História Stamp shirts - Capítulo ? (Aka cineminha parte 2 e um dia eu posto direito)

William Solance era o perfeito "encontro perfeito". Ele tinha um sorriso perfeito. Um cabelo perfeito. Gostos perfeitos. Ele misturava pipoca doce com salgada, assim como Nico, por todos os deuses. 

E Nico certamente não sabia como lidar. 

Parte dele queria se enfiar cada vez mais na jaqueta de aviação até sumir, enquanto a outra ansiava por aproveitar cada segundo de Solance. Eles estavam saindo. No cinema. Ele e Will. Nico tinha a sensação que de repente as câmeras apareceriam e tudo não passaria de uma pegadinha. 

Como Will poderia mesmo estar tão genuinamente interessado nele? 

Will tinha pego em sua mão pelo menos quatro vezes antes do filme, e se recusado a soltá-la quando entraram na sessão. E, espera, como foi que sua cabeça tinha parado no ombro dele? Não que Nico estivesse reclamando. O calor do corpo de Will era reconfortante. Se pudesse, Nico nunca mais sairia dali. 

Era como se estivessem em uma bolha própria, o filme passando sem ser completamente processado. Nico sentiu os dedos de Will se enroscarem em seu cabelo e quase derreteu. Ele estava recebendo cafuné de Will Solance. Era absurdamente mágico demais. 

E como todas as coisas mágicas, o momento acabou. Eles saíram de mãos dadas, mas pouco depois Will soltou sua mão. Nico tentou não fazer muito caso daquilo. Quando Will chamou Magnus para buscar comida, claro, foi bom que pode falar com Alex, mas era inevitável sentir o vazio. Como ter o sol apertado contra o peito em um segundo, e no seguinte ele fosse jogado para outra galáxia. 

Não ajudou muito o drama de filme romântico água com açúcar de Alex e Magnus em plena praça de alimentação. Eles não se beijaram, mas eram olhares tão intensos que Nico quase desviou o olhar.  Até porque eles já tinham se beijado. Eles já tinham se beijado, e até aquela manhã sequer iriam vir ao encontro. O encontro que deveria ser de Nico, Nico e Will. 

Will parecia estar se segurando para não bater palmas e chamar ainda mais atenção para o casalzinho. Magnus provavelmente teria um treco. Quando os dois voltaram, Will não parou de encher o saco do melhor amigo enquanto comiam sorvete (que, no fim das contas, Alex realmente foi comprar). Nico dizia a si mesmo que não estava sendo deixado de lado. 

Will era perfeito. Era carinhoso. Era divertido. Eles gostavam de coisas em comum. 

Will era uma pessoa maravilhosa, e seria uma pessoa maravilhosa com quem lhe interessasse. Mesmo que não no sentido que Nico queria. 

Milhares de diálogos possíveis passavam em sua cabeça. Todos terminavam com alguma variação de "você é legal, mas não me sinto desse jeito. Vamos ser só amigos." A insegurança de Nico também fazia questão de listar todos os seus defeitos e que era um milagre Will Solance ter sequer pensado em sair com ele. 

Como se ele merecesse alguém como Solance. Como se merecesse alguém. Nico não deveria nem estar ali. Não deveria nem ter saiado de casa. Não deveria ter mandado aquela mensagem. Não deveria-

Will Solance estalou os dedos na frente do seu rosto. 

— Hey, Terra para Nico. 

Will estava sorrindo. Nico esqueceu por um momento seu looping mental auto-degradante, tudo por um sorriso. 

— Magnus e Alex foram dar um pulo na livraria, bem, Magnus foi dar um pulo na livraria e levou Alex, e achei que podíamos...

— Podíamos? — Nico sentiu seu coração palpitar. Will tentaria beija-lo? Talvez ele não fosse um desastre completo, no fim?

— Não sei, tem uma loja de games aqui perto — o coração palpitante se Nico foi parar no chão. — Você gosta de Mitomagia, né? Acho que ainda vendem cartas lá. Quer ir? 

