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História Stronger Than a Brand - Choice


Escrita por: KimTaelly

Notas do Autor


Oi BabyReaders

Espero que vocês estejam bem... porque eu não to, esse cap foi muito meigo, amei ele mesmo.
Vocês vão gostar, mas se o coração é fraco... NÃO LÊ SAI DAQUI, brincadeira, ao contrário do que vocês pensam, eu não sou do mal.

Boa leitura <3 ~Kelly

Capítulo 21 - Choice


"Escolha"      

 

Se eu passasse o cio com o Tae, ele não sentiria dor, mas também não lembraria de nada depois e eu sabia que ele era virgem, além disso eu com certeza o marcaria, e ele não me perdoaria por eu tomar duas decisões que deveriam ser tomadas por ele próprio. Contudo, se eu não passasse o cio com ele, Taehyung sentiria uma dor tão forte por ser “rejeitado” pelo seu companheiro que poderiam surgir graves sequelas depois do cio.

As duas opções eram realmente decisivas e sem volta, estava nas minhas mãos decidir qual delas seguir.

 

Jeongguk POV.

 

- Jin, pega a chave do chalé. Eu vou levar o Taehyung para passar o cio lá. – Pedi, trazendo o corpo trêmulo do meu companheiro para mais próximo de mim.

Assim que o beta assentiu eu corri o mais rápido que eu pude floresta a dentro, Taehyung iria passar esse cio sozinho e quando mais longe de todos estivesse, mais seguro estaria.

Cheguei na frente do chalé e fiquei esperando Jin chegar enquanto respirava ofegante, o cheiro de Taehyung estava ficando cada vez mais forte e aquilo me assustava.

O cheiro dele já era tão forte e tentador para os lobos, no cio então... Eu tinha um mal pressentimento do que poderia causar.

O chalé havia sido construído antes de eu nascer. Me lembro do meu appa passeando comigo por ali e dizendo que havia sido lá que Namjoon foi concebido, e é lógico que na época eu pensava que ali era o local onde a cegonha tinha deixado o Namjoon para meus pais.

Um lobo mediano, caramelo e branco, chegou perto de nós e eu me assustei com seu olhar tão intenso ao cheirar o ar.

Taehyung – foi o que pensei, apertando mais o garoto.Claramente aquilo era efeito do cheiro do mais novo ômega.

Jin voltou a forma humana e veio meio tonto me entregar a chave.

- Aqui.

  Estendi um braço para pegar o objeto, enquanto tentava apoiar um Taehyung manhoso com o outro.

Ao abrir o chalé, um aconchego me preencheu, foram muitas noites brincando com os meus irmãos ali, quando meus pais queriam que nós fossemos uma família comum e não os herdeiros e líderes da matilha.

Levei Taehyung até o colchão cheio de almofadas que havia ali no centro. Já podia sentir o meu coração se partir por ter que o deixar ali, meus instintos também falavam alto, me pedindo para tomar Taehyung, para tirar sua dor.

Mas eu não podia.

- Jeonggukie onde você vai? - Taehyung perguntou, puxando meu braço, e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas com a mágoa em sua voz. -Você vai me deixar?

- T-Tae, e-eu não posso ficar com você, ok? - Falei me abaixando do seu lado e deixando um selar em sua testa - V-vai passar logo.

- Não Gukkie, não me deixa aqui, não me deixe... AHHH!

Um grito alto e cortante nos fez dobrarmos de dor, mas a diferença é que eu sabia que a dor que eu sentia não vinha de mim, e sim dele.

Sai aos tropeços do chalé, Taehyung iria sofrer, mas aquilo era melhor do que ele se arrepender para o resto da vida por ficar comigo.

 

 

1º dia de cio

 

Eu contava como se o cio de Taehyung tivesse iniciado a partir do momento em que fechei aquela porta e o deixei sozinho. Porque havia sido quando os gritos começaram pra valer, e o cheiro dele começou a se espalhar pela matilha quase como um gás venenoso.

Não que fosse um martírio o sentir, mas por ser tão bom que lembrava a todos como algo muito precioso e que não podia ser tocado, então nem todos pensavam que essa limitação era necessária, pois muitos tentaram satisfazer Taehyung naquele cio.

Quando cheguei na matilha, Hoseok se encontrava aos prantos na praça.

- E-eu não queria. -Ele tentava convencer aos outros de algo que já sabiam. -E-eu juro.

É claro que eu sabia que Hoseok só havia sido vítima de seus instintos, eu conhecia muito bem meu irmão, mas assim como havia sido com meu appa, eu simplesmente não consegui me aproximar muito dele.

Me arrependi de somente ter virado a cara para Hoseok, mas eu estava muito preso em minha própria tortura. Sentia o cheiro de Taehyung impregnando em minhas roupas e no ar, invadindo sem permissão minhas narinas.

E eu o imaginava, é claro, imaginava sua boca vermelhinha – de tanto ser mordida – implorar para que eu o ajudasse, seus olhos lacrimejando e seu peito subindo e decrescendo rapidamente para acompanhar o seu desespero.

- Jin... - Jimin disse de forma desesperada, tirei a cabeça de cima das minhas mãos e levantei o meu olhar.

Namjoon estava no canto do refeitório, os seus olhos estavam vermelhos – a mesma cor do de seu lobo –, ele rosnava para o nada, até que chegou mais próximo.

- Onde o Taehyung está? - Ele me perguntou nervoso vindo em minha direção

   Me levantei e esperei que ele chegasse.

  - Não vou te dizer. –Eu disse firme.

Sólido como uma rocha por fora, mas tão frágil quanto uma folha por dentro, eu me sentia quebrado, aquela sensação de abandono não era minha, era de Taehyung. Eu só queria um abraço naquele momento, mais nada.

