ser tão respeitado quanto nosso pai é.
Jungkook estava ocupado demais fantasiando toda essa situação que nem reparou quando o sorriso do irmão morreu, a ganância falou maior naquele momento.
— Com certeza. - falou por fim, sem dar mais ênfase nesse assunto. — Sabe Jungkook, eu tenho medo se caso você fique no controle de tudo isso, um dia. - Jeon ficou confuso com a fala do irmão, ele se esforçava tanto para parecer capaz de tomar os negócios do pai.
— Por que?
— Você é muito ingênuo, caro irmão. E também, combina mais com você abrir uma ONG para os mais necessitados do que saber comandar uma máfia na cidade inteira. - seu tom rude e superior fizera com que o mais novo ficasse de coração partido. Jay era o maior exemplo do moreno, através dele vinha sua força de vontade e determinação para que se tornasse igual ele, ou melhor.
— Pois irei te provar que está muito enganado sobre mim! - A entonação usada na voz deixava claro a raiva do menor sobre a suposição do irmão.
— Creio que não terás tempo pra isso, irmãozinho. - Falou. A testa de Jungkook franziu, aquilo parecia uma despedida, soava estranho.
— Como assim?
— Se você sobreviver, talvez possa me provar algo. - Riu, uma risada diferente de todas as outras que já vira seu irmão dar.
Estava a tentar processar a estranheza do irmão quando Jay joga o carro que estão em direção ao do seu pai, que estava ao lado dele. Antes mesmo que pudesse entender o que aconteceu, o senhor Jeon perdeu o controle do veículo e fez com que derrapasse sobre a pista e por fim; caiu no barranco ao lado.
— V-ocê... o que... - Jungkook estava apavorado com que vira, seu irmão havia mesmo acabado de matar o próprio pai?
Jay sorriu maroto para o irmão. — Mande lembranças ao nosso pai. - e antes que Jungkook pudesse processar sua fala, Jay apontou a pistola em sua direção e atirou duas vezes em sua barriga, o enxotou do veículo e o deixou no chão, desacordado e sozinho no meio do nada, sangrando.
Uma senhora estava passando por ali com sua velha e confortável caminhonete, quando avistou o pobre menino desacordado no meio da estrada ...
— ... e então eu acordei no hospital e a partir daquele dia, minha vida mudou completamente.
— Uau ... - minha boca se abriu pasma com aquela história, era difícil acreditar que o próprio irmão havia feito aquilo, por ganância, poder.
Fiquei a imaginar se minha irmã fizesse isso comigo, mas... ela não faria né? Claro que não!
Ou talvez, sim?
— Ele me deixou vivo uma vez, mas dessa vez, eu sei que ele não irá repetir isso.
— Ele teve tantas chances de matar você Jungkook, não matou porque não quis! - retruquei
— É mais divertido pra ele brincar de gato e rato. Ele é o gato, e eu, o rato que sempre se esconde.
— E por que vive se escondendo dele? Encara de frente e o confronte igual irmãos, deem um basta nisso.
— Eu não sou igual ele Kylie. Eu não tenho coragem de matar meu próprio irmão. - suspirou
Não o julgo, também não teria coragem, mesmo minha irmã sendo o carrasco que era.
— tem que haver algo para fazer, um lu...
— Está tudo bem! Eu aceito meu fim, estou tranquilo se for morto agora. - me olhou tão intensamente que senti vontade de abraçá-lo e chorar feito um bebê, no entanto, Jeon pode estar um doce agora mas, o medo de ser empurrada por cometer uma ação tão impulsiva.
— Você me promete uma coisa?
Respirei fundo. Aqui parecia uma despedida e só deixava tudo uma merda. — o que?
— que vo...
— Sentiram saudades? - Jay adentrou o grande galpão com seus diversos capangas. Observou como o lugar estava, a chacina que havia formado e olhava seus homens sem um pingo de remorso ou compaixão. — Vejo que andaram ocupados. - tocou levemente o pé do corpo sem vida de seu ex-funcionário. Seu olhar de nojo era visível para todos.
Que ser humano desprezível.
— Sabe, eu vou pegar leve com vocês. Pense nisso como um bônus por terem sido inteligentes de não fugirem, afinal, eu os mataria antes de chegarem perto da fronteira. - Gargalhou. Pegou uma cadeira e se sentou de frente para todos nós, todo desleixado. — Agora docinho, mãos à obra. - Sorriu ladinho pra mim. Colocou a mão dentro do palito caríssimo e de lá tirou o pequeno chip vermelho. Meu dispositivo. Foi chegando com sua mão perto de mim, agilmente corri com meu braço para pegar, porém, seu reflexo estava mil vezes melhor que o meu que recuou o braço a tempo e não poupou de rir da minha cara. Eu era uma tonta mesmo. — Não seja burra, assim, quem sabe eu poupo sua vida.
— Eu não vou trocar merda nenhuma pra você, seu merda! - pude ouvir o suspiro dos meninos logo atrás de mim.
— Olha aqui sua imunda! - agarrou meu braço fortemente fazendo meu rosto ficar bem perto do seu. — Você vai fazer sim o que eu mando, se não ... - deixou sua fala morrer, me tirou do meu acento bruscamente, aos tropeços, me levou até uma mesinha no galpão com um computador ao lado. Aquele não era qualquer computador, era o velho e antigo que sobrou do meu avô.
Merda.
Fiquei a olhar para os equipamentos como quem não queria nada, o fazendo ficar irritadiço.
— Ou você faz logo isso, ou eu ..
— Vai fazer o que? - o desafiei, farta daqueles joguinhos.
— Eu mato ela.
Apontou sua pistola em direção a mini van atrás de si, que logo abriu sua porta de correr e pude deslumbrar daquela pessoa assustada. Seu rostinho denunciava que havia chorado muito, estava presa por um durex muito resistente e sua boca tampada.
Meus olhos se arregalaram, minha boca tremia mais que tudo. Os meninos não entenderam minha reação, não estavam vendo a mesma cena que eu.
Mas fora eu falar uma coisa que a feição de Jungkook se transformou completamente.
— Jihyo...?
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