História Anjo da guarda - .serei seu anjo guardião

TaeHyung saiu de casa batendo a porta.

— Kim TaeHyung, volte aqui agora! — ele ouviu a voz grave de seu pai, mas não voltou.

Ele andou até a área de lazer do condomínio, sabia que o homem não lhe seguiria: estava ocupado demais tentando não queimar uma kimchi soup. O local tinha um playground, onde TaeHyung brincava quando pequeno; quando ainda não tinha que conviver com o preconceito de seu próprio pai, quando sua mãe ainda era viva e o apoiava até a comer terra. Tae sentou em um dos balanços vermelhos que ficavam na parte mais escondida e escura do local. Puxou seu celular do bolso ao senti-lo vibrar.

"Gukkie: tá tudo bem?"

"Eu: você ouviu alguma coisa? E sim, estou bem."

"Gukkie: não tem como ouvir, mas eu ‘tô te vendo. Conheço-te muito bem, sei que está triste."

"Eu: onde você tá?"

"Gukkie: aqui."

"Eu: aqui onde, criatura?"

TaeHyung revirou os olhos, mas sua expressão de aborrecimento se desfez ao se assustar com os braços longos e finos do seu namorado se enrolando em seu corpo. O garoto riu e abraçou os braços dele de volta, sentindo-se aquecido ao ter a pessoa mais importante da sua vida lhe abraçando.

— Aqui. — o garoto sussurrou em seu ouvido, fazendo-o arrepiar-se e rir um pouco.

— Estava me vigiando? — Tae perguntou quando JungKook se afastou dele e se sentou no balanço ao lado, guardando o celular no bolso da calça que usava.

— Não, estava voltando da aula de dança e te vi aqui. — deu de ombros. — O que está fazendo nesse frio, sozinho?

O garoto de cabelos castanhos e escorridos apenas sorriu quadrado e começou a se embalar, fazendo o moreno rir baixinho. TaeHyung se sentia instantaneamente bem ao ficar ao lado de JungKook. Mesmo com seu pai lhe trazendo dores, lágrimas e sentimentos ruins, JungKook lhe fazia forte para aguentar tudo isso, sorrindo e lhe limpando as lágrimas jurando ser seu anjo da guarda, como o castanho apelidou o moreno.

— O que ele disse dessa vez? — JungKook perguntou baixinho, receoso ao perceber que o sorriso de TaeHyung não chegava em seus olhos, mesmo que estivesse escuro.

— O de sempre: desista de ser cantor, com essa sua voz horrível e essa doença mental você não vai conseguir nada. — engoliu em seco e suspirou. — Ele disse que está pensando em me mandar pra casa da minha tia, lá eu vou encontrar com um monte de meninas e me livrar dessa doença.

— Imagino que seja a doença do homossexualismo. — TaeHyung não disse nada, apenas parou o balanço com uma expressão tristonha. — TaeTae, não fica assim...

— Como não ficar, JungKook?! Ele quer me afastar de você... ele quer que eu faça administração... quer que eu desista da música, Kookie. Ele quer que eu fique igual a ele: um robô do estado, uma pessoa mecanizada com ideias e pensamentos formados e moldados por outras pessoas! — suspirou o castanho, passando as mãos pelos cabelos em sinal de nervosismo enquanto segurava as lágrimas. — Kookie...

JungKook viu as lágrimas do garoto descerem, mas nada disse, ao invés disso, ele levantou e foi até TaeHyung, agachou-se à sua frente e lhe limpou as lágrimas com os dedos, enquanto deixava selos carinhosos nos lábios do mais velho.

— Eu não vou deixar nada te acontecer, okay? — JungKook sussurrou, fazendo seus narizes se encontrarem em um beijo de esquimó.

— M-Mas e se ele resolver me levar pra l-longe de v-você?! — TaeHyung soluçou.

— Você fará vinte e um em breve, e eu fiz dezenove. Trabalharemos e compraremos nossa própria casa, vamos ficar juntos pra sempre, TaeTae hyung. — JungKook sorriu de forma doce, fazendo sua expressão ficar semelhante a um coelho, e segurou o rosto de seu amado com as duas mãos. — Nada me faria desistir da pessoa que eu amo.

— Ah, eu te amo tanto, JungKook... — TaeHyung suspirou enquanto enfiava o rosto no pescoço do mais novo.

— Eu te amo mil vezes mais. — JungKook fez carinho nos cabelos castanhos.

— Eu não sei o que seria de mim sem você. — TaeHyung inalou o cheiro de JungKook: erva doce com bambu e chocolate.

— Eu sei: um estudante de administração. — JungKook riu ao levar um soquinho do namorado em seu ombro. — Não tem como pensar em como seríamos um de nós sem o outro. Isso é impossível. Somos almas gêmeas.