História Sua voz - Namjin - Anjo

Pov Namjoon

Acordei e, como sempre, mandei um "Bom dia princesa. Dormiu bem?" para o Jin. Depois fui ao banheiro fazer minhas higienes matinais. Desci para tomar café e pela primeira vez no mês, o meu pai se encontrava presente no café da manha.

-Foi demitido? -pergunto ao me sentar de frente para ele. Notei que ele não entendeu o que eu quis dizer. -Para estar tomando café da manha com nós, ou o senhor foi demitido, ou raptaram meu pai e trocaram por um robô.

-Não vejo graça, Namjoon. -fala sério.

-Não estou brincando. -ele ia retrucar, mas Sook interveio.

-Então, que tal as duas crianças pararem de discutir e tomarem café? -fala e eu assinto. -Dormiu bem meu anjo? -pergunta botando café na minha xícara.

-Uhum. Obrigado por perguntar. -sorri e afaga meus cabelos.

O silêncio que era presente foi quebrado pelo toque do celular do meu pai. Ele se retirou da mesa e conversou com alguém durante um minuto e alguma coisa.

-Querida, me desculpe, mas não vou poder terminar o café. -fala e eu reviro os olhos.

-Novidade. -falo e em seguida pego minha mochila e saio de casa sem terminar meu café.

Por que ele tem que ser assim? Poxa, eu sou o filho dele. Custa um pouco de atenção? Ah, que se foda!

Chego no colégio e vou direto pra sala. Me sento na última mesa e cruzo meus braços em cima da mesma e coloco minha cabeça entre eles. O sinal demorou um pouco para tocar, mas logo que tocou a professora de física entrou na sala. E lá vem outra aula chata!

...

Dei graças a Deus quando o bendito sinal tocou. Eu sempre agradeço quando as aulas terminam. As únicas aulas legais são de música e educação física, mas música meu pai me proibiu de fazer, então só me resta educação física. Apesar de eu não ser um dos melhores em esporte, eu até gosto.

Fui até o refeitório com os meninos. Jimin e Jungkook, como sempre estavam se pegando. Tae e Hoseok estavam fazendo palhaçadas como sempre. Tudo normal como nos outros dias, com exceção do Yoongi. Ele estava com uma aparência mais cansada que de costume e mais mal humorado -se é que isso é possível - provável que seja por causa da Hyuna.  

O clima estava chato. Ninguém falava, a não ser o Tae e o Hobi, mas suas risadas não estavam sendo contagiantes como nos outros dias, a não ser pelo Jimin que estava entrando no clima.

Todos os dias eram assim. Tomava café com Sook, vinha para a escola, encontrava meus amigos, as vezes eu ia na casa deles, ou eles na minha para jogarmos algo... Nunca nada de interessante. Fora o Jin. Ele é exceção. Poderia dizer que minha rotina era entediante, mas os meninos sempre davam um jeito de cada dia ser único. Porém, eu sinto que falta algo. Eu só não sei o que é.

-Genteee.... -Tae estalava os dedos na frente dos meus olhos. -Acorda criatura. Eu preciso falar algo. -ele se levanta da cadeira e pega na mão do Hobi para que ele também levantasse.

-Então fala. -Jimin disse.

-Eu e o Hobi temos algo para compartilhar com vocês.

-Me poupe das suas enrolações e fala de uma vez. -pela primeira vez na manhã, Yoongi se pronunciou.

-Eu e o Hobi estamos namorando! -Tae disse dando pulinhos, enquanto Jungkook cuspia o suco que estava bebendo.

-É o que? -Kook perguntou surpreso. 

-Não é uma boa notícia? -Tae perguntou dando um grande sorriso.

Eu e o Jimin sabíamos da paixão secreta do Tae pelo Hoseok, mas eu não pensei que algum dia ele seria correspondido, já que o Hobi baba pelo Yoongi.

Ficamos alguns minutos digerindo o que ele disse.

