História Stella: A Revolução (Ilustrada) - O Porta-voz

    Apolo andava junto com uma multidão de cidadãos que defendiam o movimento de  Stella, alguns gritavam em alto e bom som o que ele deduzira ser o grito de guerra padrão dos seguidores do hacker anônimo: “BRILHE STELLA”.

Particularmente Apolo achava um tanto quanto ridículo da parte do povo, mas a maioria das pessoas viam isso como uma forma de expressar a imponência do movimento. Alguns estavam vestindo camisetas com o símbolo, outros estavam lá talvez sem saber o que estava acontecendo, apenas para seguir a moda do país, outros mais voados talvez nem soubessem que iria estourar brevemente a terceira e talvez última guerra mundial da humanidade.

    Quando o grupo imenso de pessoas foi gradativamente reduzindo sua velocidade, Apolo ficou nas pontas dos pés para ver mais a frente, tentando desviar do olhar, as pessoas muito altas e os cartazes levantados pelos manifestantes.

Logo a frente via-se um garoto de capuz com um amplificador de voz preso ao seu casaco, estava em cima da mão de uma escultura do centro da cidade, esse monumento era para retratar um homem em pé chamado Xavier Zyryanov, um russo da década de 70 que havia fundado a cidade, a escultura era grandiosa, não tanto quanto à de Abraham Lincoln, mas com pelo menos uns 15 metros de altura.

O peito da escultura estava vandalizado, a primeira e talvez única atitude vândala do grupo: o símbolo de Stella no peito de quem havia fundado  o local onde eles estavam pisando. Apolo ficou duvidoso quanto a uma coisa, e parecia até que outra pessoa também:

— Caralho, como você subiu aí? — gritou um manifestante surpreso, o jovem que estava em cima da mão do Xavier gigante ignorou a pergunta e gritou logo em seguida.

— Povo de bem, eu me chamo Nizak e sou porta-voz de Stella! Muitos de vocês já me conhecem, então sem mais enrolações, aqui estão novas informações: Nosso governo cessou os testes nucleares no oeste, mas rejeitam o acordo de parar de gastar dinheiro com reforço bélico, Stella está planejando uma ação para combater essa resistência, e contamos com todos vocês! Nos vemos muito em breve, e fiquem atentos para que nossa luz permaneça acesa... — Nesse momento, policiais interromperam o discurso gritando de longe e ameaçando atirar no porta-voz, mas uma parte dos manifestantes avançaram para cima deles enquanto o jovem descia da escultura deslizando pela perna do fundador.

    Apolo começou a passar pelo meio da multidão tentando ver aonde Nizak tentaria correr. Ele viu um vulto virando a esquerda de um beco que havia perto de uma loja de fantasias. Apolo catou uma máscara suja no chão e vestiu-a em si mesmo, enquanto cobria a cabeça com o capuz cinza.

Quando ele chegou no beco, viu o jovem subindo na parede de tijolos até o telhado e escapar de vez. Sem chances, Apolo não conseguiria pegá-lo, porém vendo mais adiante, viu que o jovem deixara algo cair: era um papel pequeno. Ele apanhou-o no chão e leu.

Era exatamente o que o jovem tinha dito no discurso, mas ele havia esquecido ou não teria dito uma frase: “Nosso próximo protesto será em Yaoc à leste daqui!”. Yaoc era uma cidade desprezada por todo o estado, e por esse motivo seria o local perfeito para o encontro dos seguidores de Stella, afinal, com uma segurança frágil teriam mais tempo de compartilhar informações e planejar ações.

Apolo então tomara uma decisão: Iria investigar a cidade do caos antes que a informação se espalhasse, porém antes disso, deveria voltar para casa, e mandar um e-mail no dia seguinte para o Sr. Gray às 22:00.