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História Submissa - Capítulo 30


Escrita por: raavavive

Notas do Autor


Olá ;

Maratona 1/2 capítulos ainda hoje ;)

Capítulo 31 - Capítulo 30


Kara estava começando a se perguntar quais outras atividades, Lena criaria para manter sua cabeça ocupada o bastante para que Kara esquecesse do ocorrido durante o baile. Ela estava mais tensa do que o de costume, passava a noite acordada e quando conseguia dormir, o menor barulho a deixava em alerta, ela tentou falar sobre o assunto, mas Lena acabava sempre se fechando e encarando o nada, como se fosse a coisa mais interessante do mundo. As conversas estranhas pelo telefone apenas pioraram, Diana passou a visitar Kara com mais frequência, ela poderia até fingir que era apenas uma aproximação sútil, mas que não existia nada de sutilidade em sua atitude. E tudo começou com uma ligação de Bruce após o evento. Ela o visitou no hospital, de forma vaga, Lena a disse que invadiram a mansão Wayne e que a polícia estava investigando, nada de grave aconteceu com Bruce. Mas não era o que os noticiários diziam, Bruce foi espancado e, caso seu mordomo não o tivesse encontrado a tempo, ele teria morrido. Quando voltou da visita ao amigo, Lena parecia ainda mais transtornada e continuava tentando parecer em seu normal.

-... e como permitiram que isso acontecesse porra?! Ela é maluca – Lena quase gritou para quem quer que estivesse falando do outro lado da linha, passou a mão asperamente por seu cabelo e olhou de soslaio para Kara sentada no banco de espera da clínica -Não deveria ser tão difícil assim, afinal, são duas pessoas insanas, você é mais inteligente do que isso... – ele suspirou pesadamente, parecia arrependida de suas palavras -Sinto muito, não deveria... tudo bem, me ligue quando houver alguma boa novidade.

-Kara Danvers – a recepcionista chamou.

Kara jogou a revista sobre a mesinha de vidro, Lena tentou se aproximar, mas ela precisava de um espaço longe disso, seja lá o que fosse isso, para tentar entender tudo o que poderia estar acontecendo.

-Eu vou entrar sozinha – disse e Lena não relutou ou disse qualquer outra coisa, sentou no sofá, exatamente onde estava quando chegaram ao consultório....

-Por que você quer que eu visite sua médica? – perguntou Kara quando Lena decidiu que era finalmente o momento de contar que marcou uma consulta com a médica da família -Por acaso você está doente e tem medo de ter passado alguma coisa pra mim? É por isso que está tão estranho nos últimos dias...

-O que? Kara, não... é rotina, vou visita-la e gostaria que fizesse o mesmo.

-Então, pode me dizer o que está acontecendo? – insistiu, mas como nos últimos dias, tudo que recebia como resposta era um comentário vago.

Depois de responder perguntas, que mais parecia um interrogatório, ser examinada e ainda tirar uma amostra de sangue. Kara finalmente saiu do consultório da médica, para encontrar Lena conversando com uma mulher, ela não conseguia ver com quem ela falava, sorrateiramente, ela caminhou alguns passos para trás. Era ela, aquela mulher do baile. Lara Morris.

Ela segurou Lena pelo braço, e ela a fuzilou com o olhar, o que a fez soltar o antebraço dela e afastar-se de forma cautelosa. E ela nunca quis tanto entender de leitura labial quanto naquele momento.

Lara se afastou caminhando para fora do consultório.

-Senhora Luthor – chamou a recepcionista. Lena olhou diretamente para Kara.

-Vamos embora – disse Lena furiosa, e caminhou para fora do consultório pela porta da lateral, evitaria a todo custo encontrar novamente com Lara.

-Lena – Kara parou no meio da rua, o carro foi estacionado e o motorista prontamente deu a volta no carro -Eu quero saber o que está acontecendo e quero saber agora. Sem respostas vagas ou promessas de que depois vai me explicar, porque está claro que não é o que pretende fazer.

-Kara, aqui não é...

