1. Spirit Fanfics >
  2. Stray Heart >
  3. If I Were A Boy

História Stray Heart - If I Were A Boy


Escrita por: senhoritabombonzinho e Kaplan

Notas do Autor


Ola pessoas, estamos de volta.
Estamos bem triste com o ocorrido ontem com o time da Chapecoense, os jornalistas e todos que estavam naquele voo, é uma dor de todos nós. Ontem acabou o sonho não só de uma torcida ou de um time, ontem o sonho de um país que torceu e vibrou pelo maior verdão do Brasil teve um fim. Muito além do futebol queremos deixar aqui os nossos mais sinceros sentimentos aos familiares, aos amigos, a torcida e a todos aqueles que se comoveram com a tragedia. E com lagrimas nos olhos que deixamos aqui esse texto em homenagem aqueles que nos deixaram precocemente.
"Costumo dizer que futebol é metáfora da vida e talvez por isso esse lance com a Chapecoense me deixa tão triste. Porque, por mais que torçamos pra Flamengo, Corinthians, Vasco, Palmeiras, Santos e outros grandes times, na vida a gente é mesmo uma Chapecoense. A gente sonha, luta, batalha, joga fechadinho na defesa, aguenta pressão no trabalho, salva bola em cima da linha no último minuto e quer ser campeão de algo, vibrar com a felicidade, alçar vôos altos. A gente é Chapecoense na vida porque, por mais que algumas vezes queira e em outras se sinta impotente, está lá, sempre na peleja. Nem sempre com torcida a favor, às vezes com o estádio da vida lotado, tentando virar o jogo fora de casa, mas estamos lá, buscando nossa realização, nosso conto de fadas. A gente adotou a Chapecoense porque ela é gente da gente. Com essa queda, a gente vê como se importa com bobagem, como perde energia com coisas pequenas, inclusive por aqui. Como a gente se demora em questões que não geram amor. "Donde no puedas amar, no te demores". Já que vamos seguir na vida, é preciso ser mais Chapecoense. Se encontrar mais, sorrir mais, discordar quando for necessário, mas se respeitar mais. Cultivar os afetos, deixar os desafetos pra lá, nos livrar das âncoras e seguir com as velas. É preciso seguir, é preciso soprar. Vamo, vamo, Chape. Na metáfora dessa vida, jogo de futebol eterno, Chape somos nós." - Arthur Crispin #forçaChape #You'llNeverWalkAlone

Capítulo 33 - If I Were A Boy


Fanfic / Fanfiction Stray Heart - If I Were A Boy

Brendon Urie

Eu estava cansado, não fisicamente, mas mentalmente. Já havia perdido as contas de quantas vezes tinha repassado o momento do beijo em minha mente, coloquei tudo o que sentia naquele momento e tenho certeza que foi recíproco por parte de Sarah, mas tenho a impressão que seu o orgulho vai levar a melhor e mais uma vez vou ter meu coração quebrado. Abri um sorriso irônico, é incrível como estar apaixonado me tornava um idiota piegas.

    - Qual a graça? – Patrick sentou ao meu lado com sua bandeja de lanche.

    - Nenhuma, só eu rindo de mim mesmo. – Falei – Você viu Wentz hoje?

    - Não, pensei que ele estaria aqui. -Ele olhou ao redor – Vai ver ele decidiu almoçar com Mikey. – Patrick fez uma careta, ele disse o nome do Mikey como se fosse um palavrão.

   - Acho que eles não se falam desde... – Limpei a garganta – O que aconteceu aquele dia.

Ele mordeu seu sanduíche e olhou firmemente pra frente com um olhar vazio, notei que ele repetia esse comportamento nos últimos dias.

   - Você falou com ela? – Evitei falar seu nome.

   - Não. – Ele disse simplesmente.

   - E ela tentou falar com você?

   - Não. – Ele repetiu franzindo os lábios – Eu não iria atender se ela tentasse.

   - Por que não? – Perguntei.

   - E quanto a você e Sarah? – Ele evitou a minha pergunta.

    - A velha tática de mudar de assunto. - Balancei a cabeça negativamente, ele só deu de ombros e aguardou a minha resposta.

