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História Stupid Wife - Lucky Wife!


Escrita por: Horse

Notas do Autor


HELLO FROM THE OTHERSIDEEEE!

"Bem vinda ao mundo, pequena Destiny" conheçam a mais nova membro da família Cabello-Jauregui.

E então, como vocês estão?

Eu demorei bastante, eu sei. Mas eu estava com bloqueio, e com uma dó de finalizar essa fanfic de vez. Nossa, ela é tão especial para mim. Eu acho que é a primeira fanfic que eu escrevo que é 97% pessoal. Por isso ela é tão especial, e todo o reconhecimento que ela ganhou, nossa! Vocês são incríveis demais. Tudo isso aqui é maravilhoso e graças a vocês. Muito obrigada, de verdade.

Existem duas coisas mais difíceis nessa vida, o primeiro eu te amo e o último adeus.

Dizer adeus nunca é fácil, na minha opinião eu não consegui superar o último capítulo postado, porém acho que dá para suprir qualquer saudade de vocês.


Foi ótimo escrever essa fanfic, foi a melhor terapia de todos. Ninguém nunca vai entender o quanto escrever essa fic me ajudou no pior momento da minha vida. E acreditem, eu estou chorando agora, eu chorei escrever esse capítulo porque eu não consigo me despedir. Mas chegou o momento de dizer adeus.


Espero que gostem.

Capítulo 40 - Lucky Wife!


Fanfic / Fanfiction Stupid Wife - Lucky Wife!

Eu provavelmente terei que pagar algumas multas de trânsito depois dessa noite, pois não parei em sinal algum, e também nem me dei ao trabalho de ver se tinha estacionado em local adequado. Mas óbvio que eu não vim correndo igual uma louca desvairada. Afinal, meus três amores estavam comigo, jamais faria algo que colocasse a vida deles em risco. Olho em volta assim que adentro o hospital, o ar gélido colidindo contra meu corpo, fazendo-me estremecer um pouco e abraçar a mim mesma em busca de me aquecer. Nem peguei um casaco. Droga, será que minha esposa e meu filho estão com frio? Eu deveria ter me preparado melhor para esse momento, sou uma péssima mãe e esposa. 

— Por favor, eu preciso de ajuda, minha esposa está entrando em trabalho de parto e ela está me esperando no carro, preciso que alguém busque-a.

Começo a falar sem parar assim que chego até a recepcionista no balcão, ela demora alguns segundos para assimilar o que eu disse. Estou tão nervosa que nem consigo falar direito, devo estar parecendo uma psicopata. Olho por cima do ombro em direção a porta, sentindo vontade de correr e voltar para perto de Lauren. Será que ela sentindo alguma dor?

— Um enfermeiro irá lhe ajudar, senhora. Peço que fique calma, sua esposa precisará de você. 

— Obrigada. – agradeço a loira, que nem ao menos me dei o trabalho de perguntar o nome, para logo acompanhar o rapaz asiático que se aproximou de mim com uma cadeira de rodas. — Você acha que o bebê pode escorregar para fora quando ela levantar? 

Pergunto ao rapaz, que sem nem ao menos parar, olha-me como se eu tivesse três cabeças. Mantenho minha expressão apavorada, ouvindo-o soltar uma baixa risada. Qual é a graça, idiota? 

— Mommy, a mamãe está chorando! 

Ouço a voz de Louis e arregalo os olhos, acelero os passos e vou na direção do carro. Mesmo de longe vejo minha esposa curvada para frente, com a cabeça apoiada no painel do carro. Meu coração dispara dentro do peito, apenas o fato de saber que ela pode estar sofrendo com as dores me deixa mal. Queria poder sentir essa dor em seu lugar. Abro a porta do carona, o som desperta a atenção de Lauren e ela olha para mim. Seus olhos verdes cheios de água, as bochechas vermelhas e os lábios retorcidos, formando um pequeno bico. 

Essa cena seria adorável de se admirar, se ela não estivesse prestes a dar à luz. 

— Está sentindo alguma dor, amor? – Ela concorda com a cabeça. O enfermeiro se aproxima e eu dou espaço para que ele possa pegar Lauren. Fico apreensiva, controlando a vontade de colocar a mão por debaixo de seu vestido. Nunca se sabe, né? E se nossa filha resolver sair antes da hora? — Eu vou ficar ao seu lado, não vou sair daqui. 

— Não me deixe, por favor. 

— Eu não vou. – Garanto e seguro suas mãos, entrelaçando nossos dedos. — Amor... – Mordo o lábio ao senti-la apertando meus dedos, aumentando gradativamente a força. Meu rosto se contorce em uma careta de dor. Puta merda, ela é forte! — Você vai quebrar meus dedos. 

— Está doendo. – Ela diz sob um sussurro, choramingando. Olho para o enfermeiro e aceno com a cabeça, lhe dando permissão para levá-la. — Você não vem? Eu não quero ficar sozinha. Por favor, Lua. 

Sorrio para ela, apoiando as mãos em seus joelhos antes de me inclinar para frente e selar nossos lábios. Lauren agarra meu rosto e aprofunda o beijo, parecendo desesperada. 

— Eu já vou, tenho que fechar o carro e avisar o pessoal. – Seco suas lágrimas com meus polegares, depositando um beijo na ponta de seu nariz. — Não comece sem mim. 

— Idiota. 

Afasto-me dela, observando-a enquanto o enfermeiro a leva para longe de mim. Meu olhar se volta para Louis, ele está parado abraçando seu próprio corpo, os olhinhos brilham confusos. Suspiro, aproximando-me dele. Abaixo em sua frente, soltando seus braços para poder segurar suas mãos. Ele prontamente agarra meu pescoço, sinto-o erguendo a perna e levanto-me do chão, pegando-o no colo e fazendo-o envolver suas pernas em minha cintura. 

— Vamos pegar as coisas da sua mamãe e depois avisar nossa família. Sua irmã está vindo nos conhecer. 

— Ela vai nascer agora? 

— Bem... – Fecho a porta do carro, dou a volta para pegar a chave na ignição e após isso ativo o alarme, vendo as janelas subirem. — Pode ser que demore algumas horas, mas ela nasce hoje. Animado para conhecer sua irmãzinha? 

Solto-o no chão para pegar as bolsas com as coisas de Lauren e depois seguro sua mão, guiando-o em direção ao hospital. 

— Muito, muito. Mal posso esperar. Mamãe disse que eu terei que proteger ela. – Ele começa a falar sem parar, gesticulando freneticamente com a mão livre. — Mommy, você acha que ela vai gostar de mim? 

— Ela vai amar você, filho. – Digo sincera, sorrindo para meu pequeno. Paramos em frente ao balcão, preciso fazer a ficha de Lauren antes de ir até o quarto onde ela provavelmente já está sendo instalada. — É impossível não gostar de você. 

(...)

Depois de todo o processo concluído, liguei para os meus amigos, meus pais e meus sogros. Avisei Dinah, e ela ficou de acordar Ian para que eles pudessem vir até aqui. Eu não sei se seria uma boa ideia, já que ela tem o pequeno Harry, mas ela estava animada demais com o "bebê camren", como ela mesmo o nominou. Eu estava com receio de que ela fosse sequestrar minha filha assim que ela nascesse apenas para tirar fotos dela de todos os jeitos possíveis. 

E acredite, Dinah era capaz de fazer isso mesmo.

Após ter conversado rapidamente com o médico, voltei para a sala de espera, não queria deixar meu filho sozinho, mas também queria minha esposa logo. Por sorte Normani foi a primeira a chegar, ela estava acompanhada do noivo, Theo. Os dois me parabenizaram diversas vezes, os cumprimentei e pedi quase desesperadamente para que eles cuidassem de Louis enquanto eu ficava com Lauren no quarto. Despedi-me dos dois e do meu filho, garantindo a ele que em breve voltaria com sua irmã. No caminho conversei rapidamente com o nosso obstetra substituto, ele já tinha me garantido que os partos geralmente são demorados. E exaustivos, alguns demoram horas para terminar. Por isso estou usando todo esse tempo de sobra para me manter calma. Dra. Chelsea tinha ido visitar os pais em New York, não sei se ela conseguirá chegar a tempo de minha filha nascer. 

Eu estou tão ansiosa e desesperada, sinto que posso explodir a qualquer momento. 

— Sua estúpida! Por que me deixou aqui sozinha? 

Lauren grita assim que adentro o quarto onde ela está internada. Aliso a nuca, sorrindo sem jeito e fecho a porta, aproximando-me com extremo receio de sua cama. Ela está com o rosto vermelho, não sei dizer se é pelo calor que deve estar sentindo ou por sua raiva. Bem, o quarto está com um clima agradável, então ela provavelmente quer me matar. Hesitante, chego perto o suficiente dela, arregalando os olhos ao vê-la erguer a mão e tentar me acertar um tapa. 

— Calma, amor. – Peço quase em desespero, ela bufa e cruza os braços. Um enorme bico em seus lábios e as narinas infladas, soltando ruidosamente o ar por elas. — Você não pode ficar tão estressada assim. Lembra o que o médico disse? Inspira e expira. 

— Cala essa boca antes que eu quebre todos os seus dentes, sua idiota. Eu não estaria com raiva se você estivesse ao meu lado como prometeu. – Logo que ela termina de falar, seu rosto se contorce de dor e ela descruza os braços, agarrando o colchão e grunhindo. — Puta merda. 

— Uma contração? – Ela apenas assente, mordendo com extrema força seu lábio inferior, tanto que ele começa a perder a cor aos poucos, tornando-se pálido. Seguro em sua mão, fazendo-a me olhar por alguns instantes. — Pode apertar minha mão se quiser. 

— Eu vou acabar... – Pausa para buscar fôlego, engolindo a saliva em sua boca. — Machucando você. 

— Eu não me importo. 

