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História Stay (Fique) - Snamione - Perdidos


Escrita por: surviana

Notas do Autor


Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor desse texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas à JK Rowling.
Por favor, não me processem, eu só peguei emprestado para pura diversão.

Capítulo 10 - Perdidos


No trajeto inteiro até a estação de metrô, a cabeça de Hermione latejava , mas ela não diminuiu o passo até chegar lá. Não se deu ao trabalho de olhar para trás, se Ron a alcançasse, estaria desarmado e ela duvidava que ele a enfrentasse quando ela estivesse portando uma varinha e ele não. Pelo menos, era o que esperava que ele acreditasse. Ela não usaria magia, mesmo com ele ameaçando-a, mas torcia para que ele não soubesse disso.

Uma onda de tontura abateu-se sobre ela, seguida de uma forte sensação de que iria desmaiar. Segurou-se no corrimão da escada do metrô e balançou a cabeça como se quisesse agitar sua própria pressão sanguínea. Controlou a respiração e deu mais alguns passos em direção a plataforma de embarque. O piso da plataforma pareceu rodar quando Hermione a alcançou, e ela foi obrigada a apoiar-se na parede para não cair no chão. Não ajudou muito, pois a própria parede parecia se desmanchar sob suas mãos quando a vertigem a atingiu ainda mais forte.

Um grupo de garotas barulhentas cruzou com ela, vindo em direção a mesma plataforma e uma delas se aproximou.

- Você está bem? Está com cara de que vai desmaiar. - perguntou a desconhecida com uma genuína preocupação na voz.

Hermione piscou para ela.

- Sim… eu estou bem.

A garota não pareceu muito convencida.

- Você não está com uma cara muito boa, tem mesmo certeza que está bem?

Hermione confirmou com a cabeça.

- Não é nada. Só estou um pouco zonza.

A garota colocou um braço reconfortante nos ombros de Hermione para ampará-la até um dos bancos da estação.

- Vamos. Lhe ajudo a sentar.

Uma dor repentina e aguda fez com que Hermione apertasse o próprio estômago e se engasgasse. Hermione dobrou-se sobre o próprio corpo.

- Você realmente não está bem. - disse a garota enquanto a colocava suavemente sentada.

Hermione a viu gesticular para que o restante do grupo se aproximasse, antes da sua dor aumentar vertiginosamente e ela sentir algo ácido subindo do fundo da garganta. A tontura agora atingindo um nível absurdo.

- É só meu estômago. - gemeu.

- Você quer que chamemos uma ambulância? - Uma das meninas perguntou.

Hermione ia responder que não, mas justo nesse momento a acidez em sua garganta atingiu sua boca e ela vomitou sangue sobre os próprios pés.

- Ah meu Deus! - Uma das garotas exclamou se afastando.

- Liga para emergência agora! - Gritou a que a amparava.

Hermione ouviu um barulho de discagem telefônica e a voz de uma das meninas soar desesperada para a atendente.

- Aguenta firme. - Uma voz sussurrou para ela no exato instante em que a escuridão a engoliu.

oOoOoOo

Uma das mãos de Aída estava pousada sobre seu braço esquerdo, enquanto Severo conversava com os jornalistas. O toque em si não o incomodava, mas a perspectiva de que fotos com ela, parecendo tão íntima dele, estariam circulando nas edições de amanhã, lhe causava um absurdo desconforto.

Granger não lê jornais bruxos. O pensamento dançou sobre sua mente antes que ele pudesse impedir. Ele bufou, irritado com o próprio cérebro. A risada alta de Aída o atingiu e ela pousou a outra mão livre sobre seu peito. Severo viu o flash da câmera bem neste momento e piscou irritado.

- Apague essa. - rosnou para o repórter.

- Como? - O homenzinho sussurrou em resposta.

- Você me escutou.

- Esta ficou realmente fantástica, o senhor tem certeza senhor Snape?

A mandíbula de Severo estava dura e imóvel.

