J E O N J U N G K O O K
O quanto a minha vida mudou durante apenas um mês e meio?
Vamos recapitular.
Primeiro: fui passar as férias de verão na casa de praia em Pohang. Segundo: conheci uma amiga de infância da minha mãe e os filhos dela eram legais. Terceiro: fiz amizades. Quarto: comecei a ter sentimentos diferentes por um garoto. Quinto: eu estava apaixonado por esse garoto.
E isso tudo em apenas um mês e meio!
Olhei para Tony que estava completamente esparramado na minha cama, me deitei ao seu lado e suspirei ao pensar que fiquei aquele dia todo sem ver o Jimin hyung por causa de uma chuva idiota.
Eu já disse que odeio chuva?
Essa porcaria havia estragado todos os nossos planos de ficar o dia inteiro na praia. Eu, o hyung e o Chenle. Estragou também o encontro que eu teria sozinho com o Jimin a noite.
— Que saco, eu odeio chuva demais. — Falei, Tony miou em resposta. — Você me entende, não é? — Olhei para o gato, outro miado. — Eu estou com saudades do Jimin, o que eu faço?
Dessa vez Tony se levantou, se espreguiçou e depois saiu em direção à porta do quarto. Como estava entreaberta, ele apenas saiu, me deixando sem uma resposta.
Esse gato era um engraçadinho.
Decidi me levantar e sair daquele quarto chato, passei pela sala e vi o meu pai todo esparramado no sofá, assistindo TV enquanto tomava uma cerveja. Fui para a cozinha e chegando lá vi a minha mãe colocando ração no pote do Tony, enquanto falava sobre o quão fofo ele era. Assim que ela se levantou e me viu ali parado na porta da cozinha, deu um sorriso e se aproximou, logo me dando um abraço e um beijo na bochecha.
— Decidiu sair da toca? — Ela brincou. — Por que me parece desanimado?
— Essa chuva estragou o meu dia todinho.
— Sinto muito, meu amor. — Ela acariciou os meus cabelos. — Quer fazer o jantar com a mamãe?
— Quero. — Rapidamente me animei. — Que tal a gente fazer tteokbokki?
— Você é quem manda, chefe. — Mamãe disse com um sorriso no rosto.
Após pegarmos todos os ingredientes que iriamos precisar para cozinhar, começamos a fazer o nosso jantar enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias.
Eu amava a minha mãe, sério.
Ela conversa sobre tudo com a maior facilidade, era sempre divertida e me fazia sorrir. Eu sempre ficava pensando sobre o quão sortudo o meu pai era por simplesmente ter se casado com uma pessoa tão perfeita.
— Me diz, o que você ia fazer hoje?
— Eu ia passar o dia na praia com o Jimin hyung e com o Chenle. — Respondi.
— E a noite você ia pra praia sozinho com o Jimin? Como estão fazendo todos os dias? — Ela perguntou.
Espera-
O quê?
— C-Como sabe d-disso? — Eu gaguejei, meu deus. Senti o meu rosto ficar quente.
Com certeza eu estava todo vermelho, e o sorriso presente no rosto da minha mãe apenas confirmava isso.
— Eu percebi, Jungkook. — Ela continuava sorrindo. — Eu não sou boba. — O tom de sua voz soava divertido e isso me deixava constrangido demais. — Então... Vocês estão saindo?
— M-Mãe... — Eu não sabia o que dizer.
— Eu sabia Jungkook, eu sabia que você gostava dele de um jeito diferente. — Desviei o meu olhar do dela e apenas ouvi a sua voz. — Eu não vejo nada de errado nisso, se quer saber.
— N-Não? — Para de gaguejar garoto, pelo amor de deus.
— Não, meu amor. — Quando voltei a olhar para a minha mãe, vi que ela estava sorrindo de um jeito carinhoso. — É a sua vida Jungkook, e a sua mãe vai estar aqui sempre para te apoiar em tudo o que você fizer. — Ela se aproximou e me abraçou. — Eu te amo, e você sempre será o meu orgulho.
