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História Summer Nights - Capítulo 08


Escrita por: tenmei

Notas do Autor


Eu li esses dias uma entrevista do Araki onde ele disse que o Kakyoin provavelmente iria se dar bem com o Josuke da parte 4 e agora eu estou obcecada com essa ideia. Acho que nessa história não vai ter tanto espaço pra interação entre eles, mas eu não consigo tirar da cabeça a ideia de fazer uma fanfic onde eles possam ser amigos de algum modo.
Enfim... Boa leitura!

Capítulo 9 - Capítulo 08


No domingo, o tempo fechou novamente. Nuvens escuras e carregadas começavam a se formar e o som dos trovões podia ser ouvido ao longe no instante em que eles acordaram. 

Jotaro saiu da casa de Kakyoin no início da manhã, quando o dia começava a clarear. Trocaram uma despedida breve e um tanto discreta, uma vez que os pais do ruivo não tinham ideia de que Jotaro havia passado a noite ali. 

A casa de Kakyoin ficava um tanto longe da sua, mas ainda assim o maior optou por ir embora caminhando. Apesar de ter passado a noite na melhor companhia que ele poderia desejar, no instante em que acordou, aquele turbilhão de pensamentos voltou a atingir a mente de Jotaro. 

Naquele instante, sua cabeça e seu coração pareciam estar tão nebulosos quanto o céu acima dele.  

Ainda podia sentir o perfume do outro rapaz impregnado em suas roupas. Sua pele parecia reclamar a ausência do contato com o abraço de Kakyoin. Era como se seu coração emitisse votos de protesto que ficavam mais altos à medida que ele se afastava da casa do ruivo. 

No entanto, não eram seus sentimentos, mas sim seus pensamentos que estavam mais incontroláveis naquele instante. 

“Nós dois também somos bem diferentes.” 

Aquela frase dita por Kakyoin há alguns dias atrás começava a martelar com mais força em sua cabeça. Jotaro já tinha plena consciência de que eles dois eram muito diferentes. Ele, com seus acessos de raiva, sua revolta com o mundo ao seu redor, seu comportamento autodestrutivo e por vezes selvagem, era totalmente o oposto de Kakyoin. O outro rapaz era um artista de alma sensível, um estudante exemplar e dedicado, uma pessoa compreensiva, empática e muito mais racional do que Jotaro jamais seria. 

 E como se não bastassem as personalidades diferentes, a vida e o entorno dos dois também eram totalmente distintos. Kakyoin era o filho único de uma família simples e visivelmente amorosa. Ele recebia apoio e incentivo dos pais, recebia suporte e compreensão. Jotaro, por sua vez, era o caçula (e o bastardo) de uma família abastada, porém pobre em qualquer espécie de suporte emocional.  

Não era como se a família Joestar fosse totalmente desestruturada e problemática. A questão era justamente o fato de que Jotaro sentia, por algum motivo, que ele era o grande problema da família. Que se não fosse por ele, fruto de uma gravidez não planejada com a amante do patriarca, os dias na residência da família seriam muito menos conturbados. Uma vez que Jonathan era um filho exemplar e Joseph, ainda que não fosse tão honesto e gentil quanto o irmão mais velho, ainda assim carregava com orgulho o legado dos Joestar. 

O som dos trovões ficava mais alto à medida que Jotaro caminhava. Não demorou muito para que o céu desabasse acima dele. Uma chuva intensa, típica do verão. Só então Jotaro se deu conta de que havia esquecido da sua jaqueta no sofá da sala da casa de Kakyoin.  

Yare yare... - ele resmungou enquanto encolhia os ombros e enfiava as mãos nos bolsos da calça jeans. 

Jotaro não fez questão de tentar se abrigar da chuva, apenas continuou caminhando enquanto sentia os pingos grossos de água caindo sobre si. A tempestade que agitava seus sentimentos e pensamentos era, talvez, ainda mais intensa que aquela chuva.  

De certa forma, ele estava acostumado a viver em meio à tempestade.  

Desde a revelação sobre seus pais, no início da sua adolescência, sua vida havia mudado totalmente o rumo. O seu mundo se converteu em revolta, raiva e remorso. Seus conflitos internos faziam com que Jotaro frequentemente se envolvesse com problemas na escola, suspensões, brigas de rua e, principalmente, atritos com seu pai. 

Então Kakyoin apareceu. 

