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História Suburbia - Right Next Door To Hell


Escrita por: UchihaKonan

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 5 - Right Next Door To Hell


   RIGHT NEXT DOOR TO HELL                                

Ajeitei o vestido pela terceira vez diante do espelho. O nervosismo associado à ansiedade são como veneno que se toma esperando o efeito ser instantâneo. E não são. Apenas a parte que condiz com veneno e que mata, de forma lenta e precisa.

Não sei por onde começar a contar o infortúnio que se sucedeu na noite anterior, onde por acaso dos acasos, dei por mim cercada em meu próprio jogo. Esse plano será meu fim, ainda que eu não deseje nada mais que o dinheiro e a liberdade. De certa forma começo a repensar meus sonhos. Quais tiveram seu início com aquela ideia de Sasori. Compreendo o febril sonho que tem em ser famoso, levar sua banda para tocar em outros países e ser reconhecido. Mas como fica se sou eu a ser aquela que precisa articular tudo?

Meu corpo congelou naquele momento, com o Uchiha a me olhar sério, mantendo o caderno de capa vermelha em mãos e me mostrando. Como ele poderia saber? Talvez eu jamais venha a saber. Mas o seu olhar de fúria e repreensão eram o bastante para me fazer temer acabar como Karin. Ou pior. Esse pior era a única ideia que transpassava por minha mente nublada naquele instante em que o tempo parou. 

— Te fiz uma pergunta — Sasuke parecia mais frio que o comum. 

Abri a boca, dizendo palavras mudas, sons que nunca vinham. Isso é terrível, ser colocada contra a parede e obrigada a dizer qualquer coisa, ainda que se tema saber que o acusador contenha a verdade em seus bolsos. Como um condenado à morte, fechei os olhos e suspirei, deixando um riso escapar por meus lábios, como se encontrasse graça na ameaça iminente do perigo.

— Não preciso de uma agenda — forcei o riso —, apenas estava aqui à procura de minha pulseira. Foi um presente, algo que mantenho com carinho. 

— Uma pulseira? — ele arqueou a sobrancelha, me encarando a avançando pela sala —, não recordo-me de vê-la usando uma.

— Talvez tenha caído antes, enquanto o esperava, admirando a sua coleção de carros.

Com um certo desdém, ele jogou o caderno sobre a mesa, entre a pilha de papéis e objetos ali dispostos. Se aproximou de mim, mostrando como é mais alto que eu vários centímetros. Seu perfume é tão bom que me fazem desejá-lo quase que involuntariamente. 

— Gosta de esportivos? 

— Gosto da velocidade — disse —, e da excitação que me traz — a aproximação me permitiu descer a mão até o fecho da calça dele, roçando o membro. — Já fodeu alguma em seu carro?

Sasuke riu, me empurrando contra o vidro que dava visão ao pátio abaixo, onde os carros ficavam. Seu braço se apoiou na vidraça, me impedindo de sair. Aqueles olhos escuros me encaravam, com um sorriso fino nos lábios. Não sei se mais me assustava ou se preocupava o que poderia estar por baixo de seu ato. Sua segunda, ou terceira, intenção para o momento. 

— O que acha de ir jantar comigo? — ele sussurrou, baixando a cabeça ao meu ouvido. Uma onda de calor correu por minha pele. — Pode escolher um dos carros e, então, respondo a sua questão.

Agora, encarando a minha figura no espelho, não sei por quanto tempo serei capaz de manter essas mentiras equilibradas. Não tenho visto Sasori, tampouco falado com ele. Ás vezes gostaria de que ele estivesse aqui comigo, me instruindo nesses atos. Mas não está, ele continua com sua vida nos confins da cidade, ouvindo o Mirror Park, com suas músicas enquanto dirige seu cadillac cor de cobre. 

Se eu ao menos pudesse entrar na mente do Uchiha, ler seus pensamentos e conhecer seus pecados... seja o que for, consegui por um tempo mantê-lo afastado de me confrontar, questionar sobre qualquer coisa. E essa ideia do jantar me soa tão perigosa quanto posso imaginar.

Respira e inspira. Continuo me repetindo isso, sei apenas que enquanto eu o puder mantê-lo envolvido na ideia de um bom sexo o terei distante de descobrir minha real intenção nessa mansão e também nele.