Meu pai não estava ali, Hoseok chorava de uma forma desesperada e Namjoon estava perdendo o controle, eu parecia uma criança perdida sem ninguém para eu me apoiar.

- Se você não foi homem para o saciar, eu serei. - Namjoon debochou.

Mordi meu lábio segurando aquela ridícula vontade de chorar, era exatamente isso que meu subconsciente dizia, e foi aquela frase que acompanhada de um grito alto me dez ofegar como se tivesse levado um soco no estômago.

- Tae...

Deixei escapar junto de uma lágrima, aquele grito.... Ele estava tão longe, como eu podia estar escutando seus gritos? Como aquela dor tão insuportável que eu sentia, podia ser no mínimo mil vezes mais forte em um corpo tão sensível quanto o de Taehyung?

- Namjoon. -Jin chamou,segurando o rosto do meu irmão. - Vamos ajudar o Jeongguk?

A voz do beta era tão mansa, mas fez um feito muito forte sobre meu irmão, ele assentiu e em questão de segundos os olhos dele foram voltando ao normal, enquanto ele tocava em Jin.

- O cheiro parece mais real em você. -Ele soltou, cheirando o cabelo de Jin.

Então entendi sua reação, ele estava sentindo o cheiro de Jin, mas não era realmente o cheiro de Jin, já todos os lobos tinham cheiros únicos, deveria ter algo no cheiro de Taehyung que fugia do original de Jin.

Me permiti olhar em volta e me assustei ao perceber que quase todos os alfas, betas e até mesmo alguns ômegas estavam com os olhos pretos, olhando na direção de onde vinham os gritos de Taehyung.

Eu podia imaginar o que passava em suas cabeças, eles queriam o tocar, arrombar aquela porta e se aproveitarem de Taehyung, tudo pelo mesmo estar naquele maldito cio.

Um beta deu os primeiros passos para ir atrás do meu ômega, mas Yoongi o empurrou com força e o tocou em um ponto perto do pescoço do garoto,o fazendo desmaiar.

- Não podemos deixar eles se aproximarem de Taehyung. -Falei para os meninos de forma quase desesperada.

Yoongi, Jin, Namjoon, Hoseok e Jimin pareciam ver a gravidade da situação assim como eu, e eu tinha certeza de que eles me ajudariam.

- Mas não vamos conseguir segurar todos eles. -Yoongi constatou o óbvio.

A matilha era grande e nem todos estavam sob efeito do cio de Taehyung, mas mesmo assim eram pessoas demais para que nós e os que estavam um pouco “bem” pudéssemos controlar.

- Eu tenho um jeito de fazer com que eles não sintam o cheiro de Taehyung. - Jin disse, chamando nossa atenção.

- O que? -Jimin perguntou mais rápido que eu.

Me segurei em Yoongi, assim que uma onda muito forte de dor passou por mim e mais um grito de Taehyung se fazia ser ouvido.

 - Essência de flor de Lótus. - Ele respondeu sério.

Ficamos em silêncio por um tempo, os lobos não tentavam avançar, a visão que tínhamos era muito mais deprimente, os lobos olhavam para o nada como se fossem mortos vivos tentando achar algo para seguir.

- Você não vai fazer isso. - Namjoon se apressou em segurar o braço de Jin com força o impedindo de avançar para qualquer direção que fosse. - Não de novo.

- Não adiantará de nada se eu não fizer. Namjoon, nós sabemos que o meu destino está decidido, não mudará nada pedir mais um favor. E eu vou fazer, se for para salvar Taehyung. - Jin protestou se soltando.

Eu e os outros olhávamos a cena que se formava sem saber o que dizer, não entendíamos a situação mesmo, mas sabíamos que era algo que deveria ser resolvido entre Namjoon e Jin.

A forma grossa que o beta usou para falar com o meu irmão – algo que eu particularmente nunca havia visto de sua parte –, fez com que o Namjoon largasse rapidamente de Jin.

- Jeongguk e Hoseok, venham comigo - Jin começou a distribuir tarefas. - Yoongi e Jimin vão para a frente do chalé e cuidarão para que ninguém se aproxime de Taehyung, pois são os que menos tem chances de perder o controle.

Jimin e Yoongi foram rápidos, o ômega subiu em cima das costas do vampiro e o outro acelerou em direção a floresta.

Já eu, Hoseok e Jin seguimos quase na mesma direção, mas mudamos de caminho, eu lembrava vagamente daquele lugar quando chegamos lá, era um lago pequeno atualmente, mas antigamente era quase como uma piscina para as várias flores de Lótus.

 - Fiquem aí. - O mais velho mandou e nós só o obedecemos.

A cena que se seguiu parecia coisa de livros de fantasia, Jin se ajoelhou na frente do lago e começou a falar para o nada com as mãos juntas e os olhos fechados, em sinal de prece.

- Eu volto aqui, para pedir novamente a benevolência de Lótus. Eu preciso de uma flor, somente uma para que com sua essência possa bloquear o olfato dos lobos de Lúpus.

Algo começou a brilhar no pulso direito, e uma voz foi ouvida, uma paz enorme me preencheu e todas as dores que eu estava sentindo com o cio de Taehyung sumiram.

- Você de novo, beta. Novamente voltas para salvar alguém que ama... Suas atitudes são lindas e te ajudaremos de novo. Sua dívida continuará existindo, mas saiba que os filhos de Lótus se sentiriam orgulhosos e satisfeitos com o teu bom coração.

Então uma flor de Lótus rosa boiou sobre a água, como se tivesse sido devolvida do fundo do lago. Jin somente se curvou e pegou a flor.

Ele voltou rapidamente e nos olhou com um fraco sorriso adornando o seu rosto.

- Vamos tirar a essência. - Jin avisou, mas eu precisava de respostas.

