Chegamos em Buenos Aires por volta das cinco da manhã e fomos direto pra minha casa.
- German, esse é o quarto de hóspedes pode se acomodar e dormir um pouco.
- Obrigado - Entrou e fechou a porta.
Suspirei e entrei em meu quarto indo diretamente pro banheiro, tomei um banho e coloquei uma roupa mais confortável, me deitei na cama e resolvi tirar um cochilo.
Acordei com o som do despertador e desci até a cozinha preparando algo pra comermos.
- Você nem dormiu, rapaz - O encarei.
- Esse é o horário que eu acordo todos os dias, te acordei?
- Não consegui pegar no sono, estou ansioso.
- Bem, podemos ir lá na casa dela agora.
- Ela não mora com você?
- Morou só por um tempo, quando estava na cadeira de rodas, depois ela quis voltar pro apartamento dela.
- Entendi, como foi esse processo?
- Difícil, tinha dias que ela não queria sair da cama.
- E eu nem aqui estava - O encarei.
- Você pode recomeçar, sabe disso - Tomamos o café e seguimos pro seu apartamento.
Bati na porta e pedi pra ele se esconder, Fran abriu a porta e fez uma cara surpresa.
- Ela já tá acordada? - Pergunto baixo lhe abraçando.
- Já, só tá enrolando na cama - Ri e chamei ele - Meu Deus, o que?
- Shh, é uma surpresa - Ela assentiu e nos deixou entrar - German, espera aqui que eu trago ela.
- Tudo bem - Ele disse baixo.
Segui pro seu quarto e abri a porta vendo que ela estava sentada olhando pra janela.
- Um doce pelo seu pensamento - Ela me olhou surpresa.
- Lê! - Gritou e se jogou em meus braços passando suas pernas por minha cintura.
- Ah meu amor - Comecei a distribuir beijos por seu rosto e ela riu - Que saudades de você - Desci ela que apoio suas mãos em meu peito e levantou seus pés.
- Como foi lá no Canadá? Você ficou aonde? Lá é bonito? Fez muito frio? - Jogou uma jorrada de perguntas me fazendo rir e lhe dar um beijo na testa.
- Calma, meu amor - Acariciei seu rosto - Primeiramente, eu trouxe seu presente.
- Cadê? - Olhou minha mãos curiosa.
- Tá lá na sala - Ela assentiu - Não quer ir ver?
- Quero - Cobri seus olhos - Lê?
- Confia em mim - Guiei ela até a sala e vi German ficar emocionado - Pronta?
- Sim - Tirei minha mão de frente de seus olhos e me coloquei ao seu lado.
Ela o encarou e me olhou surpresa.
- P-pai? - Ela apertou minha mão insegura.
- Tá tudo bem - Sussurrei em seu ouvido.
- Minha filha, vem me abraçar - Ele abriu os braços e ela começou a chorar.
- Vai lá meu amor, tá tudo bem - Ela correu até ele e o abraçou.
- Papai - Disse entre soluços e ele não estava diferente.
- Minha filha, me perdoa pequenina - Encarei Fran que estava emocionada e ela sorriu se aproximando.
- Você não estava no Canadá? - Neguei.
- Nunca estive, fui pra Nova York atrás dele.
- Você não existe - Disse incrédula.
- Eu te amo, eu te amo - Ele olhou seu rosto e ela soluçou - Eu te amo minha filha, eu te amo - Secou suas lágrimas e acariciou seu rosto - Você está tão linda, mais parecida com sua mãe.
- P-pai - Ela parecia não saber o que dizer e só o abraçou me fazendo sorrir - E-eu senti sua falta.
- Me perdoa, minha filha - Ele afagou seus cabelos - Seu namorado fez minha ficha cair.
Ela se afastou dele e me olhou, sorri e lhe dei uma piscadela.
- Obrigada, Obrigada - Correu até mim e se jogou em meus braços quase me derrubando - Obrigada - Soluçou novamente e eu afaguei seus cabelos.
- Gostou do presente, princesa? - Sussurrei em seu ouvido.
Sua resposta foi outro soluço me fazendo sorrir, comecei a afagar seus cabelos e ela se acalmou.
- Seu pai tá aqui - Sussurrei - Por que não tira o dia pra passar com ele? Hum?
- Eu posso!? - Me olhou.
- Eu não fui pra Nova York atoa - Acariciei seu rosto.
- Nova York? Mas você não foi pro Canadá?
- Nunca fui pro Canadá meu amor - Ela arregalou os olhos - Estava em Nova York, atrás do seu pai.
- V-você viajou pra lá por minha causa? - Assenti - E-eu te amo muito.
Voltou a chorar e se acomodou em meu peito, sorri e encarei German que sorria olhando nós dois.
- Seu pai vai ficar com ciúmes desse jeito, pequena - Sussurrei fazendo ele rir - Ele saiu de Nova York só pra te ver, aproveita.
