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História Stay (Fique) - Snamione - Hoje não


Escrita por: surviana

Notas do Autor


Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor desse texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas à JK Rowling.
Por favor, não me processem, eu só peguei emprestado para pura diversão.

Capítulo 5 - Hoje não


A neve caiu tão de repente em dezembro que Severo Snape saiu de casa sob um céu azul e vinte minutos mais tarde uma grossa camada de neve branca já cobria a avenida da loja. Caminhou com dificuldade pela calçada, os passos abafados pela neve e os dedos levemente dormentes por causa do frio. Um redemoinho de flocos brancos soprou dentro do espaço quente do boticário assim que ele abriu a porta e instantaneamente se desmancharam, criando uma mini poça bem na entrada. Ele praguejou baixinho.

Tirou o casaco e as luvas, pendurando-os no ganchos e consultou o relógio na parede do fundo. Olhou em volta à procura da sua assistente enquanto caminhava até o seu corredor, mas não havia nenhum sinal dela, somente um pedaço de papel sobre o balcão.

“Precisei tirar a manhã de folga, mas antes passei aqui para deixar o aquecedor ligado, parece que vamos ter uma nevasca mais tarde. Esther.”

Severo fez uma nota mental para chamar a atenção dela. Esther era uma boa assistente mas, tinha o péssimo hábito de avisar em cima da hora sempre que precisava de uma folga. Ele já ia entrando no corredor de acesso ao escritório quando o som estridente do telefone ecoou pelo ambiente. Pensou seriamente em não atender mas, sendo o bom profissional que era, ele apenas bufou antes de alcançar o aparelho.

- Bom dia. - cumprimentou.

- O senhor é o homeopata? - ouviu uma voz afobada de mulher do outro lado perguntar.

- Sim. - respondeu a contragosto, odiava a definição trouxa para mestre em poções.

- É uma espécie de médico?

- Não. - irritação pontuando sua voz.

- Por favor, minha vizinha precisa de ajuda e achei seu cartão nas coisas dela, parecia ser de um médico.

- Deve procurar um hospital. O telefone da emergência é o...

- Hermione Granger, você a conhece? - ela o cortou.

O breve silêncio de Snape deve ter confirmado para a mulher do outro lado da linha que ele conhecia Hermione porque ela apressadamente completou com a voz suplicante:

- Sei que o tempo está feio, mas eu estou muito preocupada. Não conheço nenhum familiar dela.

- Insisto que ligue para o serviço de emergência.

- Se você não é o médico dela é algum tipo de conhecido… um amigo? - ela fez uma pausa - Preciso de ajuda para levá-la até um hospital, eu acho que não consigo sozinha. Você pode me ajudar com isso?

Severo suspirou. Fazia dias que se esforçava em não pensar mais na Granger. Ela tinha decidido que não queria a magia e ele não tinha mais nada a ver com isso. Entretanto, contrariamente à sua decisão de abandoná-la à própria sorte, vez por outra se via com os pensamentos atormentados de que deveria tê-la obrigado a enxergar a idiotice de sua decisão. Nenhuma pessoa tão jovem devia se entregar a morte daquele jeito. Eram pensamentos que o deixavam absurdamente irritado. E por mais que se esforçasse, eles não sumiam completamente.

- Você pode? - Insistiu a voz do outro lado da linha.

-  Chego ao endereço dela em trinta minutos. - respondeu por fim.

Ouviu ela soltar um suspiro aliviado. - Ok!

Severo consultou o relógio antes de seguir para o próprio escritório, destrancou seu armário pessoal e apanhou vários frascos de poções consultando os rótulos, os que achou necessário levar, jogou na maleta. Já em sua mesa, abriu a segunda gaveta à sua direita e deslizou o fundo falso dela, apanhando sua varinha e escondendo-a sob a manga do suéter.

Voltou a loja para pegar o casaco e luvas e escreveu uma resposta à Esther de que cancelasse qualquer agendamento do dia. Trancou a porta do boticário por dentro e fechou as persianas da vitrine. Voltou ao escritório e apanhou a pasta com os exames de Hermione. Instintivamente, não havia pedido a Esther que levasse os documentos da garota ao arquivo morto. Era como se algo o impedisse de se livrar do reaparecimento dela na sua vida. Enquanto esperava os ponteiros marcarem que havia passado meia hora após a ligação, revisou cada página do que tinha rabiscado sobre o caso dela e comparou-os com os dois últimos casos que tinha recebido do DELM.