- De quem era aquela voz? - Praticamente implorei por uma resposta.

- Que voz? -Hoseok indagou confuso, olhei para ele em um questionamento mudo, se ele estava surdo ou não.

- É uma ancestral de Lótus. Mas não temos mais tempo, vamos logo, essa flor é o suficiente.

Após as palavras de Jin, voltamos para o centro da matilha. Jin foi para o refeitório e fez a extração da essência da flor, misturamos o líquido com água e demos para os lobos.

Todos tomaram, até mesmo os controlados e os meninos, Namjoon disse que eu não precisava tomar pois meu alfa sabia que não podia ter nada com Taehyung naquele momento.

Quando demos por nós, já era noite, mas poucos na matilha conseguiram dormir, não muito diferente de mim mesmo, já que fiquei a noite inteira acordado na frente do chalé ouvindo os gritos de Taehyung.

E pedindo aos deuses que aquilo acabasse logo.

 

      *Stronger Than a Brand*

 

2° dia de cio

 

O segundo dia foi tão difícil quanto o primeiro, eu não havia dormido na noite passada, porque eu precisava ficar atento caso qualquer lobo tentasse se aproximar de Taehyung.

Não havia jantado ontem e nem mesmo tomado café hoje, mas havia almoçado um pouco, Yoongi havia me trazido um prato com algumas coisas preparadas por Jin.

Taehyung havia sentido mais dor hoje do que ontem, eu sabia disso, pois eu mesmo estava me sentindo mais indisposto e dolorido. Ele também gritava mais e seu cheiro conseguiu ficar mais forte.

Mas na questão do cheiro eu não me assustava mais, o efeito da flor, pelo que Jin me disse, duraria o tempo do cio de Taehyung, então os lobos estariam sobre controle.

Eu havia chorado muito naquele dia, conseguia sentir as lágrimas quentes quase abrindo buracos na minha pele. Durante a noite eu rolei e chorei, e até mesmo gritei junto de Taehyung, mas o desconforto emocional era pior que o físico.

Acho que nunca havia me sentido tão incapaz, tão mal comigo mesmo, tão dividido…. Era somente entrar naquele chalé e fazer a dor de Tae passar, mas tinha uma parte consciente em mim e ela avisava que eu o faria mais mal se não o desse poder de escolha.

Em determinado momento, me aproximei da porta e comecei a falar com Taehyung.

- Meu amor, você sabia que é um ômega como Jimin? Bem, na verdade, você é muito diferente dele, não que Jimin não seja maravilhoso, só que você é tão valente quanto um alfa, tão racional quanto um beta e tem a doçura de um ômega. Você é tão especial, meu amor. –Eu disse, acariciando a porta como se ela fosse o ômega.

- Eu pensei em algumas coisas hoje mais cedo, agora que sei que você é um ômega. Isso significa que poderemos ter um filho, sabia? Você pode gerar um filho nosso, meu amor. Algo que eu nunca te contei é que alfas também podem engravidar, são raros os casos dos alfas que querem, mas se você fosse um beta, ou até mesmo outro alfa, Tae, eu não me importaria de ser visto como chacota, desde que pudesse dar ao mundo uma versão menor de você.

- Posso te fazer feliz, Tae. Eu juro que farei o possível para te ver feliz, se você não quiser assumir Lúpus, nós podemos fugir para longe daqui.

A noite já havia caído novamente quando Jimin apareceu, e eu não havia saído da frente daquele chalé até o momento, nem tinha força de vontade para o fazer.

Porém, quando Jimin apareceu todo enrolado em um cobertor comprido, sendo acompanhado por Yoongi e Hoseok, eu soube que eu não poderia mais fugir da conversa que eu e o ômega deveríamos ter tido a muitos anos atrás.

- Eu vim te buscar para irmos até a casa grande, e não aceito um“não” como resposta. - Jimin já chegou praticamente me pondo contra parede.

- Não posso, tenho que cuidar do Taehyung. – Recusei, enquanto me aconchegava mais a porta.

Os gemidos doloridos de Taehyung chamaram a atenção dos outros para o chalé, mas eu – infelizmente – já estava até mesmo acostumado com isso.

- Yoongi e Hoseok vão cuidar para que ninguém se aproxime. - Ele logo veio com a solução - Por favor Jeongguk, você passou o dia aqui, precisa descansar nem que seja um pouco.

Eu confiava em Yoongi para ficar de olho no meu ômega, porque ele não era afetado pelo cheiro de Taehyung, e, de certa, eu forma confiava em Hoseok também, o meu irmão havia sido um dos primeiros a tomar a essência de Lótus. No momento, ele não sentia cheiro nenhum.

- Nós vamos passar a noite aqui, você querendo ou não, Jeongguk - Yoongi afirmou. - O mínimo que você pode fazer para me agradecer é não deixar Jimin passar a noite sozinho.

Queria dizer que sim, permaneci prostrado ali protegendo Taehyung, mas ao olhar para o corpo – muito mais magro que o normal – de Jimin, pensei o quanto detestaria que ele se machucasse durante a noite sem ninguém para o ajudar.

Não era como se eu estivesse preferindo Jimin a Taehyung, se tinha algo que eu já havia entendido e aceito, era que eu jamais conseguiria trocar Taehyung por ninguém, muito menos sentir por outra pessoa as coisas que sentia por ele

Eu sempre fui muito protetor com Jimin quando éramos pequenos e adolescentes, e aquele instinto voltou com força assim que o vi parecendo tão frágil.

- Vamos. - Desisti de ir contra eles.

Antes de acompanhar Jimin até a casa grande, voltei até o chalé e grudei minha testa na porta de madeira. Parecia que, ao encostar naquela superfície, conseguia sentir a dor de Taehyung ainda mais forte.