— Ah, claro — Nico sorriu como pode, não que Will fosse perceber seu desânimo. Ele deveria parar de se iludir. 

A loja realmente não era longe, mas durante todo o caminho Nico só conseguia pensar em quando Will pararia de enrolar e quebraria seu coração definitivamente. Só queria acabar logo com aquilo e ir para casa chorar por ser tão péssimo. 

Nico não estava apaixonado por Will. Mas não era isso que importava. Will representava o cara perfeito que Nico gostaria de ter na sua vida, o cara que sua insegurança sempre lembrava que nunca teria. Era difícil para Nico encontrar boas qualidades em si mesmo. Era difícil acreditar que alguém veria qualquer coisa boa nele. Alex era uma das poucas pessoas que podiam fazer com que se sentisse bem consigo mesmo, ainda que por pouco tempo. Se, ou melhor, quando Will o rejeitasse, seria um longo trabalho para a de cabelos verdes tirar Nico dos mortos. 

Foi por um flash de canto de olho que Nico percebeu a dita loja de games ficando para trás. Antes que pudesse dizer algo, Will agarrou sua mão e o puxou para um corredor vazio que dava para os banheiros. Olhos azuis encararam os negros, e Nico ficou sem reação diante de tanta intensidade. 

— Você quer ir pra casa? 

Então era isso. Nico tentou preparar seu psicológico. 

— Você pode ir. Eu me arranjo com o Alex depois. 

— Eu tô perguntado se você quer ir pra casa, Nico. 

Nico levaria anos para aprender a mentir para aqueles olhos. 

— Eu... Não.

— Você gostou da minha companhia? 

Will continuou direto e incisivo. Nico desviou os olhos e acenou com a cabeça. Will pegou suas mãos.

— Eu amei a sua companhia. Fazia tempo que eu não me divertia tanto com alguém, a exceção de Magnus. 

— Mesmo? 

— Mesmo. Você quer me beijar? 

Nico pode sentir seu corpo ficar quente. Ele queria. Ele queira. Ele seria péssimo nisso. Não importava. Iria decepcionar Will. Will não era do tipo que o julgaria por isso. Will finamente iria ver o quão insignificante Nico era.

— Eu quero beijar você — Will cortou sua corrente de pensamentos.

Nico respirou fundo.

— Eu quero beijar você, mas também não quero. Quer dizer... — Will pareceu sem jeito, tentando se explicar. Nico achava que teria um colapso a qualquer momento. 

— Você não precisa...

— Não, olha, eu quero. Mas eu já fiquei com gente o suficiente, já tive ficante fixo o suficiente pra saber com quem isso funciona e com quem não. E eu não acho que funcione com você, Nico.

Nico não achava que nada funcionaria com ele, mas guardou para si. 

— O que eu tô tentando falar é que eu quero muito beijar você, mas também quero dar uma chance pra isso aqui. E acho que beijar você, agora, vai atrapalhar isso. 

— Você quer, tipo, "se conhecer melhor"? — Nico fez aspas com os dedos.

— Acho que dá pra por desse jeito — Will sorriu de canto. 

Nico tentava processar o que estava acontecendo. 

Will queria ele. Will queria ele. Deuses. Will. Queria. Ele. Will queria dar uma chance. Nico achava que poderia morrer. 

— Eu... gosto da ideia de dar uma chance. — tomou coragem pra continuar — Mas gosto da ideia de beijar você também. 

Will riu. 

— Bem, não é como se a gente tenha que ficar no celibato um ano inteiro. E... 

Ele esticou a mão e puxou Nico pela blusa. Eles se aproximaram e encontraram seus lábios levemente. Um selinho. Apenas um selinho, mas era a primeira vez que Nico teve uma boca encostada na sua. Nico sorriu, e Will sorriu também, radiante como o sol. Nico não pode evitar de que seu peito se aquecesse com uma leve esperança. 

Talvez William Solance não fosse quebrar seu coração.