Jimin estava emburrado.
Não, aquilo não era necessariamente uma novidade e embora Jeongguk achasse particularmente adorável ver as bochechas infladas de seu ômega, não deixou de suspirar fundo e pedir baixinho por clemência. Jimin esperava seu filho e queria mais que tudo passar por todas suas dores e incômodos em seu lugar, só para vê-lo feliz. Mas, como alfa, só poderia segurá-lo em seus braços e niná-lo em seu colo, a fim de deixá-lo o mais confortável possível. O que obviamente não surtira efeito.
Para falar a verdade, desconfiava que seu temperamento arredio se estendia a certo alfa, a certo casamento e a certa consulta, mas não podia falar com exatidão. Jimin nunca admitiria que se sentia possessivo com o pai, pois já bastava Jeongguk.
Sua carranca se aprofundou ao pensar em seu alfa com alguém e grunhiu suavemente, despertando a atenção do citado sob si.
— O que houve? Sente alguma dor? — Jeongguk soou preocupado. Ajeitou-o sobre seu colo e tirou as mechas de cabelo de sua testa, somente para medir sua temperatura e aquecê-lo em seus braços. — Algum incômodo? Quer que eu chame o médico?
— Se morre de coração partido, Jeongguk? — questionou, dramaticamente. O alfa riu quando entendeu o que se passava. — Porque é exatamente o que vai me acontecer se eu não me acalmar logo sobre as últimas notícias.
— Okay, eu não queria deixá-lo tão animadinho assim, mas eu tenho uma boa notícia. Quer dizer, só pra você, porque para mim isso foi muito preocupante. — Jimin o fitou atentamente. Seus pequenos olhos brilharam quando Jeongguk suspirou e disse: — Sem consulta por hoje. Um parto de risco aconteceu de última hora e o doutor Choi prometeu-me estar aqui daqui há exatamente uma semana. Sabe como é difícil agendar horários com o melhor obstetra desse país?
— Você é o melhor alfa do mundo, meu amor — Jimin ronronou, se aconchegando em seus braços. Jeongguk riu e indignou-se com tamanha cara de pau, sentindo o corpinho relaxar de encontro ao seu. — Eu realmente não queria ser cutucado hoje.
— Não é uma questão de querer, meu bem, e sim de necessidade. Eu não consigo sequer imaginar como seu corpo vai se comportar nessa gravidez, e no fim, vai ser até difícil convencer o doutor Choi de que isso não é uma pegadinha — Jeongguk respirou fundo, preocupado. Uma porta, ao fundo, foi aberta, mas Jeongguk a ignorou quando focou seu olhar em um par de olhos pequenos e contentes. — Além do fato de termos que garantir sua proteção e a do Jin. Acho que já podemos chamar as forças armadas.
— Forças armadas vai ser a minha matilha atrás do seu corpo se você não cuidar bem do meu bebê, Jeon — Chanyeol ameaçou, e Jimin levantou-se imediatamente e correu para os braços do pai, deixando para trás um marido muito bem indignado.
— Matilha não, hyung. Circo. — Chanyeol lhe deu um olhar mortal e Jeongguk deu de ombros, igual uma criança mimada quando lhe é tirado o doce. — Porque em qualquer lugar que você vá, o circo tá armado. E então a palhaçada se inicia.
— Jeongguk! — Jimin grunhiu, virando-se para fuzilar o marido com os olhos. O citado em questão somente o olhou inocente. — Ele não está falando sério, papai. Embora não seja de todo mentira…
— Ora essa, filhote! Então vai concordar com tamanho absurdo?
— Ele não mentiu de todo. É somente um fato, Chanyeol — a voz de Namjoon ecoou pela biblioteca vazia, e o citado em questão revirou os olhos quando virou-se para ver o amigo entrando no cômodo com uma Jisoo bem sonolenta nos braços. — Você é um palhaço. Embora admita que isso não é de todo ruim. E seu esposo, onde está?