Mantinha meus olhos fechados, buscando em mente por algo que pudesse me manter no controle da mente. A canção Foot of Mountain, que meu pai cantarolava toda vez que voltava para casa, com uma caixa de bombom para minha mãe agora ressoa em minha mente, isso sempre me acalmava, de certa forma. 

Despertei ao sentir algo frio repousar sobre a minha pele, circulando meu pescoço. O brilho das joias me fez sorrir, diferente de Sasuke que se afastou e se apoiou no sofá, me olhando. Toquei os diamantes frios, enquanto meus olhos se chocavam aos dele. Quente e frio.
— Tem bom gosto — disse e ele sorriu de canto —, espero que não cobre caro por isso.

— Depende do que considera caro — Sasuke balançou a chave de seu carro diante de meus olhos. — Podemos ir? 

Não posso imaginar quanto dinheiro foi investido no carro, mas sua cor amarela me chama atenção. O Uchiha abre a porta e posso ver o interior com seu estofado de couro escuro, o rádio tocando alguma música numa estação que desconheço.

Hennessey Venom — ele anunciou —, dizem que consegue chegar à trezentos quilômetros por hora em treze segundos — ajustou o retrovisor e sorriu sádico, me olhando. — Quer provar ver se é verdade o que dizem? 

— Depende de onde vai me levar — minha sanidade se esvai diante desse homem e seu poder aquisitivo. Debrucei-me para morder aqueles lábios pedintes —, espero que seja ao êxtase...

Rude, rústico e frio. Pergunto-me se existe alguém capaz de não desejá-lo, de querer ser tocada e presenteada por ele. Isso é loucura, eu sei. Sei também que não se deve aceitar ser tratada assim, mas a mente é mesmo uma peça que não se entende o funcionamento, quanto mais associado aos instintos e conhecimentos baratos. Além dos sonhos de poder que te guiam.

A forma com que se prende ao volante, acelerando o carro e transformando a paisagem num borrão me deixam ora com medo, ora com vontade de me perder nesse mundo dele. Nada parece ser capaz de o conter ou parar, sendo guiado pelo dinheiro e poder que carrega nas mãos, rindo da vida como se fosse uma piada única a ele. Um homem de milhão de dólares, literalmente. 

O som do rádio e o do motor do esportivo são as únicas coisas que ouço. Um pouco mais de atenção à canção e reconheço a estação, tocando Leave, qual Sasori interpreta com sua guitarra. Uma mentirosa e um ladrão, esse lugar é mesmo um pedaço do inferno... Ironia? Sento-me ao lado de um homem rico, sendo eu a mentirosa e ele... o ladrão? Não. A menos que tenha roubado algo que não posso ver. O ladrão é Sasori, e nosso pedaço do inferno o subúrbio decadente no fim da cidade.

Tão fino quanto seu terno italiano, ele puxa a cadeira para que eu me sente e sorri, acendendo seu cigarro. Posso sentir o peso dos olhos dele em mim, me desenhando, procurando por algo. Como se eu fosse alguém nunca visto. Até que percebo que seus olhos não estão na minha figura, mas sim em algo atrás, numa mesa além. Pelo reflexo do vidro atrás dele, vejo uma mulher se sentar com um homem. Ela sorri, enrolando o cabelo no dedo, falando ansiosa algo ao companheiro.

— Ela o atrai? — perguntei.

— Não — me disse ele, fumando e não movendo o olhar —, a forma como ela age, sim. 

O que há de interessante no gesto dela? Apenas enrola uma mecha dos cabelos ao dedo. Nada mais. 

— Um bom mentiroso sempre olha nos olhos — Sasuke murmura, sorrindo —, esperando que acreditem na convicção das orbes.

Devo dizer que isso me assusta? Baixei os olhos para o cardápio, procurando por algo que possa agradar ao meu paladar. Mas a única coisa que se move em meu estômago é o medo suave de que ele esteja de olho em meus movimentos. Preciso me manter firme.

— Entende de pessoas — digo —, foi algum tipo de especialista?

— Meu irmão me levou a observar — atirou o cigarro ao cinzeiro. — Quando se vem de um lugar precário e sem expectativas além de dançar com o diabo, se aprende muito. 