- AHH!

Taehyung soltou um grito agudo, e eu não consegui dizer nada, apenas limpei minhas lágrimas e me levantei desejando do fundo do meu coração que ele passasse uma noite boa.

Mas eu sabia que não teria. De certa forma, o máximo da minha presença acalmava Taehyung, mesmo que eu tivesse do lado de fora, algo em mim tinha a total certeza de que isso o ajudava.

- Nós cuidaremos dele. - Hoseok disse me encarrando.

Fiquei mais tranquilo com suas palavras e me permiti acompanhar Jimin, ele me ofereceu o cobertor, mas educadamente recusei. Não queria me sentir um estranho perto de Jimin, sempre o ignorei para não precisar falar com ele e ver que não tínhamos mais nenhum pingo daquela intimidade de antigamente.

- Namjoon e Jin estão lá em casa. Jin tinha uns livros que os dois queriam pesquisar. Namjoon achou o cio de Taehyung algo diferente e quer respostas sobre isso. - Jimin já foi me explicando enquanto falava

    A casa estava vazia e eu fiquei ainda mais desconfortável com isso. Jimin parecia mais à vontade na minha casa, do que eu mesmo.

Assenti e me sentei no sofá, suspirando cansado.

- Vou fazer algo para você comer ok? E enquanto isso você podia ir tomar um banho. - Ele falou, estando em pé na minha frente.

- Não estou com fome.

Me sentia uma criança levando bronca naquela posição, Jimin me olhava de cima e eu somente encarava o chão. Até que ele suspirou e se sentou do meu lado.

- Nos primeiros dias, após sua primeira transformação, eu não conseguia e nem queria comer nada, mas seu pai me disse que você precisava passar pelo que estava passando, e que eu deveria estar forte para te ajudar. - Jimin disse sem me olhar. - Você precisa ficar forte para ajudar Taehyung, Jeongguk.

Eu não sabia o que dizer, Jimin estava certo, estava sendo sincero, e eu deveria ser também.

- Você gostava de verdade de mim? - Perguntei de forma automática.

 - Se está me perguntando isso como amigo, então sim, você sempre foi o meu melhor amigo. - Ele disse, me encarando pela primeira vez - Se diz como homem, você foi meu amor de infância, e isso a gente não esquece. Mas hoje em dia eu não sinto mais isso, só que o carinho que nutri por você ainda é o mesmo.

Sempre me senti mal pela forma como me afastei de Jimin, só que não tinha alternativas, na época eu fiquei destruído com tudo que aconteceu e na minha cabeça o melhor a se fazer era me afastar para não o machucar.

- Eu ainda me culpo por quase ter te atacado. Acho que nunca ficou claro porque eu agi daquela forma e eu gostaria de falar sobre isso. - Disse e ele garantiu que estava disposto a me ouvir.

O expliquei meus sentimentos sobre a situação, os dele eu já sabia. Jimin tentou de todas as formas me reaproximar, então ele me procurava e mesmo que eu fingisse não ouvir, ele passava incontáveis minutos em algo que eu fazia questão que ele pensasse que fosse um monólogo.

- Nunca te escondi a minha repulsa por humanos, para mim eles eram monstros, desde que aquele homem tentou te atacar. - Falei acariciando sua bochecha. - Eu tinha que conviver com eles e vi ainda mais maldades, e sempre eu imaginava que aquelas crueldades eram direcionadas a você.

Aquilo não era nenhuma cena de teatro feita apenas para apresentar uma desculpa para meus atos, sempre que eu via alguém batendo em uma criança ou negando comida a algum morador de rua, eu imaginava Jimin no lugar daquelas pessoas, como se ele estivesse sofrendo.

- O meu maior objetivo era te proteger, e eu não soube o que fazer quando meu lobo saiu e te atacou, e aquela frase do meu pai... - Minha voz quebrou ao relembrar a cena.

 - Eu sei que você não fará mal a nenhum humano, vá para a floresta e volte apenas quando estiver na forma humana.

Eu e Jimin proferimos a frase juntos, e naquele momento quando olhei em seus olhos, ignorando as lágrimas que manchavam seu belo rosto, eu me reconheci, eu o reconheci também.

Vi aquele Jeongguk de anos atrás, aquele sem ódio instalado no coração, sem culpa. Encarei aquele mesmo Jimin de anos atrás dizendo que gostava de mim.

Havia me encontrado nos olhos de Jimin, não nos de Taehyung, mas isso não era de nenhum modo ruim, afinal eu sabia que eu não era dividido no Jeongguk da infância e no pós-transformação, eu era a mesma pessoa.

Juntando minhas partes, percebi o quanto as coisas estavam mais que óbvias. O meu “amor de infância” era ninguém mais e ninguém menos que Taehyung, e agora ele volta, me mostrando que aquele sentimento não estava nem de longe acabado.

Ele estava ali o tempo todo, dentro do meu coração, entrelaçado na minha alma, ele corria no meu sangue, nós erámos dois seres distintos que se somavam da forma mais perfeita existente.

- Já você, nunca sentiu nada por mim, talvez eu fingisse não ver na época, mas o seu coração sempre foi daquela menina. - Jimin disse, me fazendo rir.

- Taehyung. - Falei o deixando confuso. - A menina era Taehyung, foi o pai dele que te salvou.

  Jimin abriu a boca em um digno “O”, mas não disse mais nada, ele só sorriu largamente e eu sorri junto dele,o vendo morder o lábio, ele estava quase explodindo, eu só não sabia o motivo.

Quando eu menos estava esperando, ele se jogou nos meus braços e me abraçou tão forte que eu fiquei surpreso, me senti tão livre após aquela conversa que me permiti abraçar Jimin e tentar passar todo o carinho que eu tinha por ele.

