Hyeri;
Eu estava a ponto de enlouquecer totalmente.
Para variar, Hayun havia voltado a beber por aí, e não me escutava por nada.
Isso após ter ido ver seus antigos amigos, após isso, eu perdi o controle totalmente ao tentar ajudá-la.
Ela andava passando dias fora de casa, não atendia o telefone, e quando chegava, chegava totalmente chapada.
Tive a pior nostalgia em toda minha vida, como se os tempos antigos houvessem voltado.
Ela tinha ido uma ou duas vezes conversar com a doutora Kim, mas acho que isso não mudou muita coisa, Hayun estava cedendo e se entregando totalmente para aquela sensação de angústia, tentando supri-la maltratando seu próprio corpo.
E eu também já estava perdendo a cabeça. Estava exausta, pensando a todo momento em que atitude eu poderia tomar sem ser impulsiva.
Naquela sexta feira, eu estava sentada no sofá esperando ela aparecer em casa, e já se passavam de meia noite. Ela havia ficado o dia inteiro fora.
E assim que ouvi a tranca da porta, me virei sabendo que era ela.
— Hayun! Aonde se meteu? — Me levantei.
— Por que fica me esperando? Já disse que não precisa disso. — Ela jogou as chaves em cima da mesa. A encarei de perto e dos pés a cabeça, sentindo o cheiro de álcool insuportável exalar dela, e percebendo sei estado deplorável.
— Eu me preocupo. Você sabe. — Cruzei os braços. Ela bufou.
— Puta merda, Hyeri. Por que insiste em me tratar como se eu fosse uma adolescente? — Me encarou.
— Porque você age como uma. — Respondi firme. — Como se não tivesse consciência dos seu próprios atos. Isso te faz parecer uma adolescente desnaturada. — Terminei, e ela revirou os olhos mais uma vez. — Por Deus, Hayun. Para. Eu nunca me preocupei tanto como agora. Não quero te ver naquela situação de novo, você sabe o quanto foi horrível.
— Será que dá pra me deixar em paz?! — Se desvencilhou do meu corpo, porém, eu a segurei.
— Não, não dá. Porque você vai me escutar, sim. — A encarei. — Isso tudo é por causa do Chanyeol? Porra, você tá sendo patética por causa disso.
— Vá se foder. Você não tem idéia de como me sinto. — Rangiu os dentes.
— Eu tenho, Hayun. Tenho o suficiente pra saber que você precisa parar agora e cair na real. — Respondi. — Você tá péssima, se afundando nessas merdas, pra depois ir parar no hospital de novo. É isso que você quer?! Não se importa com sua vida mesmo?! Porque, se você realmente estiver falando sério, eu não vou fazer mais nenhuma questão de te ajudar. Faça a porra que quiser. — Vi seus olhos se encheram de lágrimas. E logo me veio o pensamento de que posso ter exagerado.
Logo a vi engolir o choro.
— Já acabou? — Indagou. Suspirei, indignada.
Hayun se soltou do meu braço bruscamente, e ergueu o dedo do meio, me fazendo ferver de raiva. Então ela subiu as escadas, me dando um leve susto ao escutar a porta ser batida com força.
Chanyeol;
Deitado naquela cama, no total escuro, mais uma vez eu pensava em como Hayun estava. Eu estava preocupado, não tinha notícias há um bom tempo. Pensava nela todos os dias, e havia sendo dificil me concentrar nas coisas que eu tinha que fazer por pensar nela o tempo todo. Isso tirava meu sono.
Porém, em contra partida, estava sendo bom passar aquele tempo com minha mãe e meus irmãos, apesar de me sentir mal pelas dificuldades que eles enfrentavam. Minha mãe estava cogitando a possibilidade de voltar para a Coréia e voltar a tentar a vida lá. A propósito, o motivo dela ter ido embora junto de meus irmãos, foi justamente o motivo de que arrumar emprego na Coréia não é nem um pouco fácil, levar uma vida por lá não é fácil. Além de sempre termos sido uma família simples, ela precisava da minha ajuda para sustentar meus irmãos, já que eles não podem trabalhar por enquanto.