Somente a menção de seu padrasto – por Deus, ele possuía um padrasto (que inclusive era somente um ano mais velho que si) – fez Jimin se remexer, de repente com o estômago embrulhado. Já deveria ter aceitado a ideia. Mas Jimin percebeu que ainda era muito recente para agir com naturalidade sobre o fato de seu pai ter um companheiro, agora. Um que não fazia muito tempo que havia visto.
— Atualmente está conhecendo todo mundo da família e descobrindo cada canto da mansão Park. Ele é um pouco… sociável demais, eu diria. — Jeongguk riu da careta nada amistosa do sogro e somente parou quando recebeu uma cotovelada de Jimin. — Bom, tudo está ainda um caos. Digamos que a imprensa gostou de saber que o solteiro mais gostosão de Seul — Namjoon revirou os olhos — casou novamente. Quer dizer, estou solteiro há dezoito anos. E de repente caso…
— Com um garoto com metade da sua idade?
— … novamente. — E Chanyeol encarou Jeongguk com o que ele achou ter sido psicopatia no olhar. O alfa mais novo sorriu inocentemente. — Tem algo a dizer, Jeon?
— Nadinha, meu sogro.
— Enfim — Jimin falou, pegando dos braços de Namjoon uma Jisoo que até roncava baixinho, tamanho cansaço. — Traga-o em breve, appa. Queremos… encontrá-lo novamente. — Porque já haviam conhecido Baekhyun em Busan, na lua de mel barra viagem indesejada em família. Só em pensar no que fizera naquela viagem fazia com que suas bochechas corassem em três milhões de tons de vermelho diferente. — Prometo que nos comportamos bem.
— Claro que vou, filhote. Só preciso que todo os holofotes dessa cidade infernal mirem para outra matilha. Poderia ser a dos Jung. Quer dizer, Hoseok voltou a cidade, não? Poderiam dar uma trégua para nós.
— Concordo. Quer dizer, já faz quase dois meses. Eu acho que as coisas já deveriam ter voltado ao normal, não?
— Um ômega é uma relíquia, appa. Desistir disso é o mesmo que declarar incompetência.
— Caham — Jimin tossiu propositalmente, chamando a atenção dos três alfas para si. Ergueu Jisoo levemente em seus braços. — Já que minha consulta foi cancelada e meu marido claramente prefere ficar aqui ao invés de me acompanhar, vou levar a Jisoo para a cama. E tirar um cochilo com ela. O bebê quer dormir.
— Não vale jogar a culpa da sua preguiça no bebê, filhote. Deus sabe quantas horas por dia você dormia antes mesmo de se casar — Chanyeol desmentiu, ao que Jimin simplesmente deu de ombros e Jeongguk riu alto antes de levantar-se para embalar seu pequeno amor em seus braços.
— Não prefiro ficar aqui. É que eu preciso estudar, minhas provas finais estão quase aí — Jeongguk fez bico, e Jimin novamente deu de ombros e levantou-se na pontinha dos pés com uma Jisoo em meio a ambos para dar uma bitoquinha no bico do alfa.
— Tudo bem. Quando terminar eu ainda provavelmente estarei dormindo, então não me acorde.
Jeongguk riu do tom sério do ômega. Jimin estava passando por altos picos de humores com aquela gravidez. Hoje, ele estava particularmente mal-humorado.
— Tudo o que você quiser, meu ômega mandão — garantiu, acariciando a bochecha farta e beijando os lábios carnudos uma última vez antes de se afastar. Inclinou-se para beijar a cabeleira castanha de Jisoo e viu Jimin virar-se de costas para sair e inevitavelmente sentiu-se frio. Pois a fonte de seu interminável calor agora andava com perninhas muito curtas para fora dali.
— Durma com os anjos, filhote — Chanyeol mandou um beijo estalado para o ômega e Jimin sorriu.
— Quer mesmo dormir com ela, Jiminnie? Se quiser, eu posso pô-la no quarto. Então ela não te acordaria quando despertasse — Namjoon sugeriu, todo um pai preocupado. Não somente com Jisoo, mas com Jimin também.
O ômega sorriu e negou com a cabeça.
— Não precisa, hyung. Eu acordo na hora que ela também acordar. Olhe pra essa mocinha aqui: está até roncando! Claramente não vai acordar tão cedo assim.
