História Stranger Things - Stay Together - Dilemas

- Espera aí, espera aí! - Mike tentou consolidar as ideias. - Se não estamos neste mundo, onde nós estamos?

- Acho que no mundo invertido.

- O que?

- Eu não sei, tá tudo escuro lá fora, as casas estão meio destruídas e está...

- Frio. - Mike complementou sabendo que eles estavam de fato no mundo invertido.

- Ainda é Hawkins, mas...

- Invertida. - Mike complementou novamente. - A gente deve ter passado por um portal que não percebemos, um portal ativo e praticamente invisível.

- O único portal que a gente pode atravessar é o do laboratório, ainda assim pode ser meio arriscado de chegar até lá pelo mundo invertido.

- Tá maluco, lá fora está um frio horrendo, vamos morrer antes de chegar até lá.

- Então a nossa única opção é voltar.

   Steve se adiantou na frente, Mas quando ele ia dando meia volta, o caminho atrás deles se fechou em raízes negras que o impediam de passar, mesmo que ele colocasse fogo, outras raízes cresciam rapidamente por cima fechando o caminho novamente.

- A gente tem que sair. - Disse Steve.

- Mas vamos morrer assim.

- Temos lança-chamas, podemos nos defender. - Disse Steve subindo a escada em direção ao bueiro.

     Enquanto isso, Onze ainda estava juntamente com Tiny na solitária, foram colocados dois colchões na sala, Onze estava deitada a direita e Tiny a esquerda. As luzes estavam apagadas e haviam dois guardas na porta, sempre vigilantes para qualquer movimento de ambos, além de duas câmeras, uma na direita e outra na esquerda. Onze não conseguia dormir, só conseguia pensar em Mike sem parar. Era uma tortura para ela lembrar que Mike e Steve foram arremessados pela Cobaia X em um abismo como aquele. Mike estava morto? Estava em perigo? Meu Deus quanta ansiedade em saber como Mike estava.

- Você pensa muito nele, não é? - Perguntou Tiny.

- Hã. - Onze voltou a atenção para Tiny.

- Mike Wheeler, você pensa muito nele, não pensa?

- Você conhece o Mike?

- A minha Pré-cognição me dá algumas sub-habilidades extras.

    Onze ficou em silêncio olhando para o teto branco feito de um metal e coberto com espuma branca.

- Você não respondeu a minha pergunta. - Disse Tiny.

    Onze se virou para o outro lado não desejando responder a pergunta de Tiny, para ela não importava responder. Mas Tiny tinha uma força atrativa tão estranha que fez Onze dizer:

- Como é?

- Como é o que? - Tiny pergunta.

- Ver o futuro.

- Não é legal. - Tiny está olhando para o teto imaginando as estrelas. - Todos os que passam diante de mim, Eu sei o que farão amanhã, sei o que farão depois de amanhã, e depois, e depois, e depois. Não é legal, Onze. Saber que as pessoas morrer é uma coisa, mas quando e como, é outra. É torturante, pois você não pode fazer nada. Onze, Eu sou proibido de sentir, de amar, eu sou torturado todos os dias com imagens que não são da minha vida e isso me machuca, todos os dias.

Tiny começou a chorar em silêncio e Onze sentiu a dor que ele sentia, ela sabia bem o que era ser privada de amar, de sentir. A como sabia. Todas as vezes em que foi obrigada a ficar sozinha, todas as vezes em que teve de fazer coisas contra sua vontade, todas as vezes em que matou alguém. Onze fechou os olhos e uma lágrima quente escorreu por sua bochecha. Ela se virou para o lado de Tiny que chorava em silêncio. Onze então estendeu sua mão, passando-a pelo chão frio e a deixando exatamente entre os dois colchões. Tiny olhou para o gesto de Onze e o repetiu tocando em sua mão e entrelaçando seus dedos aos dela.

Um sentia a dor do outro e um poderia se consolar no outro naquele exato instante. Mesmo que Tiny pudesse ver o futuro de Onze naquele exato momento, um fenômeno estranho aconteceu. Tiny não conseguia ver o futuro de Onze, era totalmente incerto, um fato estranho para Tiny que não compreendeu o que estava acontecendo. Teria sido a carga emocional? Seria só por aquele momento? Ou o futuro de Onze era muito incerto?

Depois daquele instante, cada se virou para o seu lado e dormiu, cada um adentrou em seus sonhos, seu mundo particular. Um onde Onze vivia feliz com seus amigos e outro onde Tiny era livre.

Longe dali, a destemida Kali, também conhecida como a cobaia 008 estava sozinha no alto de um prédio em Indianápolis. Axel com seu cabelo para lá de Punk também veio passar um tempo no topo.

- Você anda estranha nos últimos dias. - Diz Axel apoiou o pé calçado de uma bota preta na beirada. - Aconteceu alguma coisa?

- Vai chover. - Kali olha de soslaio para Axel.

- Porque?

- Você perguntando se houve algo comigo, isso é raro.

Axel lançou uma gargalhada seca no ar frio.

- É sério. - Ele diz ficando um pouco mais sério. - Depois que você encontrou aquela garota, como é o nome dela mesmo?

- Jane.

- Jane! Depois que encontrou, Você não foi mais a mesma. Ela mudou algo em você?

- Talvez. - Kali olha para o horizonte brilhante. - Só talvez.

- Só talvez? Qual é Kali! Eu tô preocupado com você. Você era mais ativa, mais destemida...

- Axel, essas coisas são complicadas, estão além de nossa compreensão.

- Você sabe que eu só quero te ajudar. - Axel se aproxima mais de Kali.

- Falando assim até parece que é gentil. - Kali sorri e depois olha para o horizonte. - Eu só sinto que Jane não está bem e por algum motivo eu deveria voltar para Hawkins. Você sabe, para ajudar ela no que fosse, afinal ela é minha irmã.

- Você sabe que nós estaremos do seu lado no que você decidir. - Axel diz.

Eles olham para o horizonte por mais alguns instantes e Axel diz uma última coisa.

- Eu vou dormir, afinal você ainda é um mistério para mim.

Kali se sentou bem na beirada, ela era uma garota destemida, uma outra parte de Onze, uma parte quanticamente por uma corda atômica invisível que não vibrava antes, mas agora vibra com intensidade e dizia para Kali "Onze está em perigo, vá salva-la", Mas lhe faltava algo para voltar para Hawkins. Era uma barreira invisível, uma coisa que a impedia de andar para os lados de Hawkins, uma barreira com inscrições de "nunca mais" presas em sua mente que lhe dirigia os passos.

Mas enquanto Kali enfrentava seu dilema, Steve e Mike enfrentavam o frio e terror do talvez solitário mundo invertido. Andando cautelosamente em direção ao laboratório de Hawkins, Steve ia na frente e Mike o acompanhava.

- Esse mundo parece que esta morto. - Disse Steve.

- Não se engane, o mundo invertido está mais vivo do que nunca.

Nesse ponto, um rugido estrondoso ecoou no horizonte, parecia ser o rugido de milhões de Demogorgons e isso causou um arrepio profundo e Steve e Mike.

- Eu espero que você esteja errado. - Disse Steve.

- Eu também. - Disse Mike.