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História Sublime - Sobre despedidas.


Escrita por: pyromanic

Notas do Autor


Olá meus amores, nem preciso dizer sobre sábado né? Enfim, comentei no twitter sobre diálogos longos e acho que vocês vao entender do que estava falando aqui. Prestem bastante atenção na conversa do Junmyeon e do Chanyeol? É importante pra o personagem o Chanyeol.

Enfim, acho que eu não tenho muito o que falar aqui agora. Conversamos nas notas finais? É importante! ♡

Boa leitura. ♡

Capítulo 19 - Sobre despedidas.


Fanfic / Fanfiction Sublime - Sobre despedidas.

Sublime.

Décimo nono capítulo: Sobre despedidas.

por: pyromanic.

Os corredores do shopping pareciam ainda mais frios. Quanto mais Chanyeol caminhava entre eles, mais parecia que a temperatura caia, fazendo até o seu corpo se arrepiar, ou era apenas seu coração voltando a ser pedra novamente.

Não estava conseguindo raciocinar direito, aquilo nunca havia acontecido consigo anteriormente. Não lembrava-se de um momento em seus vinte e oito anos que algo como aquele sentimento havia o invadido a ponto de agir fora de seus eixos ao descobrir sentimentos novos.

Estava sentindo uma raiva descomunal crescendo em seu peito e ele nem sabia como descrevê-la direito, porque estava se sentindo daquela forma. Mas apenas ver Baekhyun com outro alguém tinha, de algum jeito, mexido consigo.

O jeito como eles estavam sentados naquela mesa, os sorrisos trocados, os lanches jogados. As mãos próximas sobre a mesa, os bilhetes de cinema jogados ao lado, indicando que a tarde não havia começado naquela praça de alimentação. A maneira como aquele homem defendeu Baekhyun, como se já fossem alguma coisa. Se posicionando a favor dele, quando nem o próprio desejava entrar em uma batalha, contra ele. E aquele jeito autoritário e protetor desencadeou em toda a raiva que Chanyeol estava sentindo agora.

Mas nada se comparava a maneira como aquele rapaz olhava para o cacheado. Dava para notar que havia muito sentimento carregado ali, havia muita coisa dita em apenas um olhar. E ele até conseguiu ver a mágoa se apossar de seus olhos quando passou a compreender a situação que estava acontecendo bem a sua frente. Chanyeol não o culpava. Pelo menos, não por aquilo. Estava tão confuso quanto o próprio. E tinha que admitir que também estava chateado:

— Chanyeol. Ei. — Junmyeon o chamou, aumentando seu tom de voz que sempre era baixo. Isso tirou o empresário de seus devaneios, acabou esquecendo-se completamente de que seu melhor amigo estava o fazendo companhia por aquele dia.

Tinha ligado para Junmyeon porque ele era uma pessoa muito sábia e, após tudo que aconteceu entre ele e Baekhyun na noite anterior, sua mente não obteve descanso. Ainda conseguia sentir o peso do corpo dele quando estava sobre o seu, as mãos percorrendo em uma agonia considerável seu pescoço, as unhas curtas deixando alguns vergões, o quadril começando a se movimentar, sem controle algum sobre as própria ações. Os afares desesperados, os beijos que ao mesmo tempo que eram carregados de uma grande luxúria, também tinham um toque de delicadeza e romantismo, que era uma marca registrada daquele homem de estrutura baixa. Porque mesmo quando havia desejo transbordando em cada poro daquele corpo, Baekhyun jamais perdia a delicadeza em cada mínimo ato seu. E aquilo era uma das coisas que mais encantava Chanyeol.

Estava conturbado, não tinha dormido direito por aquela madrugada, seu corpo estava elétrico e sua mente mais ainda. Em toda sua sabedoria tinha tomado a decisão certa de deixá-lo em casa e partir para sua própria, mas não era porque era o correto a ser fazer, que automaticamente se tornava fácil. E para lidar com aquilo, recorreu a pessoa mais centrada depois de si que conhecia.

Quando contou todos os acontecimentos para Junmyeon, o advogado não conseguia acreditar a que ponto ambos tinham chegado e como eles eram teimosos o suficiente para não darem o braço a torcer. Já esperava isso de seu amigo, mas não imaginou que Baekhyun também estava seguindo para a mesma trilha. Mas estava feliz demais por saber que aquilo tinha acontecido, era bom saber mais sobre o Chanyeol, e por isso todos seus conselhos foram para que ele investisse naquela coisa que estava crescendo entre os dois. O empresário continuava relutante, mas por aquela tarde ele parecia mais brando, até parecia convencido a se deixar levar. Porém, em um acaso do destino, encontraram com Baekhyun andando no shopping ao centro da cidade e aquele acontecimento acabou com tudo que Junmyeon tinha construído com seu amigo.

Agora estavam sentados em uma das bancadas altas, que ficavam dispostas para algumas pessoas conversarem, comerem e muitos escolhiam o clima calma para lerem bons livro. Sang ainda estava nos braços de Junmyeon, mas estava mais distraído com o urso que o próprio tinha comprado para ele, enquanto Dahye e Yong brincavam um pouco mais afastados dos adultos. Eles precisavam de um pouco de privacidade.

— Fale comigo. — Pediu, vendo como Chanyeol estava cabisbaixo. Dava para ver a decepção em seu olhar. Não o queria vê-lo assim mais. Até porque a felicidade sempre parecia fugir dele. — Vamos conversar.

— Eu não tenho o que conversar, porque eu não sei o que aconteceu e eu nem entendo o que eu estou sentindo.

— Pois então, porque não pergunta para seu grande amigo o que é. Eu tenho um palpite muito bom. — Brincou, querendo deixar o clima mais leve, e funcionou para pelo menos atrair o olhar de seu melhor amigo, finalmente. Era um incentivo para que ele continuasse falando. — Isso se chama ciúmes.

— Ah, por favor. — Deu de ombros, odiando tomar uma nomenclatura clara para seus sentimentos. Era bem provável que ele estivesse certo, mas jamais iria admitir. — Junmyeon. Eu não sou de sentir essas coisas.

— Você não é de sentir nada. — Voltou a dizer, soltando um riso fraco pelas expressões que tomaram conta do rosto do amigo. — Você também não era de sentir vontade de beijar ninguém ou de sair da sua casinha para passeios casuais, ou era? — Perguntou, querendo provar seu ponto e Chanyeol ficou quieto, mostrando que estava concordando em silêncio com a fala do advogado. — Tem muita coisa acontecendo contigo, meu amigo.