— Tudo bem, então. — Namjoon assentiu, voltando então para a cadeira mais próxima de onde Jeongguk se encontrava.
Jimin deu adeus para todos os alfas e saiu do cômodo, suspirando vez ou outra enquanto subia as escadas. Ele estava grávido, tudo bem, e carregava uma criança nos braços, mas também era o simples e puro sedentarismo. Ele não corria há praticamente dois meses! Antigamente, Jimin passava a maior parte dos dias fugindo de brigas. Então, com o passar dos anos, se acostumou com tal rotina, mas fazia tempo que não via rostos diferentes dos de seu marido, seu pai, seu sogro, sua afilhada e seu amigo. Nem Yoongi tinha mais tempo – e nem oportunidade – de ir ali, nem sua esposa. Jimin às vezes sentia falta de uma figura adulta feminina – pois Jisoo ainda era pequena – em meio a tanto homem alfa, como bem sentia falta de sua vozinha… Céus, iria chorar.
Fungou, lembrando do rostinho sorridente de sua avó paterna. Park Hwasa era uma flor carregada de luz solar. A mulher compartilhava consigo o mesmo sorriso, os mesmos olhos, até a mesma risada! Ela até costumava brincar dizendo que Jimin era mais seu filho que de Chanyeol, e claramente essa poderia ser a verdade caso o ciumento pai alfa não desmentisse imediatamente tal constatação.
Jimin não a via há muito tempo. Quando fez dezoito anos, ela estava viajando a negócios. Depois, quando voltou – e voltou somente por causa da preocupante notícia de que Seul se tornou um caos e Park Jimin era o culpado –, fora acometida de responsabilidades pelas confusões que seu neto fora causador. Como mãe do líder da nobre matilha dos Park, Hwasa tivera trabalho para pôr tudo em ordem e fazer a poeira baixar.
E, bom, como Chanyeol conseguia todo dia estar ali ainda era um mistério…
Chegou ao seu quarto e pôs Jisoo deitada na cama, ajeitando os travesseiros pra menina ficar confortável e terminando por cobri-la. Beijou os cabelos castanhos e cheirosos e deitou-se ao lado da mesma, abraçando o corpinho pequeno e cheio de calor e suspirando em contentamento com a sensação. Amava tanto aqueles momentos. Não fazia hora de seu bebê chegar para dormir sabendo que era somente abrir os olhos e olhá-lo por intermináveis horas seguidas. Pegá-lo no colo, senti-lo, cheirá-lo, tocá-lo. Jimin era um exímio abraçador. Adorava contato físico. E certamente estragaria seu filho com o tanto de horas que iria passar com ele nos braços…
Jimin terminou por adormecer daquele jeito, pensando em mãozinhas minúsculas, pezinhos gordinhos e fofos e sonhando com olhos azuis. Olhos muito azuis. Iguaizinhos os que Jeongguk tentava esconder com lentes.
[...]
— Vamos, meu amor… Já está na hora de acordar…
Jimin despertou com algo molhado tocando sua pele. Abriu um dos olhos com um franzir de testa e já se preparando para maldizer o maldito que estava o acordando, quando foi imediatamente beijado com um desespero digno de cinema.
Ah, era somente seu marido beijoqueiro. Que agora o agarrava com mãos fortes e abandonava sua boca para beijar sua bochecha, seu queixo, descendo para o pescoço e continuando decerto para um lugar que Jimin sabia muito bem estar extremamente sensível nos últimos dias: seus mamilos.
Gemeu e agarrou os fios negros do alfa, ao que Jeongguk parou de chupar seu pomo de adão com um grunhido rouco e levantou sua cabeça, fitando-o com olhos intensos e inquiridores. Jimin fez bico e puxou-o para cima, beijando-o com fervor e enlaçando o pescoço de Jeongguk, ao que o prendeu entre as coxas quando ele se endireitou em cima de si.
— Onde está a Jisoo? — Questionou, virando o olhar sonolento para o lado, onde sua afilhada deveria estar. Jeongguk nem se indignou em responder, somente grunhiu e voltou a beijar seu pescoço com um interesse que Jimin acharia genuíno ele ter quando fosse para respondê-lo. Emburrou-se embaixo do corpo pesado. — Jeongguk!