— Obrigado. — Retribui o seu abraço.
Ficamos abraçados por pouco tempo, pois logo tivemos que voltar a nossa atenção para as panelas antes que o nosso jantar queimasse todinho.
A comida ficou boa como sempre, pois era isso que dava quando se juntava eu e a minha mãe na cozinha. Sorrimos ao ouvir os vários elogios do meu pai sobre o jantar.
Eu estava tão feliz.
♡
Já se passava da meia noite e eu não conseguia dormir de jeito nenhum. A droga da chuva felizmente já havia acabado, porém já estava muito tarde para ir ver o meu amorzinho.
Peguei o meu walkman, coloquei a primeira fita que encontrei pela frente e deitei na cama com Tony ao meu lado. Comecei a cantar a música que eu estava escutando em voz alta mesmo, para o gato ouvir.
E então "Baby, I Love Your Way" do Peter Frampton começou a tocar, a letra dessa música imediatamente me fez lembrar de Park Jimin. De repente, a cada verso, a imagem do hyung em nossos preciosos momentos surgiram na minha mente.
Moon appears to shine and light the sky
(A lua aparece para brilhar e iluminar o céu)
With the help of some firefly
(Com ajuda de alguns vagalumes)
Wonder how they have the power to shine, shine, shine
(Eu me pergunto como eles têm o poder de brilhar, brilhar, brilhar)
I can see them under the pine
(Eu posso vê-los sob os pinheiros)
But don't hesitate
(Mas não hesite)
Cause your love won't wait
(Porque seu amor não vai esperar)
Ooh baby I love your way
(Ooh, baby, eu adoro seu jeito)
Wanna tell you I love your way
(Vou te dizer que eu adoro seu jeito)
Wanna be with you night and day
(Quero estar com você noite e dia)
E foi pensando em Jimin e em como eu adorava o seu jeitinho de ser que eu finalmente dormi.
Tive uma boa noite de sono sonhando com ele aquela noite.
♡
Quando acordei pela manhã no dia seguinte, a primeira coisa que eu fiz foi escovar os dentes e depois tomar um banho. Demorei alguns minutos para escolher uma roupa, até que escolhi uma que eu nunca havia usado antes. Peguei alguns trocados que eu tinha e desci as escadas saindo diretamente pela porta da frente, sem nem responder ao meu pai quando este questionou aonde eu iria.
Já em frente à porta da casa dos vizinhos, eu me vi nervoso, mas tentei conter isso e dei algumas batidas na madeira.
A mãe do Jimin que abriu e imediatamente sorriu ao me ver.
— O Jimin está? — Foi a primeira coisa que eu disse.
— Sim, mas ele está dormindo. — O sorriso continuava em seu rosto. — Se quiser eu posso chamá-lo.
— Eu posso chamar? — Perguntei.
Eu estava parecendo impulsivo naquele momento, mas tudo o que eu queria era ver o hyung.
— Pode, sobe lá e chama ele, querido.
Me curvei respeitosamente para ela antes de subir as escadas, caminhei até a porta fechada do quarto do hyung e a abri, logo tendo a visão dele todo embrulhado, dormindo feito um bebê, com os olhinhos fechados e a sua respiração calma. Me sentei ao seu lado e acariciei os cabelos escuros e sedosos, me aproximando de seu rosto e deixando um beijo carinhoso na sua bochecha.
— Jimin. — Chamei. — Acorda, meu bem.
Ele se mexeu um pouco e então seus olhos se abriram lentamente, ele me fitou surpreso e então sorriu.
— Bom dia.
— Bom dia, Jungkookie. — Sua voz estava rouquinha de sono. — O que faz aqui?
— Vim te chamar para um encontro. — Sorri. — Vamos até a feira tomar café da manhã naquelas barraquinhas?
O sorriso de Jimin aumentou, em seguida ele segurou o meu rosto e fez um carinho nas minhas bochechas.
— Vamos, Jungkook.
— Sério?
— Sim, eu aceito ir à um encontro com você.
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