Todos os exames trouxas de Granger estavam absolutamente normais embora seus sintomas fossem os mais agressivos que ele tinha visto. E suas próprias observações eram, basicamente, sobre a resistência dela em usar magia e algumas observações sobre o estado psicológico que a levou a optar pelo próprio fim.

Lançando um feitiço desilusório em si, Severo aparatou diretamente para o hall do apartamento de Granger.

Se certificou que ninguém o tinha visto antes de desfazer o feitiço e bater na porta. Ouviu passos apressados e se viu frente a frente com uma jovem mulher, que deveria ter a mesma idade da Granger. Ela tinha um olhar curioso e o semblante claramente preocupado quando o encarou.

- Você deve ser o Snape? - perguntou ela, olhando em volta do hall.

Ele confirmou - Onde ela está? - disse Snape enquanto entrava no apartamento. 

- Ela está de cama - respondeu a mulher, mostrando o caminho até o quarto. - Não está muito bem. Desculpe por tê-lo incomodado, eu não sabia se devia chamar uma ambulância. E nevando desse jeito, eu nem tinha certeza se eles viriam socorrê-la.

Severo entrou no quarto de Hermione, estava escuro, as cortinas estavam completamente fechadas. Esperou seus olhos se adaptarem à escuridão. Ela estava deitada de lado, com um braço dobrado sob si e a mão apoiando a bochecha, parecia dormir profundamente. O cabelo estava desgrenhado e esparramado pelo travesseiro e seu corpo estava completamente enrolado num edredom até o queixo. Um cheiro morno enchia o quarto e envolvia o ambiente inteiro apenas com o cheiro dela. Ele aproximou-se delicadamente da cama e pôs a mão na testa dela, estava quente demais.

Severo alcançou o abajur na mesinha de cabeceira e uma suave luz amarela invadiu o quarto. Ele a examinou mais atentamente e notou que sua pele estava pálida, um tom levemente acinzentado e pouco pontuada de vermelho nas bochechas. Severo respirou fundo, um leve pânico se instalando em sua cabeça.

- O que ela tem? - a voz da mulher que lhe atendeu a porta o alcançou e Severo se assustou, esquecera completamente que ela ainda estava ali.

- Ainda não sei. - mentiu - Pode nos deixar a sós?

 A mulher hesitou e Severo desviou a atenção de Hermione, para encará-la.

- Quer que eu a ajude ou não?

- Desculpe… eu… eu… - Susan ficou sem saber o que dizer.

- Vá até a cozinha e prepare um chá forte para ela, sem leite.

A jovem saiu do quarto em direção a cozinha e Severo, o mais silenciosamente possível, levantou e trancou a porta. Apanhou alguns frascos de poções na maleta e balançando o ombro de Hermione, a chamou suavemente.

- Granger.

Nada.

- Granger. - Ele disse mais alto. Sem resposta.

Severo removeu cuidadosamente o edredom que a enrolava e se aproximou até quase debruçar-se sobre ela. Não havia nenhum movimento em seu rosto, e sua respiração estava tão fraca que mal dava para ver seu peito se movimentando. Ele precisou encostar o rosto bem próximo ao dela para conseguir sentir o ar saindo de suas narinas. Estendeu a mão e tocou levemente a pele da face dela, estava mesmo muito quente.

Ignorando a parte de sua mente que lhe dizia que ela renunciara a uma vida com magia, Severo retirou a varinha da manga e sussurrou um enevarte.

Ela imediatamente se mexeu, abriu os olhos castanhos, que estavam a centímetros dos dele e piscou, olhando ao redor do quarto como se tivesse estado em algum lugar muito distante.

- Sou eu, Severo - explicou-se, sem saber se ela o havia reconhecido.

Sua expressão era meio exasperada.

- Severo? - A voz dela soou, muito mais rouca que o habitual.

- Severo Snape. Escute, Granger, eu preciso mover você um pouco. - Ele respirou fundo e deslizou uma das mãos para os joelhos dela, enquanto a outra apoiou suas costas, a ajustou bem firme e a levantou mais, forçando-a a uma posição mais vertical na cama. O cheiro dela preenchendo seu nariz enquanto ele ajustava os travesseiros sob suas costas.

Ela havia fechado os olhos novamente. - Estou um pouco tonta.