— Anh?
— Onde está minha afilhada e sua meia irmã?
— Não sei se você já percebeu, meu amado esposo, mas eu não sou totalmente irresponsável. — Jeongguk murmurou, ainda beijando sua tez pálida. Jimin se derreteu com um beijinho particularmente molhado em sua nuca. — Eu a levei para o quarto dela. Dormia feito pedra e só não ultrapassava você nos roncos porque acho que seja humanamente impossível.
— Cê não cansa de ser inconveniente, né, Jeongguk? — Jimin brandou, revirando os olhos, relaxando automaticamente. O alfa soltou uma gargalhada quando o ômega ronronou em contentamento ao carinho que recebia.
— Claro que não, meu bem. Eu só sou o mais sinceríssimo possível que posso ser com você. — O moreno sussurrou, mansinho, beijando a pele atrás da orelha do ômega. Jimin soltou um muxoxo satisfeito e se eriçou. — E, ahn, falando em sinceridade…
O tom baixo e incerto do marido o alertou e Jimin tensionou o corpo, parando de reagir aos incentivos táteis e puxando novamente os fios negros para ele fitá-lo nos olhos. Jeongguk o fez, com algum nervosismo no olhar.
Jimin semicerrou os olhos.
— O que você fez, Jeongguk? — E o tom sério não deixava lugar para objeções.
O alfa em questão somente riu e soltou um bufo como se dissesse “Eu? Nada não”, o que claramente não era verdade, se considerar que seus olhos agora iam do negro costumeiro para um safira incomum — o que só acontecia quando Jeongguk estava sob pressão, em diversos sentidos.
— Eu? Nada não — desconversou, rindo com nervosismo e voltando a beijá-lo no pescoço. Jimin riu quando percebeu quão bem ele já conhecia Jeongguk. — Era só uma besteira que estava passando pela minha mente e…
— Alfa, deixe-me falar algo para você: você não pode mentir para mim. Nunca. Jamais. Temos isso de prova, aqui, ó — e apontou para sua própria marca, orgulhosamente exibida no pescoço leitoso. Jeongguk o observou, calando-se. — Você está nervoso, e você me prometeu sinceridade. O que claramente não está cumprindo.
— Er…
— Hum? Pode falar. Já não provei para você que pode confiar em mim? — Jimin franziu o cenho, de repente sentindo-se mal. E se Jeongguk achasse que ele era um louco que não podia ouvir o que não queria que já saía jogando vasos alheios nas pessoas?
Deus, eu sou um péssimo companheiro…
— Não! Não, meu amor, nunca. — Jeongguk garantiu, acariciando suas bochechas quando seus olhos abaixaram-se tristemente por ter lembrado que quase se tornou viúvo e pai solteiro, ao mesmo tempo – só porque ouviu que havia engravidado, quando fodiam tanto que já nem deveria ser surpresa. — É só que… você promete não surtar?
Um vinco se formou entre as sobrancelhas do ômega, ao que o mesmo já o olhou desconfiado.
— Você não me traiu, não é?
— Quê?! Jimin! — O tom e o olhar horrorizado no rosto do alfa o fez suspirar, dando de ombros. — Isso nem é possível, só para você saber. Me fere somente pensar em beijar outra pessoa que não você.
— E você já pensou nisso para saber, Jeongguk? — E o tom desconfiado voltou, ao que foi a vez do moreno bufar e revirar os olhos, ajeitando-se em cima de si.
— Isso nós aprendemos na escola, meu caro esposo. A culpa não é minha que você vivia com aqueles drogadinhos da praça e se recusava a comparecer às aulas de biologia — retrucou.
Jimin o olhou indignado.
— Eu não vivia com os “drogadinhos da praça”, tá?! Eu só não prestava atenção nisso. Quer dizer, eu era um alfa. E não iria me casar. — Jeongguk ergueu as sobrancelhas, de repente divertido. — Não tinha porque saber sobre enlace e suas consequências. Não até… agora, pelo menos. Mas… sem desviar do assunto, Jeongguk! — exclamou, lembrando-se do porquê daquela conversa, em primeiro lugar.
