História Stone Angel - Uma surpresa.

Três dias se passaram.

As coisas vão indo muito bem no orfanato. Well e Daniel só andam de mãos dadas por aí, Daniel as vezes se pergunta quando terão um título oficial, no fundo Well não vê a hora de pedir seu "princeso" em namoro, mas no tempo certo. Alex teve algumas recaídas, porém Andy esteve lá e o ajudou, ele está muito ansioso para o baile, Andy também, porque sabe que depois poderá ir embora com seu irmão e cuidar dele como sempre sonhou em fazer. Rick ainda não criou coragem para se declarar a Nícolas, ele acha que no baile vai conseguir - se conseguir chamar Nick, já vai ser um grande passo para ele -. Thomás e Andrew continuam juntinhos, apenas aproveitando o tempo que passam juntos, Thomás planeja pedir Andrew em namoro - ele já aceitou que é o ativo, mesmo depois de muita discussão consigo mesmo -. Daniel não para de desenhar, seus desenhos só melhoram e suas chances de ganhar uma bolsa de artes também. Eles estão muitos anciosos para o grande baile - como agora tem tanto meninas quanto meninos no orfanato, os pares estão quase todos feitos, isso é bom, uma regra desse baile é que não pode ir sem par -. 

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(POV) Daniel

Estava deitado com Well no jardim, estávamos apenas observando as lindas flores e os pássaros que passavam de vez em quando, pude me lembrar dos momentos que passamos aqui, pude me lembrar da..

- Begônia. – Falou sorrindo e me entregando uma, era incrível o jeito como até os nossos pensamentos combinavam.

- Você é tão fofo. – Falei sorrindo de volta. As flores eram tão normais antes de eu conhecer Well, ele abriu meus olhos para um mundo totalmente diferente, onde até a poeira é linda quando estou ao lado dele. Clichê, eu sei.

- Você é mais ainda. – Falou enquanto fitava meus olhos.

- Eu sempre achei o mundo tão normal, sem coisas interessantes para olhar, você me mostrou que eu estava errado. – Falei olhando em seus olhos.

- Como assim? – Perguntou com as sobrancelhas levemente arqueadas.

- Voce me mostrou os mínimos detalhes, os detalhes que fazem a diferença. Você me mostrou o que eu não entendo, depois me mostrou que não é preciso entender. Você pegou o meu mundo e virou de cabeça para baixo, me fazendo descobrir que o meu mundo é assim mesmo. Eu te amo Well. – Falei e vi uma lágrima rolar por suas bochechas rosadas.

- Eu também te amo meu amor, amo muito. – Falou e me deu um beijo na testa. Sorri com o ato, era tão fofo o jeito como ele cuidava de mim.

- No nosso casamento haverão begônias. – Falei depois de alguns minutos de silêncio.

- Terão sim. – Falou sorrindo bobo. Me fazendo sorrir também.

Hoje não teríamos aula de manhã, só de tarde, então aproveitamos a manhã para ficarmos atoa juntos, apenas observando as flores. Era algo que sem Well não tinha graça, mas com ele era a melhor coisa do mundo. Depois de algumas horas conversando, decidimos subir para nos arrumar, assim fizemos. Depois fomos ao refeitório para comer.

- Olha, Thomás e Rick estão alí. – Falou Well sorridente, fomos até eles e nos sentamos.

- Olha aí os pombinhos. – Rick brincou.

- Como vocês estão? – Perguntei sorrindo de ponta a ponta.

- Estamos bem e vocês? – Thomás perguntou enquanto sorria levemente.

- Estamos ótimos. – Falou Well, logo olhando pra mim, eu não conseguia tirar meu - grande - sorriso do rosto. Era impossível contando com o fato de que do meu lado, está a melhor pessoa desse mundo.

- Sábado já é o baile e eu ainda nem tenho um par. – Rick falou cabisbaixo. Eu pensava que o mesmo iria com Nícolas, afinal os dois não se desgrudam.