Eu havia contado aos meus amigos a conversa que eu havia tido com Sarah, não escondi nenhum detalhe e acredito que como eu eles haviam ficado curiosos sobre os próximos acontecimentos. Ir ao quarto de Sarah e questiona-la não foi um ato pensado, foi um impulso desesperado, foi um chute ao acaso cada palavra. Eu ainda me questionava como tudo havia dado certo.

    - Nada ainda. – Soltei um suspiro cansado.

    - Não deve ser fácil para ela também, lhe dê mais tempo. – Ele me encarou.

    - Tempo é tudo o que eu não posso dar a ela. – Esfreguei a nuca nervosamente – O tempo a afasta de mim e a coloca ao lado de Frank, se ela pensar demais eu não terei chances.

    -Qual é cara, se dê algum crédito, você tem suas qualidades. – Ele disse com um sorrisinho brincalhão nos lábios.

   - Cite três. – Perguntei.

    - Eu não vou gastar meu almoço te elogiando, Brendon.

   - Pelo menos fale que sou sexy para eu me sentir melhor.

   - Não nessa vida. – Ele fez uma careta de desgosto e eu gargalhei.

   - Essa foi a minha última tentativa, Patrick. - Falei sério – Se ela não me quiser não vou correr mais atrás.

    - Eu sei, é uma boa decisão, não vale a pena insistir em algo que não dará certo. – Ele refletiu, tenho quase certeza que não era da minha situação que ele estava falando.

Patrick ficou muito desconfortável depois desse comentário então mudei. Até o fim da hora do almoço Pete não havia aparecido e eu estava preocupado, Patrick também, porque assim como eu olhava em volta procurando por ele de vez em quando. Também não vi Sarah e muito menos Frank Iero, o que me fez passar metade das aulas da tarde suspeitando que os dois estivessem juntos. Suspeita essa que só ficou mais forte na hora da saída.

Eu estava caminhando pra saída procurando Pete enquanto isso, meus olhos automaticamente pousaram em um casal que se abraçava intimamente num canto afastado, eu teria desviado o olhar se não tivesse reconhecido os dois, paralisei na hora.

Frank e Sarah.

Os dois se separaram e riam um pro outro, aparentemente Sarah já havia tomado sua decisão, pensei amargamente, não consegui envitar uma expressão de nojo, não deles, de mim mesmo, mais uma vez fiz papel de idiota por livre e espontânea vontade. Antes de reunir forças para sair do lugar, Sarah encontrou meu olhar e uma expressão estranha estampou seu rosto, não fiquei pra avaliar, saí andando o mais rápido que pude, sem nem sequer olhar para trás. 

   - O que você quer, Sarah? – Falei entre dentes, eu estava a ponto de explodir e não queria que ela estivesse por perto.

   - Precisarmos conversar. – Ela disse me encarando firmemente.

   - Não temos nada pra conversar, eu já vi o suficiente. – Ela ainda estava segurando meu braço, tentei me livrar do seu aperto o que a fez apertar ainda mais.

   - Brendon, me deixa explicar.

    - Não precisa explicar nada. – Falei cansado – Nada que você disser vai mudar o fato de que eu me sinto um imbecil por ter me apaixonado por você e me permitido ter ilusões quando na verdade você gostava de outra...

Não consegui terminar a frase, Sarah agarrou minha cabeça e me puxou pra ela me calando com um beijo, não correspondi no começo; tamanha era a minha surpresa, depois de registrar o que ela está estava fazendo e incapaz de me segurar eu a puxei bem apertado de encontro a mim e aprofundei o beijo, era incrível como parecíamos encaixar perfeitamente, ela interrompeu o beijo cedo demais.

   - Agora que você finalmente calou a boca, me escuta. – Ela falou ofegante ainda segurando meu rosto – O que você viu ente mim e o Frank agora a pouco não foi nada do que um simples abraço entre amigos. – Fiz uma careta de descrença – É serio Brendon, tivemos uma conversa, ele deixou claro que só gosta de mim como amiga e eu sinto o mesmo.

Ela abriu um sorriso, o mais lindo que eu já vi, seus olhos azuis brilhavam, parte de mim estava flutuando, mas havia a outra parte que ainda estava cautelosa.

   - Você tem certeza? - Ela não me respondeu, só me beijou novamente, mas dessa lentamente, um beijo doce que dizia muito.