— E o que quer dizer? — Perguntou curioso, dava para notar que Junmyeon estava ansiando dizer algo ao empresário, provavelmente com medo da retórica que teria.

— Por que você estava bravo há minutos atrás? Porque começou uma discussão com uma pessoa que nem conhecia? — Fez o seu papel de bom advogado e contornou a situação antes de chegar ao ponto certeiro. — Por que ficou incomodado ao ver alguém que é nada seu com outra pessoa?

— Eu sei que não faz sentido. — Tomou fôlego ao responder, a conversa estava o deixando angustiado. Odiava não ter respostas para suas próprias questões e esse era um dos motivos para que odiasse tanto relacionamentos amorosos.

— Sabe o que também não faz sentido? — Perguntou, conseguindo totalmente a atenção do empresário. — O amor. Não faz sentido nenhum.

— E o que você quer dizer com isso? — Estava confuso e odiando toda aquela enrolação que seu melhor amigo estava fazendo. Gostava de pessoas que iam mais direto ao ponto, mas o Kim gostava de atormentá-lo, sempre o colocando para pensar mais do que gostaria.

— Não é óbvio? — Perguntou retoricamente, vendo que ele ainda permanecia confuso. Sabia que ele precisava dizer, pois se fosse depender apenas da mente do amigo, a resposta nunca chegaria. — Você gosta dele, meu amigo.

— Você passou dos limites agora.

— Não estou pedindo para você admitir nada para mim, Chan. — Soltou um suspiro cansado. Aquela conversa seria longa, mas amigos eram para isso. — Pode continuar negando para mim. Mas uma hora, quando você ficar sozinho, vai perceber que estou certo.

— E o que eu faço com isso? — Perguntou, voltando a sentir raiva. Não estava acreditando que tinha se deixado levar e nem notado isso.

— Eu não sei. O que está se passando na sua mente?

— No momento, mesmo? Só estou me amaldiçoando por ter me deixado levar. — Deu de ombros, estava tentando ser um pouco vulnerável com Junmyeon, afinal o amigo estava ali justamente para ajudá-lo. — Eu fico me perguntando o que aconteceu entre eu e o Baekhyun para chegar a esse ponto.

— Ele é diferente, Chan. Diferente de qualquer pessoa que você conhece. — Comentou com um sorriso triste nos lábios, com certeza era a pessoa que mais torcia para que eles ficassem juntos. Não queria ver a história deles tendo aquele fim. — Ele não é rico, então é bem mais humilde e simples que qualquer homem com quem você já saiu. Ele vê beleza nas pequenas coisas, entende? Além de aparentemente estar sempre sorrindo para o nada, em contradição a sua amargura. Ele é novo, está vivendo essa época da faculdade, enquanto você envelheceu além da sua idade. Ele te ensinou a ter mais cuidado com as crianças e hoje em dia, meu Deus, você não é o mesmo homem de meses atrás, que ficava desesperado com uma fralda.

— Nossa... — Deixou um suspiro cansado e estava ali o motivo para ter chamando o Junmyeon para lhe dar conselhos. Ele sempre tinha as palavras certas na ponta da língua. E daquela vez, estava expondo todos os sentimentos escondidos do Park, principalmente os motivos que ele não estava pronto para enxergar. — Não sabia que você tinha reparado em tudo isso.

— Acho que é fácil para qualquer um de fora reparar. — Deu de ombros, com um sorriso minimalista. — Posso não conhecer o Baekhyun muito bem. Mas eu conheço você, meu amigo, e eu acho que foi algo mais do que natural você ter se afeiçoando à ele. É algo que poderia dar bem errado ou muito certo.

— Tem uma parte de mim que queria que tivesse dado certo.

— Está falando em tom de despedida, Chan. Não me diga que está pensando em desistir no primeiro obstáculo. — Respondeu frustrado, sabia que seu amigo tinha todos os motivos do mundo para estar pensando daquela forma, mas Junmyeon queria muito que, naquela situação, outra perspectiva pudesse tomar sua mente. — Nem parece o homem de negócios e super confiante que eu conheço.

— Eu não queria que fosse assim, mas eu não tenho escolha. — Deixou um suspiro cansado sair de seus lábios. Sua cabeça até começou a doer ao retornar o assunto. — Infelizmente, não tem o que eu possa fazer. Caso fosse em outras circunstâncias, mas ele é babá dos meus sobrinhos. E nessa fase da minha vida eu vou priorizar ele, igual a Yoora desejaria.

— Acho que à altura eu já posso falar tudo o que eu penso, não é? — Confuso, Chanyeol assentiu, já achava que Junmyeon estava sendo sincero demais naquela conversa, expondo coisas que ele com certeza não queria ouvir. — Chanyeol, você está sendo um covarde. É isso que eu penso. Faz anos que você não gosta de alguém e, quando acontece, no primeiro obstáculo você desiste. Porque você não sabe lidar com o amor, não sabe lidar com tudo que ele tráz. Sim, amar é sofrer um pouco, sentir ciúmes e ficar incomodado com algumas coisas. Mas também é as borboletas na barriga, o frio na espinha e o sorriso largo nos lábios. Você não quer encarar a parte boa e com certeza quer fugir da ruim. Você não quer nem se dar uma chance… Ou você achou que seria fácil? Meu amigo, você foi a pessoa que mais enfrentou barreiras na vida, como achou que essa fase seria fácil? Não poderia se enganar desse jeito. Eu não vejo razões de verdade para você não dar uma chance para Baekhyun lhe contar o que realmente aconteceu, para não deixar se levar pelo menos uma vez pela emoção. Você é uma das pessoas mais corajosas que eu conheço e está aqui se mostrando um medroso.

— Você está louco?! — Perguntou, em um momento de euforia. Não estava acreditando que estava ouvindo aquelas palavras saindo da boca de seu melhor amigo. — Como pode dizer isso, Junmyeon? Sendo que você sabe que eu estou fazendo de tudo para me tornar um pai. Uma coisa que eu jamais pensei que fosse passar na minha vida. Ainda sem a Yoora, para me ajudar, eu ainda não superei certas coisas e estou longe de ser um bom cuidador.