- Eu tô com medo - Sussurrou só pra mim ouvir.
- Licença, já voltamos - Segurei sua mão e segui pro seu quarto fechando a porta - Medo do que que?
- Dele - Deixou algumas lágrimas escaparem - Ele tá aqui comigo e eu não sei como agir - Soluçou - E se ele for agressivo comigo? E se - A abracei.
- Oh meu anjo, dá uma chance pra ele - Afaguei seus cabelos - Ele me disse que vai tentar ser mais presente, a gente precisa acreditar.
- Eu te amo tanto - Me olhou - Obrigada lê.
- Não precisa me agradecer - Sequei suas lágrimas e sorri - Agora, vai no parque com ele, toma um sorvete, conversem, vocês estão precisando.
- Tá - Respirou fundo.
- Qualquer coisa me liga que eu venho correndo te salvar - Ela riu e me abraçou novamente.
Voltamos pra sala e ela voltou a lhe abraçar.
- Bem, eu tenho que ir trabalhar, então vou deixa-los aqui - Abracei Fran - Fica de olho neles pra mim? - Sussurrei.
- Pode deixar.
- Tchau German - Apertei sua mão.
- Depois eu vou na sua casa e pego minha mala, vou ficar em um hotel - Assenti.
- Tchau princesa - Ela me abraçou, beijei sua testa e sorri - Já sabe né?
- Eu te ligo - Sorri e lhe dei um selinho - Bom trabalho Lê.
- Se cuida - Encarei German que sorria a olhando emocionado.
- O senhor quer tomar sorvete? - Perguntou envergonhada me fazendo sorrir.
- De chocolate? Com muita calda e - Foi Interrompido.
- Confetes! - Ele riu e assentiu.
- Ah, veio do senhor esse amor por chocolate - Observei fazendo eles rirem - Deixa eu ir, antes que o Fede me mate - Ela riu - Ah, eu venho te levar pra faculdade, preciso falar com aquela garota.
- Não, não, não - Negou - Não vou te mostrar quem é.
- Você não, mas ela sim - Apontei pra Fran que sorriu cúmplice.
- Não! Por favor, não precisa disso.
- Precisa sim, o que ela fez foi errado.
- O que aconteceu? - German perguntou confuso.
- Ela te explica, não posso demorar mais - Beijei seus lábios novamente - Não fica assim, eu só vou conversar com ela.
- Você tá me tratando como se eu fosse uma criança.
- Não - Acariciei seu rosto - Não posso discutir agora, depois a gente conversa - Beijei sua bochecha e fechei a porta.
Cheguei na empresa e dei de cara com Fede que olhava alguns papéis.
- Bom dia.
- Puta que pariu! - Gritou me fazendo rir - Vai assustar outro, filho da puta.
- Não xinga minha mãe - Bati em sua cabeça.
- E então? Como foi?
- Meu sogrinho está com minha princesa nesse exato momento - Ele abriu um sorriso - Eu consegui!
- Eu nunca duvidei de você - Exclamou.
- Aham, sei - Revirei os olhos - De qualquer forma, vou ficar de olho nele e vou sair mais cedo hoje.
- Por que? - Cruzou os braços - Olha aqui, você não pode mais sair assim do nada, ou vamos a falência.
- Eu só vou levar a Violetta na faculdade e falar com a garota que disse aquelas coisas horríveis.
- Ah, precisa de um amigo? - Ri.
- Não Federico, você vai pra sua casa e não vai me arranjar mais problemas.
- Desde quando eu te arranjo problemas? - Sorri - Cala a boca! Violetta não vem hoje?
- Dei folga pra ela.
- E eu que lute né?
- Exatamente, vamos - Deixei ele pra trás e ri da sua cara.
***
Parei na portaria do prédio e encarei German confuso.
- German? O que houve?
- Tentei entrar pra pegar minhas malas, mas não deixaram.
- Putz, naquele dia eu proibi sua passagem, me esqueci disso - Ele assentiu - Entra aí.
Ele entrou em meu carro e eu passei pela portaria dizendo que estava tudo bem ele entrar.
- Como foi a tarde com ela? - Pergunto como quem não quer nada.
- Foi divertida, minha filha é bem atrapalhada - Riu - Acredita que ela derrubou o sorvete dela todinho no chão? - Ri e maneei a cabeça entrando em meu apartamento.
- Creio que ela não ficou muito contente com isso.
- Formou um bico enorme - Suspirou - Ela é adorável, eu fui um idiota por ter a abandonado.
- Como eu disse antes, nunca é tarde pra recomeçar - Suspirei - Se não se importa, eu vou tomar um banho, vou levar-la pra faculdade.
- Ela me contou o que aconteceu, esse pessoal tá ficando sem medo não é?
- Infelizmente ela vai sofrer bastante hater ainda, é algo que não dá pra controlar - Suspirei - Mas aquela garota a humilhou diante de suas amigas, foi horrível, não posso deixar por isso mesmo.