Jeongguk gemeu.
— Fala!
— Euachooutenhoquasecertezaquevocêestágrávidodegêmeos — soltou de uma vez só, atrapalhadamente e sem tempo algum para compreensão, ao que Jimin carranqueou a face quando sacou que, o que quer que ele tenha dito, não era nada que iria deixá-lo feliz.
— Respira. E fala. — Os olhos pequenos e doces agora se moviam com precisão pelo rosto pálido de Jeongguk. — De novo.
E o alfa já sentia o suor descer pela testa.
— E-Eu acho… o-ou tenho quase certeza que… você…
— Eu…?
— Está grávido…
— Sim… Isso eu sei…
— D-De… gêmeos. Não é maravilhoso, minha vida? — Exclamou, soltando uma risadinha de desespero e olhando-o a espera de uma resposta. Jimin calou-se e fitou-o de um jeito muito semelhante a de uma certa vez, onde ele quase explodiu sua cabeça com um vaso chinês muito antigo da família Park.
Jeongguk engoliu em seco quando os olhos de Jimin moveram-se e ele os acompanhou, parando num vaso branco e muitíssimo lindo em cima da cômoda ao lado da cama. Jeongguk prendeu rapidamente as mãos pequenas e ágeis de seu esposo quando elas moveram-se para pegar o vaso e quebrá-lo em sua cabeça, aparentemente.
— Não! Não mesmo, Jimin! Você prometeu que não quebraria mais vasos nessa casa e que conversaria igual gente normal, pelo amor de Deus!
— Sério isso, Jeongguk?! Dois?! Mas qual diabos é o teu problema, homem?! — Brandou, vermelho. Jeongguk bufou e o encarou com incredulidade. — Você não sabe fazer nada direito, não?! Sinceramente, Jeongguk! Pior. Alfa. — Rosnou, entre dentes.
— Mas é claro que eu sei fazer direito. Te engravidei de gêmeos na nossa primeira noite juntos. Isso já não é o suficiente?
— Jeongguk!
— Tá, eu sei, eu entendi. É um pouquinho exagerado, mas eu não controlo isso, tudo bem? Posso ser um lúpus, mas ainda não tenho o controle de definir quantos filhotes teremos por ninhada!
Jimin bufou, ainda muito vermelho, ao que o mesmo virou a cabeça para o lado em claro emburramento e negou-se a fitá-lo, numa clara atitude infantil. Jeongguk suspirou fundo e pensou no quão difícil seu esposo conseguia ser quando escutou um fungar baixinho, seguido de um soluço sentido e foi quando declarou que absolutamente jamais iria passar por aquilo novamente. Nunca mais.
Jimin era um ômega recém classificado, recém enlaçado e que estava grávido. Quer dizer, ele era literalmente uma bolinha de hormônios e uma bomba-relógio para todas as questões. Ele andava em campo minado. Qualquer coisa dita e já poderia esperar ou gritos, ou choros. Entretanto, se fosse para ser sincero, Jeongguk preferia muito mais que ele jogasse vasos na sua cabeça do que derramasse qualquer lágrima, seja de dor ou alegria.
Então não, depois daquela gravidez, jamais haveria outra. Ele não tinha psicológico para passar por aquilo duas vezes.
— Jimin…? Meu amor? — Chamou, baixinho, soltando os punhos miúdos e segurando o rosto redondo com tanto carinho que fez Jimin chorar mais, de repente arrependido de ter explodido daquele jeito perante uma notícia tão maravilhosa. Dois pedacinhos de ambos. Dois mini Jeongguk. Por que gritar e brigar por algo tão lindo assim? Chorou e soluçou, encarando o marido com olhos tão lacrimosos que fez o alfa sentar na cama e puxá-lo para seu colo, embalando-o igual um bebê assustado. — Shh, minha vida. Tudo bem, tudo bem. Eu não fiquei irritado.
