História Srta. Cavendish - Doloroso adeus

Um silêncio desesperador reinou no ambiente, enquanto Diana e Andrew trocavam olhares amargos e Akko permanecia com o olhar baixo, encolhendo seus ombros e entrelaçando seus dedos, incerta sobre como agir.

Andrew deu um passo para frente, aproximando-se de ambas, vendo Akko recuar um pouco. Ele suspirou e então levou sua mão a gravata, apertando a mesma em seu pescoço.

— Eu não acho que tenha o direito de vê-la depois de tudo que aconteceu na noite passada. Sinceramente, assim que notei o que diabos havia feito naquele labirinto, no mesmo segundo queria...— Ele apertou os punhos, desviando seu olhar ao chão. —... Morrer. Akko, você tem todo o direito de não querer mais me vê, eu entendo que deve estar enojada. Me arrependo verdadeiramente de tudo. — Murmurou com a cabeça baixa.

Diana franziu seu cenho, cerrando seus dentes, está se segurando para não soltar uma bomba em cima de Andrew, quer transformá-lo em um ratinho e então entregar para um gato comer, mas por Akko, está tentando se manter sã.

Akko finalmente encontrou olhar com Andrew, fazendo uma expressão melancólica no mesmo segundo. Ela ficou em postura, tentando largar sua atitude amedrontada, Andrew não é nenhum monstro, não pode mostrar medo. A acastanhada tentou refletir sobre o que falar, mas todas as palavras que havia guardado para falar naquele momento haviam sumido, como se aos poucos deslizassem por um tobogã chamado nervosismo.  

— Eu deveria ter ao menos esperado seu consentimento, ou se não, simplesmente não ter feito nada. Queria que tivesse uma maneira de poder voltar no tempo. Jamais repetiria isso, jamais ousaria toca-la sem antes saber sua opinião sobre...

Akko cerrou suas mãos, algo na frase do rapaz lhe incomodou de verdade. Ela de repente ergueu sua face, com os cenhos franzidos e lágrimas nos olhos. A acastanhada desviou de Diane e então caminhou pesadamente na direção do rapaz, este que ficou um pouco receoso sobre o que estava por vim, porém se manteve em postura. Akko parou na frente do rapaz ainda com uma expressão irritada e melancólica, com suas bochechas coradas e molhadas.

Diane permaneceu observando a namorada visivelmente preocupada.

— idiota!! — Exclamou de repente a menor, com os ombros encolhidos, punhos cerrados e olhos prensados. Tanto Diane como Andrew arregalaram seus olhos. Atsuko ergueu suas mão e então começou uma sequencia de socos fracos no peito do maior. — idiota, idiota, idiota!!! — as lagrimas começaram a escorrer ainda mais, ela aumentou a força dos seus socos até parar de repente a agressão. A menor encostou sua testa no peito do maior, sentindo seu coração apertado. —  Você me assustou tanto, eu fiquei com tanto medo, senti como se você tivesse cravado uma adaga em minhas costas, pois toda minha confiança foi para o ralo de uma só vês!— Exclamou ainda com os olhos prensados. Andrew estava estático, fitando a menor com os olhos arregalados e pernas levemente bambas.

— A sensação de alguém que você ama fazendo algo tão ruim foi simplesmente decepcionante e horrível...— seus soluços atrapalhavam sua frase. Andrew sentiu seus olhos marejados, ele curvou suas sobrancelhas em tristeza. — eu realmente quero não precisar mais te vê, não quero te perdoar, porque o que você fez foi desprezível. — murmurou. A cada palavra, mais Andrew sentia seu coração se despedaçando, a ponto de a dor em seu peito se tornar insuportável.

Diana permaneceu observando ambos séria e irritada, fitar Andrew lhe deixa irritada. Tem vontade de soca-lo.

— Akko... Eu...— o maior fechou seus olhos, finalmente deixando suas lágrimas escorrerem por suas bochechas. Ele não sabia o que falar, parece que nada que possa dizer fosse capaz de resolver as coisas, dificilmente sentia medo das coisas ao seu redor, mas agora estava com medo, Andrew Hambridge estava com medo, medo de perder Akko para sempre.

— O problema é que... Eu... Simplesmente não consigo fazer isso.— ela levou sua mão ao peito, apertando seu uniforme. — Eu te amo Andrew, não dá maneira que você me ama, mas eu te amo e você é alguém muito especial para mim. Eu tecnicamente não tenho uma família, mas eu sempre vi meus amigos como parte de minha família. E por isso eu não sei o que fazer... Eu queria poder te odiar, mas não consigo. — Afirmou, fazendo o jovem sentir um misto de felicidade e profunda tristeza.