- Isso vai ajudá-la - ele mediu uma dose de uma das poções na própria tampa do frasco e a fez engolir, agradecendo aos deuses por ter tido o cuidado de trazer um frasco tipicamente trouxa e que evitaria perguntas desnecessárias. - Há quantos dias você está assim?

- Não sei… eu… que dia é hoje? - ela perguntou ainda de olhos fechados.

Uma batida na porta os interrompeu.

Severo foi até lá abri-la e apanhou a bandeja na própria porta. Não deixou que Susan entrasse, pediu que fosse ao banheiro preparar um banho para Hermione. A mulher tentou espiar por cima do ombro dele, mas não conseguiu enxergar se a amiga já estava acordada. Ele trancou o quarto novamente assim que ela se foi.

- Se sente bem? - Perguntou enquanto depositava a bandeja na mesa de cabeceira.

- Já estive melhor. - Ela respondeu fraca.

Severo pingou algumas gotas de mais três diferentes poções no chá que serviu e entregou a ela. - Precisa beber.

Ela suspirou no travesseiro frio. - Talvez eu não consiga.

- Precisa tentar, Granger. - Lhe entregou a bebida e esperou até que tomasse alguns goles. Ela conseguiu três, antes de devolver-lhe a xícara com uma careta feia.

- Obrigada - murmurou enquanto voltava a descansar a cabeça nos travesseiros.

Severo não respondeu e desviou os olhos para o colo dela na tentativa de verificar se agora já era mais perceptível o subir e descer de sua respiração. Notou, com uma pontada de alívio que embora o respirar dela ainda estivesse curto e difícil, não se comparava a minutos antes, quando ele estava quase inexistente. A pele dela estava arrepiada, embora o quarto não estivesse frio, e o edredom, que ainda cobria uma parte de sua pernas, quente sob seu toque.

- Eu precisei medicá-la com diferentes substâncias e você não tem ideia de quando começou. Não posso ministrar outra, pelo menos não até que alguns dos efeitos diminuam. - Disse ele pousando novamente a mão na testa dela. - Você está quente demais. Espere um pouco e, por favor, não apague de novo.

Severo levantou de junto dela e saiu do quarto, encontrou a vizinha de Hermione voltando do banheiro, enxugando as mãos em uma toalha.

- Está pronto, mas não sei se está na temperatura que ela gosta.

- Não pode ser tão quente. Ela está ardendo em febre e precisaremos jogar a temperatura do corpo dela para baixo. Você sabe há quanto tempo ela está assim?

A mulher pensou um pouco antes de responder.

- O porteiro me disse que ela não sai desde o domingo, mas eu só resolvi bater ontem e não obtive resposta. Hoje eu realmente me preocupei quando ele perguntou se ela tinha feito contato. Pedi a ele a chave reserva e a encontrei assim cerca de 15 minutos antes de lhe telefonar.

Severo respirou fundo.

- Hoje é sexta feira, se ela está assim há cinco dias inteiros já está à beira de uma desidratação. Espero que ela tenha pelo menos bebido alguma coisa de domingo pra cá. - ele passou reto pela mulher e seguiu para o banheiro, mergulhou a mão na água para medir a temperatura. - Está boa. Você não deu nada a ela quando sentiu a febre?

- Eu não sabia se podia, e ela não dizia nada, não se mexia, eu nem sabia se estava respirando… vi que estava com o corpo inteiro arrepiado e a única coisa que pensei em fazer foi enrolá-la no edredom até que conseguisse ajuda.

- Que bom que achou meu maldito cartão então. - respondeu ríspido. - Venha, me ajude com ela.

Ele marchou irritado para o quarto. Hermione estava exatamente na mesma posição que ele a deixara e de olhos fechados, ela resmungou quando ele puxou a coberta de cima dela e a colocou no colo. Enquanto a carregava, ela enrolou seus braços no pescoço dele e descansou a cabeça na curva do seu ombro.

Susan abriu caminho, ajudando-o a colocá-la sentada no vaso e começou a remover as roupas de Hermione, ela fez um esforço para começar a protestar. Severo segurou o rosto dela mais forte e bem próximo do seu pescoço, permitindo que ele murmurasse junto ao ouvido esquerdo dela, sem que sua vizinha ouvisse:

- É preciso fazer isso da maneira trouxa.

Ela afundou mais no pescoço dele e Severo sentiu lágrimas o molharem bem ali. Quando Susan pediu passagem para retirar sua blusa, Severo a soltou para que peça de roupa fosse deslizada sobre a cabeça dela, deixando-a apenas de roupa íntima. Ele a amparou até a banheira e a forçou a mergulhar. Ela estremeceu fortemente quando seu corpo entrou em contato com a água e emergiu em seguida, apoiando a cabeça em uma das laterais da banheira.