- Você ainda não convidou o Nick? O que está esperando? – Well perguntou e logo depois abocanhou seu sanduíche.

- Eu não consegui, tentei criar coragem, mas não consegui, vocês bem que poderiam me ajudar né?! – Falou fitando a mim e Well, logo depois fitou Thomás também.

- Desculpe, mas eu acho que isso só depende de você. – Falei simpáticamente. De fato todos já sabiam que Rick e Nícolas tinham alguma coisinha a mais que amizade, estava na cara.

- Mas podemos ajudar criando um cenário romântico para eles. – Well afirmou sorridente. Sim, ele tinha razão.

- Claro, não só podemos, como vamos. – Thomás falou batendo de leve nas costas do amigo.

"Será que Well vai fazer algum convite formal a mim?" pensei.

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(POV) Thomás

Estávamos almoçando um monte de porcarias naquela quinta-feira, todos estavam ansiosos pelo baile que seria em dois dias. O orfanato iria dar os ternos aos meninos e as meninas novas iriam - acompanhadas - comprar vestidos. Estava quase tudo pronto, porém não podíamos ver o grande salão, as portas dele estavam fechadas, talvez eles queiram fazer uma grande surpresa. Agoniante eram as grandes entregas que passavam por nós e não sabíamos o que era, obviamente alguma decoração, mas o quê?

- E você? Já convidou Andrew para o baile? – Daniel perguntou se dirigindo a mim.

- Lógico que não, ele que vai ter de me convidar. – Falei e eles logo começaram a rir. – Não entendi o motivo da risada.

- Você! Porque esse cu doce todo? – Rick perguntou ainda rindo.

- Normalmente o menino convida a menina e eu não sou o menino da relação. – Expliquei talvez um pouco tímido.

- Ah Thom, fala sério, não acredito nisso. – Well falou sério. Dan e Rick me fitavam seriamente também após terem parado de rir.

- Nem eu acredito. Hoje em dia uma menina pode muito bem convidar o cara. – Daniel se pronunciou. – Ou seja, você pode muito bem convidar o Andrew.

- Você acha que o Rick é o ativo? Lógico que não, olha a cara de menina que ele tem. – Well brincou fazendo eu e Dan rir, menos Rick, que deu um tapa em seu braço, mas não aguentou e riu também logo depois.

- Eu não tenho cara de menina. – Falou fingindo estar chateado. – Mas realmente Well está certo, você consegue imaginar o Nick como o passivo e eu como o ativo da relação?

- Não, mas sei lá, eu sou sempre o que é convidado, mas nunca sou o que faz o convite. – Falei os fitando. Ok, isso não é motivo. Talvez eu esteja com medo, é normal, não é mesmo? Ficar com medo de levar um não.

- Mude isso se quiser um par. – Rick falou e levou seu copo de suco à boca. De certo modo ele estava certo, eu devia vencer meus medos e convidar Andrew para o baile. E eu iria fazer isso, de qualquer jeito.

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(POV) Escritora

Todos estavam terminando seu almoço, mas, Rick em especial não tinha comido muita coisa, seu pensamento - como sempre - estava em Nícolas. Ele se perguntava onde estava o garoto que não havia aparecido naquela manhã. Rick não o tinha como colega de quarto, então diferentemente de Well, Daniel, Thomás e Andrew, ele não dividia o quarto com seu senpai, o que tornava difícil de ve-lo.

A aula iria começar, então os meninos terminaram e foram para a sala de aula rapidamente. Entraram e ainda não haviam muitas pessoas na sala. Tinham algumas meninas desconhecidas - pois eram novas no orfanato - e com elas alguns meninos, desconhecidos também.

Rick se sentou em uma carteira sozinho, Well e Daniel se sentaram juntos em outra e Thomás - que havia se encontrado com Andrew - sentou-se com o mesmo. Rick se perguntava onde estaria Nícolas, que ainda não havia chegado para o fazer companhia.

