História Spies - Capítulo Único

Mesmo após dias desde a sua última missão, a dor que o agente sentia em seu corpo ainda estava lá. O latejar e as fisgadas eram um pouco incômodos, mas não era nada do que ele deveria se preocupar. Apesar dos pesares, havia outros tipos de dores em seu corpo, porém, eram dores boas e isso era resultado da mulher que estava deitada em seu peito. Fazia muito tempo desde a última vez em que se viram. Quando finalmente tiveram um tempo a sós, simplesmente não resistiram ao seus desejos. As respirações se misturando, as sensações de prazer, cada declaração que deixaram escapar, apenas os deixaram em paz. Esses eram os únicos momentos em que eles poderiam ser quem eles realmente queriam, no entanto, várias coisas se passavam pela cabeça do agente. Porque as coisas deveriam ser assim? Não há uma forma de reverter essa situação? Seu corpo e seu psicológico já estavam destruídos.

"Eu desperto para o desassossego"

– O que passa nessa cabeça de fios loiros? – A espiã que estava descansando depois do ato pergunta curiosa.

– Não é nada. Apenas pensamentos que não tem importância alguma. – O agente diz tentando enganar a espiã e a si mesmo. 

– Não tente me enganar, Leon. Eu te conheço muito bem e sei que você está incomodado com algo. – O agente acaba rindo com a resposta. Suas tentativas sempre acabam sendo falhas. Ada sabia cada uma de suas expressões, não havia alguma forma de tentar escapar disso.

O agente perturbado com os pensamentos que vinham à tona acaba desistindo. Kennedy se solta do corpo de Ada e senta em sua cama. Ele queria dizer tudo o que sentia para ela, tudo o que ele vem aguentando nesses últimos anos, tudo o que ele sente em relação a eles e sobre esse "relacionamento complicado" que tinham, mas sempre guardava para si mesmo. Talvez por medo? Medo dela ir e não voltar mais? Mesmo assim, havia uma coisa que ele deveria perguntar, pois se não fosse agora, seria em nenhum momento.

– Como você consegue viver assim? – O mesmo diz em um tom sério.

– O quê? – Com um olhar confuso, Ada se senta ao lado do agente.

– Como você consegue viver assim? Sendo uma fugitiva? Com nove países atrás de você o tempo todo? Como? 

– Você sabe que não deveria perguntar essas coisas. 

– Eu não me importo. Eu apenas quero saber como consegue viver desse jeito. 

– As coisas são complicadas, você sabe disso. 

"E você se sente tão mal porque sabe que os espiões se escondem em cada canto."

 – Você se esconde em cada ponto de escuridão. – O agente acaba dizendo em um tom mais sério do que deveria. Aquilo mostrava sua dores.

O clima tenso pairava no ar, o silêncio que antes era algo relaxante se tornou um incômodo para os dois. Leon não encarava Ada por estar com raiva, e Ada não o encarava por se sentir culpada. Culpada por fazer ele estar nesse estado. Muitas vezes ela acreditou que seria melhor para os dois ficaram longe um do outro. Essa dor era uma coisa que a corroía a muito tempo. 

Se sentindo incomodada com a situação, Ada se levanta pegando suas roupas que estavam espalhadas pelo chão as vestindo. Ela queria ir embora, queria fugir, queria sumir para não ver Leon daquele jeito. Afinal, fugir era uma das coisas que ela sabia fazer muito bem. 

O agente percebe a atitude da mulher a sua frente e faz o mesmo seguindo para sala. Ela estava tão perturbada quanto Leon. Porém, o agente conseguiu alcançar a espiã fechando a porta a tempo impedindo que a mesma fuja mais uma vez.

– Me responde! – Ele diz em um tom magoado.

– Ninguém é livre, Leon – Ada não conseguia olhar em seus olhos. A espiã estava se sentindo suja por isso.

"Somos todos fugitivos"

– Olhe o jeito que vivemos. – Ada diz depois de alguns minutos. – Você é preso ao governo americano e eu a uma organização que se eu dizer o nome, tudo estará em risco. – Ela finalmente o encara com um olhar de tristeza.

Era raro as vezes em que ela o encarava desse jeito, ele sabia que ela sempre tentou ao máximo esconder isso, mas agora não havia o porquê disso. Afinal, a sua dor era a dor dela. Cedendo a toda essa discussão, Leon apenas se move até o sofá de seu apartamento se sentando nele tentando por um breve momento esquecer tudo.

– Eu já tentei pensar em uma solução, mas ela é praticamente impossível – Ada diz indo até o agente sentando ao seu lado. Ela percebe o hematoma em seu braço esquerdo e o acaricia tentando aliviar as coisas. – E isso machuca tanto a mim quanto a você.– 

O agente apenas a encarar observando a cor de seus olhos, simplesmente era um dos mais lindos que ele já viu. Isso o deixava mais leve, mas nesse momento, não era o suficiente.

– Na realidade, eu nem sei mais o que me machuca. Depois todo esse tempo, parece que até estou anestesiado.– Leon diz em um tom cansado abaixando a cabeça.

Sentido uma agonia enorme dentro de si, Ada apenas se move sentando no colo de Leon, segurando sua face obrigando o mesmo a encarar. A expressão em seu rosto mostrava a enorme exaustão que sentia. Seus olhos que antes brilhavam como duas safiras, agora se encontra em um tom vazio, mostrando toda sua agonia.

– Como você mesmo disse… Eu sou uma fugitiva. – Ada diz entrelaçando seus dedos nos fios loiros de Leon.

 "E se não nos escondermos aqui, eles vão nos encontrar."

Após um breve momento, o agente apenas a abraça tentando encontrar algum tipo de conforto dentro si, tentando acalmar esse caos que havia dentro de sua mente. Ada apenas em silêncio encosta sua testa na de Kennedy fechando seus olhos.

– Eu sempre vou me esconder na escuridão, Leon. – A espiã diz quebrando o silêncio. – Mas uma coisa eu lhe garanto… Eu nunca mais vou fugir do que realmente sinto por você. – Após a confissão, Ada apenas sela seus lábios nas de Leon. 

Ele apenas precisava disso para ficar completamente em paz. O beijo que começou calmo se intensificou, o encaixe de suas línguas fazia o corpo de ambos estremecer. Quanto mais o beijo se aprofundava, mais forte se abraçavam não deixando nenhum tipo de espaço se quer. 

– Bom, está meio tarde e eu tenho que ir embora amanhã de manhã, mas ainda resta algumas horas. – A espiã fala assim que o beijo acabou, recuperando o fôlego. 

– Então o que você sugere? – O mesmo pergunta com os lábios trabalhando no pescoço de Ada.

– Vamos até o quarto que eu te mostro… – A mesma diz em um tom malicioso.

"mostre me o caminho certo"

Não demorou muito para que os dois estivessem no quarto se amando novamente, se beijando com toda paixão tinham, dizendo o que realmente sentiam um pelo outro. Ada adormeceu abraçada ao corpo quente de Leon, e o mesmo a observava acariciando seus cabelos. Ele sabia que ela não estaria mais em seu apartamento de manhã, mas depois das palavras que saíram de sua boca, ele estava se sentindo bem. Ada sabia o que ele sentia por ela, e o mesmo sabia o que ela sentia por ele. Após essa noite, Leon não via a hora de se reencontrar com sua amada.

"E os espiões sairam da água"

"e você se sente tão bem porque sabe"

"que aqueles espiões se escondem em cada canto"

"eles não podem te tocar, não"

"Porquê eles são apenas espiões"

"eles são apenas espiões."