Pov Lauren
Eu estava tão absorta em meus próprios pensamentos que tudo ao meu redor não tinha importância, me distraí pensando em diversas coisas que até então me deixaram bastante confusa. Às vezes nos preocupamos com coisas pequenas sabendo que existe pessoas por aí que sofrem por algo que tem mais significância enquanto nós temos a mania de chorar por algo bobo, ou até mesmo desejar a morte após um coração partido.
Eu me pegava pensando em Camila diversas vezes durante o dia inteiro, mas com o tempo as coisas passam e vi que o tempo curou aquela ferida, a decepção e derivados. Estava bastante focada no trabalho e em fazer a minha filha feliz, meu único objetivo era mantê-la viva e com saúde no momento, mas muitos diziam que eu estava como antigamente; amargurada, sem ninguém, com o foco apenas em minha filha e no trabalho.
Mas não era bem assim, eu fiz uma análise dos últimos meses desde que voltei a Miami e minha vida parece que deu um salto enorme me colocando em uma fase completamente diferente do que imaginava. Eu me sentia mais completa e muito feliz, óbvio que ainda sentia falta de Keana — alguém que jamais esquecerei. —, e de Camila, a garota que me fez rever toda a minha trajetória e trazendo um mundo novo para mim. Me fazendo ser quem eu era antigamente, uma mulher apaixonada pela vida e que batalha para ser feliz.
Às vezes precisamos de uma rasteira para poder vermos àquilo que está a nossa frente.
E foi isso o que aconteceu comigo; Camila aconteceu e me mudou completamente.
Escutei um barulho conhecido ressoar na barulhenta praça de alimentação do shopping e verifiquei o pequeno pedaço de papel que eu tinha em mãos e logo constatei que era a minha senha. Me arrastei dali e fui até o balcão pegar a bandeja que estava com o meu jantar daquela noite. Agradeci a moça e voltei ao meu lugar de antes.
— Ainda bem que te encontrei, Jauregui. Cadê a porra do seu celular? — revirei os olhos e a fitei.
— O que faz aqui, Lily? — ela sorriu. — E como me encontrou?
— Normani me disse que estaria aqui. — deu de ombros e se sentou a minha frente.
— Estranho é me encontrar em uma praça de alimentação de um shopping lotado. — ela riu.
— Estou com uma pessoa aqui e ela me ajudou. — soltei uma lufada de ar largando meu garfo sobre o prato. — Não começa...
— Se vinha me ver, porque caralho trouxe essa mulher? — Lily riu.
— Ah, Lauren...
— Só saia, ok?
— Não seja hostil. — ri fraco. — Eu vi a Camila com o pequeno Jauregui.
— E?
— Não é a sua garota? — peguei um lenço e limpei minha boca.
— Pare com isso, Lily. A Camila não é nada minha.
— Então tudo certo?
— As mil maravilhas. — dei de ombros e engoli um pedaço de frango.
Ela encostou seus braços na mesa e ficou me olhando enquanto eu comia, senti uma movimentação e logo vi Hailee parada ao lado de Lily. Perdi o apetite na mesma hora, Lily soltou uma risada e a namorada dela se sentou a seu lado.
Desde a última vez em que estive com Lily após todo o incidente que tive com ela acabei contando coisas que nem deveria contar a uma pessoa que mal conhecia, mas ela acabou sabendo de muita coisa... como a minha história de vida e dos acontecimentos dos últimos meses. Ela ficou bastante surpresa, mas acabou engolindo tudo por mais que aos olhos de muitos fosse errado eu e Camila tivemos algo bastante sexual que no fim deu tudo errado.
— O que vamos fazer agora? — escutei a voz irritante de Hailee e mordi o lábio inferior para reprimir uma palavra ruim que poderia sair a qualquer momento.
— Deveríamos assistir um filme. — sugeriu Lily.
— Eu não sirvo para ser vela. — falei ríspida. — Vão vocês, eu fico por aqui. Tenho que esperar meu sobrinho mesmo.
— Eles vão demorar, pois estão jogando boliche. — franzi o cenho. — Eles e mais um grupo de amigos, até a namorada da Mani esta no meio deles.
Consegui fazê-las ir embora e depois fui para o estacionamento esperar Joshua para ir para casa. As horas se passavam vagarosamente me fazendo sentir sono enquanto escutava a música que tocava no rádio do carro.
— Você acha que isso daria mesmo certo? — Camila me perguntou após jogar seus pés por cima de meu colo.
— Quando é para dar certo, tem que dar certo... — murmurei e ela sorriu.
— Eu vou para a faculdade e você vai ficar aqui — ela parou e me fitou. — eu não quero piranhas em cima de você, Lauren Jauregui. — soltei uma risada e passei a massagear seu pé esquerdo.
— Eu não gosto de piranhas, aliás, eu gosto de uma mulher aí, sabe?
— Quem? — seu sorriso me fez sorrir.
— Uma tal de Karla Estrabão, conhece?