- Apague.

- Podemos tirar outra? - tentou o repórter.

Severo apertou os lábios em uma linha fina, como se não acreditasse por completo na ousadia dele. Aída saiu em seu socorro.

- Apague, por favor. E acho que por hoje é suficiente, obrigada a todos vocês, mas Severo precisa dar atenção à outras pessoas agora. - ela dispensou os repórteres e saiu puxando Severo para longe do grupo de jornalistas em direção a um dos cantos do salão.

- Seu humor está encantador. - disse ela.

- Eu deveria estar exultante com toda essa atenção?

- Não, mesmo. - ela soltou uma risadinha antes de completar com uma voz sedutora. - Mas achei que me ver, o animaria. - a bruxa saiu andando na frente dele, claramente exibindo-se.

Severo sempre considerou essa incansável exuberância de Aída interessante, afinal, ela era realmente atraente, popular e parecia sempre estar disponível para ele. Em todos os outros momentos que se cruzaram na vida, terminaram a noite aparatando para o apartamento de um dos dois e dormiram juntos. Hoje no entanto, somente a preocupação com uma outra bruxa preenchia sua mente.

- Não estou com cabeça hoje, Aída.

- Por que não? Foi o nervosismo da noite?

- É, confesso que estou completamente nervoso. - ele respondeu ironicamente.

- Ah, vem cá! - Ela o empurrou para uma dos anexos laterais do salão e o abraçou, apertando o rosto dele contra o peito dela. - Eu pensei que estava morto esse tempo todo, Severo. Porque você se escondeu de mim? Fui eu quem lhe falei sobre o Mito da Poção da Vida.

- Era algo a ser feito sozinho, Aída. - ele disse enquanto tentava delicadamente escapar do abraço dela.

- Bobagem, Severo. Nós formávamos uma grande dupla. - ela disse, o olhando nos olhos. - Ainda podemos retomar essa parceria.

- Talvez. - ele respondeu hesitante.

Aída finalmente percebeu o incômodo na voz dele. Segurou suas mãos e entrelaçou os dedos ao de Severo, pousando-os ao lado do próprio corpo.

- Qual é o problema, querido?

Severo deu de ombros.

- Ainda tenho assuntos pendentes esta noite. - disse sucintamente.

Ela pareceu pensar na resposta evasiva dele.

- Nós ficamos ótimos juntos, eu e você, você sabe disso não é?

Ele acenou afirmativamente com a cabeça e, sem que tivesse esperando, ela o beijou. Um beijo tão forte que parecia como se ela estivesse carimbando um documento.

- Deixarei a lareira aberta para você mais tarde, para depois das suas... pendências. - sussurrou no ouvido dele quando parou o beijo e com um rodopio do vestido, saiu da sala em direção ao salão de eventos novamente.

Severo a acompanhou com o olhar. Assim que ela saiu, ele deu um suspiro e apertou o crânio com os dez dedos antes de recolocar sua máscara sarcástica e enfadonha no rosto e voltar ao salão.

Observou a multidão em busca de um rosto amigo, mas não encontrou nenhum. Inevitavelmente, sua mente desejou que Granger ainda estivesse ali. Mas, ela não estava mais e só os bruxos remanescentes daquela plateia desconfiada o olhavam de volta. Severo vasculhou o salão mais uma vez, agora em busca de Draco, mas também não o avistou. Ele consultou o relógio no bolso e decidiu que ainda não houve tempo suficiente para Granger chegar em casa. Ela o esperaria acordada, tanto para o feitiço diagnóstico, quanto para a inevitável discussão sobre ele a ter abandonado após o evento. Ele gemeu quando imaginou a fúria que ela devia estar sentindo.

Precisava ainda socializar no evento até que o horário da chegada dela casasse com o da sua aparatação. Seguiu até o bar, e pediu uma dose dupla de firewhisky. Meio escondido nas sombras, Severo manteve os braços cruzados e os ombros eretos enquanto observava as pessoas passando de um lado para o outro.