-O lugar apropriado? E onde esse lugar fica, exatamente? Como se sentiria se começasse a mentir e guardar segredos? – o motorista olhou de uma para outra, levemente constrangido, sem saber se deveria voltar para dentro do carro ou continuar com a porta aberta, aguardando.

-Podemos ir para casa?

Casa, ela não tinha certeza se Lena estaria se referindo a sua casa ou a dela. E também, não tinha certeza de que, caso voltassem para casa, ela falaria alguma coisa ou usaria de sexo para evitar o assunto, era o que fazia sempre que Kara começava a fazer “perguntas demais”. Perguntas, que já deveria ter dados as respostas, mas que se sentia uma perfeita covarde.

-Aquele Café parece ótimo – disse Kara e indicou discretamente com a cabeça o lugar.

Não esperou qualquer tipo de concordância vindo de Lena, ela caminhou e acreditou que, se fosse realmente importante, Lena a seguiria e explicaria tudo que estava acontecendo.

                      * * *

-Quem era a aquela mulher, a da fotografia e que me ameaçou no baile?

Lena bebericou seu café, estava olhando para a rua através da grossa janela de vidro. Ainda existia a cicatriz acima de sua sobrancelha. Ela demorou um tempo até conseguir finalmente dar o primeiro passo e ter coragem para começar a falar.

-O nome dela é Lara, o marido dela faleceu em um conveniente acidente de carro, é Lara Morris agora.

-E – pressionou Kara, porque aquela era informação que já tinha adquirido quando se apresentaram.

Lena olhou a sua volta, haviam poucas pessoas no estabelecimento, um casal sentado a algumas mesas de distância, uma senhora com uma criança e um homem trabalhando. Ela passou, o que Kara considerou ser, tempo demais observando a criança até ter a atenção voltada para Kara novamente, era um assunto delicado que abordaria, um assunto que estava acostumada a conversar com seu psicólogo e não com qualquer outra pessoa, é claro, não considerava Kara como qualquer pessoa, mas era difícil reviver todos aqueles anos de novo. Agora, tinha em mente que Kara poderia acabar com tudo que tinham por saber dessas coisas, por contar sobre não apenas Lara, mas Eve e o quanto ela era perigosa agora, tinha medo de perde-la, e caso, isso não acontecesse, ela não suportaria receber o olhar de piedade por parte dela. Isso era uma coisa que a faria se odiar.

-Lena – insistiu Kara.

-É difícil Kara – replicou Lena em tom alto demais, ríspido demais. A senhora que estava acompanhada pela criança a olhou, ela uniu suas mãos sobre a mesa e respirou fundo -É difícil falar sobre isso, a última coisa que quero é você me olhando com pena ou... que alguma coisa mude entre nós depois que souber dessa parte. Não gosto de pensar sobre isso, não gosto de falar sobre isso.

-Tudo bem – Kara pegou sua bolsa que estava na cadeira ao lado, empurrou seus óculos para cima e tentou forçar um sorriso -Não vamos...

-Não, agora que comecei vou terminar, só preciso de um tempo – disse Lena e Kara parou o que fazia para olha-la cuidadosamente -Quando era criança, eu gostava de estar com o meu pai, não importa se era no laboratório ou no escritório, eu gostava de estar com ele. Ele fazia com que me sentir especial, como toda garotinha do papai – ela viu atravessar nos olhos verdes uma dor tão profunda que isso a fez instintivamente alcançar a mão de Lena sobre a mesa, tentando dar a ela todo o apoio de que precisaria para seguir em frente -Era o completo oposto de Lilian, ela sempre foi fria e, não gostava de saber sobre mim, e isso fez com que pensasse que o problema estava comigo. Por muito tempo tentei fazer ela me enxergar, tentava fazer o que ela achava ser o certo, mas mesmo assim, isso nunca... isso nunca a fez me enxergar. Ela me dizia que ninguém se aproximaria de mim sem interesse no dinheiro, ou no sobrenome. De alguma forma, ela me doutrinou a acreditar que, para nós, não existia isso de encontrar uma pessoa que não estivesse interessada no poder que o nosso sobrenome traria, nas vantagens que ganharia.