E realmente não estava me importando. A provável dor que eu sentiria, não seria nada comparada a que Lauren deveria estar sentindo. Seu rosto finalmente suaviza, ela solta uma lufada de ar e relaxa, recostando-se no travesseiro debaixo de sua cabeça. Continuo segurando sua mão e levo a outra até sua testa, retirando alguns fios de cabelo que estão grudado em sua pele. Nos livros em que eu li, estava escrito que o primeiro parto é sempre mais demorado e pode variar entre 8 e 24 horas. Imagina passar um dia todo em trabalho de parto? Lauren me disse uma vez, que o nascimento de Louis demorou nove horas e meia.

Será que nossa bebê vai demorar tanto para nascer? Quero ver seu rostinho logo. Olhar nos olhos de Lauren e ver o brilho de amor refletido, sentir meu peito expandindo-se aos poucos ao ver o quão bela nossa pequena deve ser. Só quero colocá-la em meu colo e sentir aquele amor incondicional, protegê-la do mundo, nina-la. Quero olhar para seu rosto e sussurrar "Oi bebê, aqui é a Mommy" 

— Você está chorando? 

A voz de Lauren me traz de volta a realidade e só então noto meus olhos marejados, uma lágrima escorre por minha bochecha e eu prontamente a seco. Sorrio para minha esposa, ela está me olhando confusa e com preocupação em seu olhar. 

— Só estava imaginando algumas coisas. – Mordo o lábio, tomando sua mão com as minhas, acariciando-a. — Estou ansiosa para ver nossa bebê. 

— Eu também estou. – Ela soa mais nervosa do que eu. Lauren usa a outra mão para alisar sua barriga por cima do roupão do hospital. Solto uma de minhas mãos e levo até sua barriga, acariciando-a. — É meio assustador pensar que tem uma pessoinha aqui dentro. – Solto uma risada e ela me acompanha. — Você acha que ela vai parecer com nós duas?

— Eu espero que ela puxe mais o seu lado. – aproximo-me mais da cama. — E que ela tenha olhos verdes lindos, assim como os da mãe dela. 

Os olhos de Lauren se enchem de água, seus lábios vão sendo torcidos aos poucos, até ter um bico na ponta deles. Lágrimas começam a escorrer por seus olhos, ela ainda está muito emotiva, e acredito que hoje ainda mais. Sua ansiedade misturada com a minha está afetando seu humor diretamente. Sorrio para ela antes de levar minhas mãos até seu rosto e secar suas lágrimas com meu polegar. 

— Você é incrível, sabia? – Ela segura minha mão, virando-a para depositar um beijo na palma da mesma. Deita o rosto sobre minha mão, fechando os olhos enquanto acaricia meu braço. — Nossa filha vai ter lindos olhos castanhos, que nem os seus. 

Quando faço menção de respondê-la, outra contração se inicia. Lauren solta um grunhido de dor e aperta meu braço, acabando por cravar as unhas em minha pele mesmo que sem intenção. Uma careta de dor surge em meu rosto ao sentir a pele sendo rasgada. Droga, eu não achei que doeria tanto assim. 

— Senhoritas... – Olho quase em desespero para a porta ao ouvir a voz do médico, ele estava olhando para a prancheta em sua mão, mas ao ouvir minha esposa grunhir de dor, levantou o rosto, ajeitando o óculos de grau. — As contrações estão muito frequentes? 

— Um pouco. – Giro o braço, finalmente fazendo Lauren parar de cravar as unhas em minha pele. Arfo de dor ao sentir o vento gelado bater no local ferido, que merda. — Será que falta muito tempo para nossa pequena nascer? 

Ele aproximou-se da cama e verificou algo na tela da máquina a qual estava monitorando os batimentos cardíacos de Lauren e outras coisas. O doutor leu algo no papel que saía da mesma, fez alguns sons, quais eu não soube identificar os significados. Minha esposa finalmente pôde respirar aliviada, assim como eu, que não estava mais quase tendo os ossos quebrados. Que mulher forte, nossa senhora. 

— Está quase na hora, creio que em uns 90 minutos já possamos trazer a filha de vocês ao mundo. – Ele sorri para nós duas, olho para Lauren e ela faz o mesmo, sorrindo animada. — Volto em alguns instantes para conferir como as coisas estão. 

— Obrigada, Dr. Duncan. – Agradeço-o e aproximo-me de minha esposa, levando a mão até seu rosto para acaricia-lo. — Você é linda. 

— Lua, eu devo estar parecendo uma doida com o rosto amassado e os cabelos bagunçados. 

— Continua sendo a mulher mais linda do mundo. – Sorrio toda apaixonada, é impossível não sentir-me assim quando falo sobre Lauren. — Estar apaixonada por você foi a melhor coisa que já me aconteceu. Gostaria de lembrar-me como chegamos até esse ponto, mas estou feliz que você não desistiu de mim e hoje estamos aqui. Vamos ter mais um filho, nossa princesinha. Não existe pessoa melhor para se construir uma família do que você. 

— Está tentando me fazer chorar mais? – Sua voz está embargada, os lábios tremendo e seus olhos enchem-se de água. — Você precisa parar de fazer com que eu me apaixone mais por você, sabia? 

— Eu sou apaixonante demais, amor. É meu charme latino. – Lauren acaba rindo e revirando os olhos, levando as mãos até seu rosto para enxugar suas lágrimas. — Mas é só porque eu tive a sorte de casar-me com a mulher mais espetacular desse mundo. 

— Não, a sortuda sou eu. Sempre será eu, porque você é mais do que eu mereço. – Ela envolve minhas mãos com as suas, puxando-me para mais perto. — Acredite em mim. Existem diversas maneiras de se salvar um ser humano, e você me salvou de todas elas quando disse que me amava pela primeira vez. Quando deixou eu entrar na sua vida. Tudo fez sentido quando eu finalmente consegui ter você para mim. E eu passaria por tudo aquilo de novo só para no final poder sorrir e saber que você é minha, que me ama e que quer passar o resto dos seus dias comigo. 

..

♦ Flashback On ♦

..

 

Estou ansiosa, muito. Chego estar apavorada. Mas isso já se tornou comum. Claro que a culpa disso tudo tem nome, sobrenome, olhos lindos e um sorriso encantador. 

Zeus! 

Eu estou tão perdidamente apaixonada por Lauren Jauregui. Não sei explicar em qual momento exatamente isso aconteceu. Talvez seja pelo fato dela fazer com que eu me sinta segura, ou o seu jeito romântico e apaixonante. Talvez seja o cuidado que ela tem comigo, a forma que ela me respeita, ou o simples fato dela ser uma perfeita namorada. Sempre se importando comigo, sendo atenciosa e compreensiva. Eu descobri que ela é completamente o contrário do que eu pensei que fosse. Lauren se mostrou ser a pessoa que você deseja casar-se no futuro, sabe? 

E... eu quero isso. Nossa! Como eu quero poder chegar daqui alguns anos e falar: Eu tenho sorte de ter uma esposa como Lauren. Eu sou a mulher mais feliz do mundo. 

Como foi que todo o ódio que eu sentia por ela se converteu em amor? Essa é uma pergunta que acho ser incapaz de responder, e acho que nunca saberei como respondê-la. Lauren tem o dom de cativar, ela sabe como ganhar as pessoas. E ela nem precisa se esforçar. Quando você dá uma chance para conhecê-la de verdade, é fato, você se apaixona. 

E foi isso que aconteceu comigo. 

Faz um ano e oito meses desde o nosso primeiro beijo, doze meses desde o momento em que dei um voto de confiança para que ela pudesse me conquistar. Nove meses desde que comecei a ceder e três semanas desde que começamos a namorar oficialmente. 

E durante todo esse tempo, eu sempre fui apaixonada por ela. 

Não é tão surpreendente isso, mas acredite, eu surtei um pouco ao finalmente me dar conta disso. Acho que no fundo, todos sempre souberam, inclusive eu mesma. Somente Lauren não percebia, ela disse que a única forma de conseguir falar comigo sem travar era me provocando. Ela abusava de seu jeito arrogante para se aproximar de mim sem parecer patética. Algo incomum de se fazer com a garota que você supostamente gosta, mas eu acho que a entendo. Provavelmente eu faria o mesmo se estivesse em seu lugar. 

Oh... Você deve estar se perguntando o motivo do meu nervosismo. Eu costumo divagar muito quando estou nervosa ou ansiosa, isso é a coisa mais comum que existe. Porém, como eu disse antes, o motivo é ela, sempre é. Lauren tem o dom de me deixar nervosa mesmo de longe. 

Ouço a campainha tocar, levanto-me da cama, onde só agora noto que estava sentada. Meus pais não estão em casa, saíram para visitar meus avós. Sofia foi com eles e Allyson provavelmente deve estar com o Troy, se agarrando por aí. Eu não sei como eles conseguem ficar tanto nesse grude todo.  Olho-me no espelho mais uma vez antes de finalmente tomar coragem e sair do quarto. Meu coração está disparado dentro do peito, eu o ouço batendo em meus ouvidos. 

Cristo! Eu só vou finalmente dizer a ela que a amo, não deveria ser tão complicado assim. Deveria? 

O sorriso em meu rosto se abre ainda mais ao vê-la, linda e encantadora como sempre. Hoje ela está com o cabelo preso, apesar de eu gostar deles soltos, também gosto de poder admirar sua nuca, é tão bonita. O dia está quente, então Lauren não está com sua habitual jaqueta preta, optou por uma blusa branca de mangas curtas. Meus olhos param sobre o buquê de tamanho médio em suas mãos, diversas flores coloridas o compõem. Sorrio para minha namorada, sentindo meu coração bater ainda mais rápido. 

Lauren irá me causar um ataque cardíaco qualquer dia desses. 

— Boa tarde, linda. – Ela deseja, abrindo um sorriso. Suspiro, sentindo-me toda derretida por aquela garota. Estar apaixonada nos deixa tão bobas. — Estava à caminho daqui e encontrei essas flores, também trouxe algumas sementes. 