Ele abaixou sua face, sem saber o que falar ou como reagir. — Eu... sinto muito...

Akko se afastou do garoto, ela estava séria porém com os olhos marejados e afiados.

— eu quero deixar claro para você agora, Andrew. Eu não aceito namorar com você e eu nunca seria capaz de aceitar. Nem se incomode em pedir meu consentimento porque eu simplesmente, NUNCA daria meu consentimento para realizar nada do tipo com você. Nunca iria querer beijar outra pessoa além daquela que amo! — Akko franziu se cenho— Você fez eu duvidar da minha fidelidade e isso me deixou muito irritada! Você me machucou e isso me deixou muito magoada! E acima de tudo, você estragou completamente o meu primeiro encontro com a Diana! — o garoto no mesmo segundo ergueu seu olhar, fitando Diana com um olhar misto de surpresa e tristeza. Diana nem sequer trocou olhares com o rapaz, estava muito ocupada fitando Akko aflita e inquieta.

Ele aos poucos foi abaixando sua visão de forma derrotada, seus longos ombros caíram, Andrew prensou seus lábios fortemente, seu coração havia quebrado, a dor era imensa e o fazia querer sumir. Observar aquele olhar irritado daquela em sua frente só o fez se sentir ainda pior por acha-la tão linda da maneira que estava. Se ele já não tinha chances com Akko antes, agora sim tudo estava acabado, ele havia perdido para Diana Cavendish, mas não era isso que o deixou em pedaços, era o fato de saber que Atsuko não estaria consigo até o fim, que no final das contas, quem estará ao lado de Akko para sempre, será Diana e não ele. Parece que os Hambridge não conseguem tudo o que querem, e talvez, Andrew tenha percebido isso só agora.

O silêncio durou por alguns segundos, enquanto o rapaz tentava se recuperar da informação sobre Diana e Akko. Até que finalmente conseguisse juntar forças e coragem para falar.

— Eu... — seu olhar direcionou-se aos olhos vermelhos marejados. — Acho que o mínimo que posso fazer é facilitar as coisas para você. — Andrew segurou suas lágrimas, não pode se dá ao luxo de chorar mais, o único culpado de tudo isso foi ele. Não foi capaz de ganhar o coração de Akko, mesmo com toda sua beleza, autoconfiança, Akko não lhe escolheu e tudo isso era frustrante. Sempre teve todas as garotas que quisesse, pois todas sempre foram superficialmente apaixonadas por ele, porém Akko era diferente. Ela nunca demonstrou superficialidade para com o rapaz, e talvez isso seja um dos motivos de ela, entre todas as outras garotas, ser a escolhida do coração de Andrew, pois finalmente havia achado alguém que não ligava para sua aparência e sim para seu interior. Mas ele havia estragado até mesmo a visão de seu interior, tornando-se um babaca que a beijou sem consentimento algum, era como se finalmente tivesse percebido e se dado conta de o quão estupido foi sua vida inteira. Como poderia imaginar que conseguiria fazer Akko se apaixonar por ele? Akko, uma garota tão doce, engraçada, determinada e única, pessoas tão especiais como ela merecem pessoas igualmente especiais. Não alguém vazio que passou sua vida inteira sem saber quem realmente era, vivendo somente pelo dinheiro e prestígio. O rapaz enviou seu olhar a Diana. A herdeira da família Cavendish, Diana Cavendish, uma das moças mais belas que já viu, uma menina com uma pele pálida igual porcelana, bochechas naturalmente coradas e madeixas suavemente loiras. Passou toda sua vida pensando que Diana era igual a ele, mas parece que não. Ela deve ser tão especial quanto Akko para a pequena ter se apaixonado tão perdidamente, e finalmente ele havia se tocado disso, ele não era especial. Novamente segurou as lagrimas.

— E facilitando as coisas para você. Não precisará ter que me afastar, eu posso ir embora por mim mesmo. Não quero mais que você fique se corroendo na dúvida sobre me ter ou não por perto após aquilo. Eu decido isso por nós dois. — seu olhar estava completamente opaco. Akko arregalou seus olhos com a frase.

Andrew intercalou seu olhar entre Akko e Diana. O mesmo parou na acastanhada a sua frente, esta que está fazendo uma expressão surpresa e melancólica. Admirar os traços levemente infantis, seus cílios longos molhados por suas lágrimas, os olhos vermelhos brilhantes lhe fizeram soltar um sorriso cheio de mágoa e tristeza. E sorrindo, o maior ficou em postura, segurando as lágrimas com o olhar vazio.

Akko balançou sua cabeça para os lados e então deu um passo para frente.

— Andr...