— Chanyeol, acorda! — Brava veio a resposta do amigo, até acabou assustando o platinado, já que Junmyeon sempre foi muito elegante e não costumava sair de seu tom usual. — Eu sei como você é e imagino que você não consegue se auto analisar. Olha para você depois desses meses, meu amigo, você está ótimo. Na primeira semana, o Baekhyun te irritou tanto que foi a primeira semana que eu não ouvir você falar da Yoora e, hoje em dia, quando você fala da sua irmã, você fala de uma maneira boa, não com a bagagem de sentimentos tristes que pareciam não te abandonar. Pode dizer que prioriza as crianças e nessa parte jamais vou te julgar, exercer um bom papel se inicia quando você as coloca em primeiro lugar e é bom você fazer isso. Mas teria alguém melhor para você se relacionar nesse momento? Acha que vai ter alguém que vai se apegar à elas ou cuidar delas melhor do que o Baekhyun? Não, Chanyeol… Não há ninguém, porque dá para notar que o Baekhyun já ama essas crianças e elas o amam mais ainda.

— É disso que eu tenho medo, Junmyeon. Se não der certo eu estarei tirando a outra pessoa que está sendo maravilhosa para elas. Eu não posso fazê-las perder mais ninguém, eu acho que os pais já foram suficiente para uma infância só.

— Não há só lados negativos.

— Mas é o negativo que sempre trará sentimentos maiores. É por isso que é tão fácil focar neles. — Naquele momento, sua garganta travou. Estava magoado demais por estar sendo tão duro consigo mesmo. Em partes, sabia que seu melhor amigo estava certo, mas Chanyeol não podia se dar ao luxo daquela felicidade. Ficou sozinho sua vida inteira, estava acostumado com a solidão, era questão de tempo até se habituar novamente. — Eu já tomei minha decisão.

— Você vai se arrepender. — Novamente firme, seu amigo respondeu e naquele instante seu coração acelerou. Era difícil, logo ele não o apoiá-lo em suas escolhas, ele sempre foi o melhor companheiro de sua vida. — Eu estarei aqui para quando isso acontecer.

— Por que está insistindo tanto nessa história?

— Eu só não quero perder meu amigo outra vez. — Confessou e deixou um suspiro cansado sair de sua boca, estava esgotado daquela conversa. Amava muito Chanyeol, mas às vezes ter conversas com ele era difícil, e levavam toda sua energia. — Eu vi o Chanyeol da faculdade voltando esses tempos, não queria que ele fosse embora, outra vez.

— Eu vou me esforçar, Junmyeon.

— Eu espero. Mas eu sei que vai ser uma consequência também.

Aquelas palavras acabaram mexendo bastante com a cabeça do empresário, como toda conversa em si. Junmyeon, sendo bem articulado com as palavras e um bom observador, ressaltou pontos muito sensíveis, desde os sentimentos dele perante ao babá, suas razões e chegando por fim ao momento em que ele expôs que Chanyeol não passava de um medroso.

Era cômico pensar que logo ele, uma pessoa que passou tantas coisas em sua vida, estava com medo de um relacionamento amoroso. Mas era justamente a sua bagagem de vida que o deixava receoso, mas era difícil para as pessoas o entenderem, não esperava isso delas. Porque como sempre, não podia esperar grande coisas das outras.

Prometeu ao amigo que tentaria continuar em sua maneira mais aberta e mais alegre, mas era complicado quando pensava que nem o próprio estava o entendendo. Mas também não conseguia compreender os motivos para Junmyeon insistir tanto nele e Baekhyun, quando o próprio já tinha mostrado desistência.

Sair de sua bolha de conforto e enfrentar seus amigos com opiniões opostas e ainda o sentimento amoroso, do qual não sabia a proporção, estava sim o assustando e o fazendo querer correr de volta para seu refúgio anterior. Mas não queria afastar seus amigos, ter seus sobrinhos falando mal de si e principalmente queria muito continuar com Baekhyun por perto.

Mas não podia. Não queria ter que passar por aquilo, pelo menos não agora. Não podia fazer Baekhyun esperar, mas também não podia não respeitar as próprias razões e os próprios sentimentos. Tinha voltado atrás em sua decisão, por estar se tornando brando demais, mas agora não tinha mais volta.

(...)

O Sol estava dando seus primeiros brilhos do dia, quando Baekhyun chegou a residência da família Park, em seu horário de rotina. O babá desejou muito se atrasar por aquele dia, mas sua responsabilidade infelizmente não o deixou cometer aquele ato. Não queria afetar as crianças, só queria chegar em um horário onde o Chanyeol já não estivesse mais presente. Até enrolou no percurso, parando para tomar café em uma lanchonete próxima ao ponto de ônibus, não queria acabar esbarrando com seu chefe na cozinha como era algo usual entre eles e, por isso, fez algo que não fazia a tempos: a primeira refeição da manhã fora da casa. Estranhou muito comer com diversos olhos estranhos o observando e com a solidão o abrangendo. Tinha que admitir que era bom comer na casa dos Parks, com os chás que tanto gostava e as coisas saudáveis que Chanyeol fazia questão de comprar. Gostava das conversas matinais que começaram a ter pelas manhãs e por aquele dia isso acabou fazendo bastante falta. Não pensou que algo simples como aquilo fosse lhe incomodar. Mas incomodou.

Entrando na casa, com toda educação, cumprimentou os colegas de trabalho e logo partiu para o andar de cima à procura de suas crianças, que sempre seriam sua prioridade maior. Assim que as encontrou, Baekhyun as ajudou a se prepararem  para irem a escola. Aguardou enquanto elas tomavam café na sala e, assim que terminaram, saiu com elas em direção ao colégio.

Estava com sorte. Não havia encontrado com Chanyeol naquela manhã. Ou ele estava com o mesmo objetivo de evitá-lo, ou ele teve alguma urgência e decidiu ir mais cedo para o serviço. E, mesmo desejando bastante saber o que de fato tinha acontecido com ele, logo tomou um jeito de tirar aqueles pensamentos de sua mente. Precisava aprender a parar de questioná-lo sobre a vida pessoal deixar de desejar tanto invadi-la, ainda mais agora quando nem sabia para onde estavam rumando com aquele relacionamento.

Suspirou fundo e voltou para casa, indo logo para o andar superior, para ir ao quarto de Sang. Como sempre, o bebê já estava acordado, preparado para qualquer coisa que Baekhyun estivesse disposto a fazer com ele.

Assim que pegou o bebê nos braços, sentiu um cheiro forte vindo dele, uma fralda estava suja, como era o esperado, visto que ele dormia a noite todinha. Aquela era um ótimo momento para Baekhyun dar um banho nele.