Lena precisou de um minuto para se recompor, aproveitou o fato de que um garçom veio trazer mais café para as duas. E, quando ficaram novamente sozinhas, ela continuou, mas não olhou para Kara, era como se estivesse vivendo a memória novamente, seus olhos estavam distantes e frios:

-Acreditei tanto nisso, que não permitia que ninguém se aproximasse. Não tive amigos na infância, além de Lex, e quando estava na adolescência, diferente do meu irmão que se tornou um playboy festivo, passava boa parte de meus dias presas dentro da biblioteca ou nos laboratórios, sempre enfiada em um livro. Os professores me odiavam, meus colegas me excluíam de qualquer atividade por me acharem estranha enquanto eu os achava um bando de interesseiros. Me lembro de existir uma ou outra pessoa que tentaram se aproximar, mas cortei qualquer tipo de interação. Foi quando Lara entrou na minha vida.

Foi difícil para Kara, não visualizar uma Luthor adolescente caminhando entre os corredores de alguma escola, completamente sozinha, vivendo presa dentro de uma solidão constante.

-Ela me mostrou tudo que achava ser o certo sobre pessoas. Ela me moldou a partir do que acreditava, e eu permiti isso por achar que também era o certo... me mostrou que se objetificasse as pessoas e pagasse para ter o que queria, isso evitaria muita dor de cabeça inútil. Envolver sentimentos em relacionamentos era baboseira que os livros ensinavam. Ela passou a me levar para clubes específicos, me apresentou a pessoas e a um estilo de vida que carreguei por anos comigo. Bem, até conhecer você....

-Está me dizendo que você foi... submissa dela, que ela causou todas essas marcas?

-Sim, ela gostava de testar os limites do corpo humano. É por isso que tentei estabelecer limites nas cláusulas dos contratos. Não queria repetir esse tipo de comportamento.

E, de repente, Kara sentiu seu rosto úmido, enquanto uma raiva começava a se aquecer internamente. Lena se mexeu desconfortável em seu lugar. E Kara apertou sua mão.

-Lena, isso... o que está me dizendo... ela não tinha o direito de fazer isso com você – sentenciou Kara, e diferente do que Lena esperava, ela não parecia com pena, mas solidaria e pior com raiva, era a primeira vez em que ela notava algo tão intenso quanto aquilo no mar azul que tanto adorava -E seus pais, eles...

-Sim, eles descobriram, meu pai já desconfiava de alguma coisa entre nós, mas ele nunca faria algo sem provas, ele era o tipo homem que demorava para tomar alguma atitude por reunir provas – Lena chegou a forçar um sorriso, mas soo triste -Ele nunca tomou nenhuma atitude, bem, até o dia em que Lara queria provar ser superior a Lilian e, não vou dizer que fui obrigada, por que estava consentindo tudo que ela me pedia para fazer, nós transamos no quarto dos meus pais, é eu sei, é ridículo, mas ela queria isso, queria que Lilian soubesse. Ela deixou rastros para que, quando Lilian e seu perfeccionismo chegasse, encontrasse. Ele nunca tomou uma atitude porque eu o convenci de que tudo foi ideia minha, de que eu a tinha seduzido.

-Lena – reclamou Kara -Ela manipulou você, ela usou você, ela... ela quebrou você. Como adulta ela deveria ter protegido você. Agora, entendo o motivo de estar tão estranha... – Kara tomou a mão de Lena e deixou um beijo no dorso de sua mão.

-Não é por isso Kara – ela puxou suas mãos para junto de seu corpo -Existe uma pessoa... uma antiga submissa que está a solta – ela viu Kara franzir o cenho confusa -O nome dela é Eve, ela... ela tem alguns problemas psicológicos, estava no Arkham e fugiu junto com todos os outros pacientes. Ela estava no meu apartamento na noite do apagão, foi ela quem você viu. Lembra quando você foi na L-Corp, e... os seguranças estavam tentando pegar uma mulher que esbarrou em você na entrada? – Kara confirmou com a cabeça -Era ela. Ela me persegue desde... desde que decidi encerrar o contrato.