Susan se apressou em ajudá-lo a tirar Hermione da água e a enrolou em um robe fino. Quando Severo a pegou novamente nos braços e passou o braço por trás dos seus joelhos, Hermione fechou os olhos e se apoiou tão fraca no ombro dele que Severo constatou que ela tinha desmaiado.

- Aguente só mais um pouco, Granger, está bem? - Ele rosnou esperando que ela reagisse.

Mas só recebeu como resposta um silêncio vazio e repentino, a cabeça dela deslizou do seu ombro e caiu, pendurada molemente no braço esquerdo dele.

- Não, sua tola. Você não vai hoje! - ele murmurou quando apressou o passo até o quarto e colocou-a delicadamente na cama.

Susan soltou um soluço assustada e Severo teve que expulsá-la de lá, sugerindo rudemente que ela preparasse uma sopa para a Hermione. Ela saiu chorosa e ele, de onde estava, apanhou a varinha e apontou para a porta, trancando-a.  Apontando agora a varinha para Hermione, murmurou um feitiço diagnóstico, luzes laranjas piscaram sobre o corpo dela e ele xingou em preocupação pelo que viu.

Habilmente abriu a maleta e apanhou um chumaço de algodão, molhando-o em uma das poções, Severo entreabriu os lábios dela e pingou algumas gotas do líquido preto, enquanto com a mão direita murmurava um feitiço de cura com a varinha apontada diretamente para o peito dela.

Ele precisou de quase cinquenta minutos de feitiços e gotas de poções até que Hermione esboçasse uma leve tossida, ela não acordou, mas só em indicar que reagiria, uma onda de alívio o percorreu.

Estava exausto quando parou para observar o semblante dela. Os olhos estavam fechados e os lábios separados respirando lentamente. Pela primeira vez, Severo se deu conta que ela não parecia mais tão jovem como se lembrava, provavelmente por culpa das dores que a acometiam. Ele se perguntou - com um leve tremor - se ela lutaria para viver.

Olhando mais uma vez para o painel de luzes laranjas que pairavam sobre a cabeça dela, ele ainda não conseguia notar a melhora que seu equilíbrio mágico precisava. Não hesitou quando apontou a varinha para próprias mãos e murmurou: “Donate Vitae”. Um raio de luz dourada irradiou da varinha diretamente para as mãos de Severo, fios dourados levemente brilharam bem no meio das suas palmas.

Severo pegou os pulsos de Hermione e trouxe as mãos dela até ele, juntando mãos com mãos, entrelaçou os dedos com os dela e imprimiu força no aperto. Muito lentamente, os fios dourados que cobriam suas palmas foram se esvaindo e transferindo-se para os dedos dela entrelaçados aos seus, os fios se espalharam pelas mãos dela e subiram em direção aos seus braços. À medida que subiam, os pontos brilhantes desapareciam sob a pele pálida de Hermione e quando o último fio se esvaiu das mãos dele, ela deu um longo suspiro.

oOoOoOo

Hermione acordou e só conseguia se lembrar de estar num redemoinho de luz dourada, retorcida e desconfortável, debaixo de um grosso cobertor. Ela se enrolou mais forte quando não conteve um tremor.

Com alguma dificuldade, conseguiu levantar a cabeça e olhar ao redor, reconheceu seu próprio quarto, mesmo debaixo da penumbra que o cobria. Viu alguém se aproximar de sua cama e uma figura carrancuda a encarar, demorou alguns segundos até reconhecer o rosto de Severo Snape.

- Você é real? - Perguntou com a voz fraca.

- Estou aqui para tentar ajudá-la, Granger. Pode continuar dormindo.

Por um momento, Hermione considerou que ele era só um pesadelo até sentir os dedos dele forçarem seus lábios a provar algum líquido ruim. Ela não conseguiu nem tentar reagir, o cobertor pareceu ficar tão quente ao redor de si, que ela não teve energia para se mover, muito menos tentar discutir. Puxou o cobertor até o queixo e adormeceu novamente.

Acordou algum tempo depois, quando o barulho de uma colher sendo mexida numa xícara se tornou insuportável para os seus ouvidos.

- Está se sentindo melhor? - A voz de Severo a alcançou.