Preparou um banho quentinho na parte do banheiro do andar de cima, que era todo adaptado para a criança e, assim que tirou toda sua roupinha, a criança começou a fazer graça, porque Sang sempre gostava muito de aprontar quando ia para água e ele parecia notar que era quando ficava sem nada que aquele momento acontecia.

Com todo cuidado, colocou o corpinho da criança dentro da água morna, o vendo fazer graça imediatamente. Naquela parte, o bebê até lembrava seu irmão mais velho, que parecia um peixinho dentro da banheira.

— Você é a coisa mais fofa do mundo, meu amor. — Disse, passando o sabonetinho por todo o corpinho e Sang acabou fazendo uma careta engraçada.

Assim que terminou todas as etapas que o banho de um nenê pedia, o cobriu com a toalhinha que era bem felpuda, fazendo uma mantinha com seu corpo. A criança logo começou a se sacudir, ele não gostava muito de ficar coberto e Baekhyun só conseguia o achar ainda mais fofo.

Escolheu macacão de pezinho para colocar na crianças e ela pareceu ficar bem à vontade com a roupa, mesmo não gostando muito de se vestir.

Desceu as escadas, preparando um leitinho morno, porque quando dava aquele horário, Sang quase sempre estava com fome. E mesmo se alimentando bem de outras coisas, o bebê ainda gostava de seu leite pela manhã.

Enquanto dava a mamadeira para Sang, que estava deitado em seus braços, não conseguiu evitar os olhos encherem de lágrima. Era terrivelmente apegado aquelas crianças e não podia negar aquilo a ninguém.

Seu envolvimento com Chanyeol só tinha agravado ainda mais seus sentimentos por eles, que já eram muito fortes. Pois quando estavam os cinco juntos, Baekhyun começou a ter um sentimento que nunca tinha sentido em toda a sua vida. Era como se finalmente tivesse completo.

O que era péssimo, porque não sabia ao certo o que poderia esperar de Chanyeol por aquela tarde. Não sabia qual seria sua decisão e, caso fosse uma que o afastasse das crianças, teria certeza que não aguentaria, seu mundo acabaria ali. O tamanho de seu amor por elas tinha se tornado incondicional e não podia mais se afastar, não depois de todos aqueles meses. Não depois que ouviu Sang dizendo sua primeira palavra, sendo ela seu nome. Ainda queria estar lá para ver Yong brilhar na escola e deixar de ser aquele menino tímido um pouco. E, com certeza, precisava ir em uma luta de Dahye, porque a garotinha sempre o estava lembrando daquilo. Não podia sair da casa, quando ainda esperava presenciar tanta coisa com aquela família.

Por isso, enquanto balançava aquele garotinho em seus braços, seus olhos enchiam de emoção, não queria perder tudo que tinha conquistado, não estava pronto para perder a família Park, incluindo Chanyeol.

Quando o céu estava em um tom de alaranjado forte,prestes a ser tomado pela cor coloração azul escura, Chanyeol chegou na residência. Adentrou a porta sendo bem recepcionado pelos sobrinhos, como todo fim de tarde era. Após dar toda atenção possível para eles, levantou-se novamente, encontrando Baekhyun brincando no tapete com Sang.

O babá estava bem distraído, usando os ursos de pelúcia novos que Sang tinha ganhado. Quando seus olhos o atingiram em cheio, dava para ver havia bastante receio naquele olhar, só deixando Chanyeol ainda mais triste por fazer o que tinha que fazer:

— Podemos conversar? — Perguntou, colocando suas mãos dentro do bolso da calça social. Baekhyun assentiu, e ambos rumaram para o lugar que se tornou marco para reuniões complicadas: a cozinha.

Assim que chegaram no cômodo, Baekhyun cruzou os braços, mostrando que não estava muito confortável com aquela conversa, enquanto Chanyeol deixou seu corpo relaxar, se apoiando em uma das bancadas de preparação, precisava de apoio para o que ia fazer:

— Você sabe o que eu tenho para conversar com você, né? Eu quero que seja o mais breve possível. — Perguntou visivelmente nervoso, estava fazendo aquilo contra sua vontade, mas existia forças maiores que o incentivaram a continuar.

— Eu sei, sim. Pode prosseguir. — Concordou com a cabeça, evitando de olhá-lo nos olhos, estava com medo de desabar na frente dele.

— Tudo que aconteceu no shopping foi um choque de realidade para mim. Acho que eu não tinha acordado para o que realmente estava acontecendo entre a gente. Só estava me deixando levar.... E foi bom notar que as coisas estavam se tornando bem sérias.

— Acho que eu estava no mesmo caminho. Então eu te compreendo. — Mesmo não querendo, deixou seus olhos encontrarem os dele e Chanyeol estava tão longe de si, nem parecia que a conversa estava sendo apenas entre eles. Estava longe de uma maneira que nunca mais tinha ficado.

— Já que você me compreende, sabe que eu não posso deixar isso ir para frente. — Suspirou fundo e deixou de enrolar, logo colocando em pauta qual seria o assunto a ser tratado. — Eu não quero me envolver com ninguém enquanto estiver com um processo na justiça, logo nesses meses que estou me habituando as crianças. E você também é uma pessoa mais complicada do que eu poderia imaginar, eu não tenho disposição para competir com ninguém, Baekhyun.

— Você não tem que competir com ninguém…

— Estou falando bastante sério desta vez. — O impediu de continuar falando. Não podia deixá-lo se explicar, porque acabaria cedendo. Sempre cedia quando Baekhyun pedia algo, ele tinha bons argumentos, além de saber domar o empresário muito bem. — Eu não vou voltar atrás, como das últimas vezes. Não podem ocorrer beijos repentinos, igual você fez.

— Tudo bem. — Mordeu o lábio inferior, porque a tristeza o abateu, daquela vez Chanyeol estava sendo bem firme com suas palavras, só machucava muito saber que estava acabando algo que nem tinha começado.

— Acho que também irá compreender que eu não posso mais dar brechas para esses eventos que ocorreram entre a gente. — Expressou mais uma das coisas que viriam a ocorrer por aquela semana, afinal tinha que deixar tudo bem claro.

— Vai voltar a seu o carrasco que era? Essa é sua maneira de tentar me fazer odiá-lo? Igual há alguns meses atrás?

— Eu não vejo outro jeito. Caso a gente continue como estamos, qual será o limite de tempo até cedermos novamente? Baekhyun, eu não posso deixar isso acontecer. Eu sinto muito.

