História Summerboy - Season Two - Capítulo 3 - Less

Essa viagem estava me saindo como uma grande furada, na verdade as coisas não podiam piorar.

Para começar temos Jason, que planejou essa viagem para que nós pudéssemos ficar juntos, mas aparentemente estava acontecendo o contrário. Eu me sentia incomodado com tudo, nada estava certo na minha visão inteiramente confusa. Sabia que isso estava o deixando triste, embora isso nunca tenha sido minha intenção. Jason passou os últimos três anos ao meu lado e posso dizer com convicção que ele é muito importante para mim, contudo nunca tive certeza de meus sentimentos por ele. Julgo que no fundo ele sabe disso, mas nós nunca falamos sobre isso, era mais fácil ignorar... Ou não.

Depois temos Nico, que simplesmente me evita de todas as formas possíveis. Todas as vezes que acabamos por nos encontrar acidentalmente, que não foram poucas, diga-se de passagem, ou ele fingia não me ver, ou me desconhecia, ou apenas dava meia volta e saía tranquilamente. Isso estava me irritando, me irritando muito, porque dessa forma era impossível conversar com ele.

Podemos resumir e dizer que eu estava bem ferrado, por ambas as perspectivas.

Era mais uma das tardes nas quais o universo fez questão de me dar outro soco na cara me jogando em frente a Nico pela milésima vez, se isso era conspiração eu até agora não sei, mas já era coincidência demais eu dar de cara com ele em cada esquina por onde eu passava, mas já que o universo queria jogar eu então daria as cartas.

– O que foi? Você está me seguindo? Que inferno. – berrou Nico.

– Não pense que eu estou te seguindo, não faria isso depois de ser esculachado da forma como você fez comigo. – retruquei.

– Pelos Deuses! Você está namorando, me deixe em paz. O que você quer? – ele perguntou.

– Eu não queria nada, mas já que nós estamos nos encontrando a cada quinze minutos eu estou começando a achar que é destino.

– Ah, por favor. – ele ironizou.

– Se eu aprendi uma coisa com livros de mitologia, Nico, é que você não pode fugir do seu destino.

– Está se julgando como meu destino? – me olhou ainda mais irônico.

– Quem está dizendo é você.

– Ainda não entendi como não dei uns tapas na sua cara até agora.

– Nico, eu só quero saber uma coisa.

– Diga Jackson.

– Você, ainda acha que pode sentir alguma coisa por mim? – perguntei sério.

– Depois de sete anos?

– Sim.

– Percy, eu te amei muito.

– Amou?

– Eu estaria disposto a tentar. – ele bufou.

– Então por que não tentamos?

– Porque você está namorando, não é obvio?

– Mas...

– Mas nada. – ele me interrompeu. – Naquele verão eu disse que te esperaria, e eu cumpri isso até o dia de hoje, mas você não cumpriu.

– Você me esperou? – questionei surpreso.

– Isso não importa. O que importa aqui é que você não cumpriu.

– Mas eu voltei. Nico, eu estou aqui, eu te amo.

– Só que nós não podemos ficar juntos, não assim. – ele baixou o olhar. – Não imagina o quão feliz eu fiquei quando te reconheci naquele bar, pensei que você finalmente tinha voltado para ficar comigo... Só que eu estava muito enganado.

– Me desculpe. Você tem razão, eu não cumpri minha promessa, não por completo. Mas eu quero que saiba que todos os dias da minha vida desde que fui embora, você nunca saiu da minha cabeça, eu me recordo de você todo o tempo, Nico eu nunca deixei de te amar.

– Mesmo assim você namora outra pessoa, me esquece.

– Isso é impossível, acredite, eu já tentei.

Ele balançou a cabeça em negação e virou-se para ir embora, mas dessa vez não, ele não ia fugir outra vez.

Eu segurei seu ombro e virei-o para mim de forma brusca, ele me olhou com surpresa. Eu não precisei pensar outra vez para que tomasse atitudes drásticas. Aproximei nossos rostos rapidamente e então os lábios trataram de se juntar sozinhos como se fossemos imãs de polos opostos. Ele não fez sequer um movimento que pudesse impedir o ato, fechei os olhos e desde então tudo que me interessava era poder sentir o gosto da boca de Nico outra vez, o seu beijo era tão bom quanto em minhas lembranças.

Não houve movimentos frenéticos nem mãos atrevidas, era apenas um beijo calmo, mas não menos intenso. Senti-me recarregado, como se Nico fosse para mim uma fonte inesgotável de motivações, surpresas, energias e prazer. Que saudades eu sentia daquilo.

– Não devíamos ter feito isso. – ele disse quando o beijo cessou.

– Quem se importa? Só sei que precisava disso, precisava do seu beijo. – ele me olhou ternamente. – Vai dizer que você não?

– Eu não posso mentir, é claro que eu queria isso tanto quanto você. – respondeu.

– Então para que se preocupar?

– É errado.

– Nico, se perdoe.

– É errado, Percy.

– O que você quer que eu faça? – perguntei.

– Isso é você quem decide.

– Só que não é tão simples, di Angelo.

– Eu sei disso, mas você se colocou nessa situação, o problema não é meu.

– Mas eu não sei o que fazer, eu estou confuso. Eu já nem sei se você me ama como antes.

– Você é burro? Jackson, se eu te esperei, se eu tentei de todas as formas fugir de você, se eu deixei que você me beijasse... – ele respirou fundo. – É porque eu amo você! Eu amo de uma forma tão idiota que você tem outro e eu ainda estou aqui.

Eu sorri largamente. Isso é o que eu precisava ouvir. Depois de todos esses anos cercado de dúvidas, eu finalmente ouvira Nico dizer outra vez que me ama. Era impossível esconder minha alegria. Tinha vontade de sair correndo pelas ruas gritando que nosso amor ainda era possível.

– Nico, nós vamos ficar juntos. Eu prometo.

– Outra promessa? Desculpa, mas não caio mais nessa.

Nico ainda me amava, eu mal podia acreditar.

Tenho que concordar que fui um idiota, eu prometi para ele que nós ficaríamos juntos, mas meus atos contrariaram minhas palavras. Deveria ter me mantido fiel a promessa que fiz, acima de tudo. Acho que no fundo tive medo e achei que jamais veria Nico outra vez, por isso me relacionei com Jason.

Entremeio minha felicidade, sentia o sentimento de angústia, apesar dos recentes acontecimentos, eu ainda estava namorando Jason, e acreditem que não seria nada fácil resolver essa situação, cada vez mais perturbadora.