-E por que fez isso?

-Porque ela tinha se apaixonado por mim – disse Lena -Eu não queria que ela estivesse comigo por ter sentimentos, seria cruel com ela. Seria injusto porque eu nunca retribuiria o que ela sente por mim.

Kara se segurou para perguntar se Lena sentia o mesmo por ela. Mas a resposta já era óbvia.

-Quando disse a ela que não queria mais, que encerraria qualquer tipo de relação com ela. Encontrei Eve com os pulsos cortados na minha cama – Kara abriu ligeiramente a boca surpresa e ao mesmo tempo horrorizada -Ela ficou internada desde então, até que fugiu, achei que se a colocasse no Arkham e pagar o tratamento, uma hora ela se curaria, mas... aparentemente, não funcionou, ela fez amizade com um outro paciente e os dois estão aqui em National City.

Kara forçou sua memória para tentar lembrar do rosto dela. Mas tudo que a conseguia lembrar eram flashes e borrões.

-Eles atacaram Bruce – disse Lena e Kara precisou beber o café para notícia descer mais suave -Quase o mataram, eu sei que ela não é assim, eu a conheço, ela está sendo influenciada por esse sujeito.

-E você tem medo de que os dois possam vir atrás de você?

-Não – Lena segurou as mãos de Kara e olhou fixamente em seus olhos -Tenho medo de que eles possam tentar alguma coisa contra você, porque no fim, não importa o que façam comigo. A única coisa que poderia realmente me machucar, é saber que alguma coisa aconteceu com você Kara. Eu nunca me perdoaria.

-Lena... – Kara notou, não apenas o medo nos olhos dela, mas como sua voz estava trêmula -Ela não pode fazer tanto...

-Ela conseguiu autorização para porte de armas.

Isso a assustou. Fez com que um gélido calafrio se apossasse de sua espinha, assim como deixou os cabelos de sua nuca arrepiados.

                      * * *

Ela não conseguia absorver tudo. Não que fossem muitas informações, mas o peso que cada uma delas tinha era demais. Ela organizava alguns papéis quando Winn sentou na sua mesa.

-Ei – Kara se virou e percebeu o quanto estava distraída -Qual o problema?

-Nenhum – disse Kara -Estou apenas distraída...

-Kara, ela não...

-Não, Lena não fez nada Winn, vocês precisam parar de pensar sempre o pior dela – Kara sentou, reuniu os papéis e os colocou dentro de da gaveta, então, percebeu os usaria, bufou irritada e retirou novamente seu artigo de dentro da gaveta, Winn estreitou seus olhos para a amiga, realmente esperava que ninguém fosse perceber no quão distraída ela estava -Ela não é ruim Winn, só... esqueçam de tudo aquilo e foquem no que ela é agora.

-Kara – ela olhou para Nia -Encontrei o que me pediu – ela entregou uma pasta amarela para ela.

-Obrigada Nia.

-Tem certeza de que isso vai levar você em algum lugar? Por que eu vasculhei a internet inteira e foi a única coisa que encontrei.

-Como eu disse, é apenas uma pista, obrigada Nia – a garota assentiu com a cabeça e se encaminhou de volta para sua mesa.

-O que é isso? – perguntou Winn, Kara permaneceu em silêncio enquanto abria a pasta, não havia muitas coisas em relação a Lara Morris ou o acidente de carro que o marido sofreu -Quem é essa?

-Eu gostaria de... estranho, essa foto foi tirada por James – disse Kara ao olhar o nome do fotografo embaixo da foto do acidente, Kara empurrou sua cadeira para trás.

-Sabe que se precisar de qualquer coisa, eu estou aqui, não é?

-Sim, Winn, eu sei, e amo você por isso.

Winn sorriu e observou Kara caminhar em direção a sala de James.

Estavam com poucas pessoas agora, era final de expediente. A maioria de seus colegas estavam começando a se preparar para aproveitar o final de semana.

James estava revelando algumas fotos, tinha uma garrafa de Bourbon na mesa, ele bebeu o álcool do copo e sorriu alegremente para Kara.