Talvez fosse bobo dizer, mas era como se uma parede tivesse sido quebrada no meu caminho, agora eu podia seguir em frente, tudo ficaria bem. Estava tudo bem.

- Agora eu realmente preciso fazer a janta. - Jimin disse se afastando um pouco do meu corpo.

- Eu vou tomar meu banho. - Avisei me levantando.

Subi as escadas rapidamente e fui até meu guarda roupa, peguei uma calça moletom e uma regata, logo depois segui para o banheiro.

Eu estava me sentindo leve, mesmo que soubesse ainda ser o segundo dia de cio. Contudo, eu tinha esperança que as coisas acabassem logo, pois eu sabia exatamente o que fazer quando tivesse Taehyung novamente em meus braços.

Meu banho foi rápido o suficiente para eu respirar e tomar ciência do que acontecia com meu próprio corpo, eu sentia uma fome absurda, e percebi só então que eu estava passando até mesmo por privações fisiológicas.

Fiz minha higiene completa e então desci para cozinha bem mais animado do que cheguei. Só me senti abalar quando vi Jimin sentado em uma cadeira e parecia estar tonto.

- Jiminie, aconteceu algo? - Perguntei preocupado, me abaixei do seu lado e segurei seu rosto.

- Nada aconteceu, eu só estou passando meio mal os últimos dias, mas está tudo bem. - Ele tentou me acalmar. - Eu tenho que te alimentar, venha.

Jimin tentou se levantar e ir até as panelas, mas eu o fiz se sentar novamente, a última coisa que eu deixaria era que ele fizesse algum esforço estando mal.

- Fica sentadinho, eu vou trazer a nossa comida. – Levantei, deixando um selar carinhoso em sua testa.

Aquela era a minha vez de cuidar dele, um modo de compensar os carinhos que eu o havia privado de receber da minha parte. Era minha vez de ser um alfa de verdade.

 Mesmo que ele não fosse meu ômega.

 

   *Stronger Than a Brand*

 

   3° dia de cio

 

Acordei suado e descabelado, minha cama estava toda bagunçada e eu estava ofegante. Eu nunca havia dormido tão mal em toda minha vida.

Jimin havia ficado no quarto de Hoseok e eu fiquei no meu quarto, mas assim que peguei no sono tudo virou na minha cabeça, vinham flashes, como parte de sonhos.

Neles Taehyung gritava, se debatia e fugia de mim de todas as formas possíveis. Até aí tudo bem, mas então comecei a sentir uma sensação de sufocamento, como se alguém estivesse simplesmente roubando todo o meu ar.

         Mas até que é isso eu suportaria, meu cansaço, meu nervosismo. Só que o motivo pelo qual eu acordei me desarmou completamente, um grito, um único grito cortando o ar.

Taehyung.

Eu estava no meu quarto e ele no chalé, a nossa distancia era tão absurdamente grande para que eu ouvisse seus gritos, que o pavor consumiu a boca do meu estomago.

Levantei aos pulos, e sai correndo para fora daquela casa, no caminho quase trombei com Jimin e o derrubei da escada, mas consegui a tempo o segurar.

- Jeongguk! - Ele me chamou arregalando os olhos.

- Jimin, o Taehyung... - Tentei o explicar meu desespero, mas com o seu olhar caído percebi que não era coisa da minha cabeça.

- Eu sei, eu acordei com os gritos. - Jimin disse.

O soltei rapidamente e voltei ao meu objetivo, correr até Taehyung.

Na matilha todos olhavam para a mesma direção assustados. Quanto tempo Taehyung estava gritando daquele jeito? E por que aquela dor aguda que tirava a sensibilidade das minhas pernas não passava logo?

- Jeongguk? - Namjoon dessa vez que me chamava.

Eles não percebiam que eu só queria chegar até Taehyung de uma vez? Eu podia falar com eles depois.

Ao perceber que eu não iria até ele e que continuava a ir até o chalé, Namjoon veio atrás de mim, junto com o Jin, e só aí percebi que Hoseok e Yoongi não estavam mais na frente do chalé.

- O que vocês estão fazendo aqui? Deveriam estar protegendo Taehyung! - Os acusei assim que chegaram até mim.

Eu estava com certa dificuldade de falar e me locomover, a dor parecia só aumentar e eu estava começando a ficar tonto com ela.

- Nós passamos a noite lá, mas a pouco tivemos que voltar, Jeongguk - Hoseok tentava os proteger - Se daqui os gritos são altos, imagine lá.

- Há algo realmente errado, eu não é sei o que é. Mas nem os cios mais fortes causam esse tipo de dor. – Namjoon disse nervoso.

Enquanto eles falavam, os gritos aumentavam, assim como a minha tontura, eu sentia que não aguentaria por muito mais tempo. Taehyung estava sofrendo demais e eu não conseguia nem suportar a parte que ele passava da dor para mim. Imagina drenar sua dor? Eu já havia lido sobre isso, os companheiros conseguiam drenar parte da dor de seu parceiro para o ajudar em quaisquer que fossem os casos.

Mas eu não podia fazer isso por Taehyung, pois eu estava mal me aguentando em pé.

- Só vamos até ele. - Pedi com toda minha calma.

Pela primeira vez no dia os meninos me escutaram, fui praticamente correndo – descalço mesmo – até o chalé, e quanto mais me aproximava, mais os gritos ficavam altos e eu ficava assustado.

Assim que cheguei até construção de madeira, percebi que o cheiro de Taehyung não conseguia ser disfarçado nem 1%. Eu não havia tomado a essência de Lótus, então sentia toda a intensidade daquele aroma.

Senti uma fisgada no baixo ventre e olhei para baixo, vendo uma grande ereção. Com Taehyung urrando de dor, a última coisa que senti ao ver aquilo foi vergonha de estar naquele estado.