   - Você gosta mesmo de mim?  -Perguntei precisando que ela dissesse de novo, parecia surreal ainda.

    - Eu estou apaixonada por você Brendon, eu só fui teimosa o suficiente para não admitir. - Ela disse séria quase como um pedido de desculpas, a frieza habitual inexistente.

  - Então você quer ser minha namorada? – Perguntei parecendo um adolescente bobo.

  - Isso é um pedido? – Ela levantou uma sobrancelha, a expressão divertida.

- Bom...- Eu me ajoelhei.

   - Brendon, o que você está fazendo? – Ela perguntou alarmada olhando pros lados, já havia algumas pessoas nos encarando – Levanta daí agora.

   - Sarah Stump. – Falei alto o suficiente pra que todos ao redor ouvissem, ela tinha as duas mãos no rosto agora – Você gostaria de ser minha namorada?

   -Sim. -  Ela sorriu com o rosto vermelho – Agora levanta daí.

Levantei e a puxei pros meus braços a beijando e a girando no ar, o que rendeu aplausos de todos ao redor. Sim eu era um clichê ambulante, quem diria.

   - Agora eu quero levar a minha namorada pra um encontro. – Falei com orgulho o que a fez abrir um sorriso.

   - Eu gostaria muito disso. – Ela me deu um beijo estalado e saímos em direção ao estacionamento.

Peter Wentz

Entrei no hospital apressadamente, minha mente tinha um único objetivo: chegar até Meagan. Eu me agarrava a um fio de esperança frágil de que talvez ela não tenha sido bem sucedida no que tentou fazer, eu rezava fervorosamente por isso.

Não foi fácil passar pela recepção, tive que mentir dizendo que eu era o seu namorado, o que me rendeu um olhar estranho da recepcionista. Tentei ao máximo não correr todo o caminho até o quarto. Havia um casal sentado nas cadeiras próximas à porta de seu quarto, assumi que eram seus pais. A mulher tinha o rosto molhado de lágrimas e era consolada pelo homem.

   - Isso é tudo culpa nossa, Richard. – A mulher fungou – Devíamos ter dado apoio a ela.

Me aproximei sutilmente tentando não ser invasivo.

      - Com licença, vocês são os pais da Meagan? – Perguntei um pouco hesitante.

     - Sim, e você quem é? – O pai de Meagan perguntou com uma expressão desconfiada.

     - Eu sou um amigo... Da faculdade – gaguejei. – Fiquei sabendo o que houve e vim ver como ela está.

    - Um amigo? – A mãe me encarou com a mesma expressão desconfiada do pai, os olhos vermelhos e inchados.

    - Sim. – Tentei soar o mais firme possível – Como ela está?

     - Ela está estável, os médicos a estão mantendo sedada por enquanto. – O pai explicou ainda não abandonando completamente o ar de desconfiança.

     - Eu posso ficar e falar com ela quando acordar? – Os dois me encararam por um momento e assentiram, as expressões abatidas.

    - Pode ser bom para ela ter um amigo por perto. – A mãe passou a mão nos olhos tentando limpar as lágrimas – Como é seu nome querido?

    - Pete... Peter Wentz – Falei.

    - Meu nome é Michelle e esse é o meu marido Richard. – Eu os cumprimentei com um aperto de mãos rápido – Sente-se Peter, pode demorar até que ela acorde.

Me sentei em uma cadeira próxima a Michelle, notei que Meagan se parecia muito com ela, elas tinha o mesmo físico e o formato do rosto, a única diferença era que Michelle era loura, Richard era moreno, ele tinha os olhos da cor exata dos de Meagan, os dois tinham as expressões cansadas, pareciam que tinham envelhecido anos em um só dia. Ficamos vários minutos em silêncio, até que ele foi quebrado pelo pai.

    - Peter você por acaso sabe quem foi o covarde que fez isso com a minha filha? – Richard falou com um tom de raiva mal contida.

    -O que? – Fiquei atordoado com a pergunta repentina

   - Richard, agora não... – Michelle interferiu.

   - Não Michelle, se ele sabe de algo tem que nos dizer. – Ele me encarou esperando.

   - Não, eu não sei quem é o pai do bebê – Falei, o que não era uma mentira.