— Esse nome me é bastante familiar — ela semicerrou os olhos e me fitou. —, mas parece nome de puta.
Tombei minha cabeça para trás soltando uma risada alta.
— Mas ela é... Ai!
— Olha como fala de mim sua vaca! — mordi o lábio.
— Eu te a...
Acordei com o toque do meu celular e logo peguei o mesmo que estava no banco do passageiro atendendo logo em seguida.
Mas espera... que diabos de sonho foi esse?
— Lauren falando.
— Tia, cadê você?
— Oh... eu... eu... — que lugar é esse? — Ah... eu estou no estacionamento.
— Tem certeza, parece que não hein... — ele riu do outro lado da linha.
— Vem logo, seu idiota! — rosnei e ele riu mais ainda.
Passou-se apenas alguns minutos e logo vi Camila e Josh andando aos risos para dentro do carro. Fiquei na postura séria e comecei a dirigir o carro. Eles conversavam animadamente do banco de trás enquanto eu estava literalmente alheia de tudo apenas cantarolando uma música da Lana Del Rey que tocava na rádio.
Deixei meu sobrinho em casa e fui até dentro de sua casa para falar rapidamente com seu pai, deixei que Camila esperasse por alguns minutos até que eu já estivesse na vontade de voltar para casa ficando a sós com ela no carro. Esfreguei minhas mãos uma na outra e sai da casa de meu irmão e entrei em meu carro novamente, assustei-me quando vi que a latina já estava no banco do passageiro a meu lado, ela me olhou e eu a olhei de volta.
Dei partida no carro e passei a cantarolar novamente as musicas que tocavam, não demoramos muito até que chegamos a rua onde moramos, estacionei em frente a sua casa, estávamos em total silêncio, não trocamos nenhuma palavra até que...
— Eu não farei mal a ele. — tirou seu cinto de segurança e se virou para me olhar. — Nós somos apenas amigos.
— Porque esta se explicando? A vida é sua. — falei.
— Eu sinto que preciso fazer isso. — soltei um leve suspiro e desliguei o carro. — Eu não quero que pense algo ruim de mim.
— Eu jamais pensaria algo assim de você Camila! — foi minha vez de soltar o cinto de segurança e me virar para olha-la. — Porque você se importa tanto com a opinião alheia?
— Não é em geral, e sim, de você. — engoli em seco. — Você deve estar me achando bipolar, mas eu percebi a forma quando me olhou e confirmou que eu sairia mesmo com o Josh hoje mais cedo.
— Camila...
— Ele gosta de uma garota da minha turma de matemática e sente pena de mim. — franzi o cenho. — A mãe dele disse que queria ele longe de mim, mas ele foi legal e fingiu ser um encontro — ela fez aspas no ar. —, mas no fim foi um grupo enorme de pessoas... jogamos boliche, comemos batata frita e rimos até não poder mais. Conversamos sobre tudo e o que a Alexa disse a ele sobre mim, ele foi um ótimo amigo essa noite.
— Ele é um ótimo garoto. — comentei.
— Tá no sangue! — sorriu para mim.
— Não faz assim. — Camila me olhou diretamente nos olhos. — Você é uma garota incrível e não um monstro, Camila.
— Eu não sou...
— Se olhe no espelho e veja a pessoa incrível que é... essa é a segunda vez que te falo isso. — passei as mãos por meus cabelos. — Já está tarde, não?
— O som da sua voz me acalma, mas às vezes chega a ser irritante. — ri um pouco alto. — Lauren, eu... — a olhei com um pouco de expectativa, mas ela travou no mesmo instante. — eu sinto muito. — disse. — Estou torcendo por você e a srta. Collins.
Franzi o cenho confusa e ela abaixou seu olhar de meu rosto para suas mãos nervosas que brincavam com a barra da saia de seu vestido. Camila estava tão linda aquela noite, parecia uma garotinha, a garotinha que me lembro e que vi antes de ir para Los Angeles. E aquela garotinha estava ali de novo, a pequena Camila estava lá a meu lado falando comigo e me contando coisas que eu realmente não precisava saber e que preferia deixar quieto, mas não, ela quis me contar sem necessidade alguma como se tivesse medo que eu a julgasse só porque eu a vi com o meu sobrinho.
— Nunca ninguém torceu para que eu desse certo com as minhas amizades.
— Oi? — voltou a me olhar.
— Eu e Lily somos apenas amigas, Camila. — falei. —Ela está de rolo com aquela sua amiga Hailee, sabia? — ela fez que não com a cabeça.
— Faz muito tempo que não falo com ela, o castigo me privou de muita coisa. — sorriu fraco.
— Então tudo bem! — abriu a porta e me olhou. — Boa noite, Lauren!
— Boa noite, Camila!
Ela acenou levemente com um sorriso em seus lábios, saiu de meu carro, fiquei esperando até ela entrar em sua casa para eu poder ir para a minha.
O dia terminou bem... bem até demais.
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