E sim, fiquei imensamente feliz por saber que eu não faria mal a ele, pois mesmo que os meus hormônios estivessem me deixando louco, eu não sentia uma vontade incontrolável de invadir o chalé e tomar Taehyung como meu.

Eu queria sim o ter, mas com seu consentimento. Precisava dele lúcido para viver os mais diversos tipos de sensações, e depois as lembrar comigo quando estivermos vagando pelo passado, em nossas memórias.

- A culpa é minha. - Assumi me sentindo incrivelmente mal. - Ele não tinha minha presença a noite, e ficou à deriva do cio de forma vulnerável.

Minha frase não se seguiu de diversas negativas como se podia imaginar que seria, os meninos deixaram escapar sons de concordância e eu até mesmo ouvi Jin sussurrar um quase imperceptível “faz sentido”

- Ele vai aguentar? - Ouvi alguém perguntar, ao mesmo tempo que me virava e dava de cara com Kwan.

Ele falava com Namjoon, mas não tirava seus olhos de mim. Eu sabia como Kwan era, ele devia estar dançando internamente, aquela naja era o único lobo de Lúpus que tinha coragem de não gostar de Taehyung.

- Cala a sua boca! -Exclamei com minha voz de alfa, lógico que Taehyung aguentaria. - Taehyung logo vai estar de volta.

Kwan me encarou com aquele olhar de deboche e eu quis o partir no meio. Eu sabia o motivo de sua raiva, eu não me considerava maravilhoso, mas eu era sim bonito e tinha alguns “admiradores”, Kwan era um desses.

Ele era muito bonito – e eu detestava admitir isso –, o corpo dele era definido e tinha bons músculos, devido aos anos servindo como guerreiro, o rosto dele era másculo e seu maxilar marcado.

Mas a partir do momento em que meu olhar alcançou o rosto de Taehyung quando ele pisou na matilha, a beleza de Kwan já era para mim algo meramente artificial.

O beta nem ao menos chegou a ser considerado o “candidato” mais bonito da matilha. Para mim, Jimin sempre foi uma obra prima muito bem desenhada, e se fosse para eu escolher alguém antes de Taehyung, claramente seria ele.

Além de saber o que se encontrava no coração de Jimin. E mesmo que eu tivesse passado anos afastado dele, eu tinha certeza de que ele era uma pessoa oposta de Kwan.

Jimin era doce e meigo, enquanto Kwan era ardiloso e peçonhento.

- Desculpe Jeon, mas não é isso que aparenta com os gritos. - Falou em falso ato de inocência, ao mesmo tempo que o silêncio se seguia.

- Os gritos pararam. - Namjoon disse, ao contrário do que eu desejava, de forma preocupada.

Avancei na direção de Kwan, estava pronto – até mesmo com a mão levantada em punho – para socar aquela carinha ridiculamente bonitinha.

Até que tudo ficou escuro e me senti caindo em um precipício.

 

 

 

 

 

 

 

- Jeongguk! Ei, Jeongguk! - Senti tapas no meu rosto.

Abri os olhos lentamente e dei de cara com Jin, estávamos na grama, ele sentado e eu deitado com minha cabeça em seu colo.

- O que aconteceu? – Perguntei, tentando me situar, levantei lentamente e ofeguei com o desconforto em meus músculos.

- Você desmaiou, acho que foi o expresse. - Jin disse parecendo dividido entre preocupação e alívio - Mas agora está tudo bem, Taehyung já parou de gritar.

Senti meus olhos queimarem com o rápido acumulo de água, pisquei rapidamente tentando me conter, mas só fiz com que as lágrimas saíssem em maior quantidade.

- E-ele desmaiou, Jin. - O avisei - Desmaiou de dor.

 

   *Stronger Than a Brand*

 

 4° dia de cio

 

Quatro dias desde que eu não via mais o rosto de Taehyung, eu poderia classificar esses dias como a sequência de datas mais torturantes da minha vida.

Tudo em si era horrível, a situação era degradante, eu me sentia um verme quando me mandavam sair da frente do chalé e eu ia para casa, pois não tinha coragem de encarar a matilha.

Eu ficava procurando um pequeno motivo para continuar, sabia sim que não podia simplesmente me atirar no lago e esperar que a água preenchesse quase por completo meus pulmões até que não teria mais forças para voltar à superfície, e por mais que fosse dramático da minha parte dizer isso, era o que eu pensava diversas vezes.

Minha própria mente era uma armadilha, armada de várias formas com acusações e apontamentos de o quanto eu estava fazendo as coisas erradas em relação a Taehyung. Além disso eu podia dizer que meu lobo tinha muita atitude, mas ele andava tão deprimido que eu só sentia ele como antes nos momentos quando alguém tentava se aproximar do chalé sem a minha permissão.

Lúpus sempre foi, para mim, o melhor lugar existente.Quando pequeno, eu defendia com veemência que nosso exército era o mais forte – não que realmente não fosse, mas eu aprendi que se gabar era muito perigoso em um mundo com tantas pessoas gananciosas e loucas por poder. O povo de Lúpus então era classificado sem dúvidas em uma palavra que tinha um grande significado para mim.... Família.

E eu via o quanto o cio de Taehyung e a minha tristeza excessiva faziam mal para eles. Mesmo que não pudesse fazer muito por eles, aquilo me magoava profundamente, os guerreiros já não tinham animo para lutar, as crianças mais sensíveis adoeceram, alguns idosos também, e os ômegas em geral se sentiam indispostos e com dores que se assemelhavam as mesmas de um cio.