Naquele final de tarde na praia, durante as férias, no dia em que eles passaram horas conversando e apenas desfrutando da companhia um do outro, o ruivo havia despertado alguma coisa no interior de Jotaro. Estar com ele era como sentir aquela brisa que sopra do ar úmido depois que a chuva passa, quando o céu volta a clarear. Mesmo que naquele dia, eles sequer soubessem o nome um do outro, era como se Jotaro houvesse conseguido expor o seu verdadeiro eu, por baixo daquela máscara que todos ao seu redor enxergavam: apenas um adolescente punk revoltado com a vida. 

No entanto, Jotaro jamais imaginava que veria o outro rapaz novamente. E no instante em que seus corpos entraram em contato pela segunda vez quando eles se reencontraram na escola, Jotaro imaginou que aquela deveria a ser a sensação de voltar para casa depois de passar muito tempo longe. 

Estar com Kakyoin lhe trazia uma paz que ele não se lembrava de ter sentido em algum outro momento em sua vida. Era como se o ruivo fosse uma espécie de porto-seguro para onde ele podia ir sempre que se encontrasse novamente no meio daquela tempestade que era a sua vida. 

Mas seus mundos eram muito diferentes. 

Jotaro sabia como e o quanto o seu mundo era caótico e problemático. E ele não se sentia no direito de arrastar Kakyoin para dentro do seu mundo apenas porque ele poderia representar um ponto de calmaria em meio a tanta turbulência. 

No instante em que chegou em sua casa, Jotaro já estava completamente ensopado. Os cabelos pingavam água e sua camiseta branca já havia ficado transparente. Ele se sentou nos degraus em frente à porta de entrada, do lado de fora da residência, enquanto ainda tentava acalmar seus pensamentos. 

O olhar de Jotaro se perdia no chão à sua frente. Ele encolheu os ombros novamente, abraçando as próprias pernas enquanto aqueles pensamentos insistiam em torturá-lo. Aos poucos, a chuva diminuiu a intensidade até parar por completo.  

Alguns instantes depois, quando o céu já estava totalmente aberto outra vez, Jonathan surgiu vindo do pátio dos fundos da casa. Ele trazia Danny preso a uma guia. O cachorro caminhava ao lado do rapaz, abanando a cauda em animação por estar saindo para passear. 

Quando Jonathan notou o irmão menor, sentado ali sozinho nos degraus em frente à porta da casa, totalmente encharcado, um olhar de preocupação tomou conta das suas feições. 

- Jotaro..? - o mais velho chamou ao se aproximar o suficiente do irmão. 

Sua preocupação se intensificou no instante em que o menor ergueu o rosto e o encarou. Jonathan podia perceber um ar de angústia tomando conta do rosto do irmão. Aquela não era a primeira vez que havia percebido aquela expressão no rosto dele. Sabia que naquele momento, provavelmente ele estava sendo atormentado pelos seus sentimentos em conflito.  

Jonathan ainda estava pensando no que dizer quando Danny, subitamente, saltou à sua frente e foi de encontro ao irmão ali sentado. Ele já estava pronto para mandar o cachorro voltar quanto Jotaro estendeu as mãos para segurar a cabeça do bichinho e afagar suas orelhas com as pontas dos dedos. Danny ficou ainda mais animado ao receber o afago, apoiando as patas dianteiras no colo de Jotaro e avançando para lamber seu rosto.  

- Como foi o jantar? - Jotaro perguntou enquanto ainda dava atenção ao cachorro. 

O mais velho então compreendeu que, seja lá o que estivesse perturbando a mente do irmão, ele não queria tocar no assunto ainda. Jonathan resolveu respeitar aquilo e apenas seguir a conversa. 

- Foi bom. Pena que você tinha outros planos e não pôde ficar. - Jonathan falava com calma. - Você passou a noite fora? 

- Sim. - Jotaro acariciava o pescoço de Danny. - Dormi na casa do Kakyoin. 

- Kakyoin... - Jonathan tentou se lembrar, mas ainda não conhecia aquele nome. - É seu amigo? 

- Não. - Jotaro respondeu. 

- Namorado...? 

- Também não... 

- Entendi. - Jonathan falou por fim, decidido a não fazer mais perguntas para não soar tão intrusivo.  

Jotaro soltou o cachorro, que voltou animado para perto do irmão mais velho.  

- Não fique muito tempo aqui assim, ou vai pegar um resfriado. - Jonathan falou com um sorriso gentil quando se virava para seguir caminhada com o cachorro. 