-Falem alguma coisa! -Tae pediu já não tão animado.

-Parabéns... Eu acho. -sussurro a última parte.

-Parabéns! -Jimin pula para abraçar o novo casal, sendo acompanhado em seguida por Jungkook.

-Não vai falar nada Suga Hyung? -Kook diz mais em um sussurro para que apenas Suga escutasse.

-Parabéns. -diz com a cara fechada de sempre. -Eu tenho que encontrar a Hyuna. -fala e se retira do refeitório em seguida enquanto Hoseok o segue com os olhos até ele sair do seu campo de visão.

...

No final da aula eu esperei Hoseok em frente ao portão da escola. As vezes nós íamos juntos para casa. Eu morava antes da casa dele, então tirávamos um pouco do tempo para conversamos.

Não demorou muito e ele veio em minha direção após se despedir do Taehyung.

Durante alguns minutos nós caminhamos sem trocar nenhuma palavra.

-Hobi.

-Sim.

-Posso te perguntar uma coisa?

-Claro Hyung.

-Hobi, você gosta do Tae? -ele olha pra baixo. -Você não gosta dele?

-Nam... Como eu posso te explicar isso. -ele pensa um pouco antes de responder. -Eu gosto do TaeTae, e muito, muito mesmo, mas...

-Mas ele não é o Yoongi.

-Mas eu gosto dele como amigo. -me corrige. -Eu não estou com ele porque eu levei um baita fora do Suga. Eu estou com ele porque ele me pediu uma chance. Ele sabe e eu deixei bem claro que gosto do Yoongi, mas ele pediu uma chance pra mostrar para mim que ele é "o garoto certo" 'pra mim. Ele mostrou gostar de mim de verdade, sempre esteve ao meu lado quando eu precisei. Eu não podia negar uma chance pra ele.

-Entendo. -pra falar a verdade eu não entendi nada, mas resolvi não questionar mais nada, pois dava pra ver em seus olhos que ele não queria falar sobre. -Só, por favor Hobi, não magoa o Tae.

-Não vou. Eu prometo Hyung. Eu não vou magoar o Tae.

-Que bom.

Após alguns minutos eu chego em casa. Me despeço do Hobi e entro. Me deparei com uma cena que era raríssima de se acontecer. Meu pai e Sook estavam sentados assistindo a um filme.

-Filho, como foi o dia?

-Foi... Bem? -fico sem entender. Ele não era assim.

-Que bom. Senta aqui com nós. -faço o que ele disse. -Pipoca? -me oferece pipoca e eu aceito.

Não sei o que aconteceu com ele, mas eu estou gostando.

-Pai, porquê tudo isso?

-Eu tenho passado pouco tempo com você e com a Sook, então eu pensei em ficar hoje com vocês. Como nos velhos tempos, eu, você, um filme com pipoca em uma sexta feira. A única diferença é que a Sook está com a gente.

-Como é? -falo me levantando do sofá.

-O que foi? -pergunta.

Eu não acredito que ele falou isso. Como ele pode achar que tudo está como nos velhos tempos? Pipoca, filme em uma sexta feira com todos reunidos? Nada é como nos velhos tempos, e ele não vai fingir que é.

-Nada é como nos velhos tempos! Por que resolveu fazer isso agora? Você nunca passa mais que quatro horas aqui e de repente resolve bancar o bom papai e fingir que tá tudo bem, que ela tá aqui? Ela não está aqui, então não tem como ser que nem nos velhos tempos! -deixei a raiva me consumir. Tudo bem que pode parecer imaturo, mas nada é igual sem a minha mãe.

-Eu te falei que não era uma boa ideia! -meu pai praticamente grita com Sook.

-Nam... -interrompo Sook.

- Nem foi o Senhor que resolveu passar um tempo em casa? Foi a Sook que pediu pra você ficar? -dou uma risada irônica. -Mas é claro que não foi você. Imagina se o Senhor vai ter um tempo para o seu filho.