Algo que me preocupava era a fraqueza excessiva de Jimin, ele já estava frágil, e sendo afetado diretamente com a minha ligação de companheiro com Taehyung, ficava ainda pior. Yoongi estava constantemente grudado no ômega o impedindo de cair em suas tonturas.

Jin era outro que não se mantinha com uma mente saudável, com Taehyung e Jimin – que eram quase como seus irmãozinhos –, ambos em situações de risco, ele não se concentrava mais em nada, mesmo que tentasse ajudar todos ao máximo.

Namjoon mais me parecia um louco, andando de um lado para o outro, tentando junto de Hoseok levantar e animar a matilha, já que eu mesmo mais parecia uma casca vazia.

Desde o dia em que Jin foi conosco pegar a essência de Lótus, ele e meu irmão não se falavam, e isso só deixava as coisas mais tensas.

Mas mesmo com tudo que estava acontecendo, no fim da tarde do 4° dia de cio, o dia antes do final, como eu gostava de lembrar, Namjoon havia ido até a frente do chalé me explicar coisas que eu bem queria saber.

- Taehyung está mais calmo hoje não é mesmo? - Ele disse assim que se sentou ao meu lado e não ouviu nenhum som vindo lá de dentro.

- As dores enfraqueceram um pouco hoje, e ele pode dormir. Acho que é porque o cio dele acaba amanhã. - Quase comemorei ao falar a frase em voz alta.

- É fascinante como você pode saber mais do que Taehyung passa e sente do que saberia caso vocês tivessem uma marca. - Namjoon divagou olhando para o nada.

Algo talvez possa não ter ficado claro nos primeiros dias de cio do ômega, mais precisamente o porquê de eu não passar o cio com Taehyung

Mesmo que eu e Taehyung estivéssemos ligados para sempre, ele podia se afastar caso quisesse e somente sentiríamos dor, mas se eu passasse o cio com ele e o marcasse, se ele decidisse que não queria ficar comigo, ele morreria ao se afastar.

 Essa era a crueldade da marca, caso desfeita, o lado mais fraco era o mais prejudicado e, a partir do momento em que descobri Taehyung como ômega, sabia que poderia estar pondo a vida dele em risco.

- Eu vou tentar esclarecer todas as suas dúvidas, mas tenha paciência. - Namjoon avisou assim que disse que queria falar sobre a minha ligação e de Taehyung. - O que você sabe sobre isso até agora?

Parei um pouco para pensar, e vi novamente o quanto minha gama de conhecimento sobre o assunto era ínfima.

Qualquer um poderia perceber que eu não tinha nenhum porte de líder, não tinha sede de conhecimento como Namjoon, nem a diplomacia de Hoseok. A questão é que, além da minha revolta que me levou a tomar decisões sem volta na adolescência – como me afastar de tudo –, eu sempre tive muito claro uma regra básica da matilha:

“Quando os líderes de Lúpus formarem suas famílias, somente os filhos do primogênito dos antigos lideres serão considerados líderes”

Quando nós três nos casássemos, eu e Hoseok seríamos postos automaticamente como “vice-líderes” ou “irmãos do líder”, dependendo dos cargos que Namjoon nos dará para desempenhar, os filhos do primogênito serão os próximos líderes, então nem eu e nem meus filhos teríamos tal “herança”

Eu nunca achei necessário da minha parte me dedicar a ser um líder exemplar, pois, no final, Namjoon ocupará o cargo dele por direito. Não falava aquilo com mágoa, longe disso, eu nem ao menos saberia o que fazer caso tal responsabilidade caísse sobre mim, afinal Namjoon não precisará somente ser um bom líder, e sim criar bons líderes.

Esse era o fato que impedia a união entre Namjoon e Jin, por questões genéticas, os alfas da nossa família não conseguiam gerar filhos com betas, e isso sempre nos foi explicado, mas para Namjoon essa regra era mais válida, pois eu e Hoseok não tínhamos necessidade real de termos herdeiros.

- Eu sei que eu e Taehyung somos companheiros, ou seja, nossas almas estão ligadas, como se tivéssemos nascidos destinados a ficarmos juntos. - Respondi sua pergunta. - A matilha é diretamente afetada por tudo que eu e Taehyung passamos, se estamos bem a matilha está bem, se estamos mal, a matilha fica mal.

- E você sabe o porque disso? - Perguntou novamente.

- Não.

Fui objetivo e realista, esse era o máximo que eu sabia.

- Os companheiros são raros, porque essa ligação só ocorre quando as quatro matilhas principais se encontram em união completa, e nós quase nunca temos alguém que podemos dizer que é realmente ligado com todas as matilhas, e de certa forma, você e Taehyung são assim. - Namjoon explicou, confesso que algumas coisas clarearam, e outras ficaram em completo escuro no meu cérebro. - Talvez você e Taehyung sejam os últimos companheiros, pois nasceram quando Lótus ainda existia, agora é impossível que outro caso dessa ligação ocorra.

Pensei sobre essa tal ligação com as outras matilhas, com Lúpus eu claramente era o mais ligado, com Sagittis até poderia ser, pois meu bisavô Myungsoo era de lá. Mas de Lótus e Bellum? Não conseguia pensar em nada que nos unisse.

E Taehyung? O que ele poderia ter com essas quatro matilhas?

- Não faz sentido. - Deixei escapar, enquanto desenvolvia meu raciocínio e tentava buscar respostas.

- Há ainda uma outra explicação, mas é um pouco ilógica. - Minha atenção foi toda para o meu irmão que parecia estar no meio de uma batalha interna - Não diga a ninguém o que vou te contar agora, está me ouvindo?

Assenti freneticamente, sentindo pela primeira vez um sentimento que não fosse negativo, eu estava quase transbordando de excitação, ele me contaria algo que não devia, não fosse a gravidade da situação, eu riria de sua “rebeldia”.