- Um pouco. - murmurou. - Você acha que seria uma má ideia eu me sentar?

Ele respondeu que sim, mas a ajudaria. Segurando o ombro de Hermione com uma mão, ele apoiou a cabeça dela com a outra, enquanto ela forçava o próprio corpo para cima. A dor a alcançou em pontadas violentas e ela estremeceu.

- Você ainda vai se permitir sentir dores assim? – disse ele.

- Eu não consigo decidir isso agora. - Ela respondeu.

Ele não se deu por satisfeito.

- Você estava há cinco dias nestas condições, Granger? - disse rispidamente.

Hermione realmente não tinha forças para discutir e achou melhor ignorar a pergunta dele com outra.

- Porque você está aqui?

- Nem se dê ao trabalho de reclamar, Granger. Se quer mesmo seguir adiante com o seu plano de se matar, por favor, me deixe usar magia somente dessa vez e eu ficarei absolutamente grato em lançar a maldição da morte em você. - Ele fez uma pausa para puxar a varinha na manga - Quer que eu faça isso agora? - Sibilou.

Hermione se encolheu ao ver o pedaço de madeira na mão dele. Severo se aproximou dela e encostou a ponta da varinha na sua bochecha direita.

- Você me fez perder horas da minha própria vida preocupado com sua teimosa irresponsabilidade de definhar. - disse em voz baixa bem junto ao seu ouvido. - Se você não se importa mesmo em morrer, é só pedir agora, Granger. - Ele apertou mais a varinha contra ela, seus olhos perfurando-a como se pudesse ver sua alma.

Lágrimas pontuaram os cílios de Hermione e sua expressão estampou um misto de choque e pânico antes que ela fechasse os olhos.

Severo pareceu finalmente convencido de que ela não pediria a maldição e baixou a varinha, escondendo-a fora de vista. Se afastou da cama e ela ouviu o som de líquido sendo despejado em um copo.

Hermione olhou com medo para o copo com a bebida transparente que ele lhe ofereceu. Por um momento, ela enxergou Snape como o comensal da morte que poderia enfeitiçá-la com um mero aceno da varinha. Embora, lhe oferecendo uma bebida, ele se parecia muito mais com o rancoroso professor de poções, que afirmou mais de uma vez que poderia envenenar um aluno a qualquer momento.

- O que é isso? - Disse ela enquanto encarava o copo.

- Só água. - ele respondeu secamente. - Mas em breve você também vai tomar uma sopa. Acha que consegue?

- Acho que sim. - ela murmurou quando pegou o copo e deu alguns goles.

- Vai precisar de líquidos. Beba mais um pouco.

Hermione forçou mais alguns e mesmo assim, o copo não chegou nem na metade. Por ora, ele pareceu satisfeito e não a forçou a tomar o restante. Pousou o copo na mesinha de cabeceira e entrou no campo de visão de Hermione, varinha na mão.

- Não vou machucá-la. - disse, ao perceber que o corpo inteiro dela se contraiu - Você vai sobreviver dessa vez, eu só quero checar suas reais condições.

Ele provavelmente desferiu algum feitiço não verbal, porque Hermione viu ondulações de laranja e amarelo faíscarem acima da sua cabeça assim que ele acenou a varinha e ela desviou o olhar, evitando encarar a magia.

Severo apoiou o joelho sobre o colchão e se inclinou sobre ela, roçou os dedos de leve sobre um ponto próximo à têmpora esquerda. Ele pareceu satisfeito ao fitar a cor da pele e notar uma leve melhora, embora seu rosto ainda estivesse com um horrível tom de cinza. Pousou a mão sobre a testa dela, checando a temperatura e percebendo que estava quase em um nível normal.

- Não ache que eu queira dizer isso, Granger, mas sinto que devo. - Ele disse amargo. - É importante que você queira viver, por enquanto. Entendeu?

Hermione baixou os olhos para o próprio colo.

- Acho que não serei capaz de fazer isso, se isso depender de magia. - ela respondeu com a voz trêmula.

- Acho que você não está entendendo, Granger. - Ele apoiou a mão no rosto dela e inclinou a cabeça de Hermione para cima, forçando-a a encará-lo. A expressão dele era fria e seus olhos brilhantes e quase predatórios quando completou: - Você precisa.

Ela faz que sim com a cabeça.

- Você é assustador, Severo.

Ele lhe deu um sorriso zombeteiro.

- Certamente.


Notas Finais


E agora gente? Pra onde isso vai?


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