Estava bebendo há algum tempo, quando o gosto forte da bebida pinicou em sua boca, mas não pareceu aliviar em nada a sensação incômoda de estar tanto tempo longe de Granger, depois desses meses de proximidade. Granger de novo em sua mente. Ele praguejou. A garota o estava transformando em um louco obsessivo por ela.

- Não está ficando um pouco bêbado? - Uma voz grossa o alcançou e o Ministro da Magia apareceu ao seu lado.

- Sim, - Severo respondeu com a voz contrariada. - é intencional.

Ambos ficaram em silêncio por um tempo, apenas apreciando o som da música irritante do salão de festas.

- Então… - o Ministro falou novamente - você deu todo aquele show apenas pela diversão? Ou tem algum motivo escondido?

- Digamos que eu adoro piadas de mortos-vivos, Kingsley.

O Ministro mirou-o por tanto tempo que Severo o olhou de volta com uma sobrancelha erguida depois de alguns minutos.

- Nós bruxos não fazemos isso, Severo. Expor segredos do Ministério no meio de um evento.

- E isso os levou a várias vitórias, tenho certeza. - disse irônico.

Kingsley suspirou, irritado.

- Você é um ser desprezível.

Severo deu um gole grande na própria bebida e esvaziou o copo.

    - De qualquer forma, foi uma ótima apresentação hoje à noite, não é? - ele sorriu sarcasticamente em direção ao Ministro da Magia. - Na próxima, irei cobrar cachê.

Kignsley lembrou do quanto odiava aquele olhar irônico e o tom de voz de autoridade de Severo e sentiu vontade de azará-lo enquanto o observa se afastar.

- Bastardo! - resmungou, meneando a cabeça.

oOoOoOo

Severo dava o último passo para sair do tapete de pétalas quando avistou um pequeno tumulto ao fundo, próximo ao elevador. Vozes alteradas davam para ser ouvidas por todo o corredor.

- Usem as varinhas, vocês não são trouxas!

Severo apertou o passo quando viu Lino Jordan cambalear na saída do elevador como se estivesse fugindo de um incêndio.

- Malfoy e Ron, - ele disse afobado - juro que tentei fazer com que parassem, mas eles não me atenderam.

- Obrigado, Jordan, vou cuidar disso. - Severo respondeu.

- Devo chamar os aurores?

- Não é necessário, eu cuido de tudo.

- Eu devia imaginar que essa noite seria doida desde o momento em que você apareceu. - Jordan resmungou enquanto saía andando apressado com a mão no peito.

Severo respirou fundo, e entrou pelo meio da pequena aglomeração eriçada, que gritava e gesticulava enquanto Draco Malfoy apoiava os joelhos nos braços de Rony Weasley e espremia seu rosto contra o piso.

- O que está ACONTECENDO aqui? - Severo vociferou.

A aglomeração em volta se assustou com a voz dele.

- Tire esse estúpido de cima de mim. - gemeu Weasley contra o chão do elevador.

Severo não se moveu, apenas observou Draco impor mais força no aperto.

- Eles estão brigando, - alguém disse do meio da aglomeração.

- Eu já percebi, muito obrigado - Severo rosnou em resposta antes de se movimentar e entrar no elevador para separar os dois.

Draco abandonou o aperto em Weasley e enfiou os dedos pelas madeixas ruivas desgrenhadas do cabelo de Rony, o puxando também para cima.

Severo segurou o loiro pelos ombros e olhou diretamente para seus olhos cinzentos.

- Pode soltar, Draco.

Draco não pareceu achar o certo a ser feito, mas finalmente assentiu e deu um passo atrás, os olhos úmidos e gelados pela raiva.

Ron Weasley continuou atônito e Severo notou que que ele estava com uma expressão completamente infeliz no rosto, típica de quem teve o orgulho ferido.