— Porque você é uma pessoa muito melhor que eu, Jeongguk. — Choramingou, enfiando o nariz no pescoço forte e aspirando o único cheiro que o acalmava, desde muito tempo atrás. — Como você ainda pode estar casado comigo? Q-Quer dizer… e-eu sou louco!
Jeongguk riu baixinho quando pensou em todas vezes que já correra risco de vida por aquele baixinho, seja nas vezes em que ele o irritou às vezes em que se metera em brigas para protegê-lo, ainda crianças.
— Não é, não. — Garantiu, carinhosamente. Beijou os fios claros e encostou a bochecha neles, sentindo-se quente por dentro.
Jimin soltou um som que mais pareceu com um miado no meio do seu peito, ao que Jeongguk respirou fundo, só para sentir o cheiro do seu ômega. E de seus dois filhotes, que já mostravam presença com tão pouco tempo de vida.
— Você pode ser estressado, bravo, algumas vezes homicida e deveras maldoso comigo. Quer dizer, o que é que você tem contra a minha cabeça? Toda vez que algo acontece, é pra ela que você mira. — Jimin soltou uma risadinha sem graça e Jeongguk riu, abraçando-o mais apertado. — Mas você também é muito doce, manhoso, amável e um belíssimo esposo. Às vezes eu me questiono como entre tantos, você me escolheu. — Murmurou, num muxoxo. Jimin afastou-se do seu peito para olhá-lo em choque, claramente discordando de suas últimas palavras – ou de tudo, ele não sabia dizer.
— Eu te escolhi porque entre tantos, você era o único que eu queria. O único que sempre me tratou com gentileza e amor, o único que sempre se arriscou por mim quando claramente não deveria. — Jimin fitou os olhos negros amorosos e seu lobo ronronou, apaixonadíssimo. Jimin bem lembrava que ele tinha sido o primeiro a se apaixonar, naquela relação. Antes mesmo de ser classificado para ômega, aparentemente. — Às vezes eu queria te socar para ver se você… reagia, a mim. Como todo os outros alfas, principalmente os lúpus, sempre reagiram. Mas eu também sabia na época que você preferiria cortar um braço seu, a tocar em mim com intenção de machucar. Você sempre foi bom demais, Kook. Você sempre foi perfeito. E ainda questiona do porquê te escolhi? Meu coração era seu muito antes de eu perceber. E, bem, acho que todo mundo já sabia disso. — Jimin fez careta, lembrando-se de quando um amigo alfa seu o questionou do porquê ter uma rixa particular com o garoto Jeon. Ele agiu com estranhamento quando perguntou aquilo, mas Jimin nunca tinha entendido, até aquele momento. Deu de ombros. — Bom… eles estavam certos, então.
Jeongguk gemeu sofrido e o abraçou apertado, espremendo os ombros estreitos do ômega no processo. Jimin riu, afundando o rosto no pescoço cheiroso e sentindo que mesmo no meio de uma guerra, ele ainda se sentiria em casa enquanto pudesse apreciar daquele cheiro.
— Eu amo você. Demais. Desde sempre, Jimin. Desde tanto tempo atrás...
Jimin sorriu docemente, aninhando-se ao calor convidativo do corpo musculoso, fungando. Nunca se cansaria de ouvir aquelas palavras. E nunca se cansaria de dizê-las, desde que as proferiu pela primeira vez.
— Eu sei, amor. Eu também amo você. Muito. Pra sempre, alfa.
E nada nunca fora tão verdadeiro quanto aquelas palavras.
— Gêmeos? Por Deus, Jeongguk, seu pau é de ouro e seu esperma é divino?
Jeongguk revirou os olhos, virando-se para fitar um amigo amuado que parecia possesso por algum motivo. Yoongi tinha até os braços cruzados, e ele só se indignava a mudar sua habitual pose de mãos nos bolsos da calça quando algo estava errado.
E, bom, de problemas Jeongguk já estava cheio.
