História Summerboy - Capítulo 1 - Cortez

“Não era para ter acontecido,
era impossível, era errado, era condenado.
Era para ser só um caso de verão,
mas aqueles doces olhos negros conquistaram meu coração.”

     Minha data favorita do ano finalmente chegara. As férias de verão, poder me afastar dos problemas, da escola, da cidade, tudo isso trazia uma paz de espirito que eu realmente necessitava.

     Poucas coisas para mim eram tão confortantes como a areia branca e o som do oceano. Minha mãe me dissera que eu havia herdado esse fascínio pelo mar do meu pai, cheguei a pensar se ele surfava ou algo do tipo, mas nunca a perguntei sobre.

     Os sorrisos nessa época eram maiores e as pessoas eram tão calorosas quanto à temporada.

     Viajaríamos naquele ano para a Califórnia, já era sem tempo, anos passando férias na costa leste já se acumulavam e eu sentia necessidade de conhecer outro lugar, outras pessoas.

     No avião eu sentei ao lado da minha meia-irmã Hayden. Apesar da diferença de idade nós nos dávamos muito bem. Nas poltronas logo atrás estavam minha mãe e meu padrasto. Antes mesmo de o avião decolar a pequena ao meu lado me contava todos os seus planos para a viagem, eu ouvia cada palavra atento e sorria, mas sem dar muita importância.

     O avião então decolou, iniciavam-se ali as minhas férias de verão, essa que eu sequer imaginava que seria a mais inesquecível de todas.

...

     Algumas horas depois nós finalmente desembarcamos, Tom empurrava um carrinho com as malas conversando com minha mãe enquanto eu empurrava o outro com Hayden dançando com sua boneca ao meu lado.

     Pegamos um taxi na porta do aeroporto, Tom sentou-se na frente e conversava com o taxista tentando lembrar-se do nome da praia onde nosso hotel ficava. Eu sentei em um canto e minha mãe no meio ao meu lado já que a garotinha havia feito uma algazarra para sentar-se ao lado da janela. Quando Tom finalmente disse um nome que fazia sentido o motorista o corrigiu, ele apenas confirmou.

      Olhava a cidade pela janela do taxi e já imaginava quantas coisas eu poderia fazer e mesmo que fizesse tudo, sentiria como se fosse pouco. A manhã já havia passado e cedia lugar para um céu alaranjado anunciando a chegada da noite. Minha mãe segurou minha mão e lançou-me um sorriso.

     Chegamos ao Hotel, a primeira coisa que fiz foi encarar a imensidão do mar a minha frente, como era lindo. Levantei o rosto na direção contraria a fim de enxergar a placa do hotel que se chamava Cortez, o que me fez lembrar imediatamente de American Horror Story, fiquei receoso.

     “Vai que a Condessa mora ai e tenta me matar...” – Ignorei o pensamento e acompanhei os outros até a recepção.

     – Sejam bem vindos ao Hotel Cortez. – disse a recepcionista com um largo sorriso que chegava a assustar. – Possuem reserva?

     – Ah, sim. Sally Jackson. – minha mãe respondeu.

     Ela voltou-se para o computador com aquele sorriso paralisado no rosto, após alguns segundos lendo a maquina deu meia volta, pegou dois cartões.

     –Apartamentos 22 e 37. – ela entregou-os a minha mãe. – Aproveitem a estadia.

     Pegamos o elevador e subimos até o segundo andar, a porta era logo à frente, coloquei o cartão e a porta se abriu. Hayden se apressou em entrar no quarto, mas foi detida por minha mãe.

     – Você não, mocinha. – ela disse segurando o ombro da menina.

     Eu a olhei desentendido, nas viagens sempre dividíamos todos o mesmo quarto, não era ruim, mas eu realmente preferia o meu quarto escuro e “customizado”.

     – Percy, você vai ficar sozinho.

     – É sério? – eu olhei para ela sorrindo.

     – Você tem 18 anos agora, precisar ter alguma privacidade.

     Minha mãe era claramente a melhor pessoa do mundo.

     – Obrigado então. – entrei no quarto.

     – Descanse, imagino que você queira se ocupar muito amanhã.

     Hayden olhou para mim fazendo um bico, eu mostrei-lhe a língua e ela bateu o pé no chão como se quisesse um quarto só para ela também.

     Fechei a porta e ouvi a garota reclamar do outro lado. Olhei para o interior do lugar. As paredes tinham a cor Caramelo, o chão de madeira escura e lustrosa, uma cama espaçosa à esquerda e na parede a televisão, um tapete felpudo e branco. O banheiro tinha piso de mármore branco e as paredes em um tom acinzentado. Aproximei-me da janela sentindo o vento forte e frio bagunçar meu cabelo. O céu já escuro e o mar muito agitado.

     “Aqui estamos”.