- Esse idiota me pegou desprevenido! - exclamou o ruivo com um tom de voz entre o grave e o esganiçado, limpando com a palma da mão a sujeira do rosto.

- Cale a boca sua escória nojenta! - Draco rugiu de volta.

- Já chega! Porque estão se comportando como dois trouxas inúteis? - Severo perguntou.

Ron não respondeu e baixou os olhos para os próprios pés.

Draco o encarou furioso.

- Você vai ter coragem de explicar a ele o que você fez, sua anta ruiva?

- Cala a boca! - Ron gritou de volta.

- Olhem só para vocês mesmos, que bela performance de adolescentes, parece que estamos de volta ao castelo. - Severo rosnou com desdém antes de se virar para o grupinho de espectadores. - O showzinho acabou, podem ir indo.

 O resultado foi instantâneo: o grupo se afastou soltando um grande gemido coletivo em protesto.

- Expliquem-se! - Severo disse voltando-se para os dois.

- Ele ficou completamente louco, - rosnou Weasley, e Draco voltou a ameaçar avançar contra ele.

- Você quer apanhar mais Weasley?

- Chega! - Severo urrou. - Vocês são bruxos e não uma gentinha! Devo avisar que não sou mais professor de vocês e posso azará-los com uma maldição agora mesmo se não tiverem a mínima competência de me explicar essa cena esdrúxula.

Por um instante o próprio Severo se perguntou se não estava exigindo demais dos dois bruxos mais jovens, já que a inimizade deles datava de anos, qualquer simples insulto poderia ter resultado nessa briga estúpida. Mas algo dentro dele lhe diz que a causa desse atrito é muito maior do que dramáticas birras da época de adolescentes.

- Agora, vamos ter uma conversinha, e sugiro que ambos comportem-se como adultos. Tudo bem? - o Mestre em Poções disse suavemente.

Os dois bruxos mais novos se olharam com repugnância.

- Perguntei se está tudo bem. - Severo rosnou.

- Sim! - responderam os dois ao mesmo tempo.

Severo apontou a varinha para o botão que ativou a descida. Todos ficaram em silêncio até que o elevador parasse no átrio e Severo se virasse, primeiro para Draco.

- Então, o que aconteceu?

O loiro não respondeu, a  luz noturna que vinha das grandes janelas refletiram sobre os olhos dele e ele só desviou o olhar para longe, fingindo indiferença. Mas sua expressão mudou para fúria quando encarou o ruivo novamente.

- Não devia ser eu a explicar nada. - declarou.

- Por que não? - Severo perguntou impaciente. - E, não saia com um “a culpa foi dele” porque eu acabei de pedir que se comportasse com um adulto.

O rosto de Draco assumiu uma expressão indignada.

- Mas a culpa foi realmente dele!

- Draco! - Severo gritou e Draco se encolheu.

- É que ele... - o loiro perdeu a coragem instantaneamente ao encarar os olhos selvagens de Severo.

- Ele o quê? Draco?

Draco faz um cálculo mental, pensando no peso do que estava prestes a contar e como isso afetaria a reação de Severo.

- Ele só precisava desempenhar um único papel e falhou. Algo que ele já desempenhou de verdade na vida real e não seria nenhum esforço.

- Você está enrolando, Draco.

- É.

- O que ele precisava fazer?

- Fingir se importar, só isso.

- Só isso?

- Sim. Ele não conseguiu e então, bati nele.

- Bem... - Severo suspirou olhando para o chão. - em primeiro lugar, você não devia se importar com o que Weasley faça. É mais inteligente que isso.

Draco não conseguiu se orgulhar do elogio de Severo, sua pose continuava agressiva enquanto olhava pro ruivo parado no canto.

- Ele é babaca! - Draco cuspiu em direção a Ron.

- Nisso concordamos, - Severo disse suavemente. - mas, não vem ao caso agora.