-James, podemos conversar um minuto? – perguntou e James assentiu com a cabeça, tornou a encher o copo.

-Kara, para você, tenho todos os minutos do mundo – afirmou James com a voz arrastada.

-Eu gostaria de saber do dia em que tirou essa foto – Kara mostrou as fotos e pedaços fragmentados de entrevistas sobre o acidente.

James pegou os arquivos, os folheou rapidamente e encostou-se na bancada.

-Isso faz muito tempo, foi no começo da minha carreira – disse -Perry me pediu para ir tirar algumas fotos do acidente, era uma conhecida da família Luthor e pelo que me lembro, o marido dela estava em algum tipo de rali, o cara.... ele gostava de correr em alta velocidade.

-E você acha que foi mesmo um... acidente?

Ele olhou de soslaio para Kara, que parecia ansiosa e um tanto preocupada.

-Talvez – disse James de forma sugestiva, ele jogou a pasta sobre a mesa e ela poderia estar ainda chocada, ainda pensando sobre o assunto e por isso, não ter percebido toda a aproximação dele, invadindo seu espaço pessoal -Estava pensando em você nesses últimos dias, vi uma foto sua no Planeta Diário, você estava linda Kara.

-Obrigada – ela levou a mão ao aro de seus óculos para ajeita-los no rosto e James segurou seu pulso de maneira firme, ela o olhou nos olhos -O que...

-Eu ouvi boatos de que você saiu apenas com dois caras e os dois eram babacas – ela sentiu o cheiro forte de álcool bater em seu rosto -O que me fez pensar que, talvez, você esteja com ela porque – ela levantou sua outra mão para afasta-lo, não acreditava que ele iria dizer que estava com Lena porque não conheceu o cara certo, o tipo de comentário que sua irmã estava cansada de ouvir e que tanto irritava as duas.

-James – ela tentou empurra-lo, mas agora, ele segurava em seus dois pulsos, apertando-os com força -Eu acho melhor você me...

Ele a beijou de forma brusca e a pressionou contra a parede.

                      * * *

No momento em que Kara saiu do prédio e encontrou a rua, dois carros foram estacionados em frente a CatCo. Ela estava se sentindo horrível, empurrou James em direção a bancada. Não deveria, mas esperava que ele tivesse se machucado por sua ousadia. Estava tão transtornada que demorou ao notar que Lena estava na sua frente com dois seguranças.

-Estava procurando por informações de Lara? – perguntou Lena de forma raivosa, mas pareceu perceber que Kara estava assustada, estava chorando -O que aconteceu?

-Pode me levar para casa, por favor – pediu.

-O que aconteceu?

-Só... por favor.

Durante toda viagem ela permaneceu em silêncio. Mexia em suas mãos, e olhava para rua assustada. Dentro do apartamento, ela não quis falar. Mesmo quando não conseguia esconder o que sentia, a primeira coisa que fez ao chegar em seu apartamento foi tomar um banho demorado, Lena a viu esfregar o corpo como se pudesse expurgar todo o nojo que andava sentindo. Ela acreditou que a melhor forma de faze-la se abrir, seria deixar que ela absorvesse seja lá o que tenha acontecido.

-Kara está? – perguntou Alex ao entrar no apartamento, Lena estava servindo uma xicara de café forte.

-No quarto. Está dormindo.

-Dormindo? Mas é sábado à noite, e tínhamos combinado de sair – Alex sentou num banco do balcão e Lena serviu outra xícara de café -Aconteceu alguma coisa que eu deva saber?

-Ainda estou tentando descobrir – ela empurrou a xícara em direção a Alex.

-Fui busca-la na CatCo e ela estava estranha. Não quis falar sobre o assunto.

-Vou conversar com ela.

                      * * *

-Ele fez o que?!

Alex caminhou de um lado para o outro do quarto, Lena estava parada de pé na porta, os braços cruzados, olhava fixamente para o piso de madeira. Não dava para dizer o que ela estava sentindo ou pensando. Mas dava para supor que não deveria ser algo bom.