     - Quem ERA o pai do bebê, ela abortou – Richard fez uma expressão de desgosto e Michelle começou a chorar novamente.

Não foi fácil ouvir, mesmo sabendo que ela tentou eu preferia acreditar que ela não tinha conseguido, e o pior que eu não conseguia me livrar do sentimento de culpa, esse bebê poderia ser meu. Caímos novamente em um silêncio desconfortável, senti meu celular vibrar no bolso, era meu pai me ligando, me afastei pra atender.

   - Peter aonde você está? – Meu pai perguntou.

   - Já estou dentro do hospital, pai. – Falei me recostando na parede mais próxima.

    - Eu estou na recepção, não estão me deixando entrar. – Percebi o tom de indignação na voz dele, imagino que ele deve estar encarando malignamente a pobre recepcionista.

    - Está tudo sobre controle por aqui, pode voltar ao seu trabalho. – Fiquei tenso esperando a bronca por ter feito ele perder tempo.

    - Tem certeza, filho? – Ele perguntou numa voz suave que me surpreendeu.

   - Sim pai, eu cuido disso. – Falei.

   - Ok, qualquer coisa me ligue imediatamente, a qualquer hora. – Ele desligou e eu voltei para o meu lugar ao lado da mãe d Meagan que havia parado de chorar novamente.

Ficamos à tarde inteira esperando Meagan acordar, não houve muitas conversas, a desconfiança ainda pairava no ar, ele não se pronunciou mais sobre o assunto, fiquei aliviado por isso.

Quando ela finalmente acordou seus pais entraram primeiro, fiquei do lado de fora esperando impacientemente, em um dado momento eu não conseguia mais ficar sentado, tamanha a minha aflição, andava de um lado para o outro no corredor, parei de repente pensando no que eu iria dizer a ela, eu não havia pensado sobre, desde que soube da notícia eu tinha agido apenas por impulso e agora eu não sabia exatamente o que tinha vindo fazer naquele hospital. O que eu diria a ela? Que ela não deveria ter feito aquilo? Isso é óbvio, mas que direito eu tinha depois que eu me recusei a ajudá-la? 

    - Peter? – Michelle me chamou – Meagan quer te ver agora.

Notei que ela havia chorado novamente, Richard tinha a expressão severa e olhos vermelhos de lágrimas não derramadas, ele estava segurando a porta aberta para que eu entrasse, hesitei por alguns segundos.

Meagan estava deitada em uma cama no centro do quarto, uma bolsa de soro ligada ao seu braço, seu rosto estava pálido e isso evidenciava as profundas olheiras que a fizeram parecer muito mais velha.

    - O que você está fazendo aqui, Pete? – A pergunta de um milhão de dólares.

   - Eu vim ver como você estava. – Respondi sem a olhar diretamente.

   - Porque? Você está se sentindo culpado? – Ela perguntou com uma voz frágil como a sua aparência.

   - Não. – Sim, minha mente gritou.

Olhei pra ela e ela me encarava com uma expressão insondável, não dava pra saber o que ela estava pensando.

    - Você veio pra me dizer que eu não podia ter feito o que eu fiz? – Resisti ao impulso de andar nervosamente pelo quarto.

   - Não. – Falei de novo.

   - Então qual o objetivo de sua visita, Pete? Você já tinha dito que não iria me ajudar. – Ela estava começando a ficar nervosa, isso não era bom.

Me sentei na cadeira ao lado de seu leito, esfreguei meu rosto com força, decido ser honesto.

    - Sim, eu estou me sentindo culpado, Meagan. Porra, até onde eu sei essa criança poderia ser minha, por quê você fez isso? – Perguntei.

   - Por quê? – Se olhares matassem eu estaria morto naquele singelo segundo. – Você se recusou a me ajudar Pete, não me venha agora com “por que”. – Para o meu desespero seus olhos estavam marejados. – Eu estava sem saída, foi a única ideia que me ocorreu, eu estava desesperada.

Peguei sua mão sem pensar, pensei que ela iria recusar o meu toque mas ela apertou firme ao invés disso, como se procurasse apoio.