-Eu salvo vidas, garoto ignorante. Eu não tenho tempo pra passar com pirralhos carentes como você! -meu pai diz.

-Pirralhos carentes? -ri novamente. -Vai lá salvar seus pacientes. Eu tenho certeza que diariamente você vê os pais deles chorando e te implorando que salve o filho ou a filha deles, não é? Faz o que você sabe fazer, talvez assim você permite que aquelas pessoas recebam o amor fraterno que você não me dá. -pego a minha mochila e entro em meu quarto em seguida trancando a porta.

-Que droga! -jogo minha mochila em cima da cama, e em seguida dou diversos socos na parede.

Olho no relógio: 17:28. Eu preciso ouvir ele cantar. É a única coisa que me acalma e que me faz esquecer.

Menagem on:

17:28

(Eu): Jin? Tá ai?

17:29

(Princesa Jinnie): Eu não quero conversar.

17:29

(Eu): Não precisa conversar. Só faz um favor pra mim.

17:30

(Princesa Jinnie): O que?

17:30

(Eu): Canta pra mim.

17:31

(Princesa Jinnie): O que? Como você sabe que eu canto? Você ouve?

17:31

(Eu): Jin, por favor. Só canta.

17:32

(Princesa Jinnie): Eu não vou cantar pra você.

17: 33

(Eu): Por favor.

17:34

(Princesa Jinnie): Lógico que não.

Mensagem off.

Resolvo não insistir. Eu precisava ouvir a sua voz, mas o que eu posso fazer se ele não quer cantar?

Deito-me na cama e começo a chorar. Eu sinto falta do meu antigo pai. Ele era um pai que todos sonhavam em ter. Sempre compreensivo e atencioso, mas de uma hora pra outra ele mudou.

Não conseguia parar de chorar ao lembrar das coisas passadas, das memórias com a minha "família feliz", até que ouvi o que eu tanto queria ouvir. Fui até a janela e me sentei lá para ouvir melhor a doce voz de Seokjin enquanto minhas lágrimas só aumentavam.

                                 [...]

A estrada é muito e a água era profunda
Meus pés estão congelados e houve luz além
do oceano
O tempo flui, mesmo em dias que não são calmos
Você estava comigo durante todo o meu tempo

Em cima dos meus ombros nervosamente agitando
Você coloca suas mãos sem dizer uma palavra em cima da água
Conectando-nos de coração para coração
Desdobramento estrada para mim

Quantos rios devem ser cruzados?
Quantos oceanos de largura deve ser passado?
Para atender a meus sonhos?

Quando eu estou andando sobre a ponte deslumbrante
Que está ligado por nossos corações
Você está em pé ao final com um sorriso caloroso
No caminho para o amanhã

No meio do oceano grande
Eu grito bem alto, perguntando como suportar isso por mim

As lembranças do passado que refletem na janela de vidro
Torna-se o sol que se põe no meu coração
Você está sempre lá, encontrar caminho para mim

Quantos rios devem ser cruzados?
Quantos oceanos de largura deve ser passado?
Para atender a meus sonhos?

          
                            [...]

Quando ele terminou de cantar, eu estava calmo, mas ainda chorava.

Mensagem on:

17:39

(Eu): Obrigado. Muito Obrigado Seokjin.

Mensagem off.

Ele não respondeu. Mas não me importei.
Parecia que ele sabia exatamente o que eu estava sentindo, pois ele cantou a melhor música que poderia se encaixar no que estou sentindo.

Lembranças. É só isso que eu tenho. Lembranças e saudades. Não posso mudar nada, então eu tenho apenas que lidar com isso.

No começo eu achei que eu tinha que cuidar do Jin e faze-lo superar o que tanto o atormenta. Eu achei que eu seria o seu anjo protetor, que iria cuidar dele. Mas eu percebi que mesmo não conhecendo ele, eu preciso dele. Ele me acalma, ele me faz esquecer, ele me faz sentir-me bem.

Ele é o meu anjo, não eu o dele!