- Nosso bisavô Myungsoo, ele não casou com a bisa  por vontade própria, nem por amor, como nosso avô gostava de dizer. Ele tinha um companheiro de alma, Jeongguk. - Namjoon disse de forma baixa, quase surrada.

Fiquei surpreso com a notícia, apesar de não ter os conhecidos em vida, cresci ouvindo as histórias dos antigos lideres, minha família.

Toda a matilha sabia as quatro gerações da nossa árvore genealógica:

Minha bisavó Chohee casou com um beta de Sagittis, meu bisavô Myungsoo.

Eles tiveram meu avô, o último beta da nossa família,Yoonhyun, que casou com meu outro avô, também de Lúpus. Eu cheguei a conviver com meu avô Daeho, e podia afirmar com todas as letras que ele era uma pessoa assustadora e má.

Depois disso as coisas ficavam mais fáceis de lembrar, meus avôs tiveram minha omma Yoonho, e ela se casou com meu appa Jungyeol, logo depois vinham meus irmãos e eu.

- Companheiro de quem? -Perguntei curioso.

 - Sungyeol, um beta de Sagittis e, pelo que tudo indica, casou com uma líder de Lótus. - Namjoon disse de forma engraçada, parecia que estava me contando uma fofoca.

- Eu achava que não se podia separar companheiros. - Lembrava vagamente de já ter ouvido algo no estilo.

- E não se pode, Sagittis quase foi extinta, pois eles eram duplamente afetados, Myungsoo e Sungyeol eram de lá. - Explicou - Não sabemos de onde Taehyung é, mas a matilha dele está sofrendo tanto quanto a nossa.

Eu temia muito que a matilha de Taehyung fosse Bellum, aquele lugar era odiado pelo povo de Lúpus e eu não tinha certeza se eles continuariam apoiando o meu “relacionamento” com Taehyung, sabendo que o mesmo era de uma matilha inimiga.

- Os meninos não sabem que eu e Taehyung somos companheiros, não é mesmo? - Indaguei, ninguém veio me perguntar nada do gênero pelo menos.

- Não, somente Jin. Quero explicar com calma! - Ele exclamou como se eu fosse correr e contar para os outros.

Com a menção do beta, resolvi falar algo para o meu irmão, não o consolaria, mas queria que ele soubesse que eu não era indiferente a sua dor, assim como ele não era a minha.

-Hyung, eu fico triste por saber que você e o Jin hyung não podem ficar juntos. - Disse de cabeça baixa.

- Eu sei, Jeongguk, mas infelizmente temos obstáculos que nos impedem de ficarmos juntos. – Ele disse, tentando se contentar com o destino.

Mas eu não aceitava, eles sempre foram tão grudados, desde pequenos.

- Namjoon, quando foi a primeira vez que você notou que estava apaixonado pelo Jin hyung? - Lembrei o quando ele gostava de me contar aquela história, e queria o fazer pensar em coisas boas.

Ele sorriu largo e abriu a boca, mas piscou os olhos confusamente e me olhou nervoso.

- E-eu não lembro. - Namjoon falou, como se estivesse perdido.

- Como não, hyung? Foi no dia que vocês se beijaram pela primeira vez. - Tentei o ajudar, talvez aquele esquecimento fosse ação do estresse.

- Eu realmente não consigo me lembrar, Jeongguk. – Ele disse começando a ficar nervoso com a situação e tentei o acalmar, falando algo para logo depois finalizar assunto.

- Sinto realmente por vocês não poderem ter filhos.

Parecia bobo, e até ridículo na minha visão, que esse fosse o tão falado obstáculo para que os dois ficassem juntos. Todos naquela matilha sabiam o quanto Jin e Namjoon se amavam, e acho que todos se sentiam como eu.

Meu irmão soltou uma risada nasalada e bagunçou meus cabelos carinhosamente, fazendo eu me afastar de seu toque maldoso.

- Eu também sinto, Jeongguk - Ele respondeu tristemente - Mas ao contrário de mim e de Jin, você e Taehyung podem.

Ele parou para rir e eu o olhei confuso.

- O que tem nós? - Perguntei desconfiado.

- Companheiros tem muito mais chances de engravidar do que lobos comuns. Tome cuidado com relações sexuais nos cios Jeon, isso é implorar para que a cegonha traga filhotinhos.

Mesmo corando, entendi o que ele queria dizer: nos cios, se eu e Taehyung não quiséssemos ter um “retorno rápido” de nossos atos, seria melhor que eu não me desfizesse dentro de Tae, ou que eu utilizasse aquelas coisinhas de proteção dos humanos para aquelas horas.

- Consigo até imaginar Taehyung com nosso filhote dentro dele. - Falei de forma sonhadora.

- Mas tome cuidado mesmo assim. Eu não quero ser tio tão cedo. - Namjoon disse de forma dura e eu assenti.

- Obrigada por me ajudar, Nam. - Disse o apelido de infância há muito tempo não usado por mim.

Ele me olhou emocionado, mas não disse nada, apenas sorriu largo.

- Agradeço muito a Taehyung por ter me devolvido o meu irmãozinho. - Ele afirmou, olhando nos meus olhos.

Depois que Namjoon voltou para casa, voltei a ficar sozinho na frente do chalé e pensei em muitas coisas. Uma possível gravidez de Taehyung foi uma dessas, um filhotinho meu e de Taehyung, uma criança linda que seria igualzinha ao ômega.

Mesmo que fosse muito cedo para pensar nisso, eu via como algo inevitável. Nunca pensei que fosse desejar com tanto afinco formar uma família, mas até isso Taehyung conseguiu mudar.


Notas Finais


E então o que acharam? Tem mais um cap sobre o cio, a segunda parte, essa é por conta da Gabi.


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