— Tudo bem, você nem vai precisar se esforçar muito. — Disse firme, se fosse o desejo dele, teria que respeitar, mesmo sentindo muito. Afinal, ele ainda era seu chefe e ele precisava cumprir ordens. — Posso ir?

— Espero que saiba que eu não queria que fosse assim. Juro que não queria. — Quis expôr aquele sentimento, após a conversa que teve, achava que era importante ele saber.

— Mas é você quem está fazendo isso. Sem ao menos me dar chances de argumentar como eu gostaria. Se não é o que você quer… por que faz algo contra sua vontade? Pensei que tinha se cansado de viver assim.

— É mais complicado do que parece.

— Você é mais complicado que qualquer pessoa. E eu não me importei com isso. Mas, tudo bem. Eu entendo, você tem as crianças e eu também quero priorizar elas. Agora, com a sua licença, eu tenho aula. Preciso me retirar. Tenha uma boa noite, senhor Park.

O babá saiu as presas do ambiente e, naquele momento, foi quando a ficha de Chanyeol caiu de vez. Estava convicto de sua decisão, até ela se tornar real e ver que tinha magoado logo a pessoa que mais trouxe felicidade para sua vida, nesses tempos sombrios que vivia. Vê-lo distante e seco daquela maneira, pesou em seu coração, estava certo de sua decisão há alguns minutos atrás. Mas com certeza não seria fácil ver Baekhyun odiá-lo novamente. Estava começando a se questionar se iria conseguir lidar com aquilo, após ter recebido o melhor dele, não estava pronto para encarar o pior novamente.

(...)

Doeu muito ouvir aquelas palavras vindas das boca de Chanyeol, já estava esperando por elas, mas mesmo assim não tinha sido algo fácil de se lidar. Vê-lo determinado em sua decisão, como se estivesse fazer a coisa mais certa do mundo, tinha o deixando, além de triste, com bastante raiva. Estava se cansando da teimosia do Park e de como ele continuava buscando tijolos para construir aquele muro envolta de si, afastando todo mundo que cruzasse um pouco a linha.

Aquela foi a pior semana de trabalho desde que começou a trabalhar naquela casa.

Chegava cedo, tomava café rápido, antes mesmo de vê-lo descer as escadas, isso quando não optava por comer fora, para evitar encontrá-lo. Quando as crianças chegavam, tomavam a alegria da casa e o faziam lembrar do real motivo para amar tanto seu trabalho, elas tinham notado se algo tinha acontecido, mas Baekhyun, com sua maestria, conseguiu achar uma desculpa boba e elas logo pararam com as questões. Quando o empresário chegava, apenas se cumprimentavam e não existia tempo para mais nada, pois logo Baekhyun dava seu jeito de recolher seus pertences e ir para a faculdade.

Estava voltando a ser exatamente o que eram quando iniciou seu trabalho.

Mas não dava para voltar a ser cem por cento igual, até porque, mesmo afastados, os sentimentos não morriam, não pela parte do babá pelo menos. Na verdade, tudo estava se agravando. De algum jeito, tudo o que deveria morrer com a distância, acabou tomando uma proporção ainda maior, porque Baekhyun começou a ansiar pelo fim do dia, para pelo menos ver Chanyeol por dois minutos. E aqueles minutos passaram a ser valiosos. Além de que, como antes, voltou a ser uma pessoa frequente na conta do instagram de seu chefe, buscando alguma informação nova. E, mesmo apenas tendo assuntos por qual não se interessava nenhum pouco, continuava visitando o perfil frequentemente, sendo a única fonte de contado que agora tinha com ele.

Ele gostaria de dizer que permaneceu forte, que não se abalou com a distância e que em dias superou o que aconteceu entre eles, afinal não tinha sido nada mais que alguns beijos trocados, não era para ser grande coisa. Mas, infelizmente, acabou sendo grande coisas, aqueles beijos roubados, tornaram-se tudo, porque eles tinham sido se tornado a única coisa que evidenciavam que algo acontecia entre os dois. Não havia acontecido coisas grandiosas entre eles, mas o pouco serviu para acender uma chama dentro de Baekhyun, que jurou que não ia mais acontecer, mas lá estava ele se tornando uma enorme fogueira, sem ninguém para apagar aquele incêndio.

Era sufocante não poder dizer nada àquela altura, porque Baekhyun gostaria de ao menos brigar com Chanyeol, como aconteceu diversas vezes. Desejava iniciar uma briga sem pé nem cabeça, ouvir aquela voz grossa explodindo contra si, enquanto não pouparia de dizer verdades, como sempre, dizendo o que pensava. Mas nada acontecia. Eles se olhavam por questões de segundos antes de Baekhyun sair de casar e fingir estar vivendo uma vida fora da residência, quando na verdade, todos seus pensamentos sempre retornavam para aquele mesmo lugar.

Dava para notar que, para o empresário, as coisas também não estavam sendo fáceis, além de voltar a ser um completo grosseiro, Chanyeol estava apático, nem mesmo os sentimentos de raiva pareciam reacendê-lo. Ele perambulava pela casa, como se seu corpo não estivesse mais conectado à sua mente, vivendo a vida no automático. Baekhyun sabia que ele estava se atolando novamente em trabalho, aquilo sempre foi sua maneira de fugir das coisas, as crianças contaram que agora todas as noites ele se trancava no escritório e só saia de madrugada. Elas estavam tristes com a situação e, uma vez, Dahye perguntou se Baekhyun poderia fazer alguma coisa para ajudar o tio delas e teve que responder que não. Bem que queria muito poder retirá-lo novamente daquele buraco que ele estava se jogando, mas não podia mais se intrometer na vida de seu chefe.

Com certeza a coisa que mais machucou Baekhyun, no meio daquela história, foi ver como Yong estava ficando novamente igual ao seu tio. O menino parecia estar regredindo em algumas questões, estava assustado com tudo o que estava acontecendo dentro de seu lar. Aquilo estava incomodando o babá, por isso resolveu o questionar sobre o que estava pensando, ele respondeu que estava magoado com seu tio, em um tom triste ele comentou que ele havia feito promessas que não cumpriria, principalmente a de ter mais momentos entre os cincos no futuro. Ele era muito inteligente, claramente ele tinha notado que algo entre os dois havia mudado drasticamente e, como consequência, ele estava sofrendo junto.