— Sementes? – Questiono, confusa. Ela me estende as flores e eu prontamente as pego, abraçando-as e inclinando a cabeça para o lado, com um sorriso tímido em meus lábios. — Vamos plantar alguma coisa? 

— Sim. – Ela retira uma caixinha retangular branca do bolso de trás do short, mostrando-me em seguida. — Quando essas flores morrerem, você vai pode ver as plantar novas e lembrar sempre de mim toda vez que regá-las. 

Ugh! Existia alguma maneira dela parar de ser tão perfeita? 

— Você não existe, Lauren Jauregui. – Seguro em seu queixo e puxo-a para perto, beijando seus lábios superficialmente. Ela sorri, colocando as mãos em minha cintura antes de pressionar mais nossas bocas. — Hm... – Ela separa os lábios, começando a movê-los sobre os meus. — Não faça isso. 

Murmuro em meio ao beijo ao senti-la arranhar minhas costas por debaixo da blusa larga que estou usando. Lauren solta uma risadinha, volta a segurar minha cintura e sela nossos lábios diversas vezes. Eu sei que agora estamos namorando, e que já temos um pouco mais de intimidade. Porém, não estou pronta para o segundo passo. Sei que não preciso me preocupar com Lauren porque ela me respeita. Além do mais, às vezes nós fazemos algumas coisas mais íntimas. Embora eu saiba que uma hora isso vai acontecer, e provavelmente será com ela que eu darei o próximo passo. 

— Está sozinha? 

Dou espaço para que ela entre, fecho a porta e depois caminho em direção a cozinha para pegar um jarro e colocar as flores na água. Lauren me acompanha, o cheiro do cabelo dela toma conta do ambiente. Ela é sempre tão cheirosa, quando ela vai embora o cheiro dela fica grudado por onde ela passa, principalmente em minhas roupas e eu amo isso. 

— Meus pais foram visitar meus avós, como eu te disse antes, Sofia foi com eles e a Ally, bem...

— Com o Troy. – Ela completa rindo e eu concordo com a cabeça. — Aqueles dois não se desgrudam, Dinah e Ian estão da mesma forma. Eles entram para o quarto do meu irmão e não saem de lá nunca mais. Nem gosto de pensar no que os dois tanto fazem lá. 

— Não é muito difícil de se imaginar. – Viro-me para Lauren, ela faz uma careta de nojo e eu acabo gargalhando de sua expressão. Coloco as flores no jarro e caminho em direção a mesa, para colocá-las no centro da mesma. — Embora eu saiba que a Dinah ainda não perdeu a virgindade dela com seu irmão. 

— Como você sabe? 

— Ela teria me contado, duh. – Lauren me puxa para seus braços, de costas para ela. Recostada em seu peito, inclino a cabeça para trás enquanto caminhamos em direção a sala. — Dinah não me esconde nada. 

— Eu imagino que sim. – Lauren cola a boca em minha bochecha, sorrio instantaneamente. Ela passa os lábios sobre minha pele, como se estivesse me fazendo um carinho com a boca. — O que vamos fazer primeiro? 

— Não sei. – Paramos no meio da sala, sem nos separarmos. Ela continua com a boca grudada em minha bochecha, alisando minha cintura. Suas mãos quentes e macias, fazendo-me morder o lábio inferior e fechar os olhos. — Podíamos plantar as sementes. O que acha? 

— Essa é um ótima ideia. – Lauren me solta, afastando-se rapidamente de mim. Suspiro frustrada pela falta repentina do seu calor, gostaria de passar o dia grudada nela. É uma necessidade, estar cercada por ela o tempo todo. Que irônico eu querer que ela viva grudada comigo sendo que antes eu só gostaria que ela sumisse para o mais longe possível. — Eu trouxe semente de girassol, lembra?

— Foi a primeira flor que você me deu no nosso primeiro encontro. – Sorrio nostálgica, lembrando-me do girassol que Lauren havia pegado em algum lugar enquanto íamos para o lago. Ela me deu a flor e colocou em minha orelha. Gosto daquele dia, ficamos ensopadas, mas foi um dos melhores até hoje ao lado dela. — Eu ainda tenho ela, sabia? 

— Guardada no diário? – Ela pergunta quando eu abro a porta de trás, dando passagem para ela. Faço um som nasal concordando, a claridade do lado de fora faz com que eu pisque os olhos algumas vezes como reflexo. — Deve estar seca já. 

— Ela está mesmo. – Seguro a mão que ela me estende para me auxiliar enquanto descemos os degraus da escada que leva ao quintal. — Mas gosto de olhar para ela e lembrar de você. 

— Agora você terá vários lindos girassóis para lembrar da sua namorada maravilhosa. 

— Ugh! – Dou um soquinho em seu braço, empurrando-a para o lado. Lauren gargalha, o som fazendo meu coração voltar a disparar. — Você é uma idiota egocêntrica. 

— Se eu bem me lembro, foi você mesma quem me chamou de namorada maravilhosa. Lembra? Semana passada no meu carro, quando eu estava pegando nos seus peitos. 

— Lauren! – Exclamo incrédula, meu rosto começando a esquentar com o tom cheio de malícia e a lembrança daquele dia. Nós estávamos trocando beijos, quentes. Ela se empolgou e cismou de apalpar meus seios, não tive como negar, eu estava adorando. Mas isso não significa que ela precisa ficar lembrando disso. — Foi um momento de loucura. 

— Oh, eu imagino que sim. – Reviro os olhos, desviando o olhar dela. Lauren aproxima-se de mim, sinto sua respiração colidir com minha orelha esquerda e me encolho automaticamente. — Eu causo esse efeito nas pessoas. 

— Pode tirando esse plural, idiota. – Empurro-a pelos ombros, completamente sem jeito. 

— Desculpe-me, mas não precisa se preocupar, sou toda sua. 

— Eu sei disso. 

— Quem está sendo egocêntrica agora, hein?

— Deixe-me, sua idiota. – Chegamos no único lugar do quintal que estava sem grama, Lauren se abaixa, ficando agachada enquanto abre a caixinha com as sementes. — Do que vamos precisar? 

— De alguma coisa para cavar, não quero ficar toda suja de areia. E acho que um pouco de água também. 

— Okay, já volto. 

— Não demore. – Pede me olhando, sorrio para ela e me abaixo para selar nossos lábios rapidamente. Viro-me para sair dali, mas ouço-a me chamar. Faço um sinal para ela que diga o que quer. — Eu adorei seu vestido, amor. Use-o mais vezes. 

— Você... – A insinuação em sua voz era nítida, eu odeio quando ela faz isso. — Idiota. 

— Amo você também. 

Quase tropeço em meus próprios pés ao ouvi-la dizer aquilo. Mesmo sendo em um momento de brincadeira, sei que ela está falando sério porque eu a ouvi confessar seu amor por diversas vezes ao longo do tempo em que estamos namorando. 

É boa a sensação de amar e ser amada. 

(...)

Estamos plantando as sementes, melhor dizendo, Lauren está. Eu estou apenas agachada ao seu lado, lhe observando. Vejo seus lábios se moverem enquanto ela cantarola alguma música que nem me dou ao trabalho de descobrir qual é. Deve ser alguma do Maroon 5, ela é simplesmente viciada neles. Rosados, tão cheios e convidativos. Essa boca da minha namorada é um pecado, deveria ser proibido alguém ter a boca linda assim. Ela balança a cabeça para um lado e para o outro, a veia em seu pescoço está saltada, parte de sua clavícula aparecendo por conta da posição meio inclinada dela enquanto planta as sementes. Ela franze o nariz algumas vezes, o pequeno piercing a deixa ainda mais bela. 

— Camz? – Ela estala os dedos em frente ao meu rosto, fazendo-me saltar pelo susto. — Você ouviu alguma coisa do que eu disse? 

— Sim! – Respondo rapidamente, quase sem pensar. Ainda estou vidrada em seu rosto, os olhos verdes tão carinhos por causa do reflexo dos raios solares. 

— Então o que eu disse? 

 

— Eu amo você. – Digo sem pensar. Vejo-a meio confusa. 

 

— Uh, eu não disse isso, na verdade...

 

— Não, eu amo você. Eu, Lauren.  – Ela abre e fecha a boca sem parar, parece completamente perdida. Sorrio sem jeito, aproximando-me dela. — Eu descobri que sempre fui apaixonada por você, e que te amo, cada dia mais. Não aguento guardar isso somente para mim. Preciso de você, todos os dias, da sua voz, do seu carinho, dos seus cuidados, seus beijos. Preciso de você e do seu amor. – Seguro seu rosto, observando seus olhos cheios de água. Ela está emocionada, eu a entendo, ela esperava por isso a tanto tempo. — Eu amo você, Lauren Jauregui. 

— Vo-você o que? 

— Eu amo você. 

— Diz de novo, diz de novo. Se for um sonho eu quero pelo menos acordar e lembrar da sua voz. – Ela está afobada, gesticulando quase em desespero. Duas lágrimas escorrem por seus olhos, inclino-me para frente, beijando suas bochechas para secá-las. — Diz outra vez. 

Levo minha boca até seu ouvido para sussurrar bem baixinho:

— Eu amo você, minha menina. – Lauren agarra minha cintura com força, apertando-me contra seu corpo. Ela coloca o rosto na curva entre meu pescoço e o ombro esquerdo, seu corpo começa a tremer com força. O som de seu choro é baixo, mas a intensidade é imensa. — Eu queria poder conseguir explicar como você me faz bem, e como eu me sinto feliz ao seu lado. Queria mesmo, te falar tudo, contar daquele detalhe, sabe? – Vou dizendo baixo em seu ouvido ouvidos enquanto afago suas costas, tentando acalmá-la. — Falar de como eu gosto da forma que meu coração dispara quando você me abraça, como eu sempre fico ansiosa quando vamos nos ver e como meu estômago parece criar um furacão toda vez que você me beija. O meu mundo desaba toda vez que nós brigamos, eu morro de medo de perder você para alguém melhor do que eu. – Pisco diversas vezes para espantar as lágrimas em meus olhos. Vê-la tão vulnerável e estar abrindo meu coração para ela, estava me deixando abalada. — Eu sei que os meus ciúmes são excessivos às vezes, mas eu queria dizer que ele tem explicação. Tem tantas coisas que eu gostaria que você entendesse, mas a única coisa que posso dizer para mostrar tudo isso, é que amo você, mais do que tudo. 