- Jonathan. - Jotaro chamou, impedindo que o irmão se afastasse. - Você e a Erina... 

O mais jovem começou a falar, mas foi como se o seu raciocínio se perdesse. Jonathan lançou um olhar intrigado ao menor, esperando que ele concluísse o que estava tentando dizer. Jotaro pensou por alguns instantes antes de tentar falar novamente. 

- Quando vocês decidiram que iam ficar juntos... - Jotaro ergueu o olhar para encarar o irmão. - Mesmo com todos os problemas, com tudo o que o Dio fez pra vocês... Como vocês sabiam que ia dar certo? 

Um sorriso discreto se desenhou nos lábios do mais velho. Subitamente, ele teve uma compressão do motivo daquele ar de angústia presente nas feições do irmão. Jonathan não se lembrava de ter visto Jotaro envolvido romanticamente com outra pessoa antes e isso era motivo suficiente para que ele entendesse a razão dos sentimentos do irmão estarem em conflito. 

O nome “Kakyoin” ficou gravado na mente de Jonathan naquele instante. 

- Nós não sabíamos. - o mais velho então respondeu à pergunta. - Isso é uma coisa que não tem como saber antes de tentar. Mas se os sentimentos das duas pessoas forem fortes e mútuos, isso já é um motivo grande o suficiente para tentar fazer com que dê certo. 

Jotaro baixou o olhar novamente enquanto absorvia aquelas palavras.  

Danny então avançou saltitando para a calçada, puxando a guia para que Jonathan o acompanhasse e eles enfim dessem início ao passeio. Os dois irmãos trocaram uma despedida breve e Jotaro ficou observando enquanto Jonathan e Danny se afastavam pela rua. 

Em um impulso, Jotaro se colocou em pé. Rapidamente, entrou em casa e subiu até o seu quarto para se livrar das roupas encharcadas e tomar um banho quente. 

As palavras do mais velho trouxeram a Jotaro uma nova visão acerca do que estava em conflito em sua mente e em seu coração. 

Seria verdade que os sentimentos que ele e Kakyoin nutriam um pelo outro seriam capazes de se sobrepor a todas as diferenças entre eles e todas as evidências de que nada poderia dar certo entre os dois? 

Jotaro sentia que eventualmente iria obter as respostas para todas aquelas dúvidas. Mas pra que isso fosse possível, ele deveria primeiramente colocar seu próprio coração no lugar, assim como sua mente. 

Ele juntou algumas mudas de roupa e enfiou dentro da mochila. Desceu as escadas da casa com cuidado, tentando ser silencioso. Não demorou para que ele pegasse sua moto e partisse em viagem para um lugar onde ele sabia que poderia encontrar a paz necessária a ele naquele momento. 

O lugar onde tudo aquilo havia começado, há alguns meses atrás. 

 

. . . 

 

Na terça-feira pela manhã, Kakyoin emitiu um suspiro frustrado no instante em que fechou a porta atrás de si e saiu de casa para ir à escola. 

Apesar da falta de ânimo que estava sentindo naquele momento, a esperança de encontrar Jotaro na escola foi a motivação necessária para que ele saísse da cama naquele dia.  

Se sentia parcialmente preocupado e parcialmente enfurecido com o outro rapaz. Desde que haviam se despedido na manhã do domingo depois que ele havia passado a noite na casa de Kakyoin, Jotaro não havia dado mais nenhum sinal de vida, sequer aparecendo na escola na segunda-feira. 

Se por um lado Kakyoin não queria soar invasivo ou obcecado, por outro lado não conseguia deixar de pensar o que poderia ter acontecido.  

Teria alguma coisa acontecido? Alguma coisa ruim?  

Ele tentava não se prender a esse tipo de pensamento. Ele imaginava que se algo de ruim houvesse acontecido, a essa altura, ele já estaria sabendo. Notícias ruins costumam chegar antes de quaisquer outras. É o que sempre dizem. 

E era a partir desse pensamento que vinha o seu lado parcialmente enfurecido com aquele sumiço. Kakyoin sabia muito bem que ele e Jotaro ainda não tinham nenhum compromisso, nenhum tipo de relação que implicasse que algum deles deveria dar qualquer tipo de satisfação ao outro. E ainda assim ele sentia uma espécie de falta de consideração por parte do outro rapaz. 

Assim que chegou próximo à escola, Kakyoin começou a observar o seu entorno mais atentamente, procurando qualquer sinal de Jotaro enquanto passava pelos outros estudantes e adentrava ao pátio da escola. 