Havia descido para o jantar, meia hora atrás, encontrando Yoongi fuçando sua biblioteca, sob o pretexto de estar esperando-o descer para poderem conversar. Jimin se encontrava desfrutando da belíssima banheira que tinham no banheiro e dissera que iria descer mais tarde, então Jeongguk o beijou e marchou para fora do quarto, passando pela cozinha só para ver Jisoo quebrar a regra de não comer doces antes das refeições e desfrutar de um bolo de chocolate muito apetitoso, feito pela empregada. Prometeu não contar para Jin e foi para a biblioteca, tendo a agradável surpresa de ver Yoongi com sua habitual cara de tédio folheando seus livros de anatomia humana.
E, desde que não era conhecido por guardar surpresas, contou a notícia de que, aquela manhã, conseguiu distinguir cheiros diferentes e específicos no ventre de Jimin. E que teriam gêmeos, pelo visto.
Só para ser agraciado com uma careta azeda e um questionamento irônico. Tá, Yoongi não gostava muito de bebês, isso já era de conhecimento público. Mas Jeongguk só queria saber como ele se comportaria quando Yang Mi resolvesse dizer que era hora de tentarem um próprio…
— O quê? Quando chegar a minha hora, se ela chegar, certamente só terei uma criança, e para nunca mais. Conhecendo você, vai lotar a cidade inteira com uma ninhada atrás da outra com seu ômega.
— Não seja dramático — Jeongguk revirou os olhos, novamente. — Já decidi que não haverá outra gravidez. Jimin hormonal é o significado do próprio anticristo.
— Esperto, meu amigo. Mas enfim — Yoongi começou, bufando ao lembrar. — Vamos ter que abortar a missão.
— Que missão? — Jeongguk franziu o cenho.
— A de fazer Hoseok se casar. — Jeongguk formulou um “ahhhh” que fez Yoongi suspirar estressadamente. — Ele saiu de casa.
— O quê? Ele literalmente saiu de casa? Por quê?
— Não, ele ainda não saiu, mas pretende. E muito em breve. Da última vez que falei com o senhor Jung, ele estava arrumando a última mala. E isso foi há duas horas atrás. — Jeongguk arqueou as sobrancelhas. — Rolou uma briga ontem. E nosso amigo incorporou o adolescente revoltado que resolve fugir de casa quando as coisas não saem como planejado.
— Não posso julgá-lo. Deve ser o cúmulo conviver numa casa onde ninguém respeita a sua opinião. A de não casar por negócios, o que, se me permite dizer, é somente… sensato, no mínimo? Quer dizer, Min-Hee casou por negócios. Mas isso é problema dela.
— Claro, claro. Ninguém merece viver sobre pressão psicológica, e no fim ele esteve somente certo, mas, Jeongguk… — e Yoongi o encarou com um último suspiro cansado, massageando as têmporas quando os olhos atentos de Jeongguk deixaram de analisar o livro de capa dura em mãos para fixaram-se em seu rosto cansado.
Bom, tecnicamente Hoseok já era um adulto. Teoricamente ele já era – ou pelo menos deveria ser – responsável por si mesmo. Era basicamente o herdeiro dos Jung e o futuro líder da matilha, mas claramente tinha dinheiro de sobra para ter sua própria casa caso não suportasse viver sob o mesmo teto que a família. Yoongi tirava por si próprio. Aos dezessete, saiu de casa para nunca mais voltar. Fez seu próprio nome e construiu sua própria família. Nunca precisou do apoio de seus pais para ser quem era, e com a ajuda de Jeongguk, conseguiu realizar seus mais inimagináveis sonhos, porque ele acima de todos confiou em si.
Então, para todas as questões, Hoseok sair de casa não era de todo preocupante. Ele tinha vinte anos, por Deus! O que diabos poderia dar errado?
Suspirou, fazendo uma careta, abrindo a boca para continuar e finalizar a frase quando a campainha então, de repente, foi ouvida. Ecoando por toda mansão e fazendo um eco absurdo e ensurdecedor, parecendo a maldita trombeta do inferno indicando a chegada de um hóspede que Jeongguk sequer sabia que vinha.
Sinceramente, viu, Hoseok…!
— Bom, meu caro amigo, digamos que ele auto convidou-se para morar aqui com você por tempo indeterminado, e que já chegou. Então boa sorte. Cê vai precisar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.