-Eu vou acabar com esse cara – Alex se levantou da cama, cruzou com Lena na porta do quarto. Ela olhou para Kara, não havia julgamento, apenas vazio.

-Vamos esquecer isso, por favor – ela implorou.

-Descanse – ela ia fechar a porta, quando parou -E lembre-se nada disso é sua culpa.

Ela fechou a porta.

Alex estava vestindo sua jaqueta na sala.

-Onde vai? – perguntou Lena a Alex.

-Vou ter uma conversinha com o irmão da minha namorada.

-Não, não vai – Lena pegou seu casaco sobre a cadeira na mesa -Porque se fizer isso, vai estragar seu relacionamento, e não é o que você quer? É?

-E por que você se importaria com o meu relacionamento? – replicou Alex.

-Não me importo. Kara precisa da irmã dela, Alex. E você precisaria sujar suas mãos para isso, é o que você quer?

Alex a viu abrir a porta. Porém, a Danvers a segurou pelo braço a impedindo de sair do apartamento, dois seguranças estavam parados no corredor.

-Por que está cercada de seguranças?

-Acho que às vezes esquece quem eu sou dra. Danvers.

                      * * *

-Você fez o que? – Kelly bateu no ombro de seu irmão com força o suficiente para machuca-lo.

-Eu errei – disse James e levantou-se do sofá -Eu já entendi, vou ligar para ela, vou pedir desculpas...

-Desculpas?! – Kelly empurrou o irmão de volta no sofá -Acha que é simples assim, o que você fez me atinge também, sabia disso? Atinge Alex, atinge qualquer mulher que se importa.

-Eu...

Eles ouviram as batidas na porta. Kelly tentou parecer o mais natural possível, estava imaginando como explicaria isso para namorada. Sabia exatamente o que ela iria fazer caso soubesse. Um homem de terno cinza estava parado na porta. Ele olhou para James sentado no sofá.

-Senhor Olsen, sou Jonas, poderia me acompanhar?

                      * * *

Alex estava sentada ao lado da irmã no sofá, estavam assistindo a uma comédia romântica quando Lena voltou. Kara parecia melhor, ou aceitado que havia acontecido e que não poderia mudar.

-Onde você estava? – perguntou Kara e Lena guardou seu casaco no cabide.

-Resolvendo alguns problemas.

-Estava precisando de você Lena e você sumiu.

-Eu acho que já vou indo agora que... – disse Alex -Vou voltar amanhã.

-Não se preocupe com Olsen – sussurrou Lena quando Alex passou por ela, e ela definitivamente não sabia se gostava do que ouviu ou não.

-Eu deveria....

-Eu não sinto – Kara a interrompeu -Vontade ou disposição para voltar nesse assunto e não quero, eu só quero... ficar aqui e fingir que nada disso aconteceu, será que... será que pode fazer isso por mim?

Lena se aproximou e as duas sentaram no sofá. Lena passou seu braço em torno do pescoço de Kara e ela deitou sua cabeça no ombro dela, fechou seus olhos e apertou a cintura de Lena.

No dia seguinte, não houve ânimo para ir trabalhar, e Lena até insistiu para que Kara ficasse na cama, mas ela sabia que não conseguiria ficar ali, não era a forma que lidava com as coisas. Então, arrumou-se e foi para CatCo. Quando chegou na revista, ouviu o murmuro dos jornalistas de que James Olsen tinha sido demitido e que as coisas dele sumiram de seu escritório. Samantha estava na sala, sentada em sua cadeira presidencial.

-Lena mandou demitir o James? – perguntou Kara, Ruby estava no sofá arrumada para ir à escola.

-Na verdade, estou sabendo disso agora.

-Olá Kara – Ruby acenou para Kara e ela retribuiu ao gesto.

E é claro que ela o demitiria. Acontece, que agora, ela não se importava mais.

-Já soube da fofoca? – perguntou Winn e empurrou sua cadeira para próximo de Kara -James foi demitido.

-Sim, já soube.

-Nossa, estava esperando uma reação mais... não sei...