Estava sendo dificil a situação para mim e minha família. Eles só tinham a mim, e eu não fazia idéia de como fazer com que as coisas melhorassem.
Suspirei pesado tentando me livrar daqueles pensamentos negativos, até ouvir o toque do meu celular. O peguei em cima da mesinha, e ao ver que era Hayun me ligando, arregalei os olhos e atendi rapidamente.
E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, escutei o choro da mesma do outro lado da linha. O que me deixou preocupado.
— Hayun? Tudo bem? — Perguntei, ainda não tendo resposta por alguns segundos, e escutando o choro. — Hayun? Tá me ouvindo?
— Oi... — Ela fungou, provavelmente tentando cessar as lágrimas. — Eu queria muito falar com você, me perdoa por liga agora. E você deve estar se perguntando sobre eu não ter respondido você, me desculpa por isso, eu sou uma completa idiota. — Pareceu voltar a chorar.
— Se acalma. Tá tudo bem, ok? — Tentei acalma-la. — Eu estava preocupado com você. O que houve?
— Muita coisa aconteceu nesses últimos dias. E eu não vou me colocar como vítima de tudo, até porque sei que estava errada em algumas ações e decisões que tomei. Talvez ainda esteja. — Suspirou. — E, pra ser sincera, eu não tenho nem ideia de expressar como eu me sinto, agora...
Respirei fundo, passando a mão entre os meus fios de cabelo.
— E eu não sei por que te liguei, eu só... Quero fugir de tudo isso, sabe? Nem que seja pelo menos um pouco, e eu achei que você me ajudaria. — Sua voz abaixou o tom. — Não consigo ficar calma, é como se meu coração fosse sair pela boca por conta de me sentir ansiosa o tempo inteiro. Eu não aguento mais isso. Não aguento mais sentir essa sensação de culpa, eu sei que faço com que Hyeri se sinta mal, e eu me odeio por isso. Não quero mais fazer mal a ela. Mas não sei como me parar. — Suspirou fundo. — Eu não quero mais viver, Chanyeol.
Engoli em seco, sentindo um aperto no peito vir junto com uma sensação péssima.
— Por favor, não diga isso, Hayun... — Soltei um suspiro. — A sua vida é com certeza a coisa mais preciosa que você tem. E todas aquelas coisas que você pode sentir? Você não quer ter o prazer de se sentir viva de novo? Me escuta, por favor... — Implorei. — Eu sei que não tô na sua pele, não sei como é me sentir assim, mas eu posso te ajudar, e sem contar que... — Dei uma pausa, respirando fundo e fechando os olhos. — Eu não suportaria voltar e saber que algo aconteceu com você.
Ouvi Hayun fungar novamente, e logo escutei seu choro.
— As coisas não são fáceis, disso eu sei muito bem. E se você não fizer nenhum esforço pra lutar contra esse sentimento, as coisas vão ficar piores. E eu sei que você não quer isso, eu tenho certeza. Mas, se não tentar se ajudar, uma hora pode ser tarde demais. — Disse, mais uma vez. — Promete que vai tentar?
Ela permaneceu em silêncio por alguns segundos.
— Prometo... — Sua voz estava baixa. Acabei não sentindo o mínino de convicção, então suspirei.
— Tente fazer não só por você, mas pelas pessoas que você ama, como a sua irmã, por exemplo. E vai ficar tudo bem.
— Obrigada... — Ela disse após uns segundos em silêncio. — Obrigada por me ouvir. Eu... Queria te ver de novo.
— Você vai. E não vai demorar, eu prometo. — Sorri leve.
Ouvi um riso fraco vir de sua parte.
— Boa noite, Chanyeol... — Ela se despediu, fazendo meu coração palpitar.
— Boa noite, Hayun... — Respondi, e sorri.
Após isso, desligamos o telefone, e eu me revirei na cama, suspirando pensativo, enquanto torcia para que Hayun ficasse bem. Mas me sentia angustiado por não poder ajudá-la, por estar a mais de 8 mil quilômetros dela.
Era dificil. Era dificil ver alguém que gostamos nessa situação. E eu esperava que desse tudo certo, mesmo que fosse ainda mais dificil manter o pensamento positivo diante de todas as possibilidades.
Afinal, é a vida real.
(...)
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