— Vo-você não sabe quanto tempo eu esperei ouvir isso. – Ela levanta o rosto, fungando algumas vezes. Um enorme sorriso em seus lábios, os olhos vermelhos e as bochechas marcadas pelas lágrimas. Sei que seu choro foi de felicidade, no seu lugar eu teria a mesma reação. Eu sei reconhecer o quanto ela lutou por mim, outras pessoas teriam desistido. Mas Lauren não, ela acreditou, ela colocou em sua cabeça que era capaz de me conquistar. E eu não poderia agradecê-la mais por ter feito isso. — Eu amo tanto você, Lua, tanto, tanto. 

— Eu também amo você, meu amor. E eu ainda vou te amar mesmo nos piores momentos. 

 

..

♦ Flashback Off ♦ 

..

 

— Dra. Chelsea conseguiu chegar na cidade a tempo. Ela está a caminho do hospital. 

 

Aviso minha esposa ao voltar para o quarto, Lauren estava fazendo um exercício de respiração. Inspirando e expirando com rapidez. Seu rosto está vermelho, suado mesmo o quarto estando em temperatura ambiente. 

 

— Ela deve... – Ofegou. — Estar cansada. 

 

— É provável que sim. – Seguro sua mão e levo minha mão livre até seu rosto. — Elas estão mais frequentes, não estão? 

 

— Muito-oh... merda. 

 

Ela pragueja ao sentir as dores outra vez. Está cada vez mais próximo de vermos nossa pequena, estou ansiosa demais.

Olho de relance para o relógio na parede e arregalo os olhos ao ver que ele já marca 07am. O tempo passou voando, o médico não estava brincando quando isso que partos podem ser demorados. 

 

— Quer um pouco de água? – Lauren apenas assente. Sua expressão mostra todo o cansaço acumulado presente nela. Sinto pena por ela não poder nem ao menos dormir um pouco, ela provavelmente acordaria morrendo de dor em segundos. — Está sentindo alguma coisa? Precisa de algo? 

 

— Só da minha esposa linda. – abre um meio sorriso, os olhos caídos, demonstrando o quão sonolenta ela está. — Não pensei que fosse tão cansativo ter um bebê. Eu sempre acreditei nos filmes e livros onde as crianças nascem rápido e o máximo que as personagens sentem é uma pequena dor.

 

— Você estava presente no nascimento do Louis. 

 

— Sim, foi ali que eu pude ver que não é nada rápido. Mas você não sentiu tantas dores, eu achei que aconteceria o mesmo comigo. 

 

Ela mal acaba de falar e alguém bate duas vezes na porta antes de abri-la, olho por cima do ombro e abro um enorme sorriso ao ver Chelsea adentrar o quarto. Ela acena para nós duas, fechando a porta atrás dela.

 

— Bom dia, senhoritas. Estão animadas para a chegada da pequena? 

 

— Bastante. – Lauren e eu respondemos juntas, provocando uma risada na nossa médica. 

 

— E eu tenho que dizer que não somente vocês estão  animadas, ela também está animada para conhecer vocês já que essa pequena decidiu vir antes da hora.  

 

E era verdade, o nascimento da nossa filha estava marcado para amanhã, no máximo dia seis. Parece que ela sentiu nossa ansiedade e resolveu vir dias antes para nos alegrar com sua presença. 

 

— Eu acho que ela puxou você, amor. – Brinco com Lauren, por causa do fato dela estar sempre com pressa. Minha esposa faz um falso bico de indignação. Nesse momento a máquina ao lado dela começa a apitar, meu coração disparada no peito. — O que está acontecendo? 

 

Pergunto quase em desespero, Lauren começa a gritar de dor, agarrando o colchão ao seu lado. Sinto minhas mãos começarem a tremer, não sei como agir nesse momento. Quero correr, ajudá-la, fazer qualquer coisa, mas tudo que faço é ficar parada, amedrontada olhando para aquela cena da minha esposa se contorcendo de dor na cama. 

 

— Parece que a filha de vocês finalmente está pronta para conhecer as mães dela. 

 

Chelsea fala animada, e eu começo a ofegar, um enorme sorriso em meu rosto. Mesmo sentindo dores, Lauren também sorri, aproximo-me dela e seguro sua mão. Dois enfermeiros adentram o quarto com os objetos que poderão ser necessários. Chelsea vai até a pia para higienizar suas mãos e fazer o parto de Lauren. 

 

— Ca-camz... – Ouço Lauren me chamar em meio a respiração descompassada. Olho para seu rosto, ela parece estar prestes a chorar. — Me-me... 

 

— O que foi amor? Está sentindo alguma coisa? 

 

— Promete... – Lauren pressiona os lábios, grunhindo de dor e torcendo o rosto em uma careta. — Promete uma coisa para mim. 

 

— Claro, claro, amor. Qualquer coisa. 

 

— Promete que vai cuidar da nossa Destiny e do Louis. – Franzo o cenho ao ouvir seu pedido, ao longe escuto a movimentação dentro do quarto e as vozes da médica e dos enfermeiros. — Era o nosso destino, chegar até aqui depois de tudo. O nome da nossa filha vai ser Destiny. 

 

— Eu amei o nome, amor. Mas agora você precisa se concentrar. 

 

— Antes, me prometa que vai cuidar dos nossos filhos, para sempre. – Sua fala está ofegante, Chelsea ordena para que Lauren faça força e minha esposa prontamente atende. Soltando um grito de dor enquanto faz força para empurrar nossa filha para fora. — Me prometa, Camila! 

 

— Eu vou cuidar deles, e de você. Eu prometo. – Minha voz é puro desespero, não sei se estou mais nervosa por toda essa situação ou pelo fato dela estar falando sobre essas coisas. Por que Lauren está assim? — Força, amor. Você consegue. 

 

Incentivo-a, segurando firme sua mão. Nem me importo que ela esteja quase quebrando meus dedos, só quero que ela consiga logo trazer nossa filha ao mundo. Lauren joga a cabeça para trás, gritando alto, fazendo com que as veias de seu pescoço fiquem aparentes. 

 

— Ah! – Ela arfa, tomando fôlego rapidamente antes de empurrar outra vez. — Eu amo você, eu sempre amei e-ah! Eu sempre vou amar. 

 

— Pare de falar assim, não ouse usar esse tom de despedida! – Exijo, nem me importando com o meu tom de voz. Minha visão fica embaçada pelas lágrimas. Lauren não tem o direito de fazer isso comigo, ela não pode fazer esse tipo de coisa e me deixar apavorada. — Nossa pequena vai nascer, e nós vamos criar ela juntas. 

 

— Eu amo você. 

 

Ela sussurra antes de voltar a fazer força, apertando minha mão com mais força do que antes. Tudo em volta parece em câmera lenta, eu ouço ao fundo as vozes, os sons e sinto os toques de Lauren, mas eu pareço estar saindo do meu corpo. Daquela situação apavorante, do futuro desconhecido. Do que as palavras de Lauren significavam, o motivo dela estar dizendo isso. Que inferno, ela não tem o direito de me deixar assim, a beira de um colapso. 

 

Ela não pode me deixar, não agora. Nem nunca. Quero envelhecer ao seu lado. 

 

Pisco algumas vezes para espantar as lágrimas, balanço a cabeça e peço aos céus para que tudo dê certo. Eu preciso estar fisicamente e emocionalmente bem para minha esposa e nossos filhos. 

 

Tudo ficaria bem. 

 

(...)

 

♦ Flashback On ♦ 

 

 

O silêncio que pairava pela casa me deixou curiosa, e um tanto triste apenas por pensar na possibilidade de minha esposa ter saído e me deixado aqui. É claro que Lauren às vezes tem que ir até o estúdio, ou comprar algumas coisas. Mas gosto de tê-la por perto, estou milhões de vezes mais dependente dela. 

 

— Droga. Que bosta, caralho. Isso é uma merda grande. 

 

Ouço Lauren resmungar e alguns sons de coisas caindo no chão. Sorrio, colocando a mão direita em minha lombar como apoio enquanto caminho em direção ao quarto do nosso futuro bebê. Que está cada vez mais próximo de vir ao mundo. Giro a maçaneta da porta e a claridade do quarto atinge em cheio meu rosto, fazendo-me fechar os olhos durante breves segundos. Olho para minha esposa, sentada no chão debaixo da janela no canto esquerdo do quarto. Ela tem a expressão frustrada em seu rosto enquanto lê algo no papel em suas mãos. 

 

— O que está te deixando tão irritada ao ponto de fazê-la xingar esses nomes feios? 

Lauren levanta o olhar, sua expressão suavizando quase que instantaneamente ao me ver ali. Um sorriso nasce em seus lábios enquanto aproximo-me dela, posso ver o brilho em seu olhar conforme chego mais perto. Minha esposa retira tudo que está em seu colo e fica de joelhos, suas mãos agarram minha cintura e puxam-me para perto de seu rosto, onde ela logo deposita um longo beijo sobre minha barriga. Coloco a mão esquerda sobre sua cabeça, acariciando seus longos cabelos escuros. 

 

— Desculpe-me por isso. Eu só não estou sendo muito bem sucedida com o berço do nosso pequeno. – Confessa, sorrindo sem jeito para mim enquanto apóia sua bochecha em minha barriga. — Não achei que fosse tão difícil. 

