— Alô?
— Então ta de namoradinho mesmo, sim? — É a mesma voz da outra ligação.
— Por favor, o que você quer de mim? O que eu posso fazer pra você parar com isso?
— Hahaha, garota... Você sabe o que eu quero, e o que eu quero, você não pode dar. Mas, seu pai pode. Convença. Salve. É só isso que você pode fazer por mim.
— Você realmente acha que se eu fosse fazer alguma coisa, seria por você? Se eu fosse fazer algo, estaria fazendo por mim, pelos que amo. Você não é nada. Eu não tenho medo de você, e espero que saiba que infernizar a vida de uma garota de 15 anos, ligar para ela 20 vezes por dia, sem identificar o número por puro medinho de ser identificado, não te faz um criminoso respeitável. Muito pelo contrário, te faz um puta bichinha.
— Cuidado com o que você fala. — Ele murmura, e então desliga.
Numa boa, to começando a perder o medo desse cara.
— Tudo bem?
— Sim. Tudo ótimo. — Sorrio para ele, que beija a minha testa e me puxa para a aula de Química.
[…]
— Quer ir no cinema hoje? — Chandler sussurra, dando um beijo no meu pescoço. Viro o rosto para ele.
— Que filme?
— Não sei...
— Ok.
— Olha só esse casal... — Sophie fala. Seus dedos entrelaçados nos de Mingus. Sorrio sem mostrar os dentes e deito a cabeça no peito de Chandler.
— Até que enfim... — Sam murmura, sentando-se ao nosso lado. Chandler enrola os meus fios de cabelo com a ponta dos dedos.
— Gente do céu, eu nasci para ver essa cena. — Luiza e Emma aparecem. Lucy e Evan aparecem e sentam-se na rodinha.
[...]
— Então, como foi o filme? — Katelyn pergunta, dando um gole no chá que pediu. Lauren concorda e se volta para mim.
Chandler teve que gravar, e elas conseguiram 40 minutos de folga antes de voltar ao trabalho.
A pergunta me pega de surpresa. Foram mais ou menos 1 hora e meia de filme, o cinema estava quase vazio, só tinha um senhor de no mínimo 50 anos e uma mulher com duas crianças pequenas. E mais meia dúzia de gente. 1 hora e meia sentada em uma maldita cadeira, e nem eu nem Chandler prestamos nem um pouco de atenção no filme.
Se é que vocês me entendem...
— Hum... Foi... Legal... — Volto a minha atenção para a colher que descansa dentro da xícara.
— Vocês nem ao menos prestaram atenção no filme, né? — Lauren pergunta, cortando o seu brownie.
— Nem por cinco minutos... — Admito. Elas me encaram, e nós três caímos na gargalhada.
Sábado, 06/06, 13:02 p.m.
Chandler foi gravar. De novo. Mas, olhando pelo lado bom, só falta uma semana para as gravações terminarem, o que significa, que vou ter ele todinho pra mim. No momento, a desocupada aqui está deitada na cama, olhando para o teto. O meu celular toca. Já me preparo para xingar aquele homem que vem me ligando cada vez mais, mas relaxo quando vejo quem é:
— Oi, filha! — É a voz do meu pai do outro lado, e ele está animado, pelo jeito.
— Oi, pai! — Respondo, levantando. — Como vão as coisas?
— Vão bem, Ally... Já descobrimos qual vai ser a equipe que vai para aí.
— Sério?! E quem são?
— Leo, Gabriel, James, Pedro, Vini, Daniel, Bruno e Eddie.
Conheço todos desde criança. Especialmente James, o amigo britânico do meu pai, e Leo. Conheço todos, menos esse tal de Eddie. Ele deve ser novo.
— Eu conheço o Eddie? — Não consigo esconder a decepção, tinha esperanças de que eu fosse ver o meu pai.
— Claro que sim, filha!
— Sério? Então eu não to lembrando...
— Filha, qual é o meu nome?
— Edward, mas o que.... OOOOOOHHHHHHH!!! É SERIO?!
— Sim! Chegamos aí semana que vem.
— Ai, que bom!
Nisso, a porta da entrada é aberta.
— Pai, eu preciso desligar, beijos.