— Eu espero que você consiga passar de ano. — o maior levou sua mão a cabeça de Akko, fazendo um cafuné na mesma com um sorriso doloroso. Akko ergueu o olhar para observa-lo, sentindo as lágrimas rolarem. — Eu quero que saiba que você é uma das pessoas mais incríveis que já conheci, me desculpe por fazê-la chorar, por atrapalhar o encontro de vocês e por todo o resto. Talvez você só grave em sua memória aquele momento ruim, mas eu garanto que irei lembrar de todos os dias felizes que passamos juntos durantes esses anos de amizade. — de repente veio a cabeça do garoto o dia em que se conheceram, lembra-se se Akko tentar usar metamorfose porém fracassar desastradamente, ambos quase morreram. Lembrar das orelhinhas de coelhos, os berros e as confusões desse dia fizeram o rapaz rir. — Espero que você seja feliz e se torne uma bruxa tão forte quanto aquela sua ídolo. — talvez tudo seja mais fácil assim, ambos não irão mais sentir dor se simplesmente não se virem mais. — Eu te amo, Atsuko Kagari. Diana é muito sortuda por ter você ao lado dela. — ele enviou seu olhar na direção da loira. — faça ela feliz, Diana. — Afirmou sorrindo. A Cavendish estava séria, somente balançou sua cabeça positivamente com um olhar compreensivo.

Antes que Akko pudesse dizer qualquer coisa, o garoto levou suas mãos ao bolso de sua calça e então começou a andar para longe, entre passos arrastados e curtos. Andrew prensou seus lábios para conter as lágrimas. Tudo bem, tudo ficaria bem contanto que Akko estivesse feliz, isso que importa nesse momento.

Akko olhou para Diana com uma expressão aflita, a loira retribuiu de forma serena, sabe como aquilo deve ser doloroso para ambos, mesmo que Andrew tenha machucado muito Akko, a acastanhada é bondosa e fiel o suficiente para se sentir muito mal com a separação.

Ela fechou seus olhos com pressão e então deu um passo longo para frente, esticando sua mão. — Andrew...

— eu espero poder vê você nas revistas de bruxas um dia. Até mais baixinha, sentirei saudades. — Interrompeu a menor. Ele parou seus passo e então olhou para trás, mostrando um curto sorriso para Akko, antes de volta a andar pelo corredor e virar sua face para frente, finalmente deixando as lágrimas deslizarem por suas bochechas.

Akko permaneceu com o braço esticado por alguns segundos, sentindo sua mão tremer levemente, observando Andrew se afastar aos poucos, uma distância que ela sente como se não pudesse quebrar. A mesma estava com seus olhos arregalados, tudo aconteceu tão rápido que não sabe como se sentir. De repente Diana colocou sua mão sobre o ombro de Kagari, assustando-a com aquilo. Akko fitou os olhos azuis aflita, ela viu a Cavendish lhe oferecer um sorriso acalentador e tristonho, no mesmo segundo Atsuko fechou seus olhos com pressão e então se virou, abraçando a loira fortemente, afundando seu rosto do ombro da maior. Diana correspondeu ao abraço no mesmo segundo, fechando seus olhos também e confortando com todo amor a bruxa. Akko soltou um pouco sua voz durante o choro. 

Diana fez um cafuné na cabeça da acastanhada, sentindo ela fungar e chorar em seu ombro. Akko estava se sentindo aliviada, aliviada porque de fato não queria a presença de Andrew após aquilo, vê-lo lhe fazia sentir náuseas. Mas mesmo assim não consegue evitar a dor no peito de imaginar que não serão mais melhores amigos. Porque ele havia feito aquilo? Algo que durou alguns minutos destruir uma amizade de anos? É ridículo.

Diana afastou um pouco a menor, desmanchando o abraço para observar o rosto de Akko. Ela fitou os rubys atentamente, brilhantes como sempre, porém ainda mais por conta das lágrimas que se enchem. A Cavendish enxugou as bochechas de Akko com os dedos.

— Diana... — Sussurrou com as sobrancelhas curvadas em melancolia.

A Cavendish olhou rapidamente para os lados, antes de depositar seus lábios sobre os de Akko, sutilmente e carinhosamente. Akko fechou seus olhos, sentindo as lágrimas rolarem.

A loira assim que se separou do beijo, tornou a abraçar sua namorada, um abraço quente e confortável. E mesmo ao meio toda tristeza e frustração, Akko se sentiu melhor, ainda muito triste, porém um pouco menos agora. Então aquilo era um adeus? Não imaginou que fosse doer tanto. Ela apertou o abraço e fungou, sentindo o cheiro de caramelo invadir sua narina.

— Eu te amo. — Sussurrou Akko abafadamente.

Diana abriu seus olhos, fitando o jardim um pouco a frente. — Eu também.