O maior desejo de Baekhyun era em um dia em que Chanyeol chegasse, o puxasse para conversar e jogasse tudo o que ele está fazendo os sobrinhos passarem e brigar com ele por estar se afastando novamente das crianças, quando a prioridade deveria ser elas, como ele havia deixado claro. Suas mãos formigavam para finalmente dizer tudo que estava preso em sua garganta, toda vez que o via passar pela grande porta de madeira. Não estava conseguindo o compreender mais, se fosse para as coisas ficarem daquele jeito terríveis, valia a pena tê-lo afastado? Todo aquele sofrimento valia à pena? Poderia ser apenas questão de tempo, até todos se acostumarem com a nova maneira de viver que estava sendo proposta. Mas será que valeria à pena? Ambos afastados entre si e ainda mantendo as crianças longe de vínculos emocionais, já que o babá estava tentando ser profissional, enquanto Chanyeol estava ainda mais perdido… Estava valendo à pena tudo aquilo? Baekhyun com certeza achava que não… Mas sabia que jamais poderia convencê-lo disso. Ele era convicto demais, para ouvir opiniões alheias.

Duas semanas tinham se passado e novamente era sexta-feira. Fugindo do costumava pensar, Baekhyun estava agradecendo por ser o último dia da semana em que iria para aquela casa e que poderia finalmente relaxar com seus amigos no sábado, pois mais do que nunca precisava daquilo.

Estava assistindo televisão na sala, com as três crianças o fazendo companhia, próximo do horário em que o Park chegava. Ouviu o barulho da porta se abrindo e pensou que fosse o empresário chegando em casa, até olhar em direção ao hall de entrada e ver Yuna entrando com um sorriso alegre vindo ao seu encontro. Aquela mulher de sorriso fácil, era a outra babá que Chanyeol chamava quando tinha assuntos pendentes à noite e não podia ficar com as crianças, imaginava que ela estava sendo mais presente, devido aos novos costumes de seu chefe, mas tinha que dizer que estava estranhando ela estar naquela casa em plena uma sexta à noite:

— Baekhyun! Que saudades. — Ela comentou, com um sorriso largos nos lábios e logo o abraçou, o babá não conseguiu não devolver o gesto, ela era fofa demais. — Faz muito tempo.

— Realmente. — Respondeu após se afastarem. Ainda não estava conseguindo juntar as peças em sua cabeça.

Dahye logo levantou-se para cumprimentar a mulher, elas se gostavam muito. Yong continuava sentado no sofá, mesmo a cumprimentando de longe, o garotinho era mais difícil de ser conquistado, até porque ele sabia que quando ela estava em sua casa, queria dizer que seu tio não passaria à noite por lá e aquilo estava o deixando bastante chateado.

— Elas parecem tristes. — Comentou, olhando principalmente para Yong, que não estava lhe dando nenhuma bola. Mesmo não sendo ativa naquela família, ela tinha tido bons momentos com eles e sabia bem como as crianças eram.

— Estão cansados. Os dias deles nunca são fáceis. — Resolveu contornar a situação. — Yuna, desculpa perguntar, mas eu tenho que dizer antes que isso me mate. O que você veio fazer?

— Também fiquei bem surpresa quando Wendy me ligou hoje. Mas ela disse que o senhor Park tem algo urgente para fazer e que solicitava meus serviços.

— Entendi. — Cruzou os braços, ela era bem solícita, não iria fazer mal perguntar mais um pouco. — Ela comentou o que era?

— Não muito. Acho que ela disse que ele teria um encontro ou algo assim. — Deu de ombros, ela não tinha noção do que tinha acabado de dizer. — Imagina só, logo o senhor Park em um encontro? Com certeza ele não é uma pessoa de encontros casuais, deve ser alguém importante…

— Você acha? — Receoso perguntou e Yuna concordou com a cabeça, aquilo era o que Baekhyun mais temia.

Despediu-se da colega, recolheu suas coisas e saiu às pressas da residência. A primeira coisa que fez quando entrou no ônibus foi entrar no instagram do Chanyeol para saber se tinha alguma coisa ali. Baekhyun esperava que não, até porque o homem era bem reservado com a sua vida, e ele estava torcendo muito para não encontrar nada. Mas infelizmente achou.

Quando entrou no perfil dele, foi direto nos stories e Chanyeol tinha gravado um restaurante muito chique, duas taças de vinho estavam sobre a mesa, ele parecia estar no aguardo de outra pessoa. E logo iria descobrir quem era, porque não demorou muito para ele postar uma foto acompanhado de outro homem. Não aguentou a curiosidade e clicou no marcação, indo direto ao perfil dessa nova figura, agradecendo pela conta ser aberta. Kim Sung Min, era um herdeiro de uma multinacional, assim como o próprio Park, mas, ao contrário do platinado, ele gostava de ostentar uma vida de luxo e não negava em mostrar sua vida boêmia em suas redes sociais. Além de ser bem profissional, também parecia saber muito bem curtir o que o dinheiro lhe proporcionava. Ele era muito bonito e, analisando o perfil, parecia até ser legal, não era o tipo ideal que Baekhyun escolheria para suas amizades, mas não parecia de todo ruim. Estava viciado naquela descoberta e teve que continuar vasculhando o perfil, até que encontrou uma foto dele que lhe chamou bastante atenção. Ele estava no meio de uma avenida, no dia do orgulho gay na Coréia do Sul, levantando a bandeira LGBTQI+. Ao abrir a foto, encontrou um texto, muito emocionante, dizendo que tinha muito orgulho de ser quem era. Achou fofo, mas foi o veredito para suas paranoias tornarem-se reais.

Chanyeol estava em um encontro.

O empresário tinha feito todo um discurso sobre como estava priorizando suas crianças naquele momento e que esse era o maior motivo para não poder se relacionar com ninguém. Mas ele estava saindo com outro homem. Então o problema, com certeza não era a relação amorosa em si e sim a pessoa com quem ele escolheria se envolver.

O Baekhyun era o problema.

Não conseguiu evitar a tristeza que o abateu, como se o engolisse por inteiro. O choro prendeu na garganta e estava prestes a desabar dentro do transporte público.

Quando ele dizia que estava fazendo aquilo pelas crianças, Baekhyun o compreendia. Sabia que para ele era difícil entrar em um relacionamento no momento, ainda mais em um que tinha começado de maneira tão conturbada igual o deles. Além de que Chanyeol possuía muitas questões não resolvidas consigo próprio, como o mal relacionamento com os pais e a sexualidade que escondia a sete chaves. Entendia todas as razões para ele fugir tanto de compromissos, mas pelo visto, não era esse o real medo do Park.