A terceira vez que ouço alguém mencionar sobre o irmão dele. O homem na sala havia dito algo sobre enviá-lo para salvar o inferno da perdição e, na noite anterior, o mordomo. Agora ele também me falava. 

— Ele é alguém como você? 

Itachi? — Sasuke riu —, deus, não. Somos opostos — bebericou da água e ainda tinha a visão voltada a mulher. — O bem e o mal, deus e o diabo... como preferir. Há honra demais no que ele faz, enquanto apenas me divirto. 

— Diversão... — sorrio, imaginando que a excentricidade de seus gastos milionários e prostitutas sejam o suficiente para o terem feito sair do lugar de onde veio. 

— Sempre sonhei com esse meu mundo atual, mesmo quando me disseram que... — ele se interrompeu, me olhando. — Não devia te falar disso. 

— Não — disse —, mesmo assim o fez.

Sasuke riu.

O jantar não foi de um todo ruim. Algumas vezes ele falava das pessoas ao redor, como se as conhecesse e soubesse de seus segredos apenas ao observar os atos à mesa. Mas a maior parte do tempo ele bebia e fumava, me observando e sorrindo sádico, espreitando as orbes negras em mim. 

Ao voltarmos para a mansão, fui segurada por ele na sala comum, onde o vi acender a lareira. Sentou na poltrona e acendeu um de seus charutos que ficavam na caixa de madeira sobre a mesa de centro. Cheirou, experimentando o fumo. Permaneci em pé, olhando para ele.

— Ficam bons em você — ele disse —, tire o vestido e fique apenas com o colar. 

Um sorriso travesso corria por seus lábios, seguindo-me a obedecer as suas ordens. Deslizei o zíper do vestido, sentindo um ar quente se aconchegar na minha pele. Através do espelho eu o via, me assistindo, sem expressão alguma. O tecido escorregou aos meus pés calçados, completamente nua e com aqueles olhos escuros a me olharem, foi como se eu expusesse meus segredos ali, ficando nua também da alma.

Ouvi ele suspirar e então esfregar uma mão à outra, agora sorrindo.

— Acho que tenho interesse em terminar o que começamos ontem — sibilou ele —, o que pensa?

— Pensei que desse ordens e não pedisse — ele riu com a minha resposta. 

— É mesmo uma vadia má, não é? — Sasuke bateu com as palmas no joelho, um pedido para que eu me aproximasse. 

Sentei-me em seu colo, sentindo os dedos quentes dele afastarem meus cabelos dos ombros, enrolando uma mecha ao dedo. Enquanto a outra mão me segurava na coxa, subindo a palma pelo torso e chegando ao peito, tocando-me. A carícia suave como uma brisa. Seus lábios em meu pescoço, mordendo a pele me fizeram deixar o ar escapar em forma de um gemido. A mão que se prendia em meu cabelo correu para as pernas, deslizando até a minha intimidade, tocando de leve a entrada.

Isso me deixa fora de controle, guiando para a loucura. O corpo responde com essas ondas de sensações excitantes, me fazendo gemer e desejar tocá-lo. E, movida por essa vontade, me ajusto em seu colo, colocando as pernas ao redor do corpo dele na poltrona, permitindo que beije meus seios enquanto o frio das joias se movem onde o cabelo toca. Prendo-me nele e me movimento sobre seu membro.

— Não — o Uchiha me soltou de repente —, não acredito que estava a me esquecer de algo.

Ao que ele levanta, sento ao chão, recuperando o fôlego e o observando ir até o casaco jogado sobre o sofá. Com um sorriso perverso ele se aproxima.

— Não gosto quando mentem — ele disse —, ainda mais olhando em meus olhos — e mexe no bolso do casaco. — Sei que pode fazer melhor que isso, Sakura.

Com um gesto rápido, Sasuke atira o caderno de capa vermelha na poltrona em que estivera sentado instantes antes. Nada disse. Ele também não. Apenas ouvi o barulho de seu sapato no mármore da escada, indo para o andar de cima. 

Curiosa, colhi o objeto lançado por ele e o folheei. O riso eclodiu de meus lábios, como se fosse uma piada cruel. Não havia nada escrito, estava completamente vazio e as páginas em branco.

— Filho da mãe!
 


Notas Finais


Opiniões, sugestões, tiros ou rosas? E ai?


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