Mas não o encontrou. 

Enquanto caminhava até a sua sala de aula, ele avistou Josuke sentado em um dos bancos que haviam no pátio em frente à escola. Ele estava conversando com um outro garoto que o ruivo ainda não conhecia, mas imaginou que fosse um colega de turma. Kakyoin não se sentia no direito de ir questionar Josuke sobre o paradeiro de seu primo, mas imaginou que não teria problema em passar por ele, cumprimentá-lo e tentar discretamente obter alguma informação. 

Faltavam poucos minutos para o início da aula. 

- ...e eu cheguei até a fase quatro, mas ainda não consegui matar o boss. - Josuke falava com o amigo sentado ao seu lado, mas interrompeu seu raciocínio no instante em que Kakyoin apareceu no seu campo de visão. Um sorriso amplo se formou no rosto do garoto. - Kakyoin! Oi! 

- Oi, Josuke. - o ruivo retribuiu o sorriso, em seguida cumprimentando também o outro garoto. 

- Faz tempo que eu não te vejo. - Josuke falou. - Como você está? 

- Faz tempo, né? Eu estou bem. E você? O que tem feito? - Kakyoin perguntou, observando a cicatriz na testa do garoto onde ele havia se machucado na educação física, nas primeiras semanas de aula. 

- Bem também! Eu ‘tava falando pro Okuyasu que eu ganhei o Gradius III do meu avô, mas não consigo passar da fase quatro. - Josuke emitiu um risinho após o dito. 

- Ah sim, esse jogo é muito bom. Eu levei uma semana pra conseguir zerar ele. - Kakyoin falou. 

- Você zerou ele em uma semana? - os olhos de Josuke pareceram brilhar enquanto ele observava Kakyoin falar. - Não sabia que você também gostava de jogar!  

- Eu também não sabia que você gostava. - o ruivo falou, achando uma graça aquela reação do garoto. 

- A gente podia jogar juntos um dia desses, né? - Josuke falou, aquele sorriso simpático se mantinha em seu rosto. - Eu tentei ensinar o Jotaro a jogar, mas ele é péssimo.  

- Isso é verdade... - Kakyoin emitiu um riso enquanto direcionava um olhar de cumplicidade ao mais jovem, se lembrando de todas as vitórias no videogame contra Jotaro no sábado anterior. - Falando nele... Você sabe se ele veio pra escola hoje? 

Por uns instantes, a expressão no rosto de Josuke se tornou um tanto confusa. 

- Hum... Eu não vi ele hoje. - Josuke falou. 

- Pois é... Ontem eu também não vi ele. - Kakyoin acrescentou. 

- Provavelmente ele só tá matando aula de novo. - Okuyasu, que até então estava apenas ouvindo a conversa, se pronunciou. 

Foi a vez de Kakyoin exibir uma expressão confusa. Josuke percebeu e resolveu explicar. 

- Ele faz isso às vezes. - Josuke voltou a olhar o ruivo. - Ano passado ele ficou uma semana sem aparecer na escola depois de uma briga que ele teve com o pai dele. E pensando bem... Ele não tinha matado aula nenhuma vez ainda esse ano. 

- Não sabia disso. - Kakyoin se espantou um pouco. - Fiquei meio preocupado de não ter notícias dele... 

O som do alarme indicando o início das aulas ecoou pelo pátio e os dois garotos se levantaram para seguir para a sala de aula.  

- Não precisa se preocupar. O Jotaro é assim. - Josuke voltou a sorrir, dessa vez de forma reconfortante. - Mas se eu tiver notícias eu te aviso, ok? 

Kakyoin apenas agradeceu antes que eles se separassem no caminho para as salas de aula, agora sentindo-se ainda mais intrigado com aquele comportamento de Jotaro e lutando com ainda mais força para reprimir aquele seu lado que insistia em ficar com raiva do outro rapaz por aquele sumiço repentino. 

 

. . . 

 

O dia de aula se arrastou em um ritmo quase torturante, mas finalmente havia chegado ao fim. Kakyoin guardou suas coisas rapidamente e se despediu de Polnareff, decidido a ir diretamente para casa e fazer qualquer coisa para distrair seus pensamentos, que insistiam em manter seu foco em Jotaro. 

Assim que saiu pelo portão da escola e caminhou por alguns metros, uma voz familiar chamou a sua atenção.  