Não o julgava por estar saindo com aquele homem, ele era alto, extremamente bonito, estava literalmente no mesmo ramo de trabalho e os dois carregavam uma vida bem parecida, carregavam nas costas a dificuldade de herdar empresas tão grandes. Aquele homem em questão, era tudo que Baekhyun jamais iria ser. Nem mesmo com o passar do tempo. E até compreendia, Chanyeol estava escolhendo alguém que tinha uma vida mais similar, talvez fosse mais fácil para o habituar das crianças. Mas queria que ele tivesse sido sincero. Estava magoado, porque, além de tudo, ele tinha escolhido uma desculpa que nem fazia mais sentido.

Chegou na faculdade e decidiu que não iria para a sua primeira aula, não estava com cabeça para prestar atenção em nada e tinha medo de acabar chorando na frente de seus colegas de turma. Por isso decidiu sentar em uma das mesas do jardim, com o celular aberto ainda naquela conta, porque estava gostando de se torturar, talvez fosse finalmente o momento de acordar.

Passou um tempo considerável por lá, até que outra pessoa chegou e sentou bem a sua frente. Seu melhor amigo, estava com uma expressão preocupada, ele repousou a mochila sobre a mesa e buscou a mão de Baekhyun. O babá nem tinha notado que estavam saindo lágrimas através de seus olhos, só reparou quando Jongin encostou levemente em seu rosto para limpar alguns rastros. Eram lágrimas silenciosas, que só estavam desabafando tudo que estava passando por aquela semana.

Não teve tempo para conversar com o Kim nos dias anteriores, aproveitou tudo que estava acontecendo em sua vida pessoal, para finalmente colocar as pendências da faculdade em ordem. Passou o maior tempo organizando seu caderno, fazendo anotações, assistindo video aulas no Youtube e adiantando diversos trabalhos. Estava estudando bastante para encher a mente com conteúdo e não deixá-la vazia e acabar levando seus pensamentos para o empresário. Funcionava, até certo tempo, porque em algum momento de algum jeito  Chanyeol sempre aparecia em sua cabeça:

— Quer me contar o que está acontecendo agora? — Em um tom brando, o Kim perguntou, enquanto fazia um carinho sobre o rosto de Baekhyun. Dificilmente seu melhor amigo fazia o tipo carinhoso, mas quando ele estava disposto a ser gentil, sabia que era porque a situação tinha chegado ao extremo. — Podemos conversar agora?

— Você tem aula… — Foi o que encontrou para contornar a situação. Não sabia se tinha cabeça suficiente para retornar as memórias. — Não pode faltar por minha causa.

— Está tudo bem. Eu adiantei bastante coisa. — Comentou, tentando fazer a preocupação sair da cabeça do amigo. — Sério mesmo. Eu estava querendo dar umas fugidas para o bar, então tratei de organizar melhor minhas anotações.

— Kim Jongin sendo Kim Jongin.

— Sendo o melhor sempre. — Fez o amigo sorrir e só por aquele traço pequeno surgindo em rosto já estava valendo à pena perder um pouco de suas aulas. — Então, quando começou o romance com o chefe bonitão?

— Se eu te contar que eu não sei, você acredita? — Perguntou, desviando o olhar. Estava rendido, já tinha passado do momento de ter aquela conversa com seu melhor amigo. — Eu não sei de verdade quando começou. Mas, depois que eu conversei com a melhor amiga dele, eu não sei explicar, as coisas mudaram. Você mesmo percebeu isso, eu estava enxergando ele de um jeito… diferente. Quando eu descobri tudo que ele passou e todas as questões sobre a sexualidade dele, eu comecei a sentir uma empatia muito grande e eu quis ajudá-lo. Mas acho que eu já reparava nele a muito tempo, foi algo tão natural que eu nem percebi quando meu próprio chefe começou a chamar minha atenção.

— Ai e você ainda queria me enganar né? Vendo um homem lindo daqueles todos os dias amigo, quem pode te julgar?

— Querendo me enganar também. Sempre fingi que não era nada demais que ia passar. Até o dia que eu passei da linha, eu invadi muito a privacidade dele mexendo nas coisas da Yoora, eu errei feio e mesmo ele brigando comigo, depois… passou. Parecia que não importava mais para ele e nem para mim. E foi nesse dia que eu descobri que estava completamente perdido. Porque foi quando ele me beijou, Jongin. As crianças correndo, Sang nos meus braços, as luzes na Ponte Bapho. As mãos dele circulando a minha cintura… Foi incrível.

— Jurando que ia virar um conto érotico, mas com você tudo é extremamente romântico, né, meu amigo? Meu deus… Olha esse cenário. Até eu me derreteria.

— E depois ele mudou, Jongin. Com certeza o Chanyeol não era mais o homem que eu comentava com você. Ele ficou bem gentil, ele é uma pessoa que demonstra por gesto, sabe? Passar o dia com ele e com as crianças se tornou meus dias favoritos. Eu acabei não aguentando os sentimentos me tomaram e eu o beijei na cozinha, jurando que ele fosse me expulsar, mas ele me beijou de volta. E depois disso tiveram diversos momentos de tensão entre a gente, nós dois não queríamos, por conta das crianças, elas são nossa prioridade. Mas quando estávamos juntos, não parecia importar mais. Só queríamos aproveitar um pouquinho um do outro.

— Baekhyun isso é tão fofo. — Fez um biquinho, não acreditando que seu amigo estava vivendo aquela história de romance e ele não estava sabendo de nada. — Por que tudo tem que ser tão complicado?

— Eu também não sei. A única coisa que eu sabia era que eu queria ele e ainda quero… Eu me deixei levar pelo tesão da bebida, fiz uma cena de ciúmes para, em segundos, parar no colo dele. E depois no carro dele, infelizmente não acabou como eu queria. Mas foi quando eu percebi que não podia mais manter o Yixing ao meu lado.

— Eu até me esqueci do chinês. O que tu fez? — Recordou-se que até onde lembrava, incentivava sempre o babá a ficar com o estudante de geografia, pena que só agora entendia o motivo para ele ter fugido tanto.

— Terminei o que nem tinha começado. Mas acabei encontrando com o Chanyeol enquanto fazia isso e tudo desandou. Ele é muito complicado e acho que se envolver com uma pessoa mais complicada ainda jamais renderia em algo bom. Ele está certo em querer acabar tudo, porque ele está passando por um processo, né? Mas hoje ele saiu com alguém e isso quebrou meu coração.

— Aposto que não é nada demais. Ele parecia tão envolvido quanto você nessa.