 

— Eu te disse que você não conseguiria. – Um bico surge em seus lábios, fazendo-me sorrir para o quão fofa minha esposa consegue ser quando faz coisas desse tipo. — Que tal contratar alguém para montá-lo do jeito certo? 

 

— Porque eu queria que fizéssemos isso juntas, igual nos filmes, sabe? 

 

— Você precisa parar de assistir comédias românticas, amor. É sério. 

 

— Não fale como se você também não gostasse delas, okay? – Levanta-se do chão, suas mãos nunca abandonando minha barriga. Eu simplesmente amo o fato dela sempre acariciá-la, beijá-la e tocá-la. É uma das coisas mais fofas, o fato dela estar orgulhosa por eu estar carregando o nosso bebê simplesmente me deixa explodindo de felicidade. — Eu vou conseguir montar o berço, depois irei terminar de pintar as paredes também. Estava pensando em uma coisa. 

 

— Pensando em que? 

 

— O que você diria se eu dissesse que quero fazer uma pintura aqui? – Ela se afasta de mim, indo em direção a parede no canto direito, onde ficaria o berço do nosso pequeno e estava completamente vazia. Lauren já tinha terminado a pintura naquele lado, um tom claro de azul, mesclando com o escuro e alguns desenhos de nuvens, que ela mesma fez. — Posso? 

 

— Depende... – Caminho em sua direção, parando ao seu lado para analisar a parede à nossa frente. Olho para Lauren e ela sorri, antes de chegar mais perto e parar atrás de mim, abraçando-me pela cintura e repousando as mãos sobre minha barriga. Seu queixo apoiado em meu ombro, a respiração calma batendo em minha orelha. Suspiro, relaxando em seus braços e inclinando minha cabeça um pouco para trás. — O que você iria pintar se eu dissesse que concordo? 

 

— Você. – responde de imediato, suas mãos acariciando minha barriga por debaixo da blusa. — Você e nosso filho, ou melhor, você esperando nosso Louis. 

 

Louis, ela escolheu o nome do nosso pequeno filho ao descobrir o significado dele. Significa "guerreiro glorioso", ou, " combatente famoso". 

 

Eu concordei prontamente quando ela chegou toda feliz contando-me que tinha escolhido o nome do nosso primeiro filho. Eu o aceitaria de qualquer forma apenas para deixá-la feliz. Mas ela acertou em cheio, Louis é um nome lindo. 

 

— Eu adoraria ver como essa pintura vai ficar. 

 

— Então eu tenho permissão? – Faço um som nasal de concordância, viro o rosto e a olho sorrindo, apenas para confirmar totalmente que concordo com a pintura. — Eu já te disse hoje o quão bela você é? E o quanto eu sou sortuda por você ter me escolhido? 

 

— Hm... – Finjo pensar, colocando uma mão em meu queixo. — Não que eu lembre. 

— Pois saiba que você está mais bela do que ontem, eu amo você e sou muito sortuda por ser sua mulher. 

 

— Eu que tirei a sorte grande. – Levo minha mão esquerda até seu rosto, acariciando sua bochecha com as pontas dos meus dedos, fazendo-a fechar os olhos para aproveitar os carinhos. — Você é a melhor esposa do mundo. 

 

Os lábios de Lauren se curvam em um enorme sorriso, as maçãs de seu rosto ficam em um leve tom rosado. Ela abre os olhos lentamente, o tom claro dos verdes me hipnotizando. Eu simplesmente amo quando ela me olha dessa forma, transmitindo todo o seu amor, carinho e cuidado. Lauren tem um jeito de me olhar como se quisesse sempre deixar claro o quanto ela me ama e que eu sou o mundo dela. É impossível não ser clichê ao falar disso, até porque, estamos cercadas de clichês. E isso, de forma alguma será ruim algum dia, contanto que ela e eu permaneçamos juntas até o fim de nossas vidas, nos amando, cuidando e respeitando, eu realmente não me importo de viver em um eterno clichê. 

 

Para mim basta uma vida ao lado dessa mulher maravilhosa. 

 

♦ Flashback Off ♦

 

(...)

 

 

Tudo pareceu em câmera lenta quando eu vi, mesmo de longe, o rosto da minha filha. Sua boca estava aberta, provavelmente devia estar chorando alto, mas eu não ouvia nada. Parece que tudo ao meu redor sumiu, restando apenas ela, e somente ela. 

— Parabéns, mamães, é uma bela garotinha. 

 

Ouço alguém nos parabenizar, mas nem ao menos me viro para saber quem foi. Meus olhos estão ardendo, nublados pelas lágrimas grossas que escorrem por minhas bochechas. Meu coração está disparado dentro do peito, e minhas mãos tremem. Pareço estar prestes a ter algum ataque, mas é apenas a emoção tomando conta de todo o meu ser. É ainda maior do que eu pensei que seria, muito mais do que imaginei sentir. 

 

— Camz... – O sussurro de Lauren em meio a todo aquele barulho foi o que despertou minha atenção, fazendo-me voltar a realidade. Nossas mãos ainda estavam entrelaçadas, e eu estou surpresa que ela não quebrou nenhum osso meu. — Com quem ela se parece? 

 

— Eu ainda não sei, amor. – Sorrio para ela e olho em direção a uma mesa no canto, onde os médicos terminam de limpar nossa filha e envolvê-la em um pequeno cobertor rosa. — Mas vamos poder ver isso agora. 

 

Minha voz saí um tanto afobada, estou ansiosa para ver o rosto da minha filha. Espero que ela tenha puxado a minha esposa, quero toda beleza dela concentrada nessa criança. Dra. Chelsea nos parabeniza antes de finalmente colocar Destiny nos braços de Lauren, ajudo minha esposa a sentar-se e observo com os olhos marejados, pela primeira vez, o rosto da nossa filha. Ela tem bastante cabelo em sua cabeça, não sei definir se eles são negros como os meus ou castanhos como os da minha mulher. 

 

— Oi, meu amor. – Lauren fala com a voz embargada, segurando os dedinhos de nossa pequena filha. Meus lábios tremem, sinto vontade de chorar como uma criança que perde o brinquedo favorito. Quero gritar, correr por aí e contar para todos que eu ver pelo caminho que minha bebê nasceu, que ela é saudável e linda. Sua boca é idêntica a de Lauren, o nariz parece um pouco com o meu. Os olhos ainda não posso dizer, ela não os abriu em momento algum, mas está calma nos braços de Lauren. — Eu estava tão ansiosa para te conhecer. Você é linda, eu amo tanto você. 

 

— Ela se parece com nós duas. – Lauren finalmente desviar o olhar de Destiny e olha para mim. Não é necessário dizer nada, apenas nossos olhares transmitem tudo que estamos sentindo. — Eu amo você, obrigada por me dar outro amor da minha vida. 

 

— Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, e nossos filhos são os melhores presentes que eu já poderia ter ganho. Eu que agradeço por fazer todos os meus dias valerem a pena. 

 

— Eu amo você, e eu amo a nossa família. 

 

Lauren abre um enorme sorriso antes de puxar-me para um beijo. O gosto de nossas lágrimas se misturam, mas eu não poderia me importar menos. Eu gosto da sensação de ter sua boca sobre a minha, o coração acelerado e o frio na barriga. A paz e o conforto que só ela me traz. Gosto de tudo sobre Lauren. Sem dúvida alguma, ter me apaixonado por ela, permitido tê-la em minha vida, foi o maior acerto de todos. Não existe alguém nesse mundo que seria capaz de me fazer feliz como só ela consegue fazer. 

 

Eu gosto do fato dela conseguir me tirar sorrisos verdadeiros com facilidades, aqueles tão intensos que evoluem para uma gargalhada escandalosa, aqueles que me tiram o ar. Gosto de como ela cuida de mim e da nossa família. E agora temos mais uma pequena para cuidar, mas sei que com Lauren ao meu lado, tudo ficaria bem. Ela é minha fortaleza, onde busco as forças que pareço esquecer que tenho, meu ponto de paz e a fonte de segurança da minha vida. Lauren é minha base. 

 

Uma vez li em algum lugar que todo mundo vai te ferir nessa vida, você só precisa descobrir por quem vale a pena sofrer. 

 

E eu sofreria por Lauren, passaria o inferno, se no final ela estivesse feliz, teria valido a pena. Porque agora, junto dos nossos filhos, ela é minha prioridade. 

 

Sou capaz de morrer por Lauren, porque ela é minha pessoa. E não existe alguém no mundo que possa mudar isso. 

 

..

20 anos depois. 

 

Miami – Flórida. 

 

**

 

Sorrio ao deslizar o dedo sobre a foto de Destiny e Louis. Era o aniversário de sete anos do meu pequeno, e ele sempre foi apaixonado pela irmã. Lembro que da primeira vez que Louis a viu, ficou tão animado que acabou torcendo o pé. Foi uma preocupação enorme, mas ele nem pareceu ligar para dor ou alguma coisa assim, estava animado demais para conhecer sua irmãzinha. Eles sempre foram grudados, desde a infância. Lauren e eu não poderíamos estar mais felizes por nossos filhos se darem tão bem. 

 

Ouço passos apressados na escada, coloco a foto de volta sobre a cômoda e afasto-me dali, indo em direção a sala. Estava no extenso corredor que liga a cozinha e o escritório a sala. Faz dez anos que voltamos para Miami, foi um desejo de minha esposa, após um enorme susto que tivemos quando Mike teve algumas complicações cardíacas. Ela não queria estar longe caso algo pior acontecesse, e eu sempre estive disposta a fazer tudo pela minha esposa. Não vendemos nossa antiga casa, tem muita história e lembranças naquele lugar. Sempre passamos alguns finais de semana lá quando possível. Meu centro cultural continua aberto, fazendo sucesso. Hoje em dia não dou mais aulas de dança, mas estou sempre indo lá visitar e ver como andam as coisas. Lauren abriu outro estúdio de fotografia, eu optei por me arriscar abrindo um restaurante. 