- Hey, Kakyoin! - Joseph lhe chamou de onde estava, parado em pé ao lado do seu carro. Caesar, que estava junto dele, sorriu para cumprimentá-lo. 

- Oi. - o ruivo cumprimentou ambos quando chegou perto o suficiente.  

- Estamos indo lá em casa ver uns filmes. Quer ir junto? - Caesar convidou educadamente.  

Kakyoin ergueu as sobrancelhas. 

- Estão me chamando pra segurar vela pra vocês? - Kakyoin falou. 

Não havia sido uma piada, mas o casal acabou rindo com aquele comentário. Joseph se aproximou e apoiou os braços sobre os ombros do ruivo. 

- Nada disso. - o Joestar falou com aquele habitual sorriso confiante em seu rosto. - Estamos te chamando porque você é nosso amigo, oras! Não é só porque o Jotaro decidiu viajar que você não pode se divertir com a gente.  

- O quê? Viajar? - Kakyoin direcionou um olhar confuso ao rapaz ao seu lado. 

Joseph lentamente desfez o sorriso e também pareceu um pouco perdido com a aquela reação do menor. 

- Achei que você soubesse. - Joseph soltou o ruivo e voltou a se colocar ao lado de Caesar. - O Jotaro ligou pra casa no domingo de noite, da casa dos nossos avós, dizendo que ia passar um tempinho lá. 

- Quanto tempo? - Kakyoin perguntou, franzindo as sobrancelhas.  

- Isso eu não sei... - Joseph desviou o olhar. - Ele meio que faz isso, às vezes. 

- Ele podia ter, no mínimo, avisado o Kakyoin. - Caesar se pronunciou, saindo em defesa do amigo.  

- Podia... - Kakyoin concordou.  

Joseph demorou alguns instantes para perceber que os dois rapazes o encaravam com um semblante sério e quase acusatório. 

- Por que vocês estão me olhando assim? Eu não tenho culpa das merdas que o meu irmão faz! - Joseph falou como se tentasse se defender.  

Mamma mia... - Caesar revirou os olhos, em seguida se voltando para Kakyoin e pousando a mão em seu ombro. - Cedo ou tarde você vai perceber que se envolver com um Joestar é praticamente uma maldição. Mas não precisa se preocupar com o Jotaro, tá? 

- Tudo bem. - Kakyoin exibiu um sorriso discreto. - Eu tô afim de ir direto pra casa hoje. Mas obrigado pelo convite mesmo assim. 

Os dois rapazes apenas assentiram e então se despediram do ruivo, que se virou para finalmente ir embora. 

Jotaro simplesmente havia viajado para o litoral sem dar qualquer aviso. Agora que sabia que nada de ruim havia acontecido, Kakyoin não conseguia mais conter a sua irritação com aquela situação. Se sentia ainda mais frustrado ao pensar que ele não tinha direito nenhum em sentir raiva apenas porque Jotaro não havia lhe dado satisfação alguma. 

Pelo que Joseph havia dito, Kakyoin deduziu que aquela viagem não havia sido planejada. Jotaro não havia mencionado nada consigo nos dias anteriores, inclusive no dia que ele havia visitado a sua casa. 

Kakyoin começou a se perguntar se algo havia acontecido para que o outro tomasse aquela decisão tão repentina. E embora tentasse não se prender a pensamentos incertos, ele não conseguia deixar de se perguntar se ele próprio de algum modo havia influenciado para que o rapaz fizesse aquilo.  

Chegando em casa, o ruivo seguiu diretamente para o seu quarto, jogando a mochila sobre a cadeira em frente à escrivaninha do seu quarto. A expressão fechada em seu rosto, gerada por aquele relance de raiva que ele estava sentindo, foi cedendo aos poucos no instante em que ele viu a jaqueta que Jotaro havia esquecido em sua casa, ali em seu quarto. 

Kakyoin suspirou, pegando a peça de roupa e a abraçando no instante em que se deitou em sua cama e encolheu o corpo, afundando o rosto no tecido da jaqueta e aspirando o perfume de Jotaro que havia nela, tentando refrear os pensamentos e sentindo uma pequena e discreta pontada de saudade lhe atingir o peito. 


Notas Finais


Eu queria me desculpar pra demorar tanto pra lançar um capítulo novo. Eu tive uma crise forte de insegurança sobre as minhas habilidades de escrita (entre outras coisas).
Esse capítulo foi meio parado, eu sei. Mas no próximo nós teremos a festa do Speedwagon e muitas... emoções.
Até lá!


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