— Beijos, filha...
Bloqueio a tela do celular e desço as escadas de maneira desconfiada. Chandler sempre volta em torno de 16h. Então, é estranho. Olho para a porta e vejo um ser humano com uniforme de futebol. Ele vira para mim.
— Oi...? — Grayson cumprimenta, assustado com a minha presença.
— Você me assustou.
Ele dá risada.
[...]
Acordo com alguém pulando na minha cama. Em cima de mim. Deixo escapar um “porra”. Em português, tá?
— Chandler, cacete....
— Tava dormindo? — Ele pergunta, me dando um selinho.
— Não, meus olhos foram costurados por uma bruxa chamada Cansaço.
— Desculpa. — Ele fala, e depois me beija. Tudo vai ganhando intensidade, e é uma sensação gostosa, mas recuo. Mesmo que eu confie plenamente em Chandler e saiba que ele nunca faria mal algum para mim, ainda tenho um pouco de medo de me machucar. De novo.
— Tudo bem? — Ele se afasta, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.
— Sim... Só... Vamos devagar, tá bem? — Peço mentalmente pra que ele não leve para o lado pessoal. Mas, para a minha felicidade, ele não leva. Pelo contrário, ele abre um sorriso acolhedor, e me dá um beijo doce. Depois de olhar no fundo dos meus olhos, ele fala:
— Tudo bem, eu adoro devagar... — Reviro os olhos e ele beija a minha testa.
[...]
— Ah, aliás, o meu pai vem pra cá semana que vem...
— Sério??
— Uhum...
— Legal...
— Crianças, jantar! — Gina grita do andar de baixo.
Descemos as escadas lado a lado e sentamos na mesa da sala de jantar.
— Alice, eu soube que o seu pai vem pra cá... — William comenta, cortando um pedaço de bolo de carne.
— Sim! Ele vem semana que vem...
Chandler e Gina abrem um sorriso.
— Vai ser ótimo vê-lo de novo... — Wil fala. Assinto.
[...]
Deito na cama logo depois de vestir o pijama. Me remexo na cama pela quinta vez consecutiva. Não consigo encontrar o Barry Potter, meu ursinho de pelúcia.
Acho que ninguém sabe dessa história. A Mari é meio fanática por Harry Potter, e quando nós éramos pequenas, 8 anos talvez, viajamos juntas para Orlando, com a nossa família. E, quando fomos no parque da Universal, ela se apaixonou perdidamente por um ursinho idêntico ao Harry Potter. Nós decidimos que o nome dele ia ser Barry Potter, o que foi, intencionalmente, um trocadilho (dos ruins, eu sei).
Enfim, quando meu pai anunciou que eu vinha pra cá, ela me deu o Barry. Mas, como eu andei arrumando o meu quarto, devo ter colocado ele em alguma caixa sem perceber. Levanto da cama e caminho até o quarto de Chandler. Ajeito o short rosa antes de bater.
— Entra... — Ouço ele dizer. Entro, abraçada ao meu próprio corpo. — Oi... — Ele está deitado as mãos descansam atrás da cabeça e veste uma camiseta cinza.
— Oi...
— Tudo bem?
— Sim... É que... Eu... Eu perdi o meu ursinho, posso dormir com você hoje? — Sinto as minhas bochechas corarem quando ele olha diretamente para mim. Seu olhar vai dos meus pés até a cabeça. Ele ri da minha vergonha.
— Sempre que quiser. — Ele passa para o canto da cama e dá três tapinhas no espaço acolchoado ao lado dele. Caminho timidamente até a cama e sento-me ao seu lado. Ele olha para mim, um sorriso bobo estampado em seus lábios.
— Que foi?
— Nada...É só que... Você é muito bonita... — Dou uma risada irônica. — Eu gosto de olhar para garotas bonitas... Mais especificamente, eu gosto de olhar para você.
Sintomas minhas bochechas corarem mais ainda. Ele.
— De onde vem toda essa vergonha?
— Sei lá... Você me deixa assim.
— Eu?? — Faço que sim. — O que eu faço para te deixar com vergonha?
Dou uma risada e depois, estalo um beijo na bochecha dele e deito novamente.
— Boa noite, Chandler.
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