 

No geral, toda nossa vida continua boa. Bem, algumas brigas acontecem, mas o amor e a paixão prevaleceram. E nós duas pretendemos manter dessa forma. Não me vejo sem Lauren, e sei que ela se sente da mesma forma. 

 

— Lua? – Ouço sua voz me chamar ela parece desesperada. Como vem estado desde a segunda-feira. Nossos filhos estão vindo passar alguns dias conosco, os dois conseguiram um tempo livre para ficarem a semana toda, e Lauren ficou super feliz. Ela está surtando, literalmente. Não que eu esteja diferente, mas minha esposa sempre foi mais ansiosa. — Camila. 

 

— Oi, meu amor. 

 

Ela salta ao ouvir minha voz atrás de si, virando-se com as mãos sobre seu peito e uma expressão horrorizada no rosto. Sorrio, umedecendo os labios. 

 

— Você precisa parar de fazer essas coisas, está querendo ficar viúva? 

 

— Não seja tão dramática, sua saúde é perfeita. 

 

— Nunca se sabe. – Rebate em tom de birra, fazendo-me sorrir ainda mais. Lauren ajeita sua franja. Os cabelos, um pouco mais curtos que o normal e de volta ao tom claro de castanho, estão presos em uma rabo de cavalo firme. Eu amo quando ela prende os cabelos, fica tão jovial. — Você conseguiu falar com a Des? Estou ligando e a ligação nunca completa. 

 

— Nos falamos hoje pela manhã. – Aproximo-me de Lauren, segurando em sua cintura e acariciando a região para deixá-la mais relaxada. — Você precisa se acalmar, ou acabará mesmo tendo um ataque cardíaco. 

 

— Eu estou ansiosa, fazem dois meses, Camz! 

 

Ela exclama, arregalando um pouco os olhos e bufando frustrada em seguida. Nossos filhos não viviam mais debaixo de nossas asas. Destiny optou por fazer faculdade de medicina em Harvard. Nem preciso dizer que minha esposa quase morreu ao saber disso, certo? Porque ela literalmente surtou, lembro-me bem dela chorando desesperada quando Des nos contou que iria para Massachusetts. 

 

..

♦ Flashback On ♦ 

..

 

— Você vai o que?! 

 

Eu tenho quase certeza que o grito de Lauren pôde ser ouvido por metade da nossa vizinhança. Seu rosto está vermelho,  os olhos arregalados e incrédulos, sua boca escancarada enquanto ela parece tentar assimilar o que nossa filha acabou de nos revelar. Bem, eu já sabia disso, somente minha esposa não fazia ideia. 

 

— Eu vou para Harvard, mamãe. – Destiny já não tinha mais o tom feliz em sua voz, parecia receosa agora. Os olhos castanhos esverdeados brilhavam em medo enquanto ela brincava com os dedos, da mesma forma que Lauren faz quando está ansiosa ou nervosa. — Eu fui aceita e mal pude acreditar, eu pensei que a senhora ficaria feliz por mim. 

 

— Não, eu... – Lauren volta a sentar-se na cadeira. Estávamos em meio a um jantar quando Des resolveu contar a novidade para a mãe. Como eu já esperava, minha esposa não reagiu bem. — Massachusetts? Sério? Não poderia ter escolhido uma por aqui mesmo? 

 

— Mamãe... 

 

— Deixa comigo. – Peço para minha filha, erguendo uma mão antes de virar-me para Lauren. Ela está de cabeça baixo ao meu lado, parece perdida em seus pensamentos. Estico a mão esquerda e coloco uma mecha de seus cabelos atrás de sua orelha, atraindo sua atenção. — Nós conversamos sobre isso, lembra? Nossa filha está feliz, sabemos o quanto ela queria ser aceita em Harvard. 

 

— Eu sei, Lua, mas...

 

— Sem essa, Lauren, por favor. – Seguro sua mão, acariciando o dorso da mesma com o polegar. Abro um sorriso, tentando deixá-la mais tranquila. — Você prometeu que não gritaria caso ela fosse para uma faculdade longe. 

 

— Sim, mas eu não pensei que seria tão longe assim. – Ela resmungou, formando um bico quase infantil em seus lábios pintados de vermelho escuro. — Desculpe por ter gritado, Des. É só que, você me pegou de surpresa. 

 

— Eu não vou abandonar as senhoras. Eu juro, irei sempre me comunicar e visitá-las quando possível. – Destiny levanta-se de seu lugar e vem para perto de nós duas. — Mas é meu sonho, e minhas amigas também estão indo para lá. 

 

— Só suas amigas? – Lauren ergue uma sobrancelha. 

 

— Uh, sim...

 

— Eu espero não ouvir sobre um David James Hamilton indo para o mesmo lugar que você. 

 

— Então... – Destiny cora instantaneamente em suas bochechas, afastando-se de nós duas. Eu pressiono os olhos ao ouvir Lauren segurar um rosnado em sua garganta. Eu sabia que ela iria surtar quando soubesse disso. — Mamãe...

 

— Não, não. Fiquei quieta. – Lauren levanta da cadeira com um salto, fazendo a mesma arrastar-se para trás, o som da madeira do piso sendo riscada ressoa pela sala de jantar. — Vou ligar para a Normani agora e mandar ela controlar o pequeno David, isso se ela quiser ter netos futuramente!

 

Esbraveja enquanto saí da sala de jantar com passos largos e pesados, mesmo de longe ainda é possível ouvi-la resmungar e praguejar o filho de sua melhor amiga. Olho para Destiny e a vejo praticamente mastigando seu lábio inferior, o olhar amedrontado de quem melhor que ninguém sabe o quão assustadora Lauren pode ser quando está irritada. 

 

— Venha aqui. – Chamo-a, batendo em minhas pernas enquanto afasto a cadeira. Destiny prontamente dá a volta na mesa e senta-se em meu colo, envolvendo meu pescoço com seus braços. — Não fique com medo, sua mãe vai acabar se acostumando. 

 

— Não, mãe, ela não vai. Eu sei que ela irá surtar quando descobrir que David e eu estamos namorando.

 

— O que? – Meu tom surpreso é nítido, estou realmente surpresa pelo fato de Destiny e David estarem namorando. Eu pensei que eles ainda estavam na fase de terem encontros não oficiais. — Desde quando vocês estão namorando? 

 

— Ele fez o pedido ontem de manhã. – Confessa, com a voz transparecendo toda sua timidez. Destiny afasta a cabeça do meu pescoço e me olha, sorrindo sem jeito. O brilho em olhar revela o quão apaixonada ela está, e eu acabo sorrindo. — Ele foi tão fofo, mãe. Ele me trouxe chocolates, porque sabe que odeio flores. 

 

— Porque flores não são comestíveis. 

 

— Exato! – Concorda e nós duas rimos. É nítido que ela é minha filha. — E então nós fomos dar uma volta de bicicleta e ele simplesmente me pediu em namoro quando paramos para apreciar a vista. 

 

— Você o ama? 

 

— Muito. 

 

— Então tem todo o meu apoio, e pode deixar que com sua mãe eu me entendo. – Destiny solta um gritinho em comemoração e agarra meu pescoço. — Mas eu espero que a senhorita tenha juízo. Você não vai querer ter outra conversa sobre sexo e doenças transmissíveis com a Dinah, vai? 

 

— Não! – Ela grita, saltando do meu colo. Seus olhos estão arregalados e as bochechas vermelhas. — Não! Por favor, mãe, não. Eu ainda estou traumatizada com as fotos que a Tia D mostrou-me. 

 

Solto uma gargalhada da expressão horrorizada de minha filha. Lembro-me bem, quando Destiny completou quinze anos, Dinah a intimou a ter uma conversa de mulheres. Nunca tinha visto minha filha tão horrorizada quanto naquele dia. Dinah podia ser bem assustadora quando queria. 

 

— Então já sabe, se cuide. Além do mais, não quero outro neto tão cedo, okay? 

 

Destiny acena com a cabeça e depois de mais algum tempo conversando, ela se despede e vai para seu quarto. Fico um tempo sozinha olhando em volta, essa casa não será a mesma sem minha filha. Mas eu irei acostumar, assim como me acostumei quando Louis saiu de casa e se casou. 

 

Eu mal posso acreditar que meus pequenos já estão tão grandes. Logo só restará Lauren e eu nessa casa enorme. 

 

..

♦ Flashback Off ♦

..

 

Isso foi há dois anos atrás e ainda parece tão fresco em minha memória. Naquela noite, eu tive que ouvir Lauren resmungar sem parar sobre Destiny ir para tão longe de nós duas. É claro que eu tive que dar meu jeito de calar sua boca. O bom é que mesmo depois de tantos anos de casadas, trinta anos, para ser mais exata, nosso amor adolescente continua vivo. Mesmo que não tenhamos a vida sexual tão ativa quanto antes, afinal, já chegamos aos cinqüenta, porém, ainda nos entendemos bem na cama. 

 

E como nos entendemos. 

 

— Sol... – Lauren está falando sem parar e gesticulando para um lado e para o outro. Ela se moveu tanto que seus cabelos curtos já estão até soltos. — Lauren. 

 

— Uh, oi? 

 

— Você vestiu a roupa do lado contrário? – Questiono curiosa ao ver a costura do vestido sobre seus ombros. Ela se afasta e olha para baixo, abrindo a boca em descrença ao se dar conta do que realmente tinha vestido a roupa ao contrário. — Você é muita lerda, amor. 

 

— Não me chame de lerda. – Ela resmunga, começando a puxa a peça verde para cima. Mesmo em seus cinqüenta e um anos quase completos, Lauren ainda assim me faz suspirar. Ela continua sexy como ninguém aos meus olhos, e não existe nenhuma outra mulher no mundo que me atraía mais do que ela. — Você é uma chata rabugenta. 