Severo lembrou de quando Draco lhe contou sobre o quanto ele foi um imbecil com Hermione. Ele mesmo tinha vontade de batê-lo no rosto e empurrá-lo de um precipício. Uma pena que não podia expor os motivos que tinha para isso. Soltou a respiração com um ruído e se virou para Ron Weasley com a expressão fechada.

- O que houve?

Com os braços estendidos ao lado do corpo e a mesma expressão de infelicidade estampada na cara, Weasley parecia extremamente desconfortável sob o olhar de Severo.

- Surgiu um problema quando vim fazer um favor para a Gina.

- Gina? - Malfoy cuspiu.

- Não se meta, Draco. - Severo alertou.

- Ela me pediu que eu ajudasse a Hermione.

Severo congelou.

- Mas daí ela teve um rompante e…

- O que você fez com ela? - Severo perguntou alarmado.

- Eles brigaram. - Draco respondeu.

- Não foi nada. Só uma discussão, acho que ela estava sob muita tensão de ter vindo aqui. - O ruivo gaguejou quando tentava explicar.

- Ele a ameaçou com a varinha. - Draco completou.

Severo venceu a distância entre ele e Weasley e o segurou pelo colarinho das vestes, enforcando-o ferozmente. Draco sequer se mexeu para impedi-lo.

- O que você fez, seu verme? - ele gritou.

O rosto de Ron se tingiu de roxo enquanto ele se debatia tentando escapar da mão de Severo, seu rosto era uma máscara de desespero e medo.

- Ela já o amou e é assim que você a trata agora? - Severo sibilou. - Se algo acontecer a ela, você vai se arrepender do que fez, pelo resto da vida!

Severo o ergueu, lançando-o para trás, direto contra um dos pilares de concreto que segurava o teto do átrio. Ron escorregou tossindo, tentando respirar o ar, seu rosto expressando dor e medo.

Severo ergueu a varinha para ele, mas Draco entrou na sua frente neste momento.

- Basta, Severo. - disse o loiro.

Ron virou o rosto, mas continuou movendo a boca tentando respirar melhor.

- Não precisa matá-lo, a própria consciência dele pode fazer isso por você.

- Vermes não tem consciência. - Severo sibilou enquanto tentava desviar de Draco.

Ron arfou.

- Você não pode fazer isso, estamos no átrio do Ministério da Magia.

Severo o olhou com uma expressão indecifrável.

- O Ministério não me controla.

- Ah, controla sim. Agora que você resolveu ressuscitar, está de novo sob a autoridade dele. - o loiro respondeu. - Você certamente já sabia disso antes de pisar aqui hoje, então não pode simplesmente entrar aqui e matar uma pessoa.

- Ainda assim, eu quero matá-lo. Ele é um imprestável que não fará a mínima falta para a comunidade bruxa.

- Você tem razão, - disse Draco. - Ele pode até parecer um bruxo e falar como um, mas é uma escória.

- Então, o que você sugere que eu faça com ele? - perguntou Severo.

- Deixe-o ir. - Draco disse quase em um sussurro arrependido, como se ele próprio não acreditasse que estava fazendo um favor a Weasley.

Severo lançou-lhe um olhar surpreso, quase irado, mas não discutiu. Apontou a varinha para Ron e indicou o elevador.

- Desapareça! - rosnou.

O ruivo correu e embarcou, sumindo em seguida, quando o aparelho deslizou piso abaixo.

- Não acredito que fez isso. - disse Snape com raiva.

- Eu sei, nem eu acredito ainda que não deixei você matar o Weasley. - Draco concordou.

- Não estou falando do inútil do Weasley. - disse Severo. - Você... eu não acredito que você pediu que fosse ele quem a acompanhasse até em casa.

Draco suspirou.

- Culpa daquela lista estúpida que me mandou fazer. Não podia imaginar que ela o odiaria tanto.

- Não mesmo. - Severo respondeu irônico - Como ela pode odiá-lo depois das mil maravilhas que ele aprontou quando eram noivos?