    - Vamos ser realistas. – Ela fez uma pausa – Que tipo de mãe eu seria? Como eu ia explicar para a criança que eu não sabia quem era o seu pai, o que ele ou ela iria pensar de mim? – Eu não tinha resposta pra isso então fiquei calado – Eu não sei cuidar de mim.

Ela tirou sua mão da minha pra limpar uma lágrima que escorreu.

   - Mas isso não importa agora, eu me sinto à pior pessoa do mundo por ter feito isso – Ela fungou – Mas não tem como voltar atrás, não se sinta culpado por isso.

   - Tarde demais. – Minha cabeça estava começando a doer.

   - Meus pais também se culpam pelo que aconteceu. – Ela riu sem humor – Não preciso adicionar você a essa lista, eu sou a única culpada, demorou um tempo para que eu percebesse isso. Eu fui irresponsável, imatura e quis que você assumisse um filho apenas para que eu me safasse.

Eu não conseguia proferir nenhuma palavra sequer, um bolo gigante se formou na minha garganta.

   - Vá pra casa Pete, você não tem nada o que fazer aqui. – Abri a boca pra protestar mas tornei a fechar, ela estava certa, eu não tinha nada o que fazer ali.

Me levantei para ir embora, senti como se o peso do mundo estivesse nos meus ombros, antes de sair pela porta dei uma última olhada a Meagan, ela tinha os olhos firmemente fechados, pensei em pedir que ela me ligasse caso precisasse de algo mas eu sabia que seria inútil, então saí.

Não vi os pais dela por perto, agradeci mentalmente por isso, caminhei para fora do hospital o mais rápido que eu pude, minha cabeça estava latejando, uma coisa era certa, eu nunca iria me recuperar desse dia, eu sempre ia carregar a culpa comigo, não importa o que Meagan dissesse.

 

 

Diana Harvelle

Victoria me deixou sozinha no quarto. No fundo ela tinha razão: Eu não poderia arriscar passar um dia no quartinho, ela iria precisar de mim. Eu não tinha algo bom para dizer e ela parecia querer o silêncio. Eu tive medo que aquele episódio dos calmantes se repetisse tentei em vão afastar esses pensamentos. Eu só precisava de um cara que quisesse ir para cama comigo independente da quantia que ele me oferecesse. Meu olhar não estava atraente e eu estava nervosa, tropeçando em meus próprios saltos, meus pensamentos estavam com Victoria e só conseguia imaginar como seria a manhã seguinte, como seria tudo daqui pra frente até o fim do contrato. Por mais quantas noites de medo nós deveríamos passar até que as coisas finalmente desse certo em nossas vidas? Andei sem prestar atenção por Stray Heart na esperança que algum cara viesse até mim.
   -Diana? O que aconteceu lá em cima? - Aquele garoto me olhava com um olhar confuso.
   -Julian… - Eu precisava que ele me levasse para a cama - Achei que você tivesse ido embora. - Eu tentei sorrir - Alguns probleminhas, mas já está tudo resolvido.
  -Entendo. - ele assentiu de uma forma doce
  -Então, podemos continuar de onde paramos? - Eu toquei seu rosto torcendo para que ele não notasse o meu desespero. Eu me sentia suja e estranha, mas a necessidade faz com que façamos coisas que não imaginamos que somos capazes.
   -Eu não sei dizer não pra uma garota como você. - Um sorriso brotou em seus lábios e ele me estendeu sua mão.
Fechei a porta do quarto atrás de mim, Victoria dormia abraçada a um travesseiro. Entrei no banheiro silenciosamente e tirei minhas roupas, a maquiagem e me encarei no espelho. Um ritual que eu já fazia automaticamente. Enquanto a água quente caia sobre o meu corpo eu me lembrava do toque suave de Julian e como ele deveria ser doce com sua namorada, doce e babaca por aceitar que seu pai lhe trouxesse a um lugar como esse apenas para experimentar do prazer de ser homem. Talvez se eu fosse um garoto toda a minha vida teria sido diferente, talvez quando eu fizesse dezoito anos meu pai sairia para beber comigo ao invés de me estuprar e destruir a minha vida. Sai do banheiro e observei Victoria dormir, ela não parecia estar envolta em um sono profundo proporcionado por calmantes, mas sim em um sono conturbado causado por choro antes de finalmente cair no sono. Passava das três da manhã. Eu estava esgotada, a manhã seria uma nova tempestade. Dormi quase instantaneamente.