 

— Essa fala é minha, mocinha. – Aproximo-me dela para ajustar o vestido em seu corpo. Lauren bufa e mesmo sem olhar para o seu rosto, tenho certeza que ela revirou os olhos. — Pronto, lerdinha. 

 

— Olha aqui sua...

 

O som da porta da frente sendo aberta faz com que Lauren se cale. Viro-me para olhar quem acabou de chegar e abro um enorme sorriso ao ver Louis, seguido de sua esposa, Rose e o pequeno John em seu colo. Estava prestes a perguntar onde Angel estava, quando vejo a mesma adentrar a casa correndo e vindo em minha direção com os braços abertos. 

 

— Angie!

 

Exclamo ao agarrar o corpo da minha pequena neta. Bem, não tão pequena assim. Angel já estava para completar seus nove anos. Sim, Louis foi pai cedo demais. Quando Lauren e eu descobrimos foi um surto duplo, ainda mais da minha parte. Ele tinha apenas dezessete anos quando Rose descobriu estar grávida. Os pais dela queriam castrar meu filho, foi uma loucura total. Dinah e Ian foram nossos anjos, pois tanto Lauren quanto eu, não fazíamos ideia de como agirmos no primeiro instante. Eles nos ajudaram muito, principalmente Ian, que foi quem conversou com Louis e o ajudou a seguir o caminho certo. Óbvio que de qualquer forma ele assumiria o filho dele, pois se foi homem o suficiente para fazê-lo, teria de ser ainda mais homem para assumir suas responsabilidades. 

 

E ele o fez, e como fez. Tenho orgulho de olhar para o meu filho e ver o homem que ele se tornou. Conseguiu se desdobrar em mil para cursar sua faculdade e trabalhar para criar seu filho. E quando Rose finalmente pôde ter uma chance de entrar na faculdade, ele lhe deu todo o apoio e fez o possível para cuidar de seu filho junto dela. Claro que ele teve ajuda minha, de Lauren e dos pais de Rose, mas eles se saíram muito bem criando Angel. E hoje temos ela e o pequeno John, que acabou de completar dois anos. 

 

— Saudades, vovó. – Ela diz abafado contra meus cabelos. Sorrio e afasto a cabeça para enchê-la de beijos. Angel é a cópia fiel de Rose, apenas com os olhos e os cabelos de Louis. — Eu trouxe um presente. 

 

— Oh, você trouxe? – Ela assentiu freneticamente, afastando-se de mim para ir até Lauren para cumprimentá-la. Levanto-me para cumprimentar Rose, que aprendi a gostar depois de tantos anos de convivência. Hoje em dia arrisco até dizer que a amo. — Que prazer revê-la, Rose. 

 

— Digo o mesmo, Camila. Angie estava ansiosa para o final de semana. 

 

— Mommy. – Louis diz brincalhão ao passar John para Rose. Sorrio, emocionada. Fazia tanto tempo que ele não me chamava assim, o dia parece nostálgico hoje. — Está linda. 

 

— São seus olhos, Lou. – Ele solta uma gargalhada e sem que eu nem ao menos preveja, pega-me em seu colo e gira. — Louis! 

 

Esbravejo batendo em seus ombros, estou apavorada, com medo de cair. Ao fundo ouço algumas risadas, entre elas a de Angel. 

 

— Solte sua mãe, carinha. – Louis prontamente a obedeceu, bati em seus ombros e ele sorriu, dando-me um beijo em minha testa. — Será que eu posso ganhar um abraço agora? 

 

Em segundos meu filho estava agarrado em minha esposa, era uma cena adorável e engraçada de se ver. Lindo ver o amor entre uma mãe e um filho, mas tinha graça pelo fato de que nosso filho é bastante alto e minha esposa é super baixinha. Ela praticamente some nos braços dele. 

 

— Vovó Camz... – Ouço a voz de Angel, desviando a atenção do abraço repleto de afeto que Lauren e Louis trocam. Olho para baixo e vejo minha bela neta com os olhos brilhando, as bochechas um pouco rosadas enquanto ela segura um coisa retangular embrulhada em um papel de presente. — Seu presente. 

 

— Oh, sim... muito obrigada, anjo. – Seguro em sua mão e vou andando em direção ao sofá. — Vamos ver o que essa bela moça fez para a vovó. – Com todo cuidado desfaço o laço, abrindo o papel devagar para não rasgar. Angie parece ansiosa, sorrio para ela antes de retirar um quadro lá de dentro. Viro o objeto em minha mão e minha boca se abre ao ver uma pintura feita a dedo, mas não é uma pintura qualquer. Sou eu. — Oh meu Deus, Angie...

 

— Gostou, vovó? Papai disse que eu estou melhorando. 

 

— Angie, ficou... perfeita. – Estou completamente apaixonada pela pintura que minha neta fez, e abismada com o talento dela. Em sua idade tudo que eu conseguia fazer era desenhar bonequinhos de palito. — Você é uma versão pequena e feminina do Pablo Picasso. 

 

— Obrigada, vovó, mas eu ainda estou longe de ser comparada com ele. 

 

— O que as duas mocinhas tanto conversam aí? – Lauren surge ao nosso lado, olho para ela e lhe mostro o quadro. — Puta merda!

 

— Lauren! 

 

— Desculpe, saiu sem querer. Não repita isso, okay? – Angel apenas concorda com a cabeça, sorrindo para Lauren. — Foi você quem fez? Está cada vez melhor nisso, puxou o dom da sua vovó aqui. 

 

Reviro os olhos, estendendo o quadro para Lauren e pegando John de seus braços. O pequeno se agita assim que me reconhece, sorrio para o mesmo e o encho de beijos. Por sorte esqueci-me de passar batom, ou ele provavelmente estaria cheio de marcas de beijo agora. 

 

— Pendure na parede da lareira, amor. Quero que todos vejam o quão talentosa minha neta é. 

 

— Ela puxou o pai. – Louis surge na sala, gabando-se. 

 

— Ela puxou a mim, todos sabem disso.

 

— Não. 

 

— Sim! – Lauren rebate, trocando olhares com Louis. Olho para Rose e ela apenas nega com a cabeça, fazendo sinal de rendição. Céus! Esses dois nunca mudam. — Diga para ele, Angie. 

 

— Eu puxei o talento da vovó Lolo. 

 

— Isso é injusto. – Louis resmunga emburrado, Rose se aproxima do mesmo e bagunça seus longos cabelos. Ele nunca perdeu a mania de deixá-los grandes, já estão quase em seu ombro outra vez. Mas eu até acho que ele fica mais bonito com o cabelo grande. Uma vez ele o cortou bem pequeno e quase não o reconhecemos. — Onde está Des? 

 

— Não sei. – Coloco John sentado sobre minhas coxas, brincando com suas mãozinhas e sorrindo para ele. — Sua mãe estava quase tendo um ataque cardíaco por não estar conseguindo se comunicar com a Des. 

 

— Eu falei com ela durante o caminho para cá, ela disse que David e ela passariam na casa dos James antes de virem. 

 

— Oh meu Deus, ela virá com o David? – Olho para Louis, que assente, demorando um pouco a entender minha careta. — Sua mãe vai surtar. 

 

— Provavelmente. Mas eu posso distraí-lo se a senhora quiser. Pelo menos até que a mamãe tenha falado com a Des, eu sei que ela sente falta dela. 

 

— Foram dois meses. – Beijo o topo da cabeça de John, segurando-o com as mãos entrelaçadas sobre sua barriga. — Perdi as contas de quantas vezes tive que convencê-la a não ir até Massachusetts atrás de sua irmã. 

 

— Mamãe nunca perde esse jeito protetor dela. 

 

— E ela nunca irá perder. Principalmente agora que temos dois netos lindos para cuidar, não é meu bebê? – Seguro John no ar, fazendo-o gargalhar e se contorcer em meus braços. — Quem é a coisa mais gostosa da vovó? 

 

— Destiny chegou, Camz! Ela chegou! 

 

Ouço a voz a afobada de minha esposa e em segundos a vejo surgir na sala quase correndo enquanto ajeitava as roupas. Ela passou por nós como um furacão e abriu a porta. Levanto-me do sofá, segurando John contra meu peito. Logo posso ver minha filha, ainda mais bela do que nunca. A primeira coisa que noto é o tom de seus cabelos, que estão mais escuros. 

 

— Deixe que eu o seguro. – Rose pede esticando as mãos, passo John para ela, mas lhe dou um beijo na testa antes de soltá-lo. 

 

Olho para a porta e vejo Lauren agarrada no pescoço de nossa filha, apertando-a contra si. Sorrio, meus olhos enchendo-se de lágrimas. Estou emocionada, estava morrendo de saudade da minha filha, mal podia esperar pela hora de vê-la outra vez. Aproximo-me das duas, tocando a lombar de minha esposa. Destiny olha para mim e sorri, seus olhos também estão marejados. 

— Eu senti muitas saudades, Des. Tantas saudades. – Lauren murmura contra seus cabelos. Ouço passos se aproximando e olho por cima do ombro das duas, vendo um David cheio de bolsas em suas mãos. — Você cresceu tanto, meu amor. 

 

— Quem me dera, mamãe. – Des solta uma risadinha, afastando-se um pouco de Lauren. Minha esposa segura o rosto dela suas mãos, analisando nossa filha. — Eu amo você. 

 

— Eu também amo você, pequena. – Lauren murmurou com a voz embargada, enchendo Destiny de beijos. — Meu Deus, que saudade. 

 

— Será que tem um pouco disso para mim também? 