- Mas ninguém marca casamento com alguém que odeie! - Draco se defendeu.

- Refresque a minha memória quanto ao motivo pelo qual ela deveria ser acompanhada por alguém que gostasse. - Severo disse cruzando os braços sobre o peito.

- Tudo bem, foi um engano. - Draco estremeceu sob o olhar mordaz que Severo lhe lançou.

- Foi um erro vergonhoso. - respondeu Severo enquanto olhava para o elevador que chegava novamente e trazia um grupo de bruxos bêbados demais para repararem nos dois. - Volte ao seu evento, vou para o apartamento de Granger tentar consertar essa merda toda.

Draco respirou fundo em desânimo.

- Desculpe por isso, Severo. - ele pareceu hesitar. - Você sabe que ainda pode contar comigo para ajudá-lo com isso, não sabe?

Severo o olhou de relance por um instante, depois fez que sim com a cabeça, antes de se encaminhar para o centro do átrio e aparatar.

oOoOoOo

Severo esfregou as têmporas doloridas quando reapareceu no próprio escritório.

- Que bagunça de noite. - murmurou para si mesmo, exasperado.

Com um suspiro, dirigiu-se até a loja e apanhou vários frascos de poções, colocando-os apressadamente em seus bolsos.

Em sua mente, imagens de Granger sofrendo convulsões e espasmos enquanto morria, depois do desastre mágico desta noite, surgiram aos montes. Horrorizado com a possibilidade de seus pensamentos serem reais, ele apressou a busca pelas medicações. Assim que pegou todas as que poderiam ser úteis, Severo aparatou direto para o beco do outro lado da rua do prédio dela.

Ele estranhou quando olhou as janelas do segundo andar e viu que estavam apagadas. Isto só podia significar que Granger ainda não tinha chegado ou, que já estivesse dormindo. As duas possibilidades eram estranhas.

O saguão estava escuro e sombras pareciam cheias de movimentos quando as pessoas passavam na rua. Um pequeno arrepio desceu pela espinha dele quando começou a subir os lances de escada.

- Aonde você pensa que vai? - disse uma voz.

Severo girou.

- O que… - Ele parou no meio da frase. Seus olhos estavam se ajustando à pouca luz.

O porteiro estava sentado à um canto do saguão e Severo reconheceu o formato redondo do rosto dele.

- A srta Granger não voltou. - disse o trouxa

- Você não a viu chegar?

- Não. -  O porteiro levantou-se e chegou mais perto de Severo - Ela saiu com você, não foi? São namorados?

Severo queria dizer que não era namorado da Granger, mas não o fez. Essa era uma pergunta típica de fofoqueiros.

- Vou esperá-la lá em cima.

- Tudo bem. - respondeu o trouxa, voltando ao seu assento no canto escuro do saguão. - Pode ficar no hall dela, se não tiver as chaves.

Severo mal o ouviu, consultou o relógio do saguão com a sensação de que alguma coisa estava errada, já havia dado tempo de sobra para Granger chegar em casa. Ainda havia a possibilidade do porteiro não deve tê-la visto entrar e ela já estivesse na segurança da própria cama, dormindo.

Foi um pensamento que o tranquilizou apenas até chegar à porta do apartamento dela. Embora estivesse trancada, um sentimento crescente de pânico o inundou quando lançou o alohomora e percebeu que as chaves dela não estavam onde ela sempre as deixava.

Com o coração disparado, ele espiou a cozinha, estava vazia. Tudo no apartamento era tão silencioso que ele sabia que Granger não podia ter chegado. Mesmo assim, foi até o quarto dela. O cômodo permanecera intocado. A colcha de desenhos geométricos cuidadosamente dobrada.

O rosto de uma Hermione mais jovem, sorria para ele do alto da mesa de cabeceira, em uma fotografia estática. Um aperto se formou no peito dele.

Granger, o que aconteceu com você?

Mas só o silêncio o respondeu.

 


Notas Finais


E agora, gente?


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