Fui acordada por Victoria que balançava gentilmente o meu ombro, abri os olhos devagar e observei seu semblante, ela parecia tranquila. Seu olho estava inchado e com uma coloração característica de uma pancada. Mas seu sorriso era pacífico. Achei estranho, mas não questionei.
   -Achei que a bela adormecida não iria se levantar.- Victoria sorriu
   -Foi uma noite longa…

   -Eu imagino, conseguiu algum cara? - Ela me olhou preocupada.
  -Sim. - Eu respirei fundo e me sentei.
   - Ótimo menos um problema ao final das contas. - Ela se sentou ao meu lado - Billie Joe foi tão paternal ontem. Não creio que ele vá me punir e se houver punições eu já estou destruída demais pra me importar com qualquer merda. - Ela se levantou - Agora senhorita, é melhor você ir se arrumar. Eu assenti e me levantei.
O caminho até o refeitório foi silencioso, as outras garotas já estavam por lá e lançaram olhares pesarosos sobre Victoria, levavam suas mão a boca em um gesto automático de horror. Victoria decidiu que se sentaria próxima a cadeira do Billie Joe, ela parecia cansada e determinada, inabalável depois de uma noite um tanto lamentável.
    -Bom dia, senhoritas. - Billie Joe tomou o seu lugar na mesa e encarou Victoria com cuidado. - Como a senhorita está nesta manhã? - Ele se dirigiu a Victoria.
   -Bem. - Victoria sorriu e em seguida pôs na boca uma fatia de queijo.
   -Vejo que está otimista isso é bom. - Billie Joe balançou a cabeça positivamente e deu um sorriso incrédulo.  – Senhoritas, creio que vocês já saibam dos acontecimentos de ontem a noite, ou pelo menos saibam dos boatos. - Ele nos observou. - Eu só queria esclarecer que qualquer ato de violência contra qualquer uma de vocês o agressor vai ter aquilo que bem merece. Eu não aceito que nenhuma de vocês passe por isso, não aqui em Stray Heart. Eu tenho que ir agora, Sheila cuidará do pagamento de vocês. Hoje Stray Heart não abrirá as portas, considerem isso uma folga em solidariedade a amiga de vocês. - Ele lançou um olhar rápido para Victoria. Aproveitem o dia.
Assim que os passos de Billie Joe se perderam no corredor um murmurinho se instaurou entre as garotas, eu encarei Victoria atônita. O Billie Joe havia acabado de ser um cara legal e compreensivo. Algo estava extremamente errado ou começando a dar certo.
 

***

Os dias passaram voando e com eles os meus meses de contrato com Stray Heart. Eu não sabia se me sentia feliz ou preocupada, por que eu e Victoria haviamos ganhado uma boa quantia, não era o suficiente para nos manter por muito tempo, mas já era uma esperança. Com o passar dos dias os programas já não eram mais a pior parte de estar em Stray Heart, o que me doía aquela altura era saber que talvez o mundo fora de Stary Heart fosse mais cruel do que o esperado, o que doia de verdade era gostar secretamente de Frank e vê-lo se afastar a cada dia mais.

 


Notas Finais


#Luto 29/11/2016
Pedimos desculpas aqueles que não gostam de futebol, ou não se importam com o ocorrido, mas até mesmo escrevendo uma fic temos que ter um lado humano. Todo gesto de amor é valido, não sabemos quantas pessoas vão ler Stray Heart, ou se daqui alguns anos voltaremos para ler essa fic. Só queremos a nossa solidariedade aqueles que pintaram o Brasil de verde e nos trouxe esperança. Tudo isso aqui vai muito alem do futebol. Para aqueles que não gostam desse esporte e não entram nesse meio foi algo trágico, chocante... Mas para nós que gostamos e acompanhos a dor se assemelha a perda de um familiar.
"Que escutem
Em todo o continente
Sempre recordaremos
A campeã Chapecoense"
Deixamos assim o nosso apoio. Obrigado Chapecoense.

Contamos com a compreensão de vocês.
até o proximo capitulo

ps a capa do capitulo foi negra pq estamos de luto
xoxo
ate o proximo


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...