Nick era popular no orfanato, sempre cheio de amigos. Ele se dizia hétero, dizia que nunca iria gostar de algum menino. Mas depois de ter conhecido Ricardo, sua opinião sobre os garotos havia mudado da água para o vinho. Ricardo - diferentemente dos outros amigos de Nick - era especial, Nick sempre sentiu algo muito forte pelo garoto, porém nunca soube exatamente o que era aquilo. Não antes de beija-lo. Ele ainda não acreditava que havia feito aquilo, era irreal, ia contra suas próprias palavras, era como se tivesse contrariando a si próprio e, bom, de fato estava. Nick não sabia o que fazer, não sabia como agir e também não sabia se gostava ou não de Rick, aquelas eram dúvidas horríveis.

Já Rick, estava tentando criar coragem para se declarar. Como já havia se assumido, era bem mais fácil aceitar seus sentimentos. Só não era muito fácil admiti-los. Mas ele daria um jeito, com toda a certeza do mundo. Ele daria um jeito, por Nícolas.

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(POV) Ricardo

"Minutos e mais minutos e nada dele." pensei impaciente. Era estranho o fato de eu não o ter visto pela manhã. "Será que nem mesmo havia saído do seu quarto?" me perguntei.

O professor já havia começado a aula faziam 20 minutos, estava explicando algo sobre história, algo que eu não queria ouvir. Só conseguia pensar em Nícolas, até que o mesmo entrou na sala meio desengonçado, parecia ter corrido muito, até estava ofegante.

- Atrasado Sr. Nícolas? – O professor perguntou meio afirmando. – Porque não estou surpreso?

- Me desculpe, estava realmente muito ocupado. – Falou de pé enquanto fitava o chão. "Ocupado com o quê?" pensei.

- Sei, vá se sentar antes que eu o mande para a diretoria. – Falou o professor sem paciência, logo voltando a escrever na lousa. Nícolas assim fez e se sentou em uma carteira um tanto longe de mim, entranhei, ele sempre se sentava comigo.

- Psiu. – Tentei chamar sua atenção, mas foi em vão, então resolvi escrever uma cartinha e jogar para ele.

"Porque se sentou aí?" foi o que escrevi na primeira cartinha, logo depois amacei-a e a joguei. "Porque se atrasou? O que estava fazendo?" escrevi em outra e taquei nele novamente. Ele estava vendo, só não queria pegar e eu como sou insistente, tacaria bolinhas de papel nele até que as lesse. "Vem para cá." escrevi novamente e joguei o papel para ele, outra vez.

Ele - desta vez - o pegou, observei ele abrir e ler. Ele pegou uma caneta e começou a escrever no mesmo pedaço de papel. Logo após o jogou para mim.

"Pare de me distrair da aula. Não posso me sentar com você, agora presta atenção na aula e pare de me tacar bolinhas de papel." li logo abaixo do que eu havia escrito. Ele estava sendo ignorante comigo, mas porquê?

 "Idiota." escrevi e joguei. Ele logo leu e quando foi me olhar de volta, eu virei o rosto. Não suporto que sejam indiferentes comigo.

Depois de um tempo a aula terminou, então eu apenas me levantei e sem olhar para o Nick fui me retirando daquela sala.

- Me espera Rick! – Ouvi vindo de dentro da sala. Eu já estava subindo as escadas quando senti uma mão em meu ombro.

- O que foi? – Perguntei o olhando nos olhos.

- Não tá chateado comigo, está? – Perguntou se mostrando preocupado.

- Não. – Falei revirando meus olhos. – Só não entendi o porque de você não ter se sentado comigo, não ter aparecido a manhã toda e essas coisas.

- Eu estava ocupado com umas coisas. – Falou sem olhar nos meus olhos. Idiota.

- Que coisas? – Perguntei curioso.

- Uma surpresa. – Falou sorrindo bobo. Como assim?

- Para mim? – Perguntei sem conseguir conter um - grande - sorriso.

- Talvez.