-Ele me beijou – disse Kara de súbito e Winn pareceu chocado.

-Agora está tudo explicado.

-Não Winn, ele me assediou.

-Mais que filho... você está bem?

-Sim, eu só... quero esquecer esse assunto.

-Kara?

Kelly parecia mais do que preocupada. Instintivamente ela pensou em Alex, mas...

-Eu quero me desculpar pelo que James fez...

-Kelly, você não precisa fazer isso.

-Estou preocupada, ele não apareceu ontem, tentei ligar e nada. Ele saiu com um tal de Jonas, fui dar uma pesquisada e descobri que ele era o chefe de segurança de Lena Luthor, então, eu pensei...

                      * * *

Ambos os Luthor sabiam que não era necessária aquela visita, mas ele gostava de caminhar pelo prédio, gostava de saber de cada minucioso detalhe de construção, não importava o quanto fosse insignificante, e pior. Lena sabia que seu irmão, que pegou o jato particular e veio para National City uma semana de antecedência a sua posse, gravaria cada detalhe em sua mente fotográfica.

-Reformamos essa área recentemente – Lena mostrou a sala -Ainda precisa de alguma coisa, mas não sei o que é, você pode tentar descobrir.

Lex bateu com a bengala no chão e sorriu afetuosamente para irmã.

-Eu acho que você fez um excelente trabalho Lena – elogiou Lex -E, quando será a viagem?

-Ainda não temos uma data, não é como se houvemos conversado sobre o assunto, muita coisa aconteceu e... – Lena respirou fundo e voltou a caminhar -Acho que agora seria um ótimo momento, mas ultimamente as coisas não funcionam como eu quero.

Lex riu, alto o suficiente para atrair a atenção de alguns funcionários.

-Vamos para minha sala.

-Você é maníaca Lena, como o papai – disse Lex e os dois entraram no elevador.

-Eu gosto de ter certeza, gosto de fazer planos, ter datas especificas....

-Controle, em outras palavras.

-Por favor, Alexander, não transforme esse lugar em um caos enquanto estiver fora.

-Ei, você não foi a única que herdou os bons genes – Lex a provocou e Lena revirou os olhos em resposta -Tem alguma coisa incomodando você, o que foi?

-Acredita que aquele fotografo....

-O que tirou as fotos de Kara?

-Exatamente, ele a assediou dentro da CatCo. Dentro da porra da minha empresa, a minha namorada.

Ele notou que a raiva ainda parecia viva em sua voz, mas existia outra coisa.

-E como Kara está?

-Ela é uma pessoa doce demais, provavelmente, o perdoou. Mas ficou triste, depois com raiva e depois triste de novo... eu o demiti. Não acho que vá conseguir um outro trabalho tão cedo. Eu mesmo garanti isso.

-Ela pode até ter perdoado, mas você não o perdoou.

-E nem pretendo – as portas do elevador se abriram, Lena caminhou com passos firmes em direção ao seu escritório.

-O que você fez?

-Vamos apenas dizer que ele precisava aprender algumas coisas, e que se for esperto, vai aprender sem ser preciso que a lição seja repetida.

Lex viu a irmã entrar no escritório. E, no mesmo momento, como timing perfeito, Kara saiu do elevador.

-Lex.

-Ah, olá Kara – ele a abraçou.

-Achei que fosse tomar posse apenas na próxima semana – disse.

-E eu achava, que a essa altura vocês estariam em alguma praia ou coisa parecida.

Kara sorriu. Ela o acompanhou até o escritório de Lena, ainda mancava um pouco da perna esquerda, mas diferente de como estava antes, era como ver outro homem.

-Vocês têm a casa em Aspen. Para mim, nada está faltando, apenas a partida.

-Está querendo se livrar de nós Alexander? – perguntou Lena.

-Talvez.

-Nós podemos conversar?

Jess acompanhou Lex para a área dos laboratórios, no primeiro instante em que entrou no escritório a primeira imagem que veio foi a do quartinho da Luthor. Ela sentiu o perfume de Lena relativamente próximo e afastou-se...