— Eu espero que não seja nada. Mas não sei ao certo o que é… E quem sou eu para julgá-lo né? Fazia o mesmo até semanas atrás. A mágoa está grande, muito grande e eu só queria trazê-lo de volta para perto de mim.

— O que tu conclui com tudo isso, amigo?

— Eu… Eu não sei. — Sufocado, respondeu. Estava com algo em sua mente e sabia que era justamente aquilo que Jongin queria que ele trouxesse à tona.

— Tem certeza que não sabe? — O incentivou a falar. Baekhyun tinha feito exatamente a mesma coisa quando conheceu Kyungsoo, era difícil, mas eles próprios tínhamos que colocar os sentimentos para fora.

— Eu acho que estou apaixonado. — Falou e, novamente, uma lágrima involuntária escorreu sobre o seu rosto. Estava tirando um peso da suas costas, mas mesmo assim não se sentia aliviado, na verdade estava se sentindo mais pesado do que antes. — Como eu me deixei apaixonar pelo meu chefe?

— Para essas coisas não existe razão, Baek. Elas só acontecem.

— Eu não quero sentir mais isso. É muito ruim.

— Ah não. Eu não quero ouvir isso da boca de Byun Baekhyun. Logo o homem mais apaixonado que eu conheço. Pode tirando isso da cabeça.

— De que adianta estar assim, sendo que só eu que sinto isso? É horrível quando não há reciprocidade. E jamais a gente poderia ficar juntos. Então…

— Acho que você deveria estar tendo essa conversa com o Kyung. Mas como é comigo, eu tenho que dizer que eu vejo esperanças para vocês. Eu não acho que tudo vai acabar assim, Baek. Pode dizer o que você quiser, mas não acho que é o fim, na verdade, meu querido... Isso é apenas o começo. O Chanyeol é complicado? Bastante. Mas você mesmo disse que ele tem toda essa bagagem emocional e sabe quem foi a primeira pessoa a passar essa barreira? Foi você, e ainda irá passar por outras mais. Eu vejo um futuro de vocês juntos, posso estar sonhando? Sim. Mas a vida é disso, né?

— E o que você me diz sobre isso aqui? — Levantou o celular, mostrando o perfil do homem com quem Chanyeol foi se encontrar. — Ele saiu com esse rapaz, hoje.

— Eu nasci para ver Byun Baekhyun inseguro. — Brincou, continuando sua análise, realmente tinha coisas interessantes por ali, mas nada muito relevante.

— Jongin! — O reportou por estar brincando com algo que era extremamente sério. Mas não podia esperar menos da pessoa que escolheu chamar de melhor amigo. — Olha o perfil desse homem. Não tem como não ficar inseguro.

 — Você só está com medo. E o medo gera paranóia. Eu aposto que é só neura sua e que isso não dá em nada. E mesmo assim, Baek. Ainda é você que fica com as crianças deles. Esse elo com o Chanyeol, pode ter certeza que ninguém tira mais de você. Aposto que as três crianças vão dar um chilique se ele apresentar outro homem para elas que não seja você.

— Você é tão sonhador, Jongin. Converso contigo por alguns minutos e sinto que posso conquistar o mundo. — Comentou, deixando um pequeno sorriso surgir em seus lábios. Estava bem mais aliviado após conversar com ele. Sempre o colo do seu amigo, seria o melhor refúgio.

— É essa questão. Viver é viver sonhando, Baek. Não faz sentido se não tivermos ambições, não é? Eu vou adorar ser padrinho do casamento, caso dê certo.

— Oh meu deus… Não seja exagerado. — Acabou rindo do comentário. Também tinha um pouco daquele traço de idealizar um pouco as coisas e tinha que admitir que, com certeza, não era nenhum pouco ruim imaginar aquela cerimônia acontecendo. — Mas sabe do que eu to precisando? Do amigo festeiro que eu tenho.

— Ui, está querendo afogar as mágoas da melhor forma. — Sorriu, estava animado com a possibilidade de embebedar o amigo como não fazia há um tempo, afinal não tinha nada melhor do que o Baekhyun bêbado. — Pena que dessa vez não terá nenhum chefe bonitão.

— Pode não ter chefe. Mas homens bonitos é o que não falta na minha balada favorita. — Deu de ombros sorrindo, estava animado para ir agora só na companhia de seus amigos, precisava daquilo.

— Esse é o espírito, Baek. — Incentivou, queria mesmo dar uma noite para que o babá esquecesse completamente a história com o seu chefe.

— Gostaria que fosse a gente sem homem nenhum, mas aposto que tirar o Kyung da jogada não é uma opção.

A conversa com seu amigo rendeu por aquela noite, estava com uma boa sensação preenchendo o seu peito, porque aquele era o efeito que Kim Jongin conseguia causar nas pessoas. Estava bastante grato por ele ter dispensado a aula, apenas para ajudá-lo e ter ficado ao seu lado, conversando, lhe dando muito apoio, estava sendo muito bom.

Gostava da maneira como o Kim pensava, talvez fosse aquilo mesmo que tinha que acontecer, até ele se firmar com Chanyeol, talvez fosse apenas o começo e não o fim da história. Mesmo com tudo beirando o lado negativo, tinha uma chama de esperança tomando conta do peito de Baekhyun e tinha que admitir que era bom, afinal… era bom sonhar acordado um pouquinho, quando estava vivendo um pesadelo.


Notas Finais


Eai? Querem me matar ou eu ainda tenho um tempo para conversar com vocês? Primeiro quero dizer que sim, o Chanyeol vacilou veio, mas caso tenham se atentado na conversa dele com o Junmyeon, onde até esse ser de luz perdeu a paciência, sabem que o Chanyeol fez isso por mais medo do que realmente por ciúmes do Baekhyun. É algo bem importante de se analisado... E também para entender o que está acontecendo com ele. Enfim, a história de corta o mal pela raíz voltou.

Sublime provavelmente (aquelas) vai ser minha primeira fanfic a bater os 500 favs e eu ainda acho isso bem surreal. Eu gostaria de fazer algo especial para essa fanfic, não sei, gostaria de planejaar desde já. Caso, tenham sugestão estou bem aberta. Jogos, extras... etc
A ideia que tinha em mente era um extra longe de tudo isso aqui, com a adolescencia e começo da vida adulta do Chanyeol, com os amigos deles, a Yoora vive e o nascimento das crianças. Mas é a apenas uma ideia.

Obrigada por tudo, deixem sua opinião sincera aqui.♡

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