- Violetta sempre teve um problema com seu corpo, ela sempre foi insegura, mas eu nunca dei atenção, achei que ia passar - Bufou.
- German, não se cobre pelo passado, estamos no presente e agora você pode ajudá-la.
- Tem razão - Sorriu e eu subi junto com ele - Só vim pegar a mala, vou descansar um pouco, até amanhã.
- Até - Suspirei e entrei em meu quarto tomando um banho, coloquei uma roupa mais casual e desci as escadas pegando minha chave.
Dirigi até seu apartamento e fiquei lhe esperando do lado de fora, ela assim que me viu arregalou os olhos e olhou pro ponto de ônibus.
- Ela não vai fazer isso - Digo pra mim mesmo - Ela vai fazer isso - Afirmo ao ver ela sair correndo pro ponto.
Corri a pegando em meus braços e ela começou a se debater.
Abri a porta do carro e lhe coloquei apertando seu cinto, ela cruzou os braços e eu maneei a cabeça, entrei do lado do motorista e a encarei.
- Sério que você correu? - Pergunto incrédulo.
- Não fala com ela, por favor - Pediu juntando as mãos - Por favor.
- Okay, eu só vou te levar, tudo bem?
- Mesmo? - Assenti e ela suspirou aliviada.
Liguei o carro e dei partida ligando o rádio.
- Como foi sua tarde com seu pai? - Ela me olhou.
- Foi divertida, ele conversou bastante comigo sobre tudo e me pediu desculpas toda hora - Ri.
- Você se sente como?
- Feliz - Sorriu - Obrigada lê.
- Eu disse que ia fazer tudo pra te ver sorrir, não disse? - Levei suas mãos até meus lábios e ela corou - Eu te amo, baixinha.
- Eu também te amo.
- Por que a Fran não veio com você?
- Ela saiu com o Diego, vou encontrar ela na porta junto com a Cami.
- Entendi - Parei o carro no estacionamento e ela me encarou - Vou cumprimentar a Cami.
- Lê? - Estremeceu e eu saí do carro indo até a Camila que mexia no celular - Lê!
- Cami - Ela me olhou e sorriu me abraçando - Cadê a garota?
- Espera - Olhou ao redor - Ali ó - Apontou.
- Okay - Sai ao encontro dela.
- Lê! - Ela gritou e segurou meu braço tentando me parar - Lê, você prometeu, por favor.
- Eu não prometi nada - Digo simplesmente.
- Por favor, por favor - Suplicou.
- Vilu, calma - Cami a puxou.
- Com licença? - Ela me olhou e ficou mais branca do que um papel.
- L-león Vargas?
- O próprio - Sorri sem humor - Seu nome?
- M-melanie - Respirou fundo.
- Certo, eu vou ser rápido, já que você tem aula - Ela assentiu - Não sei o que deu na sua cabeça pra falar daquele jeito com minha namorada e possivelmente você viu minha postagem no twitter, não viu?
- V-você vai me processar?
- Não, agora não - Suspirou aliviada - Mas dá próxima vez que eu ver ou souber que você humilhou minha namorada e falou do corpo dela, eu não penso duas vezes antes de te processar e pode ter certeza que eu faço - Ela assentiu - Sabe o Leon arrogante que todo mundo fala?
- Sei.
- É ele que você vai conhecer se mexer com ela mais uma vez - Deixei ela sozinha e fui até as meninas.
- Pela cara de medo dela, você não pegou leve - Fran comentou.
- Eu só disse que ia processar ela da próxima vez - Encarei Violetta que estava quieta com os braços cruzados - Ei, vai ficar assim mesmo?
- Eu não sou mais um bebê! - Saiu pisando fundo.
- Merda.
- Relaxa, ela logo esquece e você fez bem, ela ia deixar passar mais uma vez - Suspirou.
- Como é?
- Já aconteceu outra vez Leon, mas ela escondeu de você.
- Inferno! - Fui atrás dela e lhe puxei fazendo ela se assustar - Por que não me contou da outra vez?
- Do que você tá falando? - Perguntou nervosa.
- Você sabe muito bem, por que você escondeu de mim?
- Porque eu sabia que você ia ficar assim e fazer o que fez com aquela garota - Se alterou - Eu não quero que você fique atrás de mim como se eu não soubesse resolver os meus problemas, eu não sou uma criança.
- Eu nunca disse que você é uma criança.
- Mas você me trata como uma.
- Porque você age como uma! - Me alterei e ela respirou fundo - O que custava me dizer? Eu pedi pra você não me esconder mais essas coisas, eu te pedi!
Ela ficou quieta e abaixou a cabeça.
- Gente, depois vocês brigam - Cami e Fran apareceram - Temos aula.
Ela me deu um último olhar e saiu junto com as meninas, maneei a cabeça e voltei pro meu carro indo embora.
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