-O que você fez com ele? -perguntou de súbito e Lena desviou sua atenção para porta do escritório, ela caminhou em silêncio até lá, fechou a porta sempre sentindo a preocupação e medo rondando Kara.

-O mandei para Metrópoles.

-E foi só isso? Porque a namorada da minha irmã está preocupada, você mandou um dos seus minions ir até lá pega-lo.

Lena apanhou sua garrafa de uísque e serviu um copo.

-Lena, isso não tem graça, eu disse que queria esquecer esse assunto, ele estava bêbado e, eu não deveria ter ido até lá.

-Isso não justifica nada Kara, e você não deveria se culpar por ele ser um imbecil.

-E o que você está fazendo, faz de você o que? Eu disse que queria esquecer isso. Mas você não poderia simplesmente esquecer, não é? -Lena a encarou friamente, tinha tanta raiva exalando de Kara, ela estava redirecionando a raiva dela para Luthor, seu rosto estava levemente vermelho e seu tom de voz alterado -Para você não se trata de um assédio, mas porque ele se atreveu a tocar no que você considera seu... achei que essa sua mania de me intitular como sua houvesse ficado no passado.

-Espera, você está com raiva de mim, por tentar proteger você? Porque isso é ridículo Kara.

Lex entrou no escritório sorridente, mas seu sorriso morreu quando sentiu o clima estranho.

-Tudo bem aqui?

-Sim, eu já estava de saída – disse Kara e saiu do escritório pisando firmemente.

-Acho que alguém vai oficialmente conhecer a casa do cachorro – provocou Lex com um sorriso debochado no rosto, ele pegou o copo das mãos da irmã e o bebeu, enquanto Lena o fuzilava com o olhar.

Não era assim que ela imaginava que as coisas aconteceriam.

                      * * *

-Já estou indo! – gritou Mike da escada, ele saltou dois degraus de uma vez e chegou ao piso de madeira, caminhou ainda com os cabelos molhados e a toalha em torno do corpo. Ele abriu a porta e viu Eve parada ansiosa, estava acompanhada de um sujeito ainda mais estranho do que tê-la ali na sua porta.

-Eu posso entrar? – perguntou Eve.

-Claro – ele abriu espaço para que ela entrasse e o sujeito de terno roxo riu descaradamente.

-Eve, quem é o seu amigo?

-Ele é... ele não sabe o nome dele, perdeu a memória quando caiu dentro de um tanque de produtos químicos.

-OK, o que veio fazer aqui? – Mike cruzou os braços e viu o sujeito caminhar por sua casa, curioso.

-Nós precisamos de um lugar para ficar por um tempo – disse e Mike sorriu de forma incrédula -Você não pode me negar isso, eu tentei ajudar você a afastar Kara de Lena, mas você não conseguiu. Ainda tem os vídeos?

-Não, entreguei a Kara, mas ela não deu atenção.

-Você os viu, certo? – Mike assentiu com a cabeça -Então sabe que precisa me ajudar a impedir que o mesmo aconteça com ela.

-Ela parece feliz onde está, e... eu estou namorando outra pessoa. E, bem, todos temos gostos. Se ela... gosta desse tipo de coisa, bem.... é com elas. Eu não vou me meter nesse assunto.

-Mas eu não consigo Mike, não me envolver – disse Eve e agora, o sujeito atrás dela estava olhando para ele, tinha um sorriso quase sádico no rosto -Achei que pudesse confiar em você.

-Olha, você pode ficar aqui, mas não vou ajuda-la. Eu gosto de Kara, e gosto de ser amigo dela. Demorei muito para entender que seriamos apenas amigos e... bem, eu a quero na minha vida.

-O que ela tem, porra?! – exclamou Eve irritada -Vocês todos são cegos por ela!

-Eve, acho que seu amigo é um dedo duro – argumentou ele e Eve passou a mão asperamente por seu cabelo. Levou seu braço para as costas e quando Mike se deu conta do perigo que corria, acabou baleado. A risada sarcástica do homem, veio até seus ouvidos com escárnio.


Notas Finais


O que acharam do capítulo?


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