 

Lauren e Destiny quebram o momento reencontro e olham para mim, ambas com lágrimas nos olhos. Olhar as duas assim, lado a lado, é como se eu estivesse vendo Lauren e eu no passado em nossa filha. Incrível como ela herdou os nossos traços, ficou a cópia perfeita de minha esposa e eu. Linda, perfeita. Sorrio para minha filha, abrindo os braços para recebê-la. Des se joga em meus braços, não posso controlar as lágrimas ao senti-la me apertando contra seu corpo com força. Eu senti tantas saudades dela. 

 

Finalmente minha família está toda reunida outra vez. 

 

(...)

 

Observo Angie e Louis brincando em volta da piscina. O dia amanheceu ensolarado, está um calor razoável e todos resolveram aproveitar a piscina. Rosalie e John estão dentro da água, ela está o ajudando a nadar. Meu neto é super esperto para sua idade e está se saindo super nas aulas de natação. Minha esposa está conversando com Normani perto da churrasqueira, onde James e David preparam as carnes para o nosso almoço. Ontem foi um sacrifício para que Lauren não matasse o namorado de nossa filha, e hoje ela encheu os ouvidos de Normani com a mesma falação de sempre. Minha esposa esquece que Destiny já não é mais nossa pequena garotinha, agora ela é uma mulher. Uma bela e madura mulher. 

 

O tempo passa tão rápido, mal posso acreditar que meus filhos já estão com suas próprias vidas, longe das minhas asas. Parece que foi ontem que Lauren e eu estávamos ensinando Destiny a andar sozinha. Lembro-me bem daquele dia. 

 

..

♦ Flashback On ♦ 

..

 

Seguro a câmera com firmeza, ajustando o zoom para pegar perfeitamente o momento. Lauren está sentada no chão, nossa pequena filha sobre suas coxas brincando de morder suas mãozinhas. Minha esposa tem os olhos fixos em mim enquanto eu me posiciono no melhor lugar para gravar as duas. 

 

— Acene para mim, amor. – Lauren prontamente acena com a mão, abrindo um enorme sorriso. — Eu estava falando com a Des. 

 

— Ouch, perdão. – Faz sinal de rendição, acabo rindo de seu biquinho. Lauren retira as mãos de Destiny de sua boca e faz com que ela acene em minha direção. — Diz olá para a Mommy, filha. 

 

— Ela parece mais entretida com as mãos dela. 

 

— Verdade. – Lauren concorda, parando de balançar as mãozinhas de nossa filha. Ela levanta-se do chão, ficando de joelhos. — Está pronta, Camzi? 

 

— Sim, vamos a primeira tentativa. 

 

Lauren segura Destiny pelos pulsos, auxiliando-a a ficar de pé. Tem alguns dias que nossa filha aprendeu a levantar-se sozinha, claro que ela usou alguns objetos para se escorar, mas falta pouco para que ela consiga sozinha. Minha esposa segura nossa pequena e diz algumas palavras de incentivo. Destiny fica alguns segundos de pé, antes de jogar-se para frente, agarrando o pescoço de Lauren. 

 

— É um pequeno coala mesmo essa princesa linda da mamãe. – Lauren a enche de beijos, sorrindo para mim. Ela afasta nossa filha e faz com que ela fique de pé. — Vem filha, dá um passinho. 

 

Lauren usa seu tom infantil para incentivar nossa filha. Destiny fica alguns segundos olhando para minha esposa, ela abre um sorriso, mostrando seu único dente nascido. Não demora muito para que ela se jogue nos braços de minha esposa outra vez, fazendo-me rir. 

 

— Parece que alguém está mais interessada em abraçar do que aprender a andar. 

 

— É verdade. – Lauren levanta-se do chão com nossa filha nos braços, desligo a câmera e vou em direção as duas. — Mas temos todo o tempo do mundo para ensiná-la. 

 

(...) 2 semanas depois. 

 

Tinha acabado de chegar do trabalho, estava terminando de tirar meus sapatos e o casaco quando deparei-me com Lauren e sua câmera agachada no chão. 

 

— O que está fazendo? 

 

Perguntei curiosa, aproximando-me dela enquanto amarrava meus cabelos. 

 

— Shh, não fale nada. – Ela pede, desviando o olhar do que está gravando e me olha. — Louis está conseguindo fazer nossa filha ficar de pé sozinha. 

 

Só então noto Louis sentado no chão da sala, chamando Destiny com as mãos. Minha filha usa a mesinha de centro como apoio e fica de pé, aos poucos solta a mesa, conseguindo manter-se de pé sem problemas. Minha boca se abre em surpresa, agacho ao lado de Lauren para ver melhor aquela cena. 

 

— Vem, Des. – Louis a chama e Destiny o obedece, dando um passo para frente. Seu corpo bambeia um pouco, mas ela consegue se manter de pé. Sorrio emocionada. — Isso, irmãzinha. Vem com o irmão, vem. 

 

Foi questão de segundos para Destiny conseguir correr de pé em direção ao Louis, agarrando seu pescoço e balbuciando algumas coisas que não conseguimos entender ainda. 

 

— Isso, filha, muito bem! 

 

— Parabéns, Des! 

 

Lauren e eu comemoramos, indo em direção aos nossos filhos para abraçá-los. 

 

Foi um dos dias mais felizes da minha vida. 

 

..

♦ Flashback Off ♦

..

 

Lembrar-me daquele dia me faz tão feliz. Foi bom ter vivido aquilo, de alguma forma fez com que eu lembrasse de como foi na época em que Louis era um bebê pequeno e estava aprendendo todas aquelas coisas. Tivemos tantos momentos felizes, que as memórias perdidas acabaram sendo substituídas por novas e não deixaram um vazio dentro de mim. 

 

O amor que minha família transmitiu e ainda transmite, é o sentimento mais ouro e o maior que já senti em toda minha vida. Tudo o que passei, ter perdido a memória para poder valorizar a mulher que me casei, reaprender a amá-la e respeitá-la. Desejar casar-me com ela outra vez, querer aumentar nossa família e amar tudo o que conquistamos. Tudo, absolutamente tudo valeu a pena. Porque mesmo que eu pudesse voltar ao passado agora, eu não mudaria nada. Todos os acontecimentos, mesmo os piores, nos trouxeram até aqui. 

 

E eu não poderia estar mais feliz e orgulhosa de ver onde chegamos. 

 

(..)

 

O dia passou voando, brinquei com meus netos, me diverti com minha família e os meus amigos. Foi tudo maravilhoso. No final da tarde, Angie e John acabaram adormecendo, restando apenas os adultos. Ficamos bebendo e jogando conversa fora na varanda do lado de fora, mas de repente o tempo virou, anunciando uma chuva de verão. Coisa comum de se acontecer. 

 

— Onde está Lauren? 

 

Pergunto a Normani após guardamos as coisas dentro de casa. 

 

— Ela disse que iria lá fora observar o céu. 

 

— Ela deve estar doida para pegar um resfriado nessa chuva. – Resmungo, soltando os pratos sujos na pia. Normani solta uma risada e diz que ficará encarregada de limpar as coisas enquanto eu vou buscar minha esposa desnaturada. Chego no quintal e olho em volta, abraço meu corpo ao sentir uma leve brisa bater contra mim, fazendo-me estremecer de frio. — Lauren Michelle, saía dessa chuva agora! 

 

Ordeno, deixando transparecer em minha voz o quão brava eu estou. Lauren está parada de costas na beira da piscina, a cabeça jogada para trás e os braços abertos. Ela parece estar sentindo a chuva, e adorando aquilo. Grito seu nome outra vez, finalmente atraindo sua atenção. Foi como se tudo estivesse em câmera lenta, mesmo com os cabelos curtos e mais velha, quando Lauren virou-se, foi como se estivéssemos de volta ao passado. Em nossa adolescência, quando gostávamos de brincar na chuva. 

 

— Está chovendo. 

 

— Eu percebi. – Reviro os olhos, aproximando-me dela. Lauren abre um enorme sorriso. — Vamos entrar, você precisa tomar um banho quente e tirar essas roupas. Eu preparo um chocolate para nós duas. 

 

— Espera... – Ela pede ao me ver fazer menção de voltar para casa. Olha para Lauren e por alguns segundos, vejo-a mais jovem, com os cabelos longos outra vez, o rosto sem ruga alguma e ainda mais bela do que nunca. — Você me concede essa dança, senhora Cabello-Jauregui? 

 

Meu coração dispara dentro do peito. O amor que sinto por ela parece transbordar e é como se tudo o que vivemos, passasse em frente aos meus olhos. Todos os momentos, sorrisos, choros, brigas, carinhos e o amor que sentimos uma pela outra. Lembro de cada detalhe, como se tudo estivesse voltando com força. 

 

E é pensando nos anos que estou casada com Lauren, por tudo o que passamos juntas e tudo que ainda iremos passar, confirmo apenas uma coisa: 

 

Eu não sou a esposa estúpida de Lauren Jauregui... Eu sou a esposa sortuda de Lauren Jauregui. 

 

Ou melhor, Lauren Michelle Cabello-Jauregui.

 

Isso é muito mais do que eu poderia desejar para a minha vida. 

 

 


Notas Finais


Carinhas!!! Como estamos? Pela última vez eu preciso saber.

(Depois eu edito direitinho o capítulo)

Espero de coração que tenham gostado. Obrigada por cada comentário, cada favorito, cada palavra dita por vocês. Foi gratificante e maravilhoso demais escrever isso aqui. Espero que eu possa ver vocês durante algum tempo, não sei ainda escreverei fic camrens, mas ainda assim espero que alguns de vocês me acompanhem em novas jornadas.

“There's never a right time to say goodbye, but we know that we gotta go our separate ways”

É com esse clássico que me despeço de vocês, carinhas.

E não esqueçam, nem sempre o fim é o fim, pode ser que aconteça um recomeço e uma esposa estúpida possa se tornar uma namorada estúpida.

Quem pegou a mensagem subliminar ganha um beijo.

Amo vocês, obrigada por tudo melhores leitores do universo